Mais Do Que Você Imagina escrita por RoBerTA


Capítulo 24
Dívida


Notas iniciais do capítulo

Ei gente linda! Bom, vou começar agradecendo a todos os lindos reviews :D Ah, eu adoro reviews, sabe... Não me importo de recebê-los... Continuando, vou jutificar meu atraso. Já disse um monte de vez que estudo o dia todo. O IF é do mal :S E entrei em férias ontem, vê se pode. Enfim, vão ler o capítulo e me digam o que acham ;-)
BjxxX



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Pov Christina


Pisquei os olhos, tentando acostumar minha visão à escuridão. Demorei alguns milésimos de segundos para relembrar onde estava. As cordas que apertavam impetuosamente meus membros auxiliou no resgate das lembranças. Lembranças amargas e cruéis.

Continuava seminua, e o local onde aquele monstro me apertara doía. Também doía onde ele me esbofeteou. O que eu fiz de tão errado para merecer algo assim? Acho que isso é o que toda vítima se pergunta. Por quê? Por quê?! POR QUÊ!?
Como se essa resposta fizesse alguma diferença. Às vezes Calli dizia, os meios não alteram o fim. Ela estava certa. O porquê e eu estar aqui não ameniza minha dor.

A princípio, tentei me livrar das amarras, tendo um único pensamento em mente: fugir. E quanto mais eu tentava, mais me sentia presa. O desespero começou a ganhar uma forma grotesca, como um monstro, feito a partir das sombras de pesadelos. Lágrimas mudas caíam em uma cascata sem fim.

Meu Deus, me ajude. Por favor, não me abandone.

Comecei a soluçar baixinho, completamente esgotada e desiludida. Quanto tempo se passou, isso eu não saberia dizer. Minutos, horas, séculos, quem sabe. O tempo se tornou um labirinto, uma teia de aranha, que te prendia no desespero tecido.

Meu coração quase parou quando escutei o barulho que aquela porta velha fazia, como se estivesse emperrada, há tempos sem uso. Seu rangido cessou, e de repente fiquei atenta à qualquer som ou movimento.

Uma sombra foi se aproximando, e com ela, minha vontade de gritar. Apertei os olhos, esperando alguma espécie de violência. Mas nenhum golpe veio. Senti uma presença à minha frente.

– Não vou te machucar. - Era a voz de uma mulher. Estranhamente, não senti medo. Abri meus olhos, e fitei a mulher à minha frente. Estava na meia idade, com poucos fios grisalhos, um rosto em formato de coração e olhos amendoados.

Abri minha boca, e meu primeiro pensamento foi lhe pedir ajuda. Mas então me lembrei que ela devia estar do lado deles. Fiquei em silêncio, esperando ela falar novamente.

– Trouxe uma roupa limpa para você, e comida.

Quando ela começou a me soltar, um alarme passou a soar em minha mente, mil e uma possibilidades percorrendo-a. A mulher deve ter percebido minha intenção.

- Nem tente. Mesmo se passar por mim, jamais irá conseguir fugir deles. E eles irão te punir.

Isso foi como um balde de água fria. Fiquei quietinha, observando ela terminar de tirar as amarras. Notei os olhares de desagrado que lançou onde o homem apertara minha perna, no meu rosto e machucado, e nos hematomas deixados pelas cordas. Algo me dizia que ela não concordava com os métodos dele.

Deixei que ela tirasse a camisa de Eric. Pensar nele doía demais. Me atormentava o que o homem dissera. Será que eu fora sequestrada por causa de Eric?

– Coloque isso. - Peguei a blusa de algodão, um pouco maior que meu número, e a calça de abrigo. Coloquei ambas as peças de roupa, um tanto grata, devo admitir.

Quando ela me ofereceu a comida, aceitei relutante. Não sentia fome, e meu estômago estava embrulhado. Mas precisava comer, e me manter forte, se queria fugir daquele buraco. Praticamente empurrei tudo, às vezes ela quase voltava.

- Você me lembra a minha filha. Os mesmos cabelos... - Larguei o pedaço de pão dormido, e a olhei atentamente. Informação útil.

- E onde ela está? - Minha voz estava rouca. Vi seu rosto passar por um misto de emoções. Raiva, dor, e por fim, nada.

- Não sei.

Absorvi mais essa informação.

- Não quero mais. - Empurro a pequena tigela. - Obrigada. - Sussurro incerta, realmente grata, mas também tentando fazer com que a mulher goste mais de mim.

Ela assente com a cabeça, e faz um gesto para que eu me levante do chão e volte para a cadeira. Tenho vontade de chorar e sair correndo, mesmo assim, a obedeço. Deixo que ela me prenda novamente, mas de maneira gentil, não apertando tanto as cordas.

- Você é mais forte do que pensa, garota. - E com isso, me dá um beijo no topo da cabeça. Ela sai, tão repentinamente quanto apareceu. E eu volto a ficar sozinha, mas dessa vez, um raio de esperança me ilumina.


Pov John


Estou sorrindo, como é para ser. Callilda é a garota da minha vida. Tão linda, tão doce. Tão minha. E a vendo assim, caminhar com nada mais que uma camisa minha, cobrindo seu frágil e sensual corpo, quase perco a cabaça. Mas perco a razão, quando um de seus ombros, nu, fica a mostra, e a suavidade da curva de seu pescoço me surpreende, ainda. Lembro da trilha de beijos que deixei por lá, e posso ver até uma marca leve de mordida.

Meu corpo inteiro vibra de desejo, ao imaginá-la novamente em meus braços. E quando vejo pequenas madeixas rosas, tão rebeldes, tomando vários sentidos e direções, quase pulo do sofá e vou atrás dela.

– Quem, quem é esse? - Vejo sua delicada mão apontar para um velho quadro de família, que retrata eu e meus pais, há dois anos. Não deixo de notar que ela gagueja, e sua mão treme.

– Eu, minha mãe e meu pai, há dois anos. - Respondo, enquanto fito o homem que sorri na foto. Nunca tive uma relação muito boa com ele. Pai ausente, e que traía minha mãe. Ele não significava pra mim mais do que o cachorro do vizinho era meu amigo. E preciso ressaltar, aquele cachorro do capeta mordia meu calcanhar toda vez que me via.

De repente Calli agarra os cabelos com uma mão, e cai no chão, como uma bonequinha de pano. Seus olhos estão arregalados, e ela parece em choque. Sinto que algo está terrivelmente errado.

Saio do sofá, e coloco rapidamente minha calça, que estava jogada no chão. Aproximo-me dela, sem saber o que fazer. Por fim, decido pousar a mão em seu ombro, aquele que estava despido. Ela se afasta de mim como se houvesse levado um choco. Tento esconder o quanto aquilo me magoou.

- Ei, Calli, você está bem?

Ela começa a tremer, e se balançar para frente e para trás, como uma lunática.

- Não, não, não! Só pode ser um pesadelo...

Agarro ela pelo ombros, tentando, em vão, fazê-la parar de tremer.

- Calli, o que foi? Me diz o que aconteceu. Eu te machuquei?

Engulo em seco, temendo sua resposta. Sabia que ela nunca... Mas fora o mais cuidadoso possível, visando sempre seu bem estar e saúde.

- VOCÊ NÃO ENTENDE! - Ela grita. - SOMOS MEIO-IRMÃOS!

Fito ela sem entender nada. Callilda parece compreender minha confusão.

- Ele também é meu pai. - Aponta paro o homem do quadro.

Rio dela.

- Muito zoeira você. É melhor parar.

Mas a garota simplesmente fica me encarando, sem piscar. Ela não está brincando, percebo. Um frio se aloja na minha espinha.

- Talvez você tenha se enganado...

- Não. É ele, eu sei. Reconheceria ele até no inferno. O desgraçado abandonou minha mãe, nem sequer ao menos me registrou como filha dele. E ao invés de sumir de vez das nossas vidas, ele ficava fazendo essas visitinhas ocasionais... E agora isso! Eu ODEIO ele!

Ela começou a se puxar os cabelos, e precisei agarrar seus pulsos para impedi-la.

- O sangue que une, separa. - Sua voz é sem vida. - Somos irmãos, John. E por mais que nos amemos, jamais poderemos ficar juntos.

Isso só pode ser um pesadelo.



Pov Eric


Todo meu corpo clama por vingança. Todo meu ser clama pela Christina.

E nem meu corpo, nem meu ser, poderão ser satisfeitos.

– Preciso falar com você, imediatamente. Venha aqui agora, me entendeu? AGORA!

Desligo o celular, querendo socar algo. Me apoio nos joelhos, e coloco a cabeça entre as pernas. A cama embaixo de mim me seduz, ela me chama para um longo cochilo, onde todos meus problemas desaparecerão. Mas não me deixo enganar.

Os problemas não somem, eles apenas se multiplicam, principalmente quando você finge não vê-los.

Espero por alguns minutos, mas que mais parecem horas.
Por fim, a porta do meu quarto se abre, e o Guilherme passa por ela.

Não perco tempo, e logo estou em cima dele, empurrando-o contra a parede, segurando-o pela gola da camisa.

– Seu drogado desgraçado! A Christina foi sequestrada, por sua causa!

Se ele quisesse, poderia facilmente sair debaixo de mim, por ser maior e mais musculoso. Mas Guilherme se mantém parado, enquanto grito em sua cara. A culpa dele é quase palpável.

– Sinto mui...

Mas não deixo que ele termine a frase.

– Sente porra nenhuma! Você é um filhinho de mamãe mimado, que não tinha o que fazer com a merda da tua vidinha perfeita, e foi se meter no mundo das drogas! - Respiro fundo, nunca havia me alterado tanto assim antes. - E além de se afundar em uma fossa, tem que levar os outros junto! Seu merdinha, se liga, ninguém tem que pagar pela sua babaquice.
Largo ele, e me afasto, sentindo o sangue pulsar pelas minhas veias, me aquecendo por inteiro. Eu era ira, cólera, raiva. Fúria.

– Eu...

– Cala a boca! -Aponto pra ele. - Eu já estava tendo que resolver essas tuas porras aí. Até então, tudo bem. Mas meter a Christina nisso!? Você sabe que eu sempre fui apaixonado por aquela garota, que porra, cara! - Esmurro a parede ao lado da cama, quando vejo seu quarto através de nossas janelas. Pouco ligo se os nós dos dedos estão sangrando. - E próxima vez que você tiver alguma dívida ou problema, não ouse vir pedir minha ajuda, está me entendendo?! Nem precisa voltar pra casa! A mãe e o pai não merecem saber que o filho perfeitinho deles é um baita de um drogado!!!

Ouço algo se quebrando. Olho para o corredor, e lá está, a minha mãe, com a mão na boca, os arregalados, e um jarro de cristal despedaçado aos seus pés.

E que o inferno comece.


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Notas finais do capítulo

p.s. Laly, juro que já vou responder teus 2 reviews :P



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