Verdadeiros Mitos escrita por Liz Santanna


Capítulo 9
Sentimentos confusos




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Eu não queria aquele beijo, eu não podia querer aquele beijo, mas eu também não queria rejeitar aquele beijo, eu esperava por aquele beijo à muito tempo, mas aquele não era o melhor momento, eu estava com Victor, eu realmente gostava de Victor, ou não, eu não sabia de mais nada. Minha mente estava confusa, meu coração estava confuso, meus sentimentos estavam confusos.

– Lupi!

– O que foi? Não é bom?

– Não é certo!

– E quem disse que precisa ser certo? Precisa ser bom... – ele continuou o beijo que eu lutava contra, mesmo querendo aquilo talvez mais que ele.

– Lupi! Eu estou namorando!

– Me diz, olhando em meus olhos, que você não me quer e que você prefere aquele sanguessuga a mim... Você não consegue, e sabe por quê? Por que é a mim que você realmente quer. Não é?

– Para! Não me faz escolher entre vocês dois, Victor é meu namorado e eu amo ele. Você é meu melhor amigo, a única pessoa em quem eu realmente confio, não estraga isso! Por favor!

– Você quer que eu vá embora?

– Quero, eu preciso ficar sozinha.

– É o que você diz?

– É.

– Mas não é o que você quer, eu sei o que você quer, você me quer, mas eu vou embora.

– Você vai voltar?

– Quando você conseguir dizer o que eu sei que você quer, quando você decidir entre mim e o seu sanguessuga.

Lupi foi embora, eu precisava resolver aquilo, era sexta-feira e eu tinha marcado um cinema com Victor, fui me arrumar, coloquei um boot cano alto, um short verde e uma blusa justa frente única branca. Ouvi a buzina do carro de Victor, desci as escadas e fui em direção a ele, entrei no carro, mas preferi não falar nada sobre o beijo entre mim e Lupi, não achei necessário que ele soubesse.

– Oi amor!

– Oi!

Durante o caminho não conversamos muito acho que ele percebeu que meu clima não estava muito para conversa e respeitou meu espaço não perguntando o por quê.

Chegamos ao cinema e entramos na fila para comprar o bilhete. Tinha uma garota mais a frente na fila que reclamava sobre a demora, seu braço estava apoiado no ombro de um garoto que estava ao lado que imaginei ser seu namorado. Reparei na jaqueta que o garoto estava usando, era igual a que Lupi usava quando o vi pela primeira vez na lanchonete. A voz da garota realmente me incomodava, eu estava reconhecendo aquela voz irritante, com certeza era Victória Bianch e o garoto que estava ao seu lado era Lupi, o que não me surpreendia nem um pouco.

O que me surpreendeu foi o que eu senti ao ver aquela cena, um sentimento estranho começou a ocupar meu interior, uma terrível vontade de gritar, acompanhava uma espécie de raiva que estranhamente não estava direcionada para Victória. Como Lupi pode fazer isso ele acabara de se declarar para mim e estava na fila de um cinema agarrando Victória Bianch, a raiva dentro de mim começava a aumentar, Lupi realmente sabia como me irritar, e isso também me irritava profundamente.

Uma sombra desviou minha atenção da cena que eu presenciava com uma enorme perturbação. Essa sombra era na verdade como um vulto, não se movimentava, mas era impossível de ser identificada. Era uma figura humana que começou a caminhar em minha direção, era como se minha visão falhasse exatamente quando eu mais precisava dela, percebi que as outras coisas eu ainda conseguia enxergar perfeitamente, apenas aquele estranho estava em uma imagem fosca e sem foco. Será que ninguém além de mim percebera a presença dele?

Sua aproximação continuou mesmo quando parecia impossível que ele se aproximasse mais de mim, pela falta de espaço. De repente me foi permitida uma visão nítida de sua boca, sua voz calorosa era a mesma do estranho que invadiu meu quarto mais cedo e que arrepiara todos os pelos do meu corpo.

Quando aquele estranho me visitava, meu corpo deixava de pertencer a mim, não conseguia protestar ou impedir aquele total controle que ele mantinha sobre meus comandos. Minha curiosidade, como sempre, era maior que meu medo, ao invés de querer gritar por socorro, queria perguntar quem era, mas não encontrava minha voz.

Ele levantou meu braço com a mesma intensidade que abaixara na visita anterior.

– Concentre-se...

Senti uma força fora do comum brotando dentro de mim e se projetando em minha mão que estava direcionada para Victória Bianch, minha raiva era tão grande que eu queria mesmo aniquilar aquela garota insuportável.

– Acalme-se...

A mesma força que antes se projetava em minha mão, agora fazia o caminho inverso, voltava para dentro de mim acompanhada de toda a angustia que sentia.

– Luna?

A voz de Victor me chamando me tirou do transe e me virei na direção dele para encará-lo.

– Você está sentindo alguma coisa?

Tentei me explicar apontando e mostrando o estranho, mas para meu azar, ele não estava mais lá, como sempre, havia desaparecido em um segundo, como se nunca estivesse ali. Me dei conta que ele queria que eu usasse meus poderes como da última vez, só que agora contra alguém, contra Victória, mas por que ele parou? Porque não continuou? Porque fez toda a minha força que estava pronta para ser usada voltar para dentro de mim?

– Não. Eu só achei que tivesse visto uma coisa... Nada demais...

– Tem certeza?

– Tenho...

Entramos na sala do cinema e nos sentamos, não prestei muita atenção no filme, estava mais preocupada em pensar no estranho visitante e em observar o casal que estava em nossa frente, eu tinha ido ali para resolver o que eu queria e depois daquela cena eu não tinha mais duvida alguma. Lupi só quer brincar comigo e Victor me ama e eu também o amo, ele é o meu namorado e vai continuar sendo.

– Meus pais querem te conhecer...

– Hãn?

– Amanhã as sete, passo na sua casa...

– Sério?

– Você não quer?

– Quero...

– Então esteja pronta...


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