Verdadeiros Mitos escrita por Liz Santanna


Capítulo 8
Devidos poderes




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Na escola...

Eu entrei na sala e me sentei ao lado de Lupi, precisava tirar a limpo aquela conversa de ontem.

– Desde quando você é amiguinho da Victória?

– Por que você acha que pode me cobrar alguma satisfação?

– Por que eu pensei que nós fossemos amigos, ou não somos?

– Por que você resolveu lembrar isso agora? Brigou com seu sanguessuga de estimação?

– Então você ficou com ciúmes e resolveu ter uma sanguessuga de estimação também? – não que eu considerasse Victor meu sanguessuga de estimação, eu não fazia idéia do que eu estava falando, mas em uma briga era a melhor coisa que eu tinha pra falar na verdade foi a primeira coisa que me veio na cabeça.

– Ciúmes? Eu perdi a única pessoa em quem eu confiava aqui para um...

– Então você só quis que eu sentisse na pele o que você estava sentindo? E para isso quem melhor do que minha pior inimiga, não é?

– Como você consegue sempre estar com a razão? – o clima de briga foi embora.

– Simples, eu sempre estou com a razão...

Nós rimos e eu senti que nossa amizade tinha voltado a ser a mesma, mas tinha uma coisa que ainda me perturbava. Esperei até que a aula terminasse e o intervalo eu passei com Lupi estava com muita saudade de ter meu melhor amigo de volta e não iria perder ele para Victória.

– O que existe entre você e Victória?

– Como assim?

– O que existe entre você e Victória?

– Bem, nós somos amigos...

– Só amigos?

– O que é isso? – era Victor e seus amigos, que se aproximaram de nós em um segundo.

– Isso o que?

– Vocês dois!

– Nós estamos conversando!

– Você é minha e vai ficar comigo! – Victor segurou meu braço com força e me arrastou para perto dele.

– O que é isso Victor? Me solta!

Lupi empurrou o peito de Victor com força e me tirou de seus braços.

– Ela mandou soltar!

– Seu cachorrinho de estimação resolveu latir, Luna?

Lupi nunca aceitaria aquela provocação e seu corpo agiu antes de sua mente. Eles começaram a brigar, a briga dos dois foi bem diferente da briga entre mim e Victória. Eu precisava fazer com que eles parassem, o sangue encharcava suas camisas e eu não agüentava mais ver os dois se ferindo a troco de nada.

Eles pararam de brigar como se fosse criada uma parede invisível entre os dois, eles continuaram a dar socos e murros na parede imaginária, até se cansarem e percebi que estava encolhida tentando me proteger daquele conflito e Iago que era o melhor amigo de Victor, estava em cima de mim me protegendo como um escudo. Eu estava fraca não fazia idéia de para onde tinham ido minhas forças.

Meus olhos foram fechando aos poucos e a última cena que eu vi foi Victor e Lupi caídos depois da briga com suas forças esgotadas, Iago me segurava e essa última cena veio com uma fala.

– Luna, descansa...

Eu dormi profundamente como se a fala de Iago tivesse me atingido como uma ordem.


Em casa...

Eu acordei na minha cama e sem entender direito o que tinha acontecido, só lembrava da briga entre Victor e Lupi. Victor foi a primeira pessoa que vi ao acordar.

– Victor?

– Oi...

– O que aconteceu?

– Iago fez você dormir, você estava muito fraca...

– Como? Iago me fez dormir?

– É o poder dele...

– Poder?

– É. Ele comanda a mente de todos até mesmo animais com apenas uma palavra.

– E qual o seu poder?

“Eu posso falar dentro de mentes...” – eu percebi que Victor não estava falando de verdade, ele não estava mexendo a boca, ele estava falando dentro da minha mente.

Dei-me conta de que se Victor podia falar dentro da mente, ele também talvez pudesse lê-las, e se ele tivesse lido minha mente quando me peguei pensando em Lupi mesmo estando com ele

– E... Você também ouve os pensamentos?

– Não... Pode ficar tranqüila, eu não posso invadir sua mente, eu só consigo falar com você e apenas se você deixar.

– E qual o meu poder...

– Talvez construir paredes invisíveis...

– Como?!

– Quando eu estava brigando com Luis, uma parede invisível nos interrompeu e você ficou fraca...

– Você acha que eu fiz aquilo?

– Quem mais poderia ter feito?

Victor foi embora e agora eu estava sozinha, oportunidade perfeita para testar meus “poderes”, eu estendi o braço e fechei os olhos fazendo força em algo, senti uma mão segurando meu braço estendido, seu corpo estava atrás do meu, mas estava tão próximo que parecíamos um só, sua mão fez meu braço abaixar lentamente, direcionando minha concentração para o chão.

– Ande...

Essa voz eu não conhecia, mas seu sussurro me transmitia uma segurança, não era algo que me fizesse sentir algum tipo de receio, sentia um calor suave e gostoso em meu pescoço que percorria meu corpo arrepiando cada extremidade até meu calcanhar.

Eu estava praticamente hipnotizada não conseguia abrir os olhos a única coisa que ainda me era permitida fazer era seguir suas ordens, andei e senti que aquele estranho me acompanhava. Parei e senti algo como se estivesse subindo em um elevador, meus olhos conseguiram se abrir porem não sentia mais a presença daquele estranho, mas percebi que estava flutuando, meus pés estavam numa espécie de chão invisível que estava acima do solo, me agachei tentando me segurar naquele “chão” nem um pouco confiável.

O toque do meu celular me assustou, dei um grito estridente e a placa invisível que me sustentava se desmanchou como uma bolha de sabão, caí de uma altura de mais ou menos um metro do chão. A queda me deixou paralisada, não estava doendo e foi uma das coisas que mais me assustou, mas meu celular ainda estava tocando.

– Alô?

– Luna, você está bem? – logo reconheci a voz de Lupi.

– Estou...

– Eu fiquei preocupado...

– Que milagre...

– Eu ficar preocupado com você?

– Não. Você me ligar, ao invés de vir logo aqui em casa. – nós rimos, como sempre...

– Eu achei melhor...

– Eu precisava mesmo falar com você – eu o interrompi sem receio algum.

– Coisa boa ou ruim?

– Não é exatamente sobre você...

– Se for sobre seu sanguess...

– Não fala assim dele! ... Desculpa, não é sobre ele, é sobre mim, será que dá pra você vir aqui em casa?

– Tá, então abre a porta pra mim.

Eu já estava acostumada com Victor chegando aqui em casa em menos de um minuto, então não era muita surpresa para mim Lupi fazer o mesmo. Desliguei a chamada e abri a porta para Lupi.

– O que foi?

– Aconteceu uma coisa muito estranha...

– Eu sei.

– Como você sabe? O que você sabe?

– Do estranho que te fez uma visitinha e te ensinou a usar seus poderes...

Ele só poderia saber disso se tivesse sido ele mesmo o estranho que tivera aqui, isso talvez também explicasse o fato dele chegar aqui tão rápido, talvez ele já estivesse aqui, mas a voz não era a dele e também por que ele iria me ligar se já estivesse aqui?

De repente me veio uma curiosidade que me parecera mais importante do que o que acabara de acontecer. Se Lupi não era o estranho, então como ele sabia sobre o que havia acontecido aqui sem que eu tivesse sequer tocado no assunto com alguém que não eu mesma?

– Eu leio pensamentos... – ele me explicou como se tivesse ouvido a pergunta que eu fizera mentalmente.

Estava tudo explicado, como ele sabia onde era minha casa, como sabia sobre o que havia acontecido e tudo sobre a minha vida...

– Você sempre lê meus pensamentos?

– Não só quando você deixa.

– E como é que faz para não deixar você invadir meus pensamentos?

– Por que eu te ensinaria, assim eu não poderia mais ler seus melhores pensamentos...

– E quem disse que eu quero que você leia meus “melhores” pensamentos!

– O que é que tem Luna? São até interessantes. Quando você não está com aquele sanguessuga, claro.

– Para de chamar o Victor assim, e para de ler meus pensamentos!

– Vai me dar ordens agora?

– Você prefere quando Victória te dá ordens?

– Não fala da Victória!

– Você vai proteger ela?!

– Eu não estou protegendo ninguém!

– O que você viu nela, em?!

– Do que você está falando?!

– Ou você é cego ou um idiota!

– Eu não estou com Victória! – ele me segurou com força para que eu não fugisse, mas com cuidado para não me machucar, nós ficamos cara a cara de uma forma que me fazia querer mais, não sair dali – entende... – nós nos beijamos com um desejo acumulado desde quando nos conhecemos.


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