Acordei com dor. Isso mesmo. Dor. Não é dor física, mas emocional. Vou deixar mais claro.

Tudo começou quando eu tinha 10 anos. Eu era uma criança feliz como qualquer outra em minhas condições. Eu tinha pais que cuidavam de mim, amigos na escola, notas boas no boletim e era uma pessoa extremamente alegre.

Meus pais, John e Sylvia Cooper, eram advogados numa firma bem conceituada perto de casa. Volta e meia eles iam para alguma convenção em que era praticamente exigida a participação do casal Cooper.

Exatamente um mês antes do meu aniversário de 11 anos, meus pais foram pra uma dessas convenções. Essa, especificamente, duraria uma semana. Durante esse tempo, eu fiquei na casa do meu tio, irmão do meu pai. Na volta, meus pais me buscariam. Mas no caminho, meus pais sofreram um acidente. O que restou do carro estava completamente destroçado.

Pouco tempo depois do funeral dos meus pais, meu tio pediu a minha guarda, já que eu ainda era muito novo pra ser emancipado. O juiz aceitou o pedido do meu tio e desde então eu passei a morar com ele e a família dele.

Agora, depois de quase sete anos, eu sou aceito numa faculdade local de medicina e me mudo pra perto do campus. Pouco antes de me mudar, Anita, a minha atual ex-namorada morta, decidiu terminar o namoro, alegando que não aguentaria me disputar com todas as alunas bonitas existentes na universidade. Achei a decisão dela um pouco exagerada, mas respeitei. Ontem à noite recebi a notícia de que Anita tinha se suicidado. A irmã dela parecia abatida ao me dar a notícia e admito que não fiquei muito melhor que a Eloise.

Me obriguei a seguir. Seguir pra cumprir o dia, depois a semana, depois o mês e assim sucessivamente. Por já ter conhecido a dor de perder alguém, já não queria que acontecesse com ninguém. Mas agora, sabendo como é perder três pessoas de uma maneira irreversível ao longo do tempo, não quero que outra pessoa passe por isso, no tanto que seja de uma maneira que eu possa evitar.