A Filha Perdida escrita por ACL


Capítulo 15
A noite da fogueira


Notas iniciais do capítulo

Gente, esse capítulo está enorme e muuuuuito fofinho. Sorry a demora para escrever e eu tenho justificativa, ó só:
1- Provas, provas e provas. Lembram daquela greve de ônibus que teve aqui em Recife? Então, atrasou TUDO lá na escola...
2- Fui pro acampamento da igreja do namorado da minha irmã, entre os dias 13 e 16, então, nada de escrever (mentira, comecei a escrever esse capítulo no caderno, mas não consegui terminar)
3- faltou internet aqui em casa até terça-feira dessa semana, ou seja, nada de postar
4- falta de criatividade. Pois é, sou super amadora e preciso de inspiração para escrever...

Então, não me julguem!
Feliz dia do escritor pra a galera que escreve e beijinhos. Deliciem-se com Jake e Melissa... :P



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/324866/chapter/15

Jake disse que eu poderia procurar por Kyle se eu quisesse saber mais sobre essa história, mas eu não queria.

Decidi terminar meu dia nas forjas. Se tem uma atividade boa para filhos de Hefesto se acalmarem e esfriarem a mente, é o trabalho nas forjas. Por isso, é pra lá que eu vou, mesmo sendo uma negação para forjar coisas úteis.

Hoje de manhã, logo que eu acordei, vim para cá.

Vou explicar um pouco o motivo pelo qual eu gosto de pensar nas forjas. Nenhum outro semideus aparece aqui, além dos filhos de Hefesto. E não é sempre que meus irmãos vêm aqui e quando vêm, ficam concentrados apenas nos seus trabalhos. Por isso, as forjas são um ótimo lugar para pensar em tudo o que eu ouvi ontem sem ser atrapalhada.

E eu pensei, pensei muito. E decidi que nem Jake nem Elius são culpados. Que no mundo em que vivemos (que é alguma coisa entre os deuses e os humanos) isso acontece e é mais que comum. Ou vai dizer que não conhece ao menos um semideus morto. Ok, você pode até dizer, mas com certeza vai estar mentindo.

O que eu forjo hoje é um pingente de colar pequeno e delicado, em forma de sapo. Pois é, o bichinho que Jay tanto ama. Aí você pergunta se não é ilegal (ou proibido) roubar qualquer metal que seja (no meu caso, ouro, para combinar com uma pulseira que tem um pingente de coração que meu avô me deu antes de morrer) para fazer uma coisa fútil. Eu digo que não, já que eu sempre oferto uma boa quantidade de comida na fogueira para os deuses. E eles aceitam bem, por isso não me punem...

Ok, a verdade: eu pego os restos das espadas magníficas que meus irmãos forjam e eu tenho sorte, porque é extremamente raro alguém forjar uma de ouro. Na verdade, espadas de ouro só servem para enfeite. Bom, não vou explicar o uso dos metais, não é o nosso foco. O que importa aqui é que o pingente é pequeno e não tem problema em pegar os restos das espadas que meus irmãos forjam. Outra possibilidade seria forjar esse pingente e fazê-lo se transformar em uma arma ou um escudo, mas se eu não consigo fazer espadas comuns, imagine artefatos mágicos!

Então, eu estou fazendo, sem problema nenhum e penso muito no meu irmão. Não posso visitá-lo, não é seguro para mim. Não posso sair por aí, já que sou uma semideusa diferente dos meus irmãos. Os mais altos na hierarquia do acampamento dizem que o problema é eu ter não uma, mas três características diferentes. A primeira é minha estranha afinidade pelo mar; sempre que vou à praia, sinto uma vontade enorme de entrar na água e nunca sair, mas eu aprendi a controlá-la. A segunda é minha facilidade em fazer amigos; os filhos de Hefesto são muito anti-sociais, mas eu não. E a terceira é minha total falta de habilidade nos trabalhos nas forjas ou com aparelhos eletrônicos (pois é, os filhos de Hefesto têm mais essa habilidade e eu, nada). Sem contar que os sátiros dizem que meu cheiro é bem mais forte que o cheiro dos outros semideuses.

Quando termino a forma do sapo, antes de resfriar o ouro, cravo (?) as letras J e C, que são as iniciais do meu irmão (Jayme Campbell, para quem não sabe) e depois ponho numa das bancadas para esfriar.

Depois de tudo isso, vou tomar um banho, para me limpar de toda essa história. Não preciso de outra história triste me infernizando, tenho a minha própria. Visto um vestido feminino de cor clara e que eu nem lembrava que tinha. Vou andando para o lago de canoagem, exatamente no mesmo lugar onde eu conversei com Jake ontem.

É fim de tarde e o sol já está se pondo. Vejo, para o lado do anfiteatro, uma fumaça subindo e lembro que hoje é dia de fogueira, mas eu não tenho ânimo para cantar e comer marshmallows como se eu estivesse feliz.

Não penso em nada. Fico apenas olhando a lua surgir e escurecer o bosque ao meu redor. Não penso nem em Jayme nem em minha mãe, meu avô. É raro momentos em que eu penso neles, sinto muita falta mesmo. O fato de eu ter encontrado amigos incríveis não é motivo para eu não sentir saudades. Muito pelo contrário, quando eu me sinto sozinha, como agora, eu me sinto muito mais sozinha do que na época que eu deitava minha cabeça no travesseiro duro do orfanato e chorava a noite toda.

Não choro mais. Não sei se é porque eu acabei me familiarizando com a solidão, ou se eu me acostumei com a tristeza, ou se eu chorei tanto que minhas lágrimas secaram, mas eu não choro mais. Desculpe-me o drama, mas é isso.

– Será que a filha mais bonita de Hefesto não gosta de confraternizar com canções e marshmallows e irmãos e primos sorridentes? – A voz grave e sedutora de Jake me tira dos meus não pensamentos e eu sinto minhas bochechas esquentarem. Ele senta ao meu lado.

– Acho que se socializar é um problema para os filhos de Hefesto – respondo sorrindo – E eu não sou a mais bonita.

– Você não diria isso se os visse na fogueira agora. Estavam comandando a cantoria quando saí. E você definitivamente não diria isso se visse a si mesma agora.

– Jake! – exclamo corando.

– Não precisa ficar vermelha.

Reviro os olhos e não respondo.

– Pode falar também, eu deixo.

– Que droga, Jake, como um filho de Afrodite me deixou sem palavras? Isso é tão vergonhoso! – Faço uma careta depois de reclamar.

– Isso é preconceito, você sabe.

– Preconceito? Claro que não! Opinião... Eu conheço bem filhas de Afrodite para dizer isso.

– Vou contar a Rose, Barbie – que é como Jake chama Baby e ela detesta – e a Louise que você disse isso.

– Menino fofoqueiro! Eu só estava comentando que eu sempre ganho no jogo de palavras para os filhos de Afrodite – defendo-me. Quem ele pensa que é para pensar que pode ganhar uma discussão para mim?

Nós dois ficamos em silêncio depois disso. Ele olha para mim e eu olho para o nada. Fico morrendo de curiosidade, mas não pergunto por que ele veio para cá. E hoje não tem nada a ver com minha insegurança estúpida de não perder as pessoas, mas sim porque eu estou aproveitando o silêncio e a cantoria distante, que eu posso ouvir. E o cheiro de fumaça. E a lua cheia, linda, brilhando com as estrelas no céu azul escuro. Está perfeito.

– Porque você não foi para a fogueira? – Jake pergunta para mim e eu penso um pouco antes de responder.

– Sei lá, acho que eu queria ficar um pouco sozinha desde ontem. É muito pra minha cabeça. Eu pensava que drama era minha mãe morta quando eu era pequena, mas eu fico pensando em como deve ser horrível para Elius ter a mãe internada e a irmã morta. Acho que eu morreria se meu irmão morresse...

Ele não fala nada e só depois de vomitar o que eu acho na cara dele eu percebo o que eu fiz. Se solidarizar pela história de Elius não é problema, mas falar o que eu sinto para Jake é forçar a barra. Ele e Elius se odeiam!

– Deve ser horrível mesmo – ele responde, me surpreendendo. – Não tenho irmãos por parte de pai, mas imagino como deve ser ruim perder uma irmã nova. E, de certa forma, fui eu que matei Lisa, sim. Elius tem toda razão de me odiar.

– Você não o odeia?

– Eu? Não! Não tenho motivo. Eu sinto remorso pelo que fiz com ele.

Balanço a cabeça afirmativamente. Não sei por que pensei que Jake odeia Elius.

– Bom, não vamos falar de coisas tristes.

– Você parece estar triste, Mel. Está acontecendo alguma coisa?

– Hãn? Não! É só saudade.

– E desde quando saudade é “só”?

Dou um sorriso triste. Entendo o que ele quer dizer. Que saudade não é uma coisa pequena. Eu sei bem disso.

Ficamos em silêncio pelo resto da noite. Ok, não em silêncio, mas conversando bobagens. Eu falei sobre minha mãe e meu avô e sobre Jay e ele me falou sobre o pai dele, que é herdeiro de uma empresa e cuida dos negócios do pai. Olha: uma coisa em comum. Se mamãe fosse viva, ela estaria cuidando dos negócios de vovô. Conversamos outras coisas também, sobre saudade e outros sentimentos.

Está na hora do toque de recolher, onze horas. Jake levanta e me ajuda a levantar. E quando ele pega na minha mão, eu sinto. É um formigamento enorme na minha mão. E se expande e atinge minha barriga. E eu sinto aquele frio quente que vocês muito provavelmente conhecem, mas eu não. É muito intenso e muito bom.

Ele me leva até meu chalé e eu não podia estar mais feliz. Ele me abraça à porta do chalé e eu entro, vermelha. Levo um bom tempo para digitar a senha da minha cama, minha mão está tremendo. Deito e vou dormir, desejando poder sonhar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Haha eu amei, mas eu sou bem suspeita pra falar, né?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Filha Perdida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.