Mais Do Que Você Imagina escrita por RoBerTA


Capítulo 25
Papai do ano


Notas iniciais do capítulo

Olá pipoquetes :D Então, - carinha de pidona - eu andei postando uma nova fic, Doce Ilusória, e adoraria se vocês dessem uma lidinha. A Samarinha é um encanto ^^



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Pov Christina

Fico pensando no que as outras pessoas fariam no meu lugar. Tentariam escapar? Arquitetar algum plano? Abraçar a situação? Chorar? Desistir?

Não sei.

Não consigo fazer nenhuma dessas coisas. Apenas me sinto vazia, como se minha mente também estivesse assim, igual a um balão murcho. Queria sentir ódio, aquele tipo de raiva que te cega, mas nem disso sou capaz. É quase como se alguém houvesse cortado todos os meus sentidos. Só sinto uma coisa.

 Um cansaço interminável.

Pisco algumas vezes, porém a escuridão continua dominando minha visão.

Fico triste, de repente, ao perceber no que me resumi. Uma garota amarrada em uma cadeira, fraca demais para pensar em fugir.

Jogo a cabeça para trás, e faço uma careta ao sentir pontadas de dor no rosto. Deve ter uma bela de uma contusão lá.

Repentinamente, meus pelos se eriçam. Ouço vozes, vindo do andar superior. Será que alguém me encontrou?

Permito-me sentir esperança por alguns minutos, até que a porta do porão se abre. Alguém liga a luz, o que me faz piscar repetidamente. Quando por fim a irritação passa, vejo o homenzinho. Institivamente me encolho, temendo o que poderá vir a seguir.

- Olá, Anjinho. Sentiu saudades?

Por Deus...

- Hnm... – Ele se aproxima, e olha com desagrado para a calça que a senhora me deu. – Preferia como estava antes. – E balança a cabeça. – Mas isso não será um problema, não é mesmo?

Nego veementemente, mesmo sem ter noção do que estou fazendo. A verdade é que sinto um medo sufocante, e mal consigo respirar, é quase como se a minha garganta estivesse se fechando sem o meu consentimento.

- Não fomos devidamente apresentados. Os mais íntimos me chamam de Duende. – Seu meio sorriso é sarcástico. Ele ri para si mesmo, e tão subitamente quanto começou, para.

Ele é louco.

- O gato mordeu sua linguinha? – Se aproxima, e pega meus cabelos, puxando minha cabeça para trás. – Hein, Anjinho?

- O que você quer, que eu, fale? – As palavras são como lixa, machucam minha garganta, e saem com alguma dificuldade.

- Resposta errada.

Ele puxa ainda mais meus cabelos, me fazendo querer chorar, gritar, urrar.

- Você precisa fazer uma coisa pra mim. – E me solta.

Quero manda-lo para o inferno. Mas isso só pioraria minha situação. O observo retirar um telefone celular do bolso da jaqueta escura, sem nunca parar de sorrir de forma psicótica. Por um momento, sua atenção desvia para o pequeno aparelho, e ele procura algo, até que por fim encontrar, e aperta o botão para chamar. Repousa-o rento a sua orelha, e enquanto aguarda, se aproxima de mim.

Seu bafo de cachaça me faz querer vomitar.

- Hnmmm. – Ele mete o nariz nos meus cabelos, e preciso respirar fundo para não choramingar. Ouço uma voz conhecida vindo do celular, mas demoro alguns instantes para reconhece-la.

Eric.

“Alô?”

- Meu bom menino, - o Duende se afasta, e suspiro aliviada – parece que você nõ cumpriu o trato. E eu fiquei muito, mas muito, zangado.

“Seu canalha!” O ouço gritar do outro lado da linha. “Se você encostar em um fio de cabelo dela, eu vou...”

- Você vai o que, hein? Me matar? Me espancar? Fazer cócegas? Por favor, garoto, se ponha no seu lugar. – Ele dá a volta na cadeira onde estou. – Pelo bem da sua amiguinha aqui, acho melhor você controlar sua língua. – Não é mesmo, Anjinho?

Ele crava as unhas no meu ombro, e acabo soltando um gritinho, mais por surpresa que por dor, apesar de estar latejando agora.

“Christina?! Meu Deus... Me perdoe...”

- Você não vai querer que ela grite mais alto, né? – Sua risada atinge meus ouvidos como alfinetes.

“O que você quer que eu faça?” Não deixo de notar como a voz de Eric soa vencida.

- Eu quero o pagamento, como havíamos combinado. E devido a esse pequeno contratempo, quero também um ressarcimento, de, digamos, uns vinte por cento do valor inicial.

Silêncio.

“Tudo bem, eu pago. Mas tem que prometer não vai machuca-la, e que irá libertá-la assim que eu cumprir a dívida.”

- Prometo. – Há algo em sua expressão que não me agrada. – Mas não me decepcione novamente, ou ela irá arcar com as consequências.

“Onde eu te encontro?”

- Vá ao lugar onde pegamos a garota, e lá meus meninos tratarão com você. À meia noite do dia de hoje. Se passar disso, eu fico com ela, como um pagamento.”

E desliga o celular.

- Que dívida é essa? – Junto coragem de algum lugar desconhecido para indagar.

Seus olhos brilham.

- Seu garotinho usa drogas, meu bem. Ele nunca te ofereceu?

Arregalo os olhos.

- Mas que garoto mais egoísta! – E balança a cabeça, indignado.

Não, não pode ser. Meu Eric jamais se meteria em algo do tipo. Não. Não. Não...

- O que foi, não acredita em mim, Anjinho?

- Mentiroso...

Preparo-me para o golpe, que nunca chega.

- Oras, se duvida, pergunte a ele. Em breve vocês se encontrarão.

E pisca para mim, antes de me deixar sozinha novamente.

Pov Eric

Maldito. Maldito!

Travo a mandíbula, e sinto cada parte do meu corpo dura, tremendo de raiva.

- Quem era? – Mamãe pergunta. Ela está pálida, e não pareceu ter digerido a notícia muito bem. Guilherme e eu contamos tudo sobre o vício dele, o que a fez desmaiar certa hora. Meu irmão ficou quieto a maior parte do tempo, tendo deixado a palavra para mim. Depois contei sobre o sequestro da Christina, e o motivo por trás disso.

Ela nem olhava para a cara do Guilherme.

- Meu Deus, ela e a sua família irão nos odiar quando descobrirem! – E pôs a mão sobre o rosto.

- Ei, calma, a culpa não é sua. – Tento tranquiliza-la, e também faço questão de ignorar o Guilherme.

Então detalho o telefonema.

- Precisamos tratar com a polícia, - ela segura meu braço, e fita meus olhos com os seus arregalados – e também contar aos pais dela sobre...

- Calma, mãe, vai dar tudo certo. Eu vou quitar a dívida hoje à noite, e então ficará tudo resolvido.

- Mas de onde vocês arranjaram o dinheiro? – Pergunta confusa, e se digerindo ao seu outro filho pela primeira vez depois da descoberta, mesmo que indiretamente.

- Vendemos a camionete dele, e isso foi o bastante. Teria até sobrado dinheiro, mas agora ele quer mais.

- Ele quem?

- O Duende, o maior traficante dessa região.

Omito a outra parte, aquela que eu ocultei para mim mesmo. Mas Guilherme diz mesmo assim.

- Não só de drogas, mas de jovens também. Dizem que ele tem um bordel clandestino em algum lugar, onde leva as moças que sequestra, geralmente por dívidas. Dizem que ele obrigou a própria filha a trabalhar lá, enquanto que a mãe fica ao lado dele para tentar descobrir o paradeiro da filha. Ela acha que a garota fugiu.

Balanço a cabeça, e aperto os olhos com força. Mamãe se assemelha a um coelhinho assustado.

- Vou lá. – Levanto-me.  – E quando eu voltar, não quero mais olhar para essa tua cara. – Aponto para ele.

Primeiro subo até meu quarto, e pego a mochila com o dinheiro. Quando desço, ouço eles dois conversando. Não quero saber do que estão falando.

Saio porta afora, e então uma ideia maluca me vem à mente.

Pov Calli

Saio correndo da casa dele, com as roupas mal colocadas. Mesmo sem vê-lo, sei que está ao meu encalço. Corro mais rápido.

Fujo rumo à fuga que foge de mim.

Tento ignorar a dor, tanto aqueles que vêm dos meus pés, quanto aquela que se localiza nas minhas regiões íntimas. Mordo o lábio, e viro o rosto e os olhos para cima, com a intensão de fazer com que as lágrimas voltem de onde vieram.

Mas não resolve.

Sinto sua mão em meu braço, e ele me impede de prosseguir correndo.

- Me larga! – Tiro meu membro de seu domínio. – Pare de tornar tudo mais difícil!

Estou gritando a plenos pulmões, e algumas pessoas por perto nos olham com desconfiança. Pouco me importa.

Tento correr dele novamente, que não me impede, mas sou barrada novamente, dessa vez por uma pessoa que bate de frente comigo. Está escuro, mas ainda é possível enxergar, mesmo os pequenos detalhes.

Quase tombo para trás, mas o homem me segura. Aperto os olhos, e meu coração segue o exemplo.

- Minha pequena Callilda, como você cresceu!

Pesadelo.

Um pesadelo e capturou, não existe outra explicação plausível. Alguém, por favor, me diz que isso é uma grande e venenosa mentira.

- Não vai cumprimentar o papai, não? Depois de tanto tempo?!

- Vai pro inferno.

Ele me encara chocado, e nessa hora, John resolve dar o ar da graça.

- Calli, eu... Pai?

Ele está surpreso, isso é incontestável.

O sorrisão do papai do ano some na hora.

- John?

- O próprio. – Que acaba de cruzar os braços, esperando uma explicação.

- Hã, vocês já se conhecem?

- Sim. – Sou eu quem respondo.

Ele assume aquela expressão de culpado. Mas então, nos olha melhor, enquanto que seus olhos se estreitam, e a culpa é substituída por horror.

Cobre a boca com a mão, enquanto que parece compreender tudo, sem precisar de explicações.


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Notas finais do capítulo

Pessoinhas, qual ser o livro preferido de vocês? O meu é A Culpa é das Estrelas :D