A Filha Perdida escrita por ACL


Capítulo 11
A rivalidade


Notas iniciais do capítulo

Geeeeeeeeeeente hahhaah
esse capítulo ficou ótimo, modéstia à parte! kkkkk
Sério, amei...
Ele tá um pouco maiorzinho também, mas sério, achei muito bom!



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Então os dias se transformaram em um mês e meio.

Minha rotina não era sempre a mesma, mas eu sempre tinha aulas e treinamentos diferentes sobre como ser uma semideusa. Frequentemente eu descia às forjas, mas simplesmente não conseguia realizar os trabalhos grandes e perfeitos que meus irmãos realizavam. Não conseguia manejar os equipamentos pesados, não sei por quê. Em vez disso, eu fazia trabalhos delicados, como adornos às lâminas em alto relevo ou pequenas jóias que alguns semideuses encomendam.

Mas eu invejava muito o que minhas irmãs e meus irmãos faziam. Às vezes me sentia de fora do grupo, queria fazer as poderosas espadas ou os pesados escuros, e até tentava, mas nunca conseguia. O metal começava a se distorcer e, nos meus dias de muito azar, respingavam na minha pele e eu acabava com uma queimadura enorme. A última delas ainda está vermelha no meu pulso. Num dia de sorte, consegui fazer uma adaga charmosa para me defender, mas nada comparado à proteção de uma espada.

Jake e eu nos tornamos amigos próximos. O grande problema aqui é que quase ninguém gosta dele a não ser alguns dos seus irmãos, eu e, Kyle, um filho de Hermes. Não vou dizer que não entendo o motivo, ele é muito chato de vez em quando. Mas, na maioria das vezes, ele é um fofo e um ótimo amigo.

Elius morre de ciúmes dele. Não, não estamos namorando, se é o que você imaginou. Só que Elius é meu melhor amigo e percebemos uma conexão muito forte entre nós. Ok, isso foi gay. Mas é a verdade. Eu sinto como se Elius me conhecesse há anos e ele disse que se sente exatamente do mesmo jeito. Às vezes, ele age de forma estranha e eu acho que ele está escondendo alguma coisa. Mas ele sempre diz que não é nada e eu acredito.

Falo com Jay todos os fins de semana. Apesar de ser, teoricamente, extremamente perigoso para os semideuses, pelo motivo de ser muito fácil para os monstros nos detectar, uso o telefone para falar com ele. Eu sinto a tristeza na sua voz e isso me mata. Falo de coisas bobas e ajo como uma mãe, perguntando se ele está comendo bem, estudando, se está tudo bem com os amigos dele... Ele diz que está tudo bem, mas, mesmo assim, eu choro ao desligar o telefone. Nessas horas, apenas Elius me consola. Ele me empresta seu ombro e ficamos abraçados. Eu, chorando até secar; ele, afaga minha cabeça até que eu pare de chorar.

Jessica e Marly são minhas melhores amigas. Sinto que posso contar tudo, absolutamente tudo, para elas. É como se fôssemos irmãs desde que nascemos. As filhas de Afrodite também são minhas amigas, com exceção de Ruth e outras três discípulas dela, Victoria, Sarah e Olivia. É, Olivia é filha de Afrodite. Mas ela sofreu umas boas semanas no chalé 11 (de Hermes, onde todos os semideuses que não sabem quem são seus pais ficam até descobrir quem eles são ou ser reclamados) antes de se mudar para o 10. E, claro, ela preferiu ir para o lado das vadias.

Claro que não posso esquecer das minhas amigas filhas de Afrodite. Rose, a conselheira, Barbara, mais conhecida como Baby, e Louise, uma francesa bem charmosa e engraçada. E não posso esquecer também da pequena Silena, que me adotou como irmã mais velha.

Estamos no começo de junho e daqui a alguns dias começa a temporada de verão. Austin disse que precisaríamos fazer umas mudanças no chalé antes que os nossos outros irmãos cheguem e passamos as últimas duas semanas mudando as coisas de lugar para caber mais camas e armários embutidos. Claro que não vou dar mais detalhes de como fazemos isso, é uma técnica dos filhos de Hefesto! Só que hoje Austin nos deu um dia de folga e, por isso, combinei de ir à praia com Elius.

É um dia de sol. O verão ainda está chegando, mas parece que já chegou faz tempo. Sento na areia mesmo, não está quente. Espero Elius chegar enquanto vejo o movimento das ondas do mar. Sorrio ao pensar em como eu pensei que Poseidon era meu pai. Ainda o respeito, e muito. Afinal, meu avô o respeitava e passou isso para mim. Mas vou confessar que respeito Hefesto ainda mais e até tenho um certo afeto por ele.

Lembro que foi aqui que dei o meu primeiro beijo e com o mesmo garoto que está vindo aqui me encontrar. Dou um sorrisinho tímido e minhas bochechas ficam rosadas. Eu bem que podia namorá-lo. Acho até que adoraria. Mas ele é meu amigo e eu não sei como agir quando questões de amizade estão em jogo. Na verdade, não sei como agir em situação romântica nenhuma. Ou melhor: nem sei se estou mesmo apaixonada.

– Pensando em alguém?

Dou um pulo de susto ao ouvir uma voz masculina. Aquela voz grave de fala macia.

– Ah, oi, Jake!

– Oi, Mel – ele responde. Não mencionei que ele é o único aqui que não me chama de Missy. Acho que é implicância com Elius, já que Jake começou a me chamar assim quando eu disse que Elius me chama de Missy.

Ele dá um beijo na minha bochecha e senta comigo na duna. Ele insiste em saber em quem eu estava pensando e eu digo que não era nada. Não vou contar a ele que Elius me beijou aqui nessa mesma duna um mês e meio atrás.

– Se não quer dizer, não diga. Mas não esqueça que eu sou filho de Afrodite. Sei quando as pessoas estão com o coração balançado por outras.

Reviro os olhos com uma cara boba. Como assim, até um filho da deusa do amor insinuando que estou apaixonada? Isso não pode ser, não estou pronta.

– Certo, é só brincadeira – Jake assume. Uma onda de alívio passa pelo meu corpo. – Mas você não veio à praia sozinha, veio?

– Não, Elius que me chamou – respondo, cautelosamente.

Ele revira os olhos e faz uma careta.

– Então eu acho que é melhor eu ir embora – ele diz e se levanta. E eu levanto junto, para me despedir, como ensinou minha mãe, nas aulas de etiqueta que ela me obrigava a assistir. Ele me abraçou forte, segurando na minha cintura. Ele me deu um beijo no rosto, demorado demais para o meu gosto.

– Ah, droga, Missy, eu venho aqui para te ver e você fica se agarrando com esse cara aí! –Grita a voz furiosa de Elius. Droga. Jake me solta imediatamente.

– Hãn? – pergunto, meio boba. – O que você quer dizer? Eu não estava agarrando Jake!

– Ah, não... Vocês estavam fazendo uma cena super natural entre amigos... Amigos não, irmãos! – Elius vem em direção a nós. Ele se vira para Jake e diz: – E você, seu palhaço? Vai dizer que não estava agarrando Melissa? Você não cansa disso não é? Não vai cansar enquanto não tomar tudo o que eu tenho? Já foi assim uma vez, você vai mesmo fazer tudo isso de novo? Não percebe que ninguém gosta de você por causa exatamente disso? Você só vai magoar Melissa desse jeito..

Me assusto. Primeiro porque eu nunca vi Elius desse jeito antes e segundo porque eu não faço ideia do que ele está falando. Será que ele já teve alguma desavença séria com Jake? É realmente por causa disso que todos o odeiam? Será que é alguma coisa muito séria? E o que quer dizer aquilo de “tomar tudo o que eu tenho”?

– Não vou fazer nada daquilo de novo – responde Jake calmo. – Não sou burro. Mas você não tem nada com Mel e nem vai ter, espero. Agindo como o babaca que você é, nunca vai conquistar ninguém! E eu não acho que você deveria ficar fazendo minha caveira para Melissa, ela saberá escolher quem faz bem a ela, não quem quer dominá-la.

Então, ele sai.

Elius está fervendo de raiva. Tenho até a impressão de que o clima aqui tenha ficado mais quente fisicamente, como se Elius fosse o sol e suas pequenas explosões estivessem fazendo efeito sobre mim e sobre Jake em forma de calor.

Ele vai atrás de Jake, batendo os pés, com raiva, na areia. Corro atrás dele antes que alguma coisa de pior aconteça.

– Elius, calma – grito, para que ele abafe a raiva e ouça minha voz. Ele não ouve e eu corro mais rápido, até chegar nele e tocar suas costas. – ELIUS!

Ele se vira e olha para mim e a expressão de dor que vi em seus olhos me faz desejar morrer. Me faz desejar fazer qualquer coisa para tirar aquela dor dele. Os seus olhos castanhos estão vermelhos e as lágrimas lutam para não cair. Ele solta um soluço, que indica que ele não aguenta mais e vai acabar chorando.

Agora eu sinto sua dor. Vê-lo assim me corrói pouco a pouco. Me sinto péssima por ter causado isso de alguma forma, mesmo sem saber que o fiz.

Elius me abraça. Me abraça tão forte que eu acho que vamos nos fundir em um só. Ele me abraça como se não fosse me soltar nunca mais. Eu afago suas costas, tentando passar um pouco de paz para ele, mas tudo o que sinto é angústia.

– Me desculpe – pede ele. –Me desculpe, eu não consegui me segurar. Estou me segurando há um mês, mas não dá. Você não sabe o quanto eu o odeio, Missy. Não tem ideia.

Tento me segurar para não chorar também, mas é difícl. Acho que está relacionado àquela ligação estranha que eu contei a vocês. Juro que não entendo nada disso, mas eu sei que eu estou sentindo agora.

– Por que você não me explica o motivo de odiar Jake? – Pergunto, cuidadosamente, entrando em um assunto muito delicado.

– Eu o odeio, Missy – ele responde – porque ele matou minha irmã.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam do capítulo?
Eu amei kkkkk
Já disse que tô naquela fase "amo todos os capítulos" haha
Então, como acham que vai ficar a relação Elius - Melissa - Jake?