Lady apareceu uma hora depois.

Devo confessar que secretamente fiquei aliviada com seu aparecimento, já que estava começando a me sentir culpada.

Agora, esse sentimento foi embora, justamente quando Lady abriu a sua maravilhosa boquinha.

– Hm, então já vejo que conheceu a nossa garotinha, hã? – Ela olha para Dante e da uma piscadela. Ele sorri ao gesto.

Revirei os olhos.

– Pode acreditar – Dante levantou-se de sua cadeira e começou a circular pelo aposento. – E com notícias extremamente picantes.

Franzi a testa. Picantes, ele havia dito? Há alguns minutos atrás ele parecia realmente perturbado com o desaparecimento de Nero e todos aqueles ataques constantes. Agora, parecia mais interessado em comer a última fatia de pizza.

Felizmente Lady não permitiu que ele o fizesse. Quando Dante ia capturar seu pedaço, ela o roubou, dando uma mordida generosa para enfatizar seu ato.

Ele não disse nada, mas a sua cara demonstrava que ele queria dizer um ou dois elogios a ela.

Respirei fundo e esperei pelo que viria a ser, agora.

Como resgataríamos Nero? E quando? Ele estaria vivo?

A turbulência de perguntas em minha mente estava tão avançada, que quase precisei me segurar novamente. Precisava controlar melhor meus impulsos mentais.

Dante e Lady pareceram perceber meus pensamentos em crise. Juntos, eles riram baixinho e depois sentaram-se bem a minha frente.

O contraste que Lady tinha com Dante era absolutamente inadequado. E, ao mesmo tempo, surreal.

Ela era ousada e totalmente sensual, com seu sorriso sarcástico e seus olhos distintos. Apresentava um comportamento básico, mas ainda assim, elegante ao modo dela.

Ele não era nada discreto, mas também nada chamativo. Apenas prendia o seu olhar no dele, com seus magnéticos olhos cinza. Seu sorriso demonstrava descontração e era divertido, mas longe de não ser nada inteligente.

Intimidada, suspirei. Não conseguia me encaixar no meio deles, com toda a minha fraqueza e falta de coragem. A única coisa que eu queria era apenas uma ajuda. E depois eu poderia me ver livre dessa intimidação toda.

– Bem, garota – Dante me olhava com os magnéticos olhos cinza. – Acho que Lady já está a par da situação, correto?

– Totalmente – Ela tomou minha dianteira. – Estou ciente de cada detalhe. E acrescentando que os ataques estão aumentando cada vez mais.

– Entendo - Ele pegou uma nova taça de sundae de morango e começou a comer. – Estou vendo que a situação está se agravando. Como se eu pudesse imaginar que poderíamos ter algum tempo de paz.

Lady riu suavemente.

– Mas então não seria a nossa vida, correto?

– Certo. – Ele riu. – Mas ainda assim, quando Nero derrotou Sanctus, eu achei que estava tudo bem. Fechei os portões assim que matei Agnus. Não era para mais ataques ocorrerem. Em lugar algum.

– Dante... Eu acho que os portões não estão fechados. – Lady sussurra baixinho, com medo da reação do filho de Sparda.

Dante respirou fundo e olhou-a com seus olhos brilhantes.

– O que quer dizer?

– Ora, veja bem, Dante. Está certo que você usou a Yamato para fechar e tudo o mais. Mas acredito que ela não foi usada pela pessoa certa.

– Como assim? – Ele disparou. – Vergil era o dono legal dessa espada. Como seu irmão, eu deveria ser também, não?

– Até onde eu sei, Dante, você é descendente de Vergil, mas ele possui um ainda mais forte. – Ela piscou. – O que eu quero dizer é que a pessoa certa não é você.

Respirei fundo. Do que ela estava falando? Parecia que os dois havia me esquecido.

– Entendo – Ele largou a taça de sundae e decidiu rodar uma de suas pistolas. – Então é por isso que isso tudo aconteceu.

– Tudo bem! – Disparei. – Posso não ser tão especial quanto vocês, mas não sou burra. Podem por favor, me dizer o que diabos vocês estão falando?

Eles pareceram se lembrar de minha presença. Foi Dante quem me deu a resposta.

– Ouça, garota – Ele pregou seus olhos em mim. – Suas teorias estão certas. Mas agora chegamos ao auge da conclusão.

– Quando você e Nero ficaram presos dentro da estátua, dias atrás, eu tive que voltar para poder tira-lo de lá. Acabei por ter de enfrentar Agnus, o cientista da Ordem. Você o conhece.

Gago filho da puta? Claro que sim.

– Ele estava abrindo o portal para o Inferno, e obteve sucesso. Mas eu o derrotei. E somente com a Yamato, a espada original de um dos filhos de Sparda, poderia fechar ou abrir o portal. Então, eu a usei em modo contrário, para poder fechar o que ele havia aberto.

– Pensei que tinha conseguido fechar. Mas acontece que não foi bem isso o que aconteceu. Sanctus sabia de meu fracasso, por isso, não hesitou em morrer pela segunda vez. Saberia que no fim, perderíamos.

– E foi o que aconteceu. O portal ficou aberto porque não foi fechado pelo descendente correto. Sou irmão de Vergil? Sim. Mas não sou o descendente correto. Pense, garota. Qual o descendente mais forte do que um pai, uma mãe ou um irmão?

Franzi as sobrancelhas. Onde esse cara estava querendo chegar?

– Um herdeiro? – Arrisquei. – Se for isso, então Vergil tem mesmo... Um filho?

– Exatamente. – Ele suspirou. – Tive minhas confirmações exatas quando você me deu as últimas notícias. Quando o portal não foi fechado, pois eu não era o descendente correto para manusear a Yamato, Sanctus conseguiu concluir seu plano. Libertar escórias de demônios para todos os lugares e preparar o mundo para a sua ascensão final.

Meu coração falhou uma batida. Minha mente começou a juntar as peças daquele quebra cabeça.

– Se tudo isso for verdade, se ele realmente tiver se erguendo finalmente... Então, não temos como impedir. Porque Nero não seria sequestrado à toa. Ele só pode...

– Ser o descendente correto.

Dante terminou a frase como se estivesse respondendo uma pergunta sobre o clima.