Chapeuzinho Vermelho - A Caçadora De Lobos escrita por P P Gonçalves


Capítulo 8
Capítulo 07 – Treinador e... Ah Meu deus?!


Notas iniciais do capítulo

Agora nem demorei tanto :)
Vamos ao Capítulo.



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Acordei as sete da manha, ou melhor, levantei este horário, pois demoro a me acostumar com as novas acomodações. Estava ansiosa para ter informação referente ao tal do Bryan Rios. Não consegui acreditar que ele era um caçador.

Fui em direção ao banheiro e tomei um banho rápido de chuveiro mesmo. Não me arriscaria a pegar qualquer tipo de doença que aquela banheira deveria conter. Vesti-me com uma regata preta e um casaco de moletom cinza, vesti uma calça de moletom também cinza e calcei um tênis. Sai do meu quarto enquanto guardava somente o meu telefone no bolso do casaco e fui ate o quarto do Arthur.

Ele havia solicitado qualquer informação que os caçadores possuíssem sobre o misterioso caçador e eles prometeram algo para hoje pela manha e eu estava muito curiosa a respeito dele. Não vou negar ele era bonito. Tudo bem muito bonito, mas eu tinha a sensação de que o conhecia de algum lugar.

Cheguei a porta numero sete e bati. Uma, duas, três vezes e nada de o Arthur vir abrir a droga da porta. Retirei o telefone do bolso e verifiquei o horário. Eram quase oito horas. Bati mais algumas vezes e ouvi barulhos de alguém destrancando a porta e em segundos a mesma se abriu e me revelou a imagem de um Arthur de cara amassada e cabelo desgrenhado. Ele estava com uma camisa solta e uma calça de moletom muito parecida com a que eu vestia.

Ele estava coçando os olhos como que para clarear a visão e me olhou.

- O que você quer a esta hora da manha? –perguntou indo um pouco par o lado pra me dar passagem para entrar em seu quarto.

O quarto que ele pegou era simples assim como o meu. As paredes eram brancas e ele possuía uma televisão, que por sinal no meu quarto não tinha. Havia a porta a direita que devia dar para o banheiro e havia dois criados mudos em seu quarto assim como no meu, mas no dele não havia nenhum pote com camisinhas, possivelmente ele deveria telo guardado ou enfiado em baixo da cama, como eu fiz.

- Respostas. Aquele cara sabia que eu era uma caçadora e que eu não estava sozinha. Quero saber o que ele é para ficar tranquila. – respondi me sentando em sua cama.

- Certo. Ainda não recebi nada. – disse ele mechando em seu celular. – Mas assim que receber mando par você. Agora se me der licença, vou tomar um banho. –disse enquanto mexia em suas coisas em busca de uma tolha.

- Dou sim. Vou acordando a Debby para tomarmos café da manha e verificarmos as noticias. – disse indo ate a porta e segurando a maçaneta voltei-me para ele. – E o café da manha hoje é por sua conta. – sorri e abri a porta saindo de seu quarto.

Fui ate o quarto da Debby e quase morri batendo em sua porta. Quando estava quase desistindo ela abre a porta vestindo seu baby doll rosa e de pantufas brancas de pelinho.

- Fala. – pediu ainda de olhos fechados.

- Arrume-se. – disse enquanto a empurrava e entrava em seu quarto. – Temos um delicioso café da manha que o Arthur pagara nos esperando assim que você estiver pronta. – falei e ela foi correndo ate o banheiro se arrumar.

O que vocês não devem saber é que eu e Debby somos magras de ruim. Vivemos comendo o tempo inteiro e não engordamos o que é maravilhoso.

Ela também adora extorquir o coitado do Arthur. Pois é, sempre que ele vai pagar algo ela pega varias coisas que com certeza não vai comer no momento, mas o faz pagar. Serio ficar com esses dois é uma viagem. Vivem brigando e por coisas sem valor.

Ela ficou pronta em tempo recorde. Vinte minutos e estávamos saindo e eu ia novamente ate a porta do Arthur para chama-lo para o café.

- Estamos prontas e com fome. – falei batendo na porta. – Anda logo.

- Estou saindo. – respondeu ele.

Esperamos alguns minutos e logo ele saiu do quarto com o cabelo ainda molhado do banho.

- Vamos encontrar um lugar descente para um café da manha. – falou caminhando ate seu chevy.

Alguns minutos depois ele estacionava o chevy em frente a um café. Era arrumadinho e o cheiro de comida era ótimo. Sentamos-nos em uma mesa do lado de dentro próxima a uma janela. Logo uma garçonete veio anotar nosso pedido e como eu disse Debby pediu muita comida, mas o Arthur já esperava por isso e dessa vez nem reclamou. Não demorou muito e nosso pedido chegou, ou melhor, parte dele. Pois como Debby havia pedido muitas coisas a parte dela seria trazida aos poucos.

Uma hora mais tarde e já devidamente alimentados estávamos indo em direção ao chevy quando o Arthur recebeu um e-mail. Era de um dos caçadores e respondia sobre o que haviam encontrado sobre o caçador Bryan.

- Diz aqui que não encontraram muita coisa, mas que ele é mesmo um caçador, mas sempre caça sozinho. – ele falou enquanto lia o e-mail.

Eu já havia entrado no chevy e colocava em uma estação de noticias quando escuto algo interessante:

- Isso mesmo que você ouviu Bob. Foram encontrados três corpos. Eram de homens com idades dentre 25 a 30 anos. Todos foram mortos da mesma maneira. Tiveram suas cabeças cortadas e separadas do corpo. – falava um homem na rádio.

- Gerald isso esta assustando alguns moradores, pois temos tido desaparecimentos de mulheres e agora três homens são localizados mortos. – falou o que deveria ser o tal Bob.

- Realmente nossa cidade não esta mais tão segura quanto antes. –falou o outro.

Desliguei o radio e olhei para meus amigos.

- Precisamos comprar um jornal – falei olhando para ambos. Debby rapidamente foi para o banco de trás do carro e Arthur entrou no carro e deu partida. Paramos na banca mais próxima e eu comprei todos os jornais disponíveis.

Falava sobre os corpos encontrados. Um deles foi localizado próximo do bar onde fomos ontem e segundo meus amigos era o lobisomem que mataram. Já os outros dois foram encontrados em um beco mortos da mesma maneira. Marcas de um caçador. E como nenhum de nós foi atrás deles só restava uma pessoa que poderia ter feito o serviço. Bryan Rios.

Eu não sabia o que pensar, pois meu sexto sentido me dizia para não confiar nele, mas ele havia matado os homens e pelo que Arthur falou eles eram os próximos suspeitos da nossa lista de possíveis lobisomens.

Eu sabia que precisava pensar e nada melhor do que um treino. Meu arco e flecha ficavam guardados no fundo falso do porta-malas do chevy. Pedi que o Arthur me deixasse no bosque que havia na cidade para que eu pudesse treinar. Ele e Debby não queriam me deixar sozinha, mas eu necessitava de um tempo. Eles me deixaram em uma parte pouco movimentada para que eu pudesse pegar meu arco sem ser notada e me pediram que caso eu necessitasse de algo ligasse imediatamente para um deles. E que se possível eu não entrasse muito no bosque para que ficasse fácil minha comunicação com eles.

É claro que prometi tudo que me pediram, mas eu precisava ficar incomunicável e sozinha. Assim que eles saíram eu entrei no bosque e devo ter caminhado cerca de 70 a 80 metros e foi onde eu decidi parar. Eu tinha decidido que iria treinar minha mira e peguei um giz que eu carregava em minha bainha e demarquei uma arvore como se a mesma fosse o meu alvo e eu necessitasse acertar o centro. Peguei minha bainha e contei. Dezenove flechas. A flecha perdida seria a numero 05. Todas minhas flechas possuíam um numero e a cinco foi a que eu perdi naquela noite.

Eu não sei quanto tempo havia se passado e nem quantas vezes eu já havia pego minhas flechas e recolocado na bainha e atirado contar a arvore novamente, mas quando estava com a flecha dezenove me mãos ouvi um barulho atrás de mim e me virei com o arco empunho. E tive uma grande surpresa. Bryan Rios estava encostado em uma arvore me observando. Não fazia ideia se ele estava ai há um minuto ou se há muito tempo. E eu não esperava encontra-lo ali.

- Você deveria tomar mais cuidado. Se eu fosse um lobo já a teria matado há muito tempo. – ele disse com um sorriso nos lábios.

- Só que ate onde eu sei você, assim como eu, é um caçador não um lobo. – disse ainda com o arco e flechas apontado para ele.

- Tem razão, - disse com um sorriso presunçoso, – mas você ainda não confia em mim, não é mesmo. – falou olhando em direção ao arco.

- Você é perceptivo. – disse com sarcasmo.

- Não se preocupe. – ele disse com as mãos espalmadas viradas para mim. – Prometo não ataca-la. –ele disse com um tom de deboche.

- Pena que não posso dizer o mesmo. – respondi.

- Você não me atacaria, não é? – ele disse dando alguns passos em minha direção.

Ao vê-lo tentar se aproximar de mim eu não pensei duas vezes em largar a flecha, mas não em direção dele. Não me culpe pelo ato, eu estava com, não acredito que vou dizer isso, mas estava com medo dele. A flecha passou alguns centímetros à direita perto de sua cabeça como eu havia calculado. Era um aviso de não me teste.

- Acho que sim, mas alem de desatenta ao seu redor. Você não sabe contar ele disse. –e sorriu mostrando seus belos dentes brancos para mim.

Mas ele estava errado eu ainda possuía uma flecha e não hesitaria em acerta-lo com ela, mas quando minha mão direita foi para minhas costas em direção de minha ultima flecha eu não encontrei nada alem de ar atrás de mim. E foi ai onde me lembrei de que eu havia perdido uma flecha. Não possuía mais vinte e sim dezenove flechas. Foi nesse momento que eu percebi que estava perdida. Sabia que possuía ainda uma faca pequena no bolso externo da bainha, mas esperava não ter que utiliza-la. Ele era para casos de extrema urgência.

Eu não sabia o que fazer nem como agir. Só sabia que não iria dar a ele o gostinho de me ver desarmada e com medo. Iria fazer o que eu sabia fazer melhor. Iria distraí-lo.

- Nossa. Obrigado por me chamar de burra, mas eu apenas tive um pequeno lapso de memória. Perdi minha vigésima flecha na minha ultima caçada. –disse enquanto dava um pequeno passo para trás em direção a arvore onde se encontravam minhas outras fechas, mas ele percebeu meu movimento e deu outro passo em minha direção.

- Desculpe se a ofendi. Essa não foi minha intenção. Eu só quis ajuda-la. Sei como é difícil caçar sozinho. – ele disse dando mais um passo em minha direção enquanto eu recuava outro.

Serio essa coisa de ele vir pra cima e eu recuar não era legal. Eu estava me sentindo como se ele fosse o caçador, o que era verdade, e eu sua presa, o que não era nada legal.

Eu sabia que precisava alcançar minhas flechas. Não que eu achasse que fosse precisar, mas me sentiria mais segura se as tivesse perto de mim.

- Você tem que tomar mais cuidado. Um dia você ainda vai passar aperto por causa dos seus descuidos e lapsos de memória. – ele falou dando mais um passo e eu meio que entrei em alerta.

Ele não parecia meu inimigo, mas me sentia ameaçada perto dele e não pensei duas vezes quando coloquei minha mão atrás das costas e fui ao fundo da minha bainha de flechas onde era o bolso externo e retirei minha faca de lá. Ele deu mais um passo e eu a atirei na sua direção. Não quis verificar se eu o tinha acertado ou não. Virei-me e corri ate a arvore onde estavam minhas outras flechas. Quando estava tirando uma da arvore senti ele atrás de mim.

Ele pegou o meu braço direito, o mesmo que eu usava para retirar a flecha da arvore e me virou de frente para ele. Devo admitir eu estava ofegante e com muito, mas muito medo dele. Com a outra mão ele retirou o arco da minha mão esquerda e me prensou na arvore. Eu estava desarmada e minha bainha estava machucando minhas costas.

- Você é muito desconfiada. – ele disse enquanto levantava minhas mãos acima de minha cabeça. – Eu estava só tentando ajuda-la e você simplesmente me ataca. – ele segurava minhas duas mãos com somente uma e a outra ele pegou meu rosto e me fez olha-lo. – Deveria pedir desculpas.

- Acho que quem deveria pedir desculpas aqui é você. – eu disse petulante. Qual é, eu poderia estar falando minhas ultimas palavras e jamais daria o gostinho à ele de dizer o que ele queria.

- E porque eu deveria pedir desculpas? – ele desafiou.

- Quer que eu faça a lista? Bom primeiro você me assustou. Depois se intrometeu no que não era chamado, ou seja, meu treinamento. Segundo você simplesmente me ofende. E para terminar você esta me machucando. – eu disse. E quando falei a ultima parte os olhos dele que pareciam um mar de tão azuis arregalaram-se minimamente, mas eu percebi, e ele me soltou.

- Desculpe. – ele disse, mas ele falou tão baixo que parecia mais para ele mesmo do que para mim. – Eu realmente não quis machuca-la. – ele se afastava enquanto falava. – E sobre me intrometer onde não era chamado eu só queria ajuda-la e pelo que me lembro, já pedi desculpas se ofendi você em algum momento. – ele finalmente havia parado de se afastar. Não muito, uns cinco ou seis passos, mas já era o suficiente para eu me sentir um pouco melhor. – E você tem que melhorar sua mira. – ele disse estendendo a mão e me mostrando minha faca, a mesma que eu havia lançado nele.

Ainda receosa eu peguei a faca de suas mãos e ele virou-se e caminhou em direção a arvore onde estava a flecha que eu havia lançado como um aviso para ele. Enquanto ele ia ate lá eu me certifiquei de retirar pelo menos duas ou três flechas da arvore em que eu estava para me sentir mais segura e guardei a faca no bolso direito do meu casaco. Ele retirou minha flecha da arvore e voltou ate onde eu estava e me entregou ela da mesma maneira que fez com a faca.

- Acho que começamos com o pé esquerdo. – ele disse sorrindo. – Me chamo Bryan Rios. Sou caçador. Um aliado, não seu inimigo. E você quem é?

- Lucia Maldonado. Caçadora. E ainda indefinida no quesito afinidade com você. – disse ainda um pouco receosa. Mas ao ouvir o que eu falei seu sorriso alargou-se ainda mais.

- Gostei de você. – ele disse serio me analisando de cima a baixo. – É inteligente. Tem senso de humor. Não tem medo do desconhecido nem, devo afirmar, do perigo. – ele me olhou nos olhos e disse. – Sem contar que é bonita. – e sorriu novamente.

Não vou mentir. Gostei que ele me analisasse e gostei mais ainda de saber que ele me achava bonita, mas isso ainda não mudava o fato de eu ainda não confiar nele.

- Acho que já falei, mas vou repetir. Você é perceptivo. – respondi com um pequeno sorriso. – Mas se não se importa eu tenho que recolher minhas coisas. Sabe amigos me esperam.

- Claro. – ele disse. – Mas se precisar de ajuda para treinar não hesite em me ligar. – disse ele virando-se e indo embora.

Ligar pra ele. Bom talvez ele tenha se esquecido do fato que eu não possuo o numero dele, mas independente disso, mesmo que tivesse não ligaria. Ele podia ser bonito, misterioso e super forte, mas eu não pediria nenhuma ajuda pra ele.

Terminei de recolher minhas flechas e caminhei em direção à estrada. Assim que cheguei a “civilização” e onde teria sinal mexi no meu bolso esquerdo onde eu guardei meu celular e ao retira-lo de lá percebi que havia um papel junto que eu não lembrava de ter guardado lá. Quando abri o papel me deparei com uma caligrafia bonita que deixava um recado para mim e um numero.

Ligue para mim sempre que precisar.

****-****

B.R.

Como ele havia conseguido por o papel ali eu não tinha ideia, mas que ele era audacioso isso ele era.

Guardei novamente o papel em meu bolso e liguei para o Arthur e pedi que ele fosse me buscar, pois não havia pegado dinheiro e tinha deixado estrategicamente guardada a chave do meu quarto no porta-luvas do chevy.

Ele não demorou muito para me buscar e eu decidi não comentar para ninguém o que havia acontecido entre mim e Bryan. Bem na verdade não havia acontecido nada, espera ai havia sim. Ai meu Deus, me enrolei, mas deixa pra lá. Independente dos meus pensamentos confusos eu não ia falar do meu momento sozinha, ou nem tão sozinha, no bosque.

[...]

No outro dia pela manha eu estava morrendo de vergonha pelo meu comportamento. O cara nem tinha mostrado que ia me atacar e eu simplesmente tentei feri-lo, não uma, mas duas vezes. Eu me sentia tentada a entrar em contato com ele e pedir desculpas pelo meu comportamento. Mas eu não fazia ideia do que dizer para ele.

Decidi pensar sobre isso depois eu tinha que me levantar me arrumar e ir com o Arthur a procura de uma academia ara que eu pudesse treinar minha resistência física, principalmente em corridas.

Achamos alguns lugares bacanas, mas todos queriam contratar por no mínimo seis meses e eu não poderia ficar gastando dinheiro à toa. Enquanto voltávamos para o motel eu avistei um parque com local para musculação e fiz o Arthur parar o carro. Era perfeito eu iria treinar ali. Era um local publico e eu esperava que o Bryan não estivesse me perseguindo. Pois a partir de agora eu jamais andaria sozinha por ai. Não iria correr o risco de ficar sozinha com ele novamente, e pior de bancar a maluca atacando ele sem motivo aparente. Quando chegamos ao motel Debby queria saber de tudo. Pedi ao Arthur que a deixasse em dia com as informações e fui para meu quarto.

Se vier me questionar eu simplesmente irei responder que não sei o que me levou a fazer o que eu fiz, mas no fundo eu queria vê-lo, o Bryan, novamente então eu mandei uma mensagem para ele. Se eu tivesse ligado quando ouvisse a voz dele eu perderia a coragem.

Disse que se eu precisasse de ajuda não era para hesitar em chama-lo. Vamos ver se é verdade. Preciso de você amanha às nove horas da manha no parque que fica na estrada lá possui alguns equipamentos de treino. Por favor, não se atrase.

Luuh *-*

Eu sempre fui ansiosa para começar treinamentos, mas dessa vez com a expectativa de encontrar novamente o Bryan, parecia que o dia não passava e que amanha nunca chegaria.

[...]

Cinco para as nove da manha e eu já estou no parque. Deixei um recado para Debby e um para o Arthur em seus quartos de que eu estaria bem e que não se preocupassem comigo. Estaria treinando o dia inteiro e veria ambos à noite e pedi que eles não tentassem se matar enquanto eu não estivesse por perto, pois não poderia separa-los.

A manha era fria eu estava comum moletom que possuía um bolso único na frente para ambas as mãos onde eu havia guardado minha chave, meu celular e algum dinheiro. Por baixo do blusão vestia uma regata rosa e outra calça de moletom, porém esta era preta e um tênis para facilitar na corrida.

- Pelo visto você é pontual. – disse uma voz ao meu ouvido. Não é necessário dizer que levei um sustou é? – E ainda muito descuidada. – falou agora sorrindo.

- E você ainda não perdeu a mania de assustar as pessoas. – falei com a mão no peito.

- Desculpe, mas gosto de vê-la assustada. – ele disse e olhou para mim. – Então porque estamos aqui?

Ok. Esse era o momento em que eu me rebaixava e pedia desculpas, mas não somente isso, também pediria a ajuda dele. Não posso negar ele é silencioso demais e muito rápido. Eu precisava da ajuda dele e ele não disse ontem que me ajudaria se eu precisasse ou algo parecido?

- Primeiro eu gostaria de me desculpar pelo modo como agi ontem. – disse olhando para os lados. – E também pedir sua ajuda para que eu possa treinar. – disse dessa vez olhando para o chão.

- Uau. Você pedindo ajuda? Por essa eu não esperava e ainda por cima se desculpando? – ele falou e com uma de suas mãos pegou meu queixo e levantou meu rosto para que eu pudesse olha-lo, ou para que ele pudesse me ver melhor. Sinceramente não sabia qual dos dois. – Quem é você e o que fez com a garota petulante que me atacou ontem no bosque?

- Ela engoliu a droga do orgulho e finalmente reconheceu que precisa de ajuda. – disse e soltei meu rosto de sua mão. – E ajuda de quem é bom com isso. No caso. Você. – disse e mordi o lábio inferior esperando que ele me desse uma resposta.

- Espero que esteja preparada para entrar na linha. – ele disse com um sorriso. – Vamos começar com uma pequena corrida. – ele disse virando-se de costas para mim. – Acompanhe-me se puder. – disse e saiu correndo.

Ok. Lembram quando eu disse que não era boa atleta. Esqueça o que eu disse eu era péssima. Não consegui correr nem dez metros e pedi para parar. Eu já estava sem ar enquanto Bryan nem tinha alterado sua frequência cardíaca.

- Você é pior do que eu me lembrava. – ele resmungou baixinho. Acho que não era pra eu ouvir.

- O que disse? – perguntei. Sabe acho que eu tinha entendido errado.

- Que vamos ter um longo trabalho pela frente. – ele disse sentando-se ao meu lado no chão esperando que eu me recuperasse para voltarmos ao “treinamento”.

Não vou mentir. Foi horrível entrar em forma, mas era necessário. Que tipo de caçadora eu seria se não conseguisse fugir de um lobisomem? Bem acho que eu seria do tipo morta, mas não era o que eu queria ser. Passamos duas semanas treinando muito, e eu dei uma boa melhorada. Pelo menos agora eu corria 15 metros antes de pedir descanso. Arthur e Debby tentaram vir me ver treinar, mas disse que ainda não estava pronta para que eles me vissem e pedi que Bryan localizasse outro lugar para treinarmos.

Eu não sei o motivo, mas não queria que meus amigos me vissem com ele. Era como se não fosse certo. Bem, Bryan cogitou a hipótese de treinarmos no bosque e como não havia lugar melhor, pois no parque estava arriscado que meus amigos vissem começamos a treinar no meio das arvores. Bryan questionou o motivo da mudança do local e eu não consegui contar a verdade, não queria que ele soubesse que meus amigos não poderiam nos ver juntos. Ele assim como nós era um caçador, mas sei lá, sabem como é o sexto sentido.

Hoje era o terceiro dia de lua crescente. Eu e Bryan estávamos correndo e logo treinaríamos nossa mira quando ele teve uma ideia.

- Sabe. Estou curioso. – ele disse assim que paramos de correr. – Sei que não é a melhor em corrida. É boa com mira. Tanto no arco como com facas e em armas de fogo também é boa, mas e em luta como você é? – ele quis saber.

- Sou tão boa em luta quanto com minha mira. – disse me vangloriando.

- Veremos. – ele disse e me atacou.

Eu não esperava isso, mas revidei. Devo admitir ele era bom, mas tinha seus pontos fracos. Era ruim com seu lado esquerdo que ele devia utilizar como defesa. E eu já tinha o embate como ganho, mas o que eu não percebi foi que ele havia me enganado e eu cai feito uma patinha. Ele me derrubou e me imobilizou no chão. Ele estava com apenas uma de suas mãos segurando as minhas duas mãos e com a outra levou imediatamente a meu pescoço. Ele estava em cima de mim com cada uma de suas pernas ao lado de meus quadris. Eu estava imobilizada e mortificada. Eu não percebi que era um ardil. Ele sabia muito bem lutar e eu era confiante demais.

- Talvez não tão boa. – falou ele um pouco ofegante e com o rosto a centímetros do meu olhando diretamente nos meus olhos.

- É. Talvez não tão boa. – Repeti também ofegante pela corrida e luta. – Poderia, por gentileza, me soltar?

- E o que eu ganho se fizer isso? – ele disse soltando minhas mãos e apoiando-se no chão para não deixar seu peso e cima de mim.

- Um muito obrigado? – foi uma afirmação, mas soou mais como uma pergunta.

- Já é grande coisa. – ele disse levantando-se e oferecendo sua mão para que eu levantasse também.

Meu telefone começou a tocar e infelizmente não estávamos tão dentro do bosque para que ele não possuísse sinal. Olhei no visor e vi que era Arthur.

- Alo? – atendi ao telefone.

- Onde você esta? – pelo tom ele estava bravo

- Treinando. – respondi um pouco temerosa e percebi que Bryan levantava uma sobrancelha devido ao tom de voz que eu utilizei?

- No parque? – ele quis saber.

- Sim. – respondi.

- Então porque eu não vejo você em lugar nenhum? – ele desafiou.

- Droga. – falei baixinho. – É que... Ah. Bem. – pensa em uma resposta logo. - Em qual parque você esta?

- No da estrada próximo ao motel onde estávamos hospedados assim que chegamos aqui. – ele respondeu.

- É por isso. – menti. – Eu achei um parque mais perto de onde estamos agora.

- Você sabe que mente mal não é? – ele questionou.

- Sei. – respondi derrotada. Ele me conhecia e sabia que eu não estava em parque nenhum. Bryan que me analisava retirou o telefone de minhas mãos e começou aflar com Arthur.

-Alo?... Aqui quem fala é Bryan Rios... Você poderia me deixar falar?... Ela esta bem... Estávamos treinando até você nos interromper... Acho que eu devo ser melhor que você... Desculpe, mas você vai falar com ela quando ela chegar em casa. Tenha um bom dia. Tchau. – disse e desligou o telefone.

E eu esse tempo todo? Estava de boca aberta olhando para ele. Droga, droga, droga, droga, droga. Ele estragou tudo.

- Você... Como... Por quê?... – eu não conseguia formar uma frase coerente. Na verdade acho que ainda estava em choque.

- Não disse a seus amigos que estava treinando comigo? –ele questionou com uma sobrancelha arqueada. – Vai me responder? – questionou quando eu não disse nada.

- Por... Porque era irrelevante. – consegui dizer por fim.

- Irrelevante?! – ele respondeu/questionou – Se eu sou irrelevante que tal você treinar sozinha? – ele disse enquanto colocava o meu telefone em meu bolso.

- O que esta querendo dizer com isso? – perguntei assim que ele virou-se de costas para mim e saiu andando.

- Que – falou virando-se para mim, - como eu sou irrelevante, ou seja, não sou importante pra você. Divirta-se treinando e se aprimorando sozinha. – Deu um sorriso meio debochado/triste e saiu correndo em direção ao centro do bosque.

Eu fiquei perplexa com a situação. Eu teria que dar explicações a meus amigos. Que não iriam gostar nem um pouquinho da minha “mentira” e pior ainda, perdi o meu treinador. E tudo isso em menos de dez minutos.

Decidi que teria que voltar e dar minhas explicações o quanto antes e me resolveria com o Bryan depois.

[...]

- VOCÊ NÃO PODI TER FEITO ISSO. – Arthur gritava comigo dentro de seu quarto. – E SE ACONTECESSE ALGUMA COISA COM VOCÊ? COMO SABERIAMOS? ONDE VOCÊ ESTAVA COM A CABEÇA? – eu já havia perdido a conta de quantas vezes ele estava repetido à mesma frase.

Sinceramente, o que de ruim havia acontecido alem dele estar extremante bravo com ela por ter descoberto uma omissão dela, e que alem disso ela havia perdido um ótimo treinador de “ginástica”?

- Por favor, pare de gritar. – Pedi. – Eu já entendi. Você esta bravo e decepcionado por eu ter omitido informações e tal, mas eu já entendi a lição. Por favor, pare de gritar comigo. Eu estou me sentido péssima.

- Deveria estar se sentindo muito pior. –ele disse já controlando seu nível de voz. – Eu acho que já não conheço mais você. Você simplesmente acabou com a confiança que eu tinha em você. – ele disse e se virou de costas para mim.

Eu me encontrava sentada em sua cama e ele em pé. Agora ele estava virado para a porta do quarto co a cabeça baixa.

- Vá embora. – ele disse.

- O que?! Como assim? – Sério. Ele estava me mandando embora?

- Sai do meu quarto. – Falou virando-se novamente para mim. – Eu preciso de espaço e tempo pra pensar.

- Esta falando serio? – eu estava incrédula.

- SAI AGORA DO MEU QUARTO. – ele gritou e apontou para a porta de seu quarto.

Eu me levantei e me direcionei a saída. E detesto admitir, mas doeu. E doeu muito a forma como ele me tratou. Eu jamais esperaria essa reação dele. Ele sempre foi carinhoso e compreensivo comigo e agora, simplesmente de um momento para o outro ele mudou.

E eu estava com meu olhos marejados, mas não choraria na frente dele. Cheguei ate a porta e coloquei minha mão na maçaneta abrindo a porta e ouvi-o me chamando.

- Lucia. – ele utilizou meu nome e eu me virei olhando-o. – Não serei eu a contar o ocorrido para Debby. – disse e foi em direção a seu banheiro.

Eu assenti com a cabeça mesmo que ele não pudesse ver e sai do quarto e fui correndo ate o meu que não era muito longe e entrei. Tranquei a porta e me joguei na cama e comecei a chorar.

[...]

Adormeci chorando e me acordei com pequenas batidas na porta. E ouvi logo em seguida a voz da Debby.

- Lu você esta ai? – disse enquanto batia na porta.

- Estou sim. – respondi um pouco rouca devido ao sono e ao choro.

- To preocupada. O Arthur saiu de carro e parecia perturbado. – ele disse e sua voz parecia mesmo aflita. – E ele nem fez gracinha comigo quando eu fui falar com ele. Por favor, Lu abre a porta e me ajuda. – ela pediu já um pouco desesperada.

Eu levantei da cama e nem me preocupei em tentar amenizar o meu estado de caos. Abri a porta e minha amiga me fitou com os olhos arregalados.

- Mas o que aconteceu com você? – ela questionou um pouco preocupada.

- Nada de grave nem de importante. – eu disse e puxei-a para meu quarto. – Mas agora me conta o que aconteceu. – pedi enquanto fechava a porta e levava nós duas para minha cama.

- Bom, o Arthur havia ficado meio estranho depois que foi ver você no seu treino, e ele conseguiu ver você? – neguei com a cabeça. – Isso explica um pouco de toda aquela raiva e frustração que ele voltou. Depois disso ele deu uma volta e eu fui dormir. Quando eu acordei eu fui tentar saber se você já havia chegado, mas quando fui falar com o Arthur ele estava no modo automático. Respondia sim e não e logo me mandou sair do quarto. Mas eu percebi que ele olhava frequentemente para seu telefone e para o computador. Era como se ele estivesse aguardando uma resposta sobre um assunto muito importante e uns minutos depois ele saiu às pressas do quarto pegou aquele carro dele e arrancou cantando pneus. – ela relatou bem rápido e respirou um pouquinho para prosseguir. – Você sabe que ele não me assusta com as palavras dele e tudo mais, mas ele estava com um olhar um pouco assassino quando saiu e eu estou morrendo de medo que ele faça alguma besteira. - disse por fim.

- E o que podemos fazer? – Questionei. Eu não fazia ideia de onde ele pudesse ter ido e mesmo que soubesse o que eu poderia fazer. Ele praticamente disse que não queria mais me ver por um bom tempo.

- Bem... Eu vou tentar entrar em contato com os amigos dele e ver se eles sabem de alguma coisa. Enquanto isso você tenta falar com ele pelo celular. – disse pegando seu telefone e discando alguns números.

Eu duvidava que ele fosse me atender, mas eu precisava fazer algo. Assim como a Debby também estava fazendo.

Uma hora depois Debby já havia contatado todos os amigos e conhecidos dele e nenhum deles sabia de nada, o que eu e ela achávamos que era mentira, mas não podíamos provar nada. E o telefone dele estava dando somente na caixa postal.

Decidimos espere-lo no quarto dele. Debby falou que ele saiu tão apressado e transtornado que esqueceu de trancar a porta do quarto. Estávamos sentadas em sua cama quando a porta se abriu e vimos Arthur entrando no quarto com seu rosto totalmente coberto de sangue.

- Ah Meu deus?! – eu e Debby exclamamos juntas e nos levantamos correndo indo ate Le.

- O que houve com você? – eu perguntei e ele virou o seu rosto para mim.

- Já não havia dito pra sair do meu quarto? – ele perguntou e se afastou de mim.

Debby me olhou espantada. Esse não era o comportamento normal dele. Ele sempre foi carinhoso comigo e agora isso.

- Sim, mas você está machucado e precisa de ajuda. – eu disse chegando perto dele novamente.

- Mas não é da sua ajuda que eu preciso. – ele disse e sentou-se na sua cama. – Saia.

- Tudo bem. – disse e olhei para Debby. – Cuida dele. –pedi e sai do quarto.

Ele ainda não havia me perdoado e pior estava machucado e não me deixava ajudar. Isso só significava uma coisa. Seria difícil recuperar minha amizade com Arthur novamente.


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Notas finais do capítulo

E então. O que acharam?
A opinião de vocês é muito importante para mim.
Beijinhos e até o próximo capítulo



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