Verdadeiros Mitos escrita por Liz Santanna


Capítulo 10
Rejeição




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No outro dia, em casa, à noite...

Tomei meu banho e comecei a me arrumar, mas não encontrei nenhuma blusa legal, quando eu não encontrava uma blusa nas minhas coisas, era meu costume pegar uma blusa de minha mãe, seu quarto estava fechado desde o seu enterro.

Abri a porta e entrei com cuidado, ela vivia reclamando quando percebia que eu havia pegado uma roupa dela, é tão diferente saber que ela não vai reclamar comigo, por que ela não está mais aqui, eu nunca pensei que eu fosse sentir tanta saudade de quando ela brigava comigo, agora não posso mais sequer ouvir sua voz.

Abri seu guarda-roupa, e em seguida a gaveta onde ela costumava guardar suas blusas, estavam todas lá, vesti sua blusa preferida. Meu reflexo no espelho me permitiu ver em mim minha mãe, uma ultima vez. Nunca havia visto tamanha semelhança entre nós duas, não era a mim que eu estava vendo, era ela, minha mãe.

Ouvi a buzina do Focus preto. Morava no ultimo andar do prédio e demorou uns três minutos para que eu chegasse até Victor.

- O que foi?

- O que?

- Você está triste...

- Estava lembrando minha mãe...

- Esquece amor, coloca um sorriso nesse rosto, lágrimas não combinam com você...

Nossos olhares se encontraram, Victor e Lupi eram as únicas pessoas que conseguia me fazer esquecer qualquer coisa que me deixava triste, porém Lupi me fazia rir e Victor me fazia pensar em coisas boas...

Casa de Victor...

- Dona Lourdes, essa é minha namorada. Luna, essa é minha mãe.

- Olá! – a mãe de Victor parecia feliz com a minha chegada, era jovem e suas feições eram muito semelhantes a de Victor, porém seus olhos eram claros, uma cor que não consegui decifrar

- Olá! – respondi e fui em direção a ela para um abraço.

- Pai, essa é Luna. Amor esse é meu pai, Guto. – o pai de Victor era jovem, mas seus cabelos eram grisalhos, tinha os olhos tão negros quanto os de Victor, sua expressão revelava um espanto com a minha presença.

- Oi...

- Meu filho, gostaria de ter uma conversa com você em particular...

Victor seguiu seu pai para o que parecia ser o escritório. Me senti um pouco culpada pela reação que causei em Guto. Eu e Lourdes ficamos conversando sobre Victor e sobre mim, nada muito invasivo, eu continuara ali na sala, mas minha mente não saia do escritório. O que eles estavam falando?

Depois do que me pareceu um longo tempo, saíram os dois do escritório.

- Bem, vamos jantar? – Lourdes sabia como me deixar mais tranqüila naquela casa, talvez se eu tivesse que lidar apenas com Guto, estaria completamente perdida.

Fomos para a mesa, durante o jantar, nenhuma pergunta foi feita, o clima estava tenso demais para qualquer comentário e pela expressão de Guto era melhor que eu continuasse calada. Assim que o jantar acabou Guto se direcionou para a escada que levava ao andar de cima, Lourdes me levou até a porta e Victor me deixou em casa.

- Desculpa...

- Pelo o que?

- Acho que fiz algo que seu pai não gostou...

- A culpa não é sua, acredite...

Me aproximei para um beijo de despedida, mas ele desviou e entrou no carro, pelo visto, seja lá o que eu tenha feito não abalou apenas Guto, mas também a Victor.

Entrei em casa e fui até meu quarto, deitei na cama, mas não consegui dormir, por um longo tempo fiquei acordada imaginando o que eu poderia ter feito, a culpa não era minha, claro que não, talvez minha presença o incomodasse, talvez o problema fosse minha raça, eu ser uma loba.

Antes que o sono chegasse ouvi um barulho vindo do lado de fora, haviam jogado uma brita na janela do meu quarto, me levantei e fui olhar quem era, ele realmente é muito cara-de-pau...

- Oi!

- Oi? Nem vem...

- O que foi?

- Você ainda pergunta?

- Eu não estou entendendo?

- Ah, não? Deixe-me refrescar sua memória, ontem à tarde você e eu, ontem à noite você e...

- Victória? Você está com ciúmes da Victória?

- Não é ciúme!

- Claro que não... É amor...

- Do que você está falando?

- Você me ama Luna, já passou da hora de admitir...

- Eu amo Victor!

- Você pensa que ama aquele sangue- suga bobão, mas você está louca para se entregar para mim, o que você sente por ele é muito diferente disso.

Lupe me segurou pela cintura daquela forma que só ele sabia, eu lutei contra para não demonstrar o quanto novamente eu queria o mesmo que ele. O que eu sentia por Lupe era algo que não conseguia entender, quando ele chegava perto de mim era como se todas as minhas defesas acabassem naquele exato momento, não era algo como “eu não consigo lutar” era algo como “eu não quero lutar”.

Algo me dizia que Lupe queria ir além daqueles beijos roubados, a forma como ele pressionava meu corpo contra o dele, esse pressentimento se confirmou quando ele me jogou na cama e tirou a camisa, essa atitude me fez acordar para o que estava prestes a acontecer.

- Não Lupe, eu não posso.

- Você ainda está com aquele babaca? Mesmo depois de tudo o que eu lhe disse ontem?

- O que você queria? Depois que eu te vi com Victória lá no cinema, eu só conseguia imaginar que você estava brincando comigo, que você queria me fazer terminar com Victor e perder a única pessoa que ainda se importa com meus sentimentos...

- Então é isso que você pensa de mim? Que eu não ligo pra você? Tudo o que eu mais quero é poder estar com você, fazer o mundo saber que você é minha, dormir te fazendo carinho e acordar com você ao meu lado, mas pelo visto não é o que você quer...

- Se você sente tudo isso por mim então me explica. Por que você estava no cinema com Victória?

- Eu não posso...

- Você não pode ou você não tem uma desculpa boa o bastante pra me fazer acreditar em mais uma de suas mentiras?

- Pense o que quiser, eu já disse o que tinha pra falar, agora depende de você acreditar em mim ou não.

Na escola...

- Oi amor!

- Eu preciso conversar com você...

- É sobre ontem?

- É sobre nós dois... Não dá mais...

- Não dá mais o que?

- Nós não podemos continuar juntos...

- Por quê?

- Eu não quero mais...

- Como assim? O que eu fiz?

- Você não fez nada, eu só não quero mais perder meu tempo com uma loba.

- O que?! Você não pode fazer isso comigo!

- Eu já fiz.

- Me diz que isso é uma brincadeira...

- Não, isso não é uma brincadeira, eu não quero mais você, você não serve para mim...

Então era isso, enquanto eu achava que Lupe não se importava com o que eu sentia, quem realmente queria brincar com meus sentimentos era Victor. Eu te odeio Victor.

Não consegui conter as lágrimas, mas antes que elas rolassem pelo meu rosto, mostrando meu total desespero eu as detive tempo suficiente para me trancar no banheiro feminino e chorar, tirar de dentro de mim todo o rancor guardado, em um dia tudo o que eu conseguia imaginar como o amor, se transformou em um ódio incontrolável.

A última pessoa que podia me ver naquele estado tinha acabado de chegar no banheiro, Victória me lançou um olhar diferente, eu odiei mais ainda Victor por isso, agora minha pior inimiga tinha uma cena pronta para acabar com o resto de dignidade que me sobrara.


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