If I Die Tomorrow escrita por Tcrah


Capítulo 10
Como nós costumávamos fazer




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POV’s Thamires

Renata saiu do banheiro e me encontrou sentada no chão e encostada na parede.

_ Mark está na cidade. – Falei. – Eu estava escondendo isso de você, não queria que se preocupasse.

_ Eu sei que ele está aqui... Eu o vi. Esperava que você me contasse, mas... – Ela abaixou os olhos para me encarar. – O que mais você está escondendo?

_ Eu... – Gaguejei e engoli o seco. – Eu estou grávida. Do Mark. – Renata desviou o olhar, seus olhos encheram de lágrimas e ela encarou a janela, escolhendo as próximas palavras. – Eu não queria que você descobrisse assim, mas eu não podia mais esconder de você. – Ela respirou fundo e permitiu que as primeiras lágrimas caíssem. Pensei em consolá-la, mas não há nada que eu pudesse fazer. Ela se recompôs, olhou em meus olhos e cuspiu uma palavra.

_ Acabou. – Ela virou-se de costas para se recuperar das lágrimas incessáveis.

_ Renata, espera. Isso não nos impede de ficar juntas, isso não nos impede de ter uma vida...

_ Claro que impede Thamires! Você está grávida. Uma criança. Além de cuidar de mim você terá que cuidar de uma criança que nem sequer é minha! E mesmo que eu concordasse com isso, todas as vezes que eu a visse eu lembraria que você me traiu uma noite depois que começamos a namorar!

_ Eu entendo que você está brava, mas você tem que me entender também. Você já sabia que eu havia te traído, isso não diminui o tamanho do erro, mas reduz bastante. Nós já passamos dessa fase, nós já nos desculpamos. Por favor...

_ Ele sabe? Da existência de um... Mark Júnior? – Ri de nervoso, ela continuou séria, mas havia parado de chorar.

_ Ainda não...

_ Como ainda não Thamires?! – Ela explodiu. – E se ele quisesse muito ser pai? E se... E SE O SONHO DELE FOSSE SER PAI, THAMIRES? O que você vai dizer pra ele? “Desculpa, mas você não pode assumir esse filho porque eu e minha namorada não gostamos de você”.

_ Eu não sei ok? Mas eu dou um jeito! Ele é um galinha, a última coisa que ele deve querer é um filho.

_ Acabou. – Ela voltou a chorar. – Não tem mais jeito, Thamires.

_ Você também me traiu! – Me controlei para não dar um tapa na cara dela.

_ Mas eu não fiquei grávida e nem engravidei ninguém! Ao contrário de você que não sabe a existência de camisinha.

POV’s Renata

Depois do que eu disse, demos a discussão por encerrada. Sai do quarto dela e fui atrás de algum lugar para passar a noite.

Thamires estava grávida, repeti para mim mesma. Grávida de verdade.

De repente, a raiva tomou conta de mim. Eu a traí é verdade, e com certeza ela não planejou esse filho, mas é muita cara de pau dela falar coisas horrorosas para mim e depois aparecer grávida pedindo para eu assumir o filho. Quanto tempo mais ela esperaria para me contar se nós não tivéssemos brigado?

_ Alô? – Disse Mark, ao outro lado da linha quando atendeu ao telefone.

_ Mark? É a Renata...

_ Oi Rê! Algum problema?

_ Eu estou aqui na praça... Estou um pouco perdida. Tem como você passar aqui?

_ Claro! A Thamires não está com você?

_ Não. – Fingi que estava chateada. – Mas então, a praça é aquela do lado da casa noturna.

_ Sei qual é, estou indo para aí.

Ele deve estar achando que eu me perdi de verdade, provavelmente ligará para Thamires, mas eu não estava ligando. Fiquei esperando ele aparecer para descontar toda a minha raiva.

Um casal de gays se sentou no banco a minha frente. Fiquei observando-os rindo, dividindo uma comida estranha.

Esperei mais ou menos um cinco minutos até que Mark aparecesse com um casaco entre os braços. Imaginei que ele acharia que eu estaria de biquíni, gritando com o nada no meio da neve da praça.

_ Vim o mais rápido que eu pude. – Disse Mark, sorrindo.

Ele se aproximou de mim para me oferecer o casaco e eu lhe acertei um soco no nariz.

A princípio, ele não entendeu muito o que estava acontecendo, mas eu reuni toda força que eu tinha para acertá-lo com outro soco. Seu nariz perfeito de deus grego agora estava lamentável.

Quando percebi, o casal de gays se levantou num pulo e apareceu atrás de mim. Um deles me segurava com toda força e o outro amparava Mark.

_ O que houve Renata? Por que você está assim? – Mark se levantou passando a mão no nariz machucado.

_ Você a engravidou seu filho da puta!

_ Engravidei quem? A Thamires? – Ele me olhou surpreso. – ELA TA GRÁVIDA?

_ Não se faça de santo, seu hipócrita. – Esperei que o menino que estava me segurando se sentisse mais tranquilo para saltar de seus braços e avançar novamente em Mark. Assim feito, agora ele estava no chão e eu o chutava como nunca antes. Dessa vez, mais gente parou para me segurar.

_ CALMA RENATA! – Mark gritou nervoso. – O problema todo é esse? Ela estar grávida? Então diz para ela que o problema está resolvido. Não vou deixa-la sozinha, vou assumir o bebê. – Vi que alguns velhinhos da praça sorriram com a atitude dele. Deus grego, pensei. Agora eu entendo.

_ Seu canalha! O problema não é este! – Gritei. – O problema é que graças a você, a gente terminou. Babaca, otário, filho duma puta! – Ele estava tão espantado quanto os outros.

_ Vocês estavam namorando?

_ COMO SE VOCÊ NÃO SOUBESSE! – Comecei a chutar o ar, ele tentava se aproximar. – Ela não te contou na noite em que vocês dormiram juntos? Sim, nós estávamos namorando e não estamos mais. A culpa é tudo sua seu babaca!

_ Rê, eu juro que eu não sabia. Se ela tivesse me contado eu não teria feito nada.

_ QUAL A PRÓXIMA DESCULPA? QUE VOCÊ ESTAVA BÊBADO? FAÇA-ME O FAVOR NÉ?

_ Não! Mas eu não sabia. De verdade. – Ele me olhou e tentou me tocar, mas eu continuei a chutá-lo. – Ficar nervosa assim não é bom para você, se acalma. Estou falando sério, para a sua saúde.

_ Minha saúde é o caralho! Você estragou a minha vida! – Comecei a chorar e a soluçar. A resistência que o casal estava fazendo ao me segurar virou um abraço. – Ela era a única pessoa que eu tinha, sabia? Agora eu não tenho mais ninguém. – Limpei as lágrimas e falei com o máximo de orgulho que eu consegui. – Óbvio que vai ser muito melhor daqui pra frente sem ter que ver sua cara feia estampada no rosto daquela criança pelo resto da vida. E sem a Thamires.

_ Eu vou falar com a Thamires. Vou fazê-la se desculpar com você e vocês vão voltar, eu prometo.

_ Sua palavra vale tanto quanto uma nota de três reais. – Retruquei. – E você não precisa falar nada, quem terminou com ela fui eu.

_ Mark, o que houve que você me ligou 32 vezes falando que eu vir pra... – Thamires me viu nos braços de dois homens e com o rosto inchado de chorar. Parou no mesmo lugar e ficou encarando a cena. – Renata.

_ Espero que vocês três sejam muito felizes juntos. – Falei. Thamires engoliu o seco e se esforçou para não chorar.

_ Flor... – Ela sussurrou, chegando até mim e me forçando a olhar em seus olhos. – Você sabe que eu não queria isso. Você sabe que eu amo você e mais ninguém. Você sabe que a minha vida é você. – Ela começou a chorar. – A criança que eu estou carregando vai ser muito mais feliz com duas mães, eu juro.

_ Espera, espera isso não está certo. – Disse Mark, tomando nossa atenção. – O filho é meu. Eu vou assumir com certeza.

_ Mark, não... – Disse Thamires.

_ Sem essa de “Mark, não...” ele ou ela precisa de um pai. Meu filho não vai crescer sem pai. – Me soltei dos braços dos meninos, fui até Mark e chutei suas partes baixas. Fazendo-o se contorcer.

_ Parabéns à família. – Disse. Em seguida, sai andando pela rua.

Alguns quarteirões depois, algumas pessoas ainda me apontavam. Devem ter me seguido para ver se eu faria alguma loucura.

_ Eu disse que ela não era confiável. – Disse Bete. Ignorei.

Entrei na cafeteria em que Sadie trabalhava e me joguei em cima do balcão.

_ Renata? O que houve? – Disse Sadie, vindo até mim. Levantei a cabeça para que ela visse meu estado lamentável. Agora eu chorava sem conseguir parar, soluçando e fazendo caretas.

Sadie deu a volta e me levou para o andar de cima da cafeteria. Havia um cômodo apenas e um banheiro. Sentei em cima do sofá, deitei em seu colo e comecei a cantar baixinho.

“Ele assiste seus filmes favoritos? Ele te abraça quando você chora? Ele te deixa dizer suas partes favoritas quando você já as viu um milhão de vezes? Ele canta suas músicas preferidas enquanto você dança? Ele faz tudo isso, como eu costumava fazer? Se fosse eu ao invés dele...” 


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora. Provavelmente eu postarei com menos frequência, mas eu prometo que juro que posto assim que der (: não esqueçam dos comentários, please.



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