Matthew, Love And Life escrita por lamericana


Capítulo 11
A minha criança e a dos outros


Notas iniciais do capítulo

Gente, consegui um tempinho pra fazer esse capítulo e postar aqui. Tá muito curto, mas prometo compensar com conteúdo no epílogo.



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Quando cheguei no hospital pro meu provável último plantão antes da licença paternidade, fui recebido com a expressão de choque de Derek e da Shirley. Os dois estavam com a boca entreaberta e uma expressão de completo choque.

– O que você fez com aquela juba, Matthew? – Shirley perguntou, ainda chocada.

– Cortei. Meu filho tá pra nascer, não está? – respondi

– E o que o cu tem a ver com as calças, garoto? – Derek perguntou

– Era uma promessa. Quando meu primeiro filho nascesse, eu cortaria o meu cabelo. Ou melhor, enquanto eu não tivesse um filho, biológico ou não, eu manteria aquela juba.

– Pelo menos agora parece um médico de verdade. Toma. – Derek me entregou as chaves – Você vai ficar no consultório 39, hoje. Depois dessa história toda – ele fez referência à gravidez da Sophie – a gente define um consultório pra você.

– Obrigado. – agradeci e fui pro consultório afinal, seria um dia longo.

Atendi a leva de pais e avós preocupados, como sempre, mas, pela primeira vez, realmente simpatizei pela condição deles. Talvez por estar tão próximo de finalmente conhecer o meu filho ou pelo fato da ficha ter finalmente caído sobre eu mesmo poder estar ali, no lugar deles se não tivesse me tornado pediatra.

Volta e meia eu me pegava pensando em como estaria a Sophie. Ela tinha conseguido folga do trabalho pelo estado avançado da gravidez e já tinha apresentado a defesa do TCC há algumas semanas. Fiquei imaginando, durante a hora do almoço, como ela estaria se virando em casa, sozinha e a pouco tempo de dar à luz.

Atendi os pacientes com a maior paciência que eu tinha e fui receitando os remédios e/ou cuidados necessários pra cada caso durante a tarde. O último paciente do plantão foi até fácil de resolver. A menina pequena estava num quadro leve de asma.

– Olhe, – falei pra mãe da menina – a sua filha está com um quadro asmático. Vou receitar os remédios pra ela tomar. – comecei a escrever o nome do remédio no receituário – Saiba que algumas crianças tem asma, mas só até os sete anos. Mas se não passar depois dos sete, ela vai ter asma pro resto da vida.

– Ela vai poder viver bem, doutor? – a mãe perguntou. Ficou claro que ela era mãe de primeira viagem pelo tom excessivo de preocupação na voz dela.

– Vai. Hoje em dia existem remédios que melhoram a qualidade de vida do asmático. Aqui – entreguei a receita pra mãe – A senhora compra esse remédio e dá pra ela de oito em oito horas. Se ela não melhorar, a senhora trás ela aqui de novo daqui a uma semana.

– Obrigada, doutor. – ela pegou a receita e saiu com a filha.

Antes que eu terminasse de fechar o consultório, alguém bateu na porta e abriu uma brecha.

– Doutor Cooper? – falou Shirley – A esposa do senhor acabou de dar entrada e está chamando pelo senhor. Ela está indo pra sala de parto número 3.

– Você fecha aqui pra mim, então? – ela concordou com a cabeça – Obrigado, Shirley. – peguei o meu jaleco e saí correndo.

Chegando na frente da sala de parto, Anderson, um dos enfermeiros, olhou pra mim com um ar debochado.

– Você por aqui, Cooper? – ele perguntou com um risinho irônico

– A minha mulher está aí.

– A sala está terminando de ser preparada pra ela. – ele pegou duas roupas esterilizadas e me entregou uma – Vista isso. Boa sorte lá dentro, irlandês.

Quando terminei de vestir a roupa, entrei na sala de parto junto com a Sophie. Sabia que a minha vida estaria completamente mudada assim que eu saísse daquela sala.

[...]

– Matt, onde está o nosso filho? – Sophie perguntou com a voz fraca

– Ele tá no berçário. Daqui a pouco ele vem. – respondi, mexendo no cabelo dela.

– Você já deu o nome pra enfermeira?

– Ainda não. Esperei você descansar, já que não decidimos a questão do sobrenome.

– Por mim, não faço questão que ele tenha o meu. O tanto que ele se chame Arthur...

– O que você acha de Arthur Evans Cooper?

– Gostei – ela deu um sorrisinho fraco.

Alguém bateu na porta e abriu uma fresta.

– Doutor? Posso entrar? – Shirley perguntou – Tem um pequeno aqui querendo mamar.

– Claro. – falei

Ela entrou no quarto e Sophie instantaneamente abriu um sorriso lindo quando viu o nosso filho, logo recebendo ele no colo.

– Já escolheram o nome? – perguntou Shirley

– Arthur Evans Cooper – Sophie falou antes de fazer uma careta de dor – Eu não sabia que doía.

– Às vezes dói. – Shirley falou – E vocês escolheram um nome bonito.

– Obrigada.

– Doutor, tem um rapaz lá fora querendo entrar pra falar com a Sophie. Ele diz que é o irmão dela.

– Qual o nome dele? – perguntei

– Joaquin. O sotaque dele não era daqui.

– Pode deixar ele entrar. Ele é o meu irmão. – Sophie falou

Shirley saiu e em pouco tempo já estava de volta com Joaquin. Ele ficou num canto enquanto Sophie ainda amamentava. Quando Arthur terminou, Sophie o entregou pra Shirley e Joaquin se aproximou da irmã.

– E aí, pirralha? – ele falou – Como cê tá?

– To bem. Cansada, mas bem. E você?

– Tenho uma novidade pra você. Lembra da Hanousha? – Sophie assentiu com a cabeça – Pois bem, quando eu estava na Índia, ela me apresentou uma amiga dela, a Vimi. Antes da minha doença, eu e a Vimi começamos a namorar. Semana que vem, quando eu voltar pra lá – ele apontou pra porta – pra pegar as minhas coisas, vou oficializar o meu noivado com a Vimi.

– E você só me conta isso agora, Joaquin?! – Sophie estava irritada e chocada

– Pequena, - falei, colocando a mão no ombro dela – pense no Arthur. Não é bom se estressar.

Ela respirou fundo.

– Desculpa só contar agora, mas as coisas só foram decididas pouco antes do Arthur nascer. – Joaquin falou – Parece que o meu sobrinho adivinhou que alguma coisa iria acontecer.

– Como é essa tal de Vimi? – perguntei

– Ela se parece com a namorada do Lewis Hamilton. Ela é super gente boa. Em alguns momentos ela me lembrou você, nanica.

– Como assim, me lembrou? – Sophie perguntou

– Ela é meio doidinha feito você.

– Ah, claro. Que ótima imagem que você tem de mim. A irmã doida.

– Nem tanto, irmãzinha. A imagem que eu tenho de você é aquela pirralha que me ajudava a aprontar com mamadi e competia pra ver quem comia mais no almoço e que me obrigava a brincar de Barbie com você.

– Eu não te obrigava a brincar de Barbie comigo. Só perguntava se você queria e você sempre aceitava. E, se você quiser, a gente pode continuar aprontando com mamadi e competindo pra ver quem come mais no almoço. Garanto que, por um bom tempo, vou ganhar de você na competição do almoço.

Sophie parecia ter voltado a ser criança. Ela e Joaquin ficaram relembrando momentos da infância deles por vários minutos. Eu me sentia bem em ver que ela estava tão feliz com o irmão. Decidi sair um pouco pra tomar água e deixar Sophie um tempo sozinha com Joaquin.

No caminho do bebedouro do corredor, eu encontro os pais da Sophie. Eles estavam meio abatidos e pareciam não ter dormido muito. Quando me aproximei deles, eles pediram por notícias tanto da Sophie quanto do Arthur.

– Eles estão bem. O Arthur foi pro berçário e a Sophie está conversando com o Joaquin no quarto. – falei – Se vocês quiserem, posso levar vocês pra verem o neto de vocês e depois falar um pouco com a Sophie.

– Obrigado. – falou Jorge

Os dois me seguiram e fomos até o berçário. Como não tínhamos permissão pra entrar no quarto, ficamos procurando pelo vidro onde estaria o Arthur. Quando o achei, apontei na direção dele.

– Aquele dali é o Arthur. – falei

– Ele se parece muito com a Sophie quando nasceu. – comentou Ruma

– Se ele herdar metade da beleza dela, já fico muito feliz.

– Parabéns pelo filho, Cooper – Derek falou enquanto passava pelo corredor – Daqui a pouco, passa lá no RH pra pegar a papelada.

– Pode deixar.

Fiquei olhando pro meu filho através do vidro. A enfermeira percebeu que estávamos olhando pro Arthur e o levou até o vidro. Ao meu lado, Ruma e Jorge estavam com sorrisos enormes.

– Ele tem os seus olhos, Matt. – Ruma falou – Nem na minha família nem na família do Jorge temos olhos cinza feito os do Arthur.

Finalmente reparei nos olhos dele. Realmente, eram cinzentos como na minha família.


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