If I Die Tomorrow escrita por Tcrah


Capítulo 6
Toda certeza de que está errado




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POV’s Thamires

Graças a Deus essa era a última noite de Renata no hospital. Uma série de médicos e de terapeutas em cima dela não é a melhor forma de ajuda-la.

_ Ela já dormiu? – Perguntou o deus grego.

_ Ela disse que estava cansada. – Olhei-a pela janela. – Me sinto culpada de estar fazendo isso.

_ Eu tenho certeza que ela não vai se importar. Ela gosta de você, você gosta dela. Depois de tudo que você já fez pra ela, eu tenho certeza que ela faria de tudo para te recompensar. Vai, é só uma noite. Sem contar que a gente não vai muito longe, o shopping é aqui perto.

Ele me levou de carro ao shopping que era mais ou menos uns cinco quarteirões, sem falar absolutamente nada. Foi quando chegamos que ele resolveu puxar conversa.

_ O que você faz nas horas vagas? – Perguntou.

_ Leio algum livro.

_ Típico. – Ele riu.

_ O que é típico?

_ Pessoas como você devem gostar de ler, é normal. – Empurrei-o para o lado e ele riu. – Qual flor que você mais gosta?

_ Lírios.

_ Típico. – Ele disse debochando.

_ O que não é típico para alguém como eu?

_ Sair com alguém como eu.

_ Verdade. – Ri. – Caras como você são desprezíveis.

_ Ei! Eu não sou desprezível. Na verdade, sou mais inteligente do que você imagina. Me formei em medicina, esqueceu?

_ É talvez você seja um pouquinho inteligente.

Entramos em uma livraria enorme. Devia ser a maior loja do shopping. Fui até a parte de livros internacionais e Mark foi até a parte de CD’s.

_ Olha o que eu achei. – Ele pegou um CD e veio em minha direção. – McFly, curte?

_ Prefiro Coldplay.

_ MENTIRA! Nem se compara, por favor, né. Achei que seu gosto musical era melhor!

_ Melhor como?

_ Ah, você sabe. Justin Bieber, One Direction.

_ Você é ridículo, sabia? – Soquei seu braço.

_ Eu estou falando sério. – Ele riu. – Eles são tudo de bom. Sempre achei que você era do tipo que curtia boyband. – Revirei os olhos e sai da loja.

Ele me acompanhou me mostrando todos os lugares que ele costuma ir com seus amigos, até que subimos para o segundo piso e entramos no boliche.

_ Sabe jogar? – Ele perguntou.

_ Provavelmente melhor que você.

_ Duvido. Eu sempre ganho quando tem torneio.

_ Está me desafiando? – Perguntei, me aproximando dele e provocando-o.

_ Talvez eu esteja. O perdedor paga a pizza?

_ Beleza então.

O lugar estava muito cheio, custou para conseguirmos uma pista só para gente. Pedimos a pizza e colocamos os sapatos. Mark, exibido como sempre, foi o primeiro a jogar. Não fez strike, mas derrubou a maioria dos pinos.

_ Faz melhor. – Ele disse, virando-se para mim.

_ Pode deixar. – Peguei a bola mais leve que tinha, com medo de deixa-la cair no chão.

_ Se eu fosse você, pegava a 18. É a melhor. – Olhei para seu rosto e desconfiei que fosse brincadeira. Deixei a bola 6 no lugar e peguei a 18.

_ Veremos. – Fui até a pista e taquei a bola, que foi até o outro lado sem derrubar nem um pino. Fiquei decepcionada comigo mesma, pois costumava ser boa no boliche.

Olhei para Mark que controlava a risada. Dei a volta e peguei uma bola que fosse mais leve, número 12. Voltei para a pista e me posicionei da melhor maneira possível, mirei no pino do meio. Peguei impulso e taquei a bola, que rodou até o final da pista e não acertou nem um pino.

_ Ok, agora vou jogar sério. – Virei de costas para ver se Mark estava rindo ou debochando, mas não o achei em lugar nenhum. – Mark? Está escondido? Vou jogar por você, hein. – Ameacei, mas nada dele aparecer. – Você só pode estar brincando comigo.

Aquele filho duma égua tinha sumido, sumido de verdade. Me deixou lá com aquela cara de tacho sem saber o que fazer. Sem saber se jogava ou se pagava e ia embora. Sentei no sofá em frente à pista e fiquei esperando que ele chegasse.

_ Oi Thamires, desculpa a demora, eu estava... – Mark voltou ao lado de uma mulher alta e loira.

_ Desculpa? Desculpa nada! Você me deixou aqui, plantada, esperando que você voltasse. Eu vou voltar para o hospital. – Peguei minha bolsa e levantei.

_ Deixa de ser infantil, eu posso explicar.

_ Eu não quero saber, Mark. – Virei de costas e empurrei-o. – Eu nem devia ter aceitado sair com você, pra começar. E essa ai deve ser a sua distração de domingo à noite. Desculpa, viu querida? Eu não queria roubar esse domingo de você.

_ Ela? Minha distração? – Ele riu.

_ Eu sou quem? Sua distração do hospital depois que você pegou todas as enfermeiras? Ou a distração triste a frágil que você realmente achou que estivesse gostando, mas na realidade era só mais um joguinho seu?

_ Não entendi o porquê de você estar tão nervosa.

_ Estou nervosa por causa do bolo que você me deu! E tem coragem de aparecer com outra mulher! Eu nem gosto de você, o que eu ainda estou fazendo aqui? – Comecei a gritar.

_ Menina, dá pra você se controlar? – Disse a loira.

_ Desculpa amorzinho, estou te incomodando? Vocês dois se merecem. Vadia.

_ Eu não mereço ficar aqui ouvindo desaforo de mal amada, não. Você costumava ter um gosto melhor para mulheres, Mark. – Ela veio na direção dele para se despedir, mas desistiu e foi embora.

_ Precisava? Precisava disso tudo?

_ Eu sempre soube que você era babaca, mas não a ponto de sair com duas ao mesmo tempo.

_ Eu não estava saindo com ela.

_ Você sabia que eu estava sensível, eu achei que seríamos amigos e você faz isso. E agora? Meio mundo vai dizer por ai que nós ficamos ou o que? Eu devo ser a número 18 da sua lista ou 28?

_ Quer saber? Eu vou embora. – Mark sentou para tirar os sapatos.

_ Você não pode ir! Você não assiste filme não? Está fazendo tudo errado! É pra eu ficar toda nervosa e começar a gritar, ai você vai me acalmar e se explicar e ai eu vou ver que eu estava errada, que você é mesmo um deus grego e nós vamos terminar de jogar pra você pagar minha pizza! Dã! – Sentei ao seu lado e cruzei os braços. Ele olhou pra mim e riu.

_ Não sabia que você era tão carente assim.

_ Você foi a única pessoa que se aproximou de mim durante anos. Posso não admitir, mas eu gosto da sua companhia.

_ Gosta ou está bêbada?

_ Acho que estou bêbada. – Rimos juntos. – Isso não é um encontro.

_ Não mesmo. – Ele amarrou o sapato e levantou. – Eu sumi porque encontrei alguns amigos, me desculpe. Para me redimir, vou te vencer no boliche e pagar mais uma rodada.

Continuamos rindo e bebendo. Quando faltavam três rodadas para ele finalmente ganhar o jogo, ele ficou com pena de mim e resolveu me ajudar.

_ Calma você está segurando a bola toda errada. – Ele chegou até mim e me mostrou como era pra segurar a bola, posicionou meu corpo e sua mão seguiu a minha até que a bola rolasse e acertasse todos os pinos. Meu primeiro strike e o terceiro strike dele. Começamos a jogar assim, juntos, todas às vezes. No final, não me lembro quem ganhou, mas rachamos a pizza.

_ Vai dizer que esse não foi o melhor encontro que você já teve?

_ Isso não é um encontro. – Repeti, mas as palavras saíram emboladas. – Droga, a Rê deve estar sentindo minha falta, que horas são? – Tentei olhar no relógio, mas estava tudo embaçado. Comecei a rir.

_ Você está bêbada, não vai querer aparecer no hospital assim, né? Vão te dar um sossega leão. – Ele se levantou e me abraçou para que eu não caísse.

_ Não quero ir pra sua casa, quero ir para o hospital. – Olhei para ele, mas minha cabeça doía tanto que não dava pra discutir. – Me solta. – Tentei escapar de seus braços, mas acabei caindo e deixando que ele me levasse.

Não lembro mais de nada depois disso, só sei que pegamos um táxi. Quando acordei, estava sozinha numa cama de casal. Olhei para os cantos tentando lembrar de quem era a casa. Levantei e percebi que não estava com as minhas roupas, apenas uma camisa masculina e sem roupa de baixo. Entrei no banheiro e encontrei o deus grego tomando banho.

_ Ei! Está ocupado. – Ele disse, escondendo-se na toalha.

_ Onde estão minhas roupas, seu tarado? – Procurei pelo chão. – A gente não...?

_ Claro que não. Você estava bêbada, eu não me aproveitaria de você. Mas precisei te dar um banho depois que você vomitou no meu chão todo. Fica tranquila que eu nem prestei atenção no que você escondia debaixo das roupas e dormi no sofá.

_ Cadê as minhas roupas? – Repeti, perdendo a paciência.

_ A empregada colocou para lavar, estão molhadas ainda.

_ E como você espera que eu vá para o hospital?

_ Você é sempre grossa assim ou só quando está de ressaca?

_ Como eu vou pro hospital?!?!

_ Pode pegar alguma coisa daquele armário ali. Tem umas roupas da minha ex-namorada.

_ Ela não vai se incomodar?

_ Se fosse outra pessoa ela não se incomodaria, mas como é a menina que ofendeu ela de tudo quanto é coisa no boliche, provavelmente ela não goste muito.

_ Era a sua ex-namorada? – Comecei a rir. – Eu não sabia, desculpa.

_ Não, tudo bem, ela é mesmo uma vadia. – Ele sorriu para mim. – Agora sai do banheiro pra eu me arrumar.

Olhei o armário e peguei o que mais parecia comigo. Essa mulher tinha muito mau gosto para roupas e para namorado. Quando terminei, fui até a cozinha e peguei um cereal que eu achei.

_ Isso, fica à vontade, sinta-se em casa. – Disse Mark, ironicamente.

_ Você não passa muito tempo aqui, né deus grego? Está com falta de comida.

_ É desde que fiquei solteiro eu passo mais tempo no motel do que aqui. – Ele sentou-se e deu um gole numa caneca de café. – Brincadeira.

_ Sua vida sexual não me interessa, amigo. Por mais que você ache que sim, não tenho interesse em você.

_ Então prova.

_ Só de olhar para você me dá vontade de vomitar. Eu não te suporto. – Sorri ironicamente.

_ Essa vontade de vomitar deve ser do cereal que já passou da validade.

_ O quê?? – Me inclinei na pia para cuspir. – E você só me avisa agora, seu animal.

_ Bom, meu turno começava as 9:00 e já são 11:00. Você fez eu me atrasar, estamos quites. – Ele levantou e veio em minha direção.

_ Ah! Eu tinha esquecido disso! A Renata vai ficar uma fera se acordar e não me encontrar. Prometi a ela que a levaria pra casa.

_ Então vamos... Opa, espera. O carro ficou no shopping. Vamos de táxi.

_ O hospital é muito longe daqui?

_ Mais ou menos. Essa hora deve ter trânsito.

Saímos correndo pela rua fazendo sinal para todos os táxis até que desistimos e fomos de metrô.

Entramos correndo no hospital, fui em direção ao elevador e Mark passou reto.

_ Pra onde você está indo? A sala dos atendentes é lá em cima! – Gritei.

_ Eu sei. Desculpa depois te explico. – Observei-o sumir pelos corredores. Recuperei o fôlego para disfarçar a cara de sono e entrei no elevador. Peguei um mini espelho para ter certeza de que minha aparência estava aceitável e entrei no quarto que estava vazio.

_ Onde está a Renata? – Perguntei para alguns enfermeiros, mas eles só fizeram um sinal com a cabeça. Desci até a recepção para falar com alguém que tivesse mais experiência. – Renata Josh do quarto 2241?

_ Renata... Renata... Está aqui. Ela recebeu alta e saiu a mais ou menos meia hora.


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Notas finais do capítulo

Oi gente, espero que gostem. Estou sentindo falta dos comentários que estão super parados ): começando a achar que a história não está agradando tanto assim. Comentem ai seus lindos.



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