If I Die Tomorrow escrita por Tcrah


Capítulo 9
Se eu abrir os olhos você ainda estará aqui?




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Acordei meio puta, lembrando da cena de ontem e da Sadie sem roupa no meu quarto. Renata passou a perna em mim, pensei. Está usando a doença dela para me trair. Eu sei que é um pensamento egoísta, já que eu também trai ela, mas talvez eu não tenha superado muito bem.

_ Bom dia aniversariante. – Falei. – Ou melhor, feliz aniversário adiantado.

_ Oi? Aniversário? Que dia é hoje?

_ Aceite esse dia como um pré-aniversário. – Sorri, ela me olhou confusa. – Ah, deixa de ser molenga e levanta daí. Vamos comprar algumas coisas pro seu aniversário, e...

_ Não quero festa.

_ Quer sim! Vai ser legal.

_ Thamires eu não quero festa. Quem você vai convidar? Meus amigos? Meus amigos de Vancouver? Ou então meus amigos de Londres? Vai convidar a minha amante e o seu amante ou o menino que era apaixonado por mim quando fazíamos teatro? Ah, já sei, você pode convidar os meus médicos. – Ela sorriu irônica.

_ Ok, já entendi. Sem festa.

_ É só mais um dia comum.

Renata levantou e se trancou no banheiro. Aproveitei para fazer umas ligações. Sim, era exatamente isso que eu faria. Convidaria a família dela e alguns amigos que ela insiste em negar. Acabei me animando e acho que Renata ouviu por trás da porta.

_ Bete... Ela me visita todos os dias. – Encarei-a e desliguei o telefone para prestar atenção no que ela dizia. – Eu comecei a ignorá-la desde que começamos a namorar, mas isso a deixou mais irritada.

_ Hm... Não tem problema. – Renata ergueu a sobrancelha. – Na festa de amanhã você estará tão feliz que nem vai perceber a presença dela! – Ela suspirou e voltou para o banheiro. – Fique pronta em quinze minutos que nós vamos sair!

Eu e Renata fomos ao shopping, mas ela parecia um pouco aflita e olhava para os lados o tempo todo.

_ Está procurando alguém? – Perguntei.

_ Não... – Respondeu, olhando para os lados. – Eu vou ao banheiro, me espera aqui. – Ela saiu andando na frente e eu me sentei na praça de alimentação.

_ Precisamos conversar. – Disse Mark, puxando meu braço. Na hora eu não respondi, porque não imaginei que ele me seguiria até Londres. Deixei que ele me puxasse até um canto do shopping que estivesse mais vazio.

_ O que você está fazendo aqui?

_ Eu sei que eu menti para você, mas você precisa me escutar. Eu não sou médico, é verdade, não sou formado, mas eu passo tanto tempo no hospital que eu já sei algumas coisas. Eu não teria aceitado cuidar da Renata se eu achasse que não seria capaz de cuidar dela.

_ Não, Mark. Se ela tivesse um problema você não saberia como lidar. Se ela morresse a culpa seria apenas sua! Sua! Seu idiota! E eu não acredito que você veio para Londres atrás de mim! – Olhei para baixo e lembrei de Renata. – Você não devia ter feito isso. Nós não devíamos ter feito isso. Eu... Eu preciso voltar. Renata está me esperando. – Deixei-o resmungando sozinho e voltei para a praça de alimentação. Abri o máximo de sorriso falso que eu consegui e esperei por Renata.

_ Vamos passar na livraria? – Perguntou.

_ Encontrou quem estava procurando? – Perguntei, ignorando a pergunta dela.

_ Pra falar a verdade, não. E você, encontrou? – Ela me olhou desconfiada. Espera, ela sabia que o Mark havia passado aqui? Ela é um tipo de vidente? Isso estava me cheirando à armação, mas não comentei sobre.

_ Não estava procurando ninguém. – Sorri ironicamente. – Vamos à livraria?

 Continuamos andando e ela não falou mais nada sobre o assunto. Foi então a minha vez de ficar olhando para os lados, procurando desesperadamente por Mark. Comecei a ficar nervosa, com medo de que Renata o visse.

_ Renata, estou passando mal. Vamos para o hotel. – Falei finalmente.

_ O que você tem?

_ Eu quero voltar, vamos voltar. Por favor. – Comecei a suar, o que era estranho já que estava frio.

_ Tudo bem, vamos voltar.

Passei o resto do dia alugando o lugar e marcando a entrega das comidas, das flores e de todo o resto. A mãe de Renata (ou minha sogra) disse que chegaria um pouco antes para ajudar. Convidei também o doutor Maglik, Dênis, Jordan, Addie, alguns amigos nossos da escola, um grupo de teatro, amigos meus da faculdade. Mais de 300 pessoas, na verdade. Renata não sabe o tamanho da festa, mas tenho quase certeza de que ela vai se divertir.

_ Vou convidar a Sadie. – Disse Renata.

_ Ah. – Suspirei e engoli o seco. – Por quê?

_ Ela é o mais próximo de amiga que eu tenho, sem contar que o papo dela é legal. Vou convidar a Sadie porque a festa é minha. Você pode encher com quem você quiser, mas a Sadie estará lá. Comigo. Quero que ela corte o bolo.

_ Por que você está fazendo isso, Renata? Para me irritar?

_ É, talvez seja para te irritar. Nós vamos ficar muito pouco tempo em Londres e eu disse a você que queria aproveitar. Provavelmente eu nunca mais a veja então eu quero passar o tempo que puder com ela.

_ EU sou a sua namorada, não ela.

_ Eu sei. E eu não vou beijá-la ou dormir com ela de novo, ela só cortará o bolo.

_ Aniversariante que corta o bolo!

_ Não quando todos os médicos da aniversariante ficam com medo de que ela pegue a faca do bolo e enfie no próprio peito! – Ela explodiu. – Eu sou uma ameaça para as pessoas e para mim mesma e naquela festa terá um monte de médicos para provar isso. Inclusive você, né Thamires? Sadie cortará o bolo porque ela é a única em anos que não tentou me dizer o que fazer da minha vida. Eu gosto dela, você querendo ou não. Ela talvez seja minha amiga de um jeito que você não conseguiu ser.

_ Do jeito que eu não consegui ser? Do jeito que eu não consegui ser? Renata, pelo amor de Deus, se enxerga. A minha vida é você, literalmente, porque graças a você eu não tenho vida. E eu não estou pedindo pra você me recompensar de todas as coisas que eu fiz para você, só estou pedindo para você me dar o valor que eu mereço ok?! Eu fiz TUDO por você, eu te dei tudo o que eu pude. Se isso, pra você, não é ser uma boa amiga, então eu realmente devo ser uma péssima amiga por me importar demais. Deixa de ser hipócrita, não é porque você está doente que eu vou perdoar todas as coisas que você faz! Eu, por mais que você não saiba, tenho sentimentos. E posso muito bem ir embora daqui e te deixar sozinha para fazer o que bem entender. Ai eu quero ver se a Sadie vai te buscar no hospital e ficar 36 horas segurando a sua mão enquanto você dormia, angustiada sem saber se você acordaria DE NOVO! – Comecei a gritar. – SIM RENATA, EU SOU UMA PÉSSIMA AMIGA. UMA PÉSSIMA AMIGA QUE VOCÊ NUNCA VAI CONSEGUIR SUBSTITUIR PORQUE VOCÊ NÃO TEM MAIS NINGUÉM! – Vi Renata chorar e comecei a chorar também. – Você afastou todos de você quando você mais precisou. Você confiou em mim e eu te dei tudo que sua mãe devia te dar. Eu quero continuar com você, Renata, porque eu te amo. Mas às vezes, só amor não basta. – Eu deixei que saísse pela minha boca coisas horríveis que eu evitei todos esses anos. Todas as vezes que Renata me fazia uma grosseria ou me renegava para as pessoas foram virando um nó na minha garganta que saiu de uma vez por todas.

Renata começou a soluçar, provavelmente porque eu toquei em um assunto delicado para ela. Ela correu para o banheiro e se trancou. Se ela achava que eu correria atrás dela, então está muito enganada. Está na minha fez de sentir o que é ser importante para alguém.

Me joguei na cama e fiquei pensando sobre tudo o que eu falei e, aos poucos, comecei a me arrepender. Merda de Mark que confundiu a minha cabeça e fez com que eu gritasse com a minha namorada e a fizesse chorar. Comecei a odiar a mim mesma por tudo que falei e minha mente foi tomada por um pensamento negro. Bete, Renata... Ela brigou comigo e, já que eu era a única pessoa que ela tinha... Bete a convenceria de se matar.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo ficou meio dramático porque eu achei que a Thamires estava sendo boazinha demais com a Renata rsrs não é possível alguém ser tão santo assim. Enfim, se gostarem, deixem review :D



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