If I Die Tomorrow escrita por Tcrah


Capítulo 5
Você pode me ajudar a solucionar meu último erro?




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POV’s Renata

Thamires ficou um mês no hospital se recuperando da cirurgia e eu fiquei mais ou menos um mês e meio.

Tenho que admitir que parte de mim ODEIA o jeito que Thamires me trata. Sempre que acontece alguma coisa comigo, por exemplo, o caso da cirurgia, ela esconde de mim o que realmente está acontecendo e a seriedade do problema. Eu sei que estou sendo ingrata com ela pelo fato de que tudo na vida dela se resume em me fazer bem e me deixar feliz, mas às vezes eu sinto falta da minha melhor amiga. Aquela que eu posso contar as coisas mais doidas que eu faço, e não aquela que controla o meu horário pra chegar em casa.

_ Sua amiga saiu de novo. – Disse Bete. – Com aquele médico bonito que trabalha aqui.

_ Mark? – Revirei os olhos. – Acha que ela está apaixonada por ele?

_ Apaixonada? Acho que não. Acho que ele vai fazer de tudo para leva-la pra cama, mas de paixão acho que só você sente isso por ela. Thamires é inteligente demais para sair com um cara daqueles. Na minha opinião, ela conhece esse tipo.

_ Acha que ela vai querer continuar com a viagem?

_ Claro que sim. Ela faz tudo por você, chega a ser irritante até. Não sei o porquê de você ser amiga dela, menina chata.

Pensei com os meus botões que talvez Bete tivesse razão. Não sobre Thamires ser irritante, disso eu já sabia e até gostava um pouco, mas o fato de eu estar apaixonada por ela. Em anos, ela foi a única pessoa com quem eu tive contatos físicos, considerando que todos os meus amigos me abandonaram.

_ Bete, pega a lâmpada do abajur, por favor.

_ FINALMENTE! Dessa vez tem que ser sincronizado, ok? Você coloca no pulso e bate com a cabeça antes de ficar inconsciente.

Tirei o travesseiro e apoiei a cabeça na cabeceira da cama. Quando Bete me entregou a lâmpada, bati com ela em cima da mesa para que quebrasse e peguei o maior pedaço de vidro que sobrou.

_ Vê se dessa vez não faz merda e enfia a droga do vidro no lugar certo, ouviu? – Disse Bete.

Fiquei tão nervosa que acabei enfiando o vidro no pulso esquerdo e não no direito, mesmo assim, senti minha pressão baixar.

_ SUA IDIOTA! FEZ ERRADO DE NOVO! OTÁRIA! – Bete pulou em cima de mim para que eu batesse com a cabeça na cabeceira. Sempre que ela me tocava, sentia nojo de mim mesma, porque sempre que isso acontecia, sentia que era hora de me matar.

Comecei a mover a cabeça para frente e para trás, cada vez com mais força. Conseguia ver meu próprio sangue, primeiro do pulso e depois do lugar onde eu forçava a cabeça. Ouvia os médicos gritarem depois de descer o meu corpo para que eu não tivesse acesso à cabeceira, mas confundia os seus gritos com os gritos de Bete que me xingava sem parar, até finalmente ficar inconsciente.

Quando acordei, vi Thamires segurando a minha mão, que agora estava presa na cama, e Bete sentada no outro canto, esperando que eu acordasse para poder me humilhar mais ainda.

_ Foi a Bete.

_ O que? – Thamires levantou a cabeça enxugando as lágrimas e dando um sorriso discreto. – Rê! Ainda bem que você acordou... Me disseram que talvez você não acordaria.

_ Bete pediu para que eu me matasse. Ela sempre pede. – Olhei para o meu pulso que estava enfaixado devido ao corte.

_ Ela está aqui agora? – Thamires olhou todos os cantos. – Bete está aqui?

_ Está. – Apontei para cadeira. – Sentada ali.

_ Querida Bete, - Thamires escreveu algumas coisas num papel e depois começou a ler como se fosse uma carta. Achei que fosse brincadeira, mas ela continuou. – Nós não gostamos nem um pouco de você. Todo esse tempo que você ficou com a Rê, mesmo que eu nunca tenha entendido, foi legal e tal, e pode ser que ela venha a sentir saudades de você, mas nós ficaremos muito melhor se você for embora. Você está com ela desde que ela tinha cinco anos, é impossível que durante todo esse tempo você não tenha se apegado, nem que fosse só um pouquinho, por ela. O que eu duvido muito, porque vocês estão juntas mais da metade da vida dela, então na minha cabeça, você deve gostar MUITO dela para não deixa-la em paz. Eu sei que você gosta dela e quer ver o bem dela, então, por favor, deixa a gente em paz.

 _ Boa tentativa, a Bete não gosta de mim. – Ri debochando da situação. – Mas boa tentativa.

Quando adormeci, tive um sonho que há muito tempo não me dei ao luxo de ter. Na verdade, há muito tempo que eu não tenho um sonho.

Eu e Thamires levando uma vida normal, como amigas e não como mãe e filha. Saindo de noite, fazendo faculdade e então... Eu finalmente admitir que estou apaixonada por ela. Namorar, casar, ter uma família. E ai sim, essa viagem faria muito mais sentido. Não seria apenas uma viagem para me deixar distraída o suficiente a ponto de não me matar.

Por mais clichê que pareça, pela primeira vez eu me permitiria ser feliz. E não ter uma família apenas em parte de casamento, mas meus pais e meu irmão também estariam comigo. Eu trabalharia para ganhar o meu próprio dinheiro e não dependeria de ninguém. Meus amigos seriam de verdade.

Quando acordei, vi meu quarto vazio pela primeira vez. Não demorou muito para que Dênis chegasse para perguntar se eu queria alguma coisa.

_ Está se sentindo melhor?

_ Presa na cama? Realmente, muito melhor.

_ É para sua própria segurança.

_ É pra me enlouquecer.

_ Nosso objetivo é salvar sua vida e não deixa-la acabar com ela.

Pensei mais uma vez que parte eles não entendiam. Se era a parte em que eu não queria ajuda ou que eu não queria mais viver.

_ Eu não quero e nem preciso de ajuda.

_ Não é o que a Thamires diz.

_ Thamires não sabe de nada da minha vida. A vida é minha, eu que sei. Vocês deviam acreditar em mim e não nela. Me tirem dessa cama antes que eu processe todos vocês e o hospital. – Acabei perdendo a paciência. Dênis suspirou e saiu do quarto, óbvio, para chamar a Thamires.

Me irritei com essa gente. Agora, além de tudo, me privaram de ter uma vida. Minha vida tem cada passo controlado pela Thamires, isso me tirava do sério. Ela deve estar pensando em como agendar um médico para cuidar de mim na nossa viagem. Controlando cada passo que nós vamos dar assim que eu sair do hospital. Pesquisando quais os restaurantes mais seguros e o melhor hotel de lá. Provavelmente custará uma fortuna. Quem vê pensa que eu não dou o devido valor que a Thamires merece. Talvez ninguém nunca consiga entender o que eu realmente passo.

Já está estampado na minha cara e na cara de todos os médicos que eu conheço que eu não terei muito tempo de vida. Até eu finalmente enlouquecer de verdade e conseguir me matar. A força que a Thamires tem me dado é algo surreal, o que me faz parar pra pensar, se fosse ela no meu lugar, eu faria a mesma coisa? A resposta provavelmente seria sim. Mas agora eu realmente entendo. Eu não tenho mais tanto tempo assim de vida, porque cada vez que eu respiro, esgota toda a minha vontade de viver. Ninguém quer viver se sentindo perseguida por algo que não pode ser parado ou evitado. A única coisa que eu queria fazer era aproveitar essas férias, recuperar esses vinte e dois anos da minha vida que eu passei indo em médicos, psicólogos, psiquiatras. Na realidade, meu guarda roupa é praticamente de roupas de hospital. E meus acessórios são as pulseirinhas que colocam em mim cada vez que eu tento me suicidar.

Queria fazer essa viagem para passar meus últimos meses com alguém que eu realmente gostasse, no caso, a Thamires. Fazendo coisas sem me preocupar com nada. Sem me preocupar em ir a hospitais, ou tendo um médico atrás de mim. Para quando eu morresse, a Thamires lembrasse apenas dos nossos momentos bons. Eu a libertaria para ter uma vida que sempre sonhou, deixando-a com a lembrança de que ela conseguiu o que sempre quis: Me fazer feliz. Me fazer rir de verdade. Queria que ela soubesse que, como meu último pedido, queria que ela vivesse bem e recuperasse todos esses anos que ela perdeu tomando conta de mim. Lembrando de mim como alguém que a amou incondicionalmente e que pensou nela até que meu coração parasse de bater.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e que comentem. Resolvi dar a voz a Renata para que vocês pudessem entender mais ou menos como ela se sente, mas quem continuará narrando nas próximas vezes será a Thamires.



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