Mais Do Que Você Imagina escrita por RoBerTA


Capítulo 20
Como se eu pudesse agir de outra forma


Notas iniciais do capítulo

Bom, nem vou falar sobre a demora. *Escola* Ok, acabei falando :O
Eu JURO que respondo TODOS os reviews atrasados amanhã (preciso dormir agora !)



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- Não.

Sua resposta foi curta e grossa. Outrora, teria recuado, ardendo em vergonha. Mas não mais.

- Uma despedida. – Minha voz soava convicta, bastante convincente. Ao menos era isso que eu esperava.

Percebi a indecisão em seus olhos. Olhou à nossa volta uma vez, parecendo procurar algo. Quando por fim voltou a fitar-me, sua postura estava tensa. Podia sentir a guerra sendo travada em seu interior. Por fim se decidiu, sem demais palavras.

Sua mão depositou-se em minha cintura, com certa suavidade. O tecido fino do vestido parecia reduzido à inexistência. Era como se eu sentisse seu toque diretamente na pele. Ardendo.

Fui conduzida para um lugar afastado. Era um canto escuro, gélido. Passava uma sensação de abandono, até mesmo de certa calmaria, mesmo em meio a tanto barulho ao fundo.

Dançamos. Uma dança lenta, que não combinava nada com aquela música agressiva. Eu nunca abandonava meu olhar sobre o sua. Nem ele desviava do meu.

De repente, esqueci-me de tudo. Minha falsa encenação promíscua, meu castigo aparentemente perpétuo, o fato de James estar nos observando lívido do bar, e que eu não gostava de Eric. Não mais. Não nunca.

Que importância tinha tudo isso, se comparado ao roçar de sua respiração em minha pele arrepiada?

Se comparar com nossas pulsações simultâneas e harmônicas?

Ou com o fato de eu ter dado um passo a frente, fazendo com que nossos narizes roçassem um ao outro?

Era como se eu estivesse vivendo o significado da plenitude.

Passei meus braços ao seu redor, e o senti hesitar, brevemente, mas logo correspondeu. Afundei meu rosto na curva suave de seu pescoço, inalando aquele perfume fantasioso. Sua respiração permanecia irregular, e era tudo o que eu escutava no momento.

Não queria danificar essa espécie de sonho com indagações, mas acabei não resistindo, o que era muito típico meu.

O que eu sentia por Eric? De verdade?

- Eric. – Afastei meu rosto lentamente, olhando-o debaixo, enquanto mais que metade de sua face ficava oculta pelo jogo de sombras produzido pelas luzes multicoloridas. O mistério era um dos seus incontáveis charmes.

- Sim? – E foi assim que me decidi.

Como se a resposta para minhas perguntas feitas e não feitas estivesse apenas em seu tom de voz. Aquele sim carregava desejo contido. Quem era eu para negar isso a ele? A nós?

Foi muito simples o que aconteceu a seguir. Agarrei seus cabelos sedosos e puxei-o a mim, sem fingimentos, sem restrições e sem sutilezas.

A princípio, Eric retraiu-se completamente, respondendo meu beijo com rigidez. Mas então, ah, precioso então, ele retribuiu.

Dessa vez, eu estava sóbria. Muito sóbria. E mesmo assim, empurrei-o com uma força que nem imaginava possuir, em direção à parede, numa espécie de canto afastado. Ainda mais afastado. Mas não seria o suficiente, serviria apenas temporariamente.

E o beijei. Deus, como o beijei. E como ele correspondia. E como queimava. Éramos fogo, éramos desejo cru, éramos corpos sedentos por mais, mais, mais, infinitos mais. E mesmo assim, não era suficiente.

Eu precisava de mais. Precisa dele, por inteiro. E queria que ele também precisasse de mim e me desejasse com mesmo ímpeto e ardor.

 Senti sua mão subir lentamente por minha perna desnuda, subindo, encontrando o vestido, subindo, ignorando o vestido, subindo, acariciando, me levando a loucura.

Como se ele não me levasse sempre à loucura, intencional ou não.

Meu coração estava a mil, de tal forma que eu mal era capaz de respirar. Podia sentir as batidas, e algo além, como minúsculas e infinitas explosões de calor por todo meu corpo, mas isso, era Eric quem fazia acontecer.

Agarrava seus fios negros com uma mão, enquanto que a outra, tomava liberdade e espaço, desabotoando os botões de sua camisa, desajeitada e ansiosamente. Logo, não eram mais botões, e sim pele. Pele contra pele.

Um grunhido pareceu vir de seu peito, e então Eric inverteu os papéis, fazendo-me ficar contra a parede, prensada, sem escapatórias, completamente entregue. Passei minhas pernas ao seu redor, e sem esforço, ele me ergueu. Meu microvestido também se ergueu, e nessas horas, pouca diferença havia entre eu estar com o vestido, ou sem ele.

Comecei a pensar que desmaiaria, quando Eric começou a trilhar beijos calorosos pelo meu pescoço, descendo... Subindo... Descendo... Descendo... Oh, meu Deus!

Aquilo não podia mais continuar. Eu precisava parar, imediatamente!

- Eric. – Afastei-me, o empurrando. Olhei bem a fundo em seus olhos, e disse de forma mais clara possível:

- Aqui não.

Foi o suficiente. Ele sequer ao menos me largou. Passou um braço ao redor da minha cintura, e começou a caminhar rumo à saída. Enlacei ambos os braços ao redor de seu pescoço, e minhas pernas se apertaram ainda mais em sua cintura. Mais perto, impossível. O encarava com adoração, e Eric fazia o mesmo, desviando das pessoas, sem sequer olhá-las. Apenas eu era alvo de sua atenção. Pouco liguei se todos estavam tendo uma visão privilegiada da minha nova calcinha roxinha.

Por que deveria?

Em pouco tempo, estávamos de fora, e mal notei o ar frio que ameaçava estragar o momento. Com o calor que sentia, poderia derreter um iceberg.

 Percebi que nosso destino era o carro de seu irmão, estacionado debaixo de um poste de luz. Paramos ao lado dele, sem trocarmos mais nada além de um olhar intenso. Com a mão que havia me segurado no trajeto até aqui, Eric passou a roçar com as pontas dos dedos nas minhas costas, em um ritmo próprio, provocando-me. Era um ato deliberado, que me causou inúmeros suspiros e arrepios. Enquanto isso, procurava com a mão livre as chaves em seu bolso.

Fechei os olhos, aproveitando seus afagos, até que ouvi o barulho do carro se abrindo.

Logo, estávamos dentro daquele espaço apertado e aconchegante. Acabei ficando por baixo. O banco foi abaixado, de modo que ficamos na vertical. Eric foi muito preciso ao procurar o zíper do microvestido, e em pouco tempo, eu estava com um pouco menos de roupas.

O fiz tirar a camisa, para não ficar pra trás. Os vidros das janelas estavam embaçados, devido às nossas respirações descompassadas e ofegantes.

Ardia. Onde ele me tocava. Onde havia me tocado. E onde eu queria que me tocasse.

- Eric...

Seu nome parecia ser a única coisa que eu sabia pronunciar. Toquei sua bela face com as pontas dos dedos, desde sua têmpora, até seu maxilar, agora relaxado.

Ele apoiou-se em um cotovelo, e passou a apenas me observar, parecendo bastante compenetrado. Parecia estar gravando cada traço do meu rosto em sua mente.

- Tem certeza? – Por fim falou, com voz rouca e extremante sexy.

Isso acarretou um turbilhão de lembranças. Mas só havia uma que importava. Acontecera há menos de um ano. Muito menos.

Eric havia me feito a mesma pergunta.

E minha resposta foi...

.

Esse definitivamente não era um dia próspero para mim. Tampouco para meu humor, que continha um leve toque de azedo. E digamos que ficar meia hora sentada na cama, olhando para o teto, sem saber que rumo tomar, também não colabora para um bom humor.

Por algum motivo desconhecido, fui tomada por uma vontade quase estúpida de olhar pela janela. Desci da cama, ajeitando a fina camisola, e fui até a janela. O céu estava lindo, acabei descobrindo, ao colocar as cortinas de lado.

Havia outra coisa linda além do céu, que também estava em meu campo de visão. Era ele, aquele pé no saco, dotado de uma beleza que não merecia. Olhava para cima, para a lua e estrelas, de forma tão concentrada, e tão melancólica, que era impossível não sentir nada ao olhá-lo.

Como se eu pudesse escolher não sentir nada.

Meu estômago pareceu se retorcer, algo que quase nunca acontecia. Provavelmente era fome.

- Christina? – Pisquei, aturdida. Acabei distraindo-me, e não notei quando Eric me viu, observando-o.

- O que? – Perguntei estupidamente.

- O que você está fazendo ali? – Ele franziu o cenho, confuso, parecendo um pouco perdido.

- Nada – dei de ombros – de relevante. Apenas observando a grama crescer. – Acrescentei um sinal de positivo, que o fez rolar os olhos.

- Quer vir aqui assistir um filme? Acho que eles vão demorar muito ainda.

Considerei seriamente sua proposta. Nossos pais haviam ido a uma festa de alguma coisa importante, que no momento eu não lembrava o que era. Lembre-se, importância não é sinônimo de interessante.

- Pode ser. – Digo, alto o suficiente para ele ouvir. – Já estou indo aí.

Coloquei um casaco por cima, já que estávamos em julho, uma época um pouco mais “fresquinha” aqui. Embora nossas casas fossem quentes, o percurso ade uma até a outra não era.

Fui até a cozinha, e peguei alguns pacotes de pipoca de microondas, e também o pote de mostarda.

Cruzei nossos quintais com passadas largas, e então bati em sua porta. Eric abriu-a, com um sorriso preguiçoso, e aquela sua típica postura de “sou o dono do mundo, me amem”.

Rolei os olhos, e fui para sua cozinha.

- Vai querer assistir que tipo de filme? – O ouvi gritar da sala, enquanto colocava a pipoca no microondas.

- Tanto faz. – Gritei de volta.

Alguns minutos depois, estávamos ambos sentados no sofá, lado a lado, com uma bacia de pipoca de chocolate com mostarda por cima, e outra bacia com pipoca de queijo cheddar e chantilly por cima.

Eric olhou duvidoso para ambas as bacias.

- Acho que dessa vez não escapamos de uma bela intoxicação alimentar.

- Cala a boca e come.

Começamos a assistir “Orgulho e Preconceito”. E não foi porque ele escolheu. Eu meio que o obriguei...

Passados uns trinta minutos de filme, Eric bocejou mais vezes que eu poderia contar. Estava prestes a manda-lo tomar em um lugar secreto quando algo me estagnou no lugar.

Seus dedos começaram a roçar na palma da minha mão, gentilmente. Meu primeiro impulso foi dar-lhe um tapa e pedir que diabos estava fazendo. Mas foi o segundo impulso que prevaleceu, aquele onde eu havia gostado, e queria mais.

E acabei recebendo mais.

Continuamos ambos olhando para a tela, mas sem realmente assistir. E ele continuou me acariciando. Passado algum tempo, acabei por perder a timidez e também passei a tocá-lo. Mais algum tempo depois, estávamos próximos, muito próximos.

E de uma forma inexplicável, eu estava por baixo dele. Instantes depois, nos beijávamos.

Por mais que eu odeie admitir, eu estava gostando. Gostando tanto, que fui a responsável por algumas peças de roupas a menos.

Gostando tanto, que quando ele disse que era melhor pararmos, eu não deixei, apavorada com a ideia de ter que me separar dele, tão logo assim.

Gostando tanto, mas tanto, que foi minha ideia irmos para seu quarto.

Não que ele tenha se oposto à ideia.

Já no seu quarto, era a minha vez de ficar por cima. Era eu quem estava no controle da situação naquele momento.

- Chris...

- Shh. – Coloquei gentilmente um dedo sobre seus lábios, vermelhos e inchados sob o pós-efeito de nossos inúmeros beijos. Com a outra mão, peguei a sua, e a coloquei em minha cintura. Ela tremia. Eric parecia muito nervoso.

Já eu, me sentia tranquila, resignada. Como se aquilo fosse a única coisa certa a ser feita.

- Você não entende, eu quero que nossa primeira vez seja especial. – Ele tentou argumentar, mas fracassando. Não deixei de notar que a forma com que falou, implica que já havia pensado em termos uma primeira vez, já que ela deveria vir a ser especial.

- É ‘você’ quem não entende – retruquei – você não pode planejar o ‘especial’. Ele simplesmente precisa acontecer. Isso que o torna especial. Caso contrário, seria apenas outra mesmice.

Ainda podia ver dúvida em sua face.

- Tem certeza? – Perguntou por fim. Abri um meio sorriso, algo que aprendi com ele.

.

A resposta seria a mesma que eu havia dado em sua cama.

Como se eu pudesse dar qualquer outra.

- Sim.

Então seu corpo cobriu o meu.

Embora relutasse em admitir que eu houvesse feito aquilo com Eric, chegando a me arrepender à morte no dia seguinte do acontecimento, eu sempre sonhava com tal ato à noite. Lá no fundo, por detrás das minhas negações, eu desejava que acontecesse de novo.

Porque eu sentia algo por Eric que ainda não sabia bem o que era.

Suas habilidosas mãos estavam tentando lutar contra o complexo sistema de abrir um sutiã, enquanto eu arranhava suas costas, e o apertava contra mim.

E então, ah, maldito então, alguém bateu na janela do carro.


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Notas finais do capítulo

Sintam-se desimpedidos para sugestões, reclamações, saudações, recomendações...
BjxxxxxxxX ♥