Verdadeiros Mitos escrita por Liz Santanna


Capítulo 7
O que sou eu?




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Fomos para a diretoria e ficamos esperando a diretora chegar.

– Idiota, era para isso ser fora do colégio, estúpida! – Victória falou completamente recuperada – aqui nós não podemos usar nossos poderes.

– Que poderes você está falando garota?!

A diretora nos interrompeu entrando na sala e sentando em sua cadeira.

– Vocês infligiram uma das maiores e mais claras regras do colégio, – imaginei que ela estivesse falando sobre brigas, e da forma que ela estava falando pensei em expulsão na hora – vocês usaram seus poderes.

– Eu não usei meus poderes, se eu tivesse usado acha que eu estaria... Assim?

– Mas de que poderes vocês estão falando? – elas me olharam como se eu fosse um ET.

– Como assim de que poderes nós estamos falando? – a diretora continuou me encarando com dúvida enquanto falava, ela fez uma expressão de espanto, como se tivesse entendido minha situação – senhorita Bianch, nos dê licença um minuto, por favor.

Victória saiu, nos deixando a sós.

– Então quer dizer que a senhorita não sabe o que você é?

– Como assim? Eu sou filha de Júlia Dias Macedo, que morreu a menos de um mês.

– Sim, mas e seu pai?

– Eu nunca o conheci...

– Eu sei, mas você sabe o que ele é?

– Como assim?

– Seu pai... É... Um... Lobo...

– Mas como assim? – minha gargalhada ecoou por toda a pequena sala da diretoria, até que eu percebesse que a diretora não estava brincando, pelo contrário, ela me olhava com um vergonhoso ar de espanto – você não está brincando, está?

– Eu pareço estar brincando? – seu espanto se transformou em uma seriedade que me deixou muito mais envergonhada.

– Não... – o que ela estava falando?

– Nós a localizamos e a trouxemos para cá imaginando que soubesse que é uma loba.

– Digamos que eu não tenho pelos suficientes para receber essa classificação...

– Você ainda não evoluiu seus poderes, por isso você veio para cá.

– Eu ainda não entendi direito...

– Eu vou te explicar tudo... Desde que você esteja disposta a ouvir.

Eu não sei se queria mesmo saber de tudo, mas já que estava ali era melhor saber de tudo de uma vez. Saber quem eu sou, ou melhor, o que sou eu.

– Sim, eu preciso saber.

– Aqui todas as turmas A são vampiros, e as turmas B são lobos. Sempre houve uma grande rivalidade entre essas duas espécies...

– Mas como vocês descobriram que eu era uma... Loba... – eu a interrompi sem o mínimo receio.

– Uma pessoa nos ligou nos fornecendo seu nome e seu número e nos falou que preferia que nós disséssemos que era uma bolsa de estudos, mas todos que estão aqui não pagam.

– Mas o Karku é um dos colégios mais caros do Brasil – eu estava tentando encontrar motivos para não acreditar no que estava ouvindo.

– Para os humanos. Nós fazemos isso para que poucas pessoas possam pagar, e essas poucas pessoas que querem estudar aqui, nós conseguimos não aceitá-las sem maiores esforços e sem levantar quaisquer suspeitas.

– Mas quem é essa pessoa que ligou dando todas as informações sobre mim?

– Seu pai. Ele não disse o nome, mas disse que era seu pai e que queria lhe colocar aqui. Ele nos disse que você não o conhecia, mas não disse que você não sabia ao menos quem era...


Em casa...

Antes dessa conversa com a diretora, eu definitivamente não fazia a mínima idéia do que realmente significava a palavra surreal, agora eu tinha certeza que a minha vida era surreal.

A duas semanas atrás eu era uma garota normal, morava com minha mãe e estudava em um colégio particular do outro lado da rua.

De uma hora para a outra minha mãe morre, fui morar com uma amiga de minha mãe, agora já estou morando sozinha por que eu recebi uma bolsa de estudo em um dos colégios mais caros do país do outro lado da cidade e ainda descubro que eu sou uma... Loba? Nada podia ser mais surreal que isso...

Mas uma curiosidade começava a surgir, uma curiosidade que eu nunca tinha sentido antes. Eu começava a querer conhecer meu pai... O que realmente levou ele a deixar minha mãe, comigo ainda na barriga, será que ele era tão insensível a ponto de deixar sua filha para trás, ou será que ele ficou com medo, ou ele não podia assumir. Afinal ser um lobo não deve ser muito fácil.

Eu sei várias coisas sobre vampiros, mas sobre lobos, eu não tenho uma idéia concreta do que é um lobo. Será que tem alguma lei que proíbe que um lobo fique com uma humana, ou tenha um filho com uma? Estou começando a ter pensamentos mais surreais do que minha própria vida já está. Se tivesse como esquecer o que eu sou, eu realmente gostaria de esquecer, mas era algo que parece ser impossível esquecer.

A diretora disse que todas as turmas B são lobos, então Lupi é um lobo. Eu já estava com saudades do meu melhor amigo, eu precisava falar com ele, peguei meu celular na mesma hora para falar com ele.

– Lupi?

– Oi, Luna!

– Você está ocupado?

– É, eu estou sim – não era bem isso que eu estava esperando ouvir – por quê?

– Nada, é, onde você está?

– No cinema – Lupi, no cinema? – por quê?

– Lupi, eu não acredito que você vai ficar falando com essa daí... – era a voz de Victória.

– Nada, é, Lupi, Victória está com você?

– Está sim – não era bem isso que eu estava esperando ouvir, de novo – por quê?

– Nada...

Eu desliguei o celular, não queria sequer imaginar o que eles estariam fazendo, juntos, no cinema...

A diretora também disse que as turmas A são os vampiros, então eu estava namorando um vampiro.

– Victor?

– Oi, amor! Que foi?

– Você pode vir aqui em casa?

– Então finalmente você está me convidando para entrar na sua casa?

– É, vem aqui, eu preciso falar com você...

– Sabia, um milagre desses não podia ter coisa boa atrás...

– Então, você vem?

– Eu já estou aqui...

A campainha toca, parece que Victor não estava brincando.

– Como você chegou aqui? – seu carro não estava parado na porta como de costume.

– Com os pés...

– Onde é sua casa? Do outro lado da rua?

– Não – ele deu uma risada discreta como se estivesse zombando do meu espanto – o que você quer falar comigo?

– Por que você não me disse que é um vampiro?

– Você não sabia?

– Eu não sabia nem quem eu sou...

– Você não sabia que você é uma loba?

– Todo mundo sabia menos eu, é isso?

– Claro que não, nenhum humano sabe sobre nós.

– Então você vai ter que me contar tudo sobre... Vampiros, e... Lobos...

– Bem, eu não sei muito sobre lobos, o que eu sei sobre eles é o que vale para as duas raças. Lobos nobres são filhos de lobos que não tem nenhum sangue humano nas veias, são muito raros, fortes e poderosos, estão no topo da classificação, eles crescem como lobos, mas não tem poder algum, seu crescimento é duas vezes mais rápido que a dos humanos e aos 9 anos seus corpos congelam em uma aparência de 18. Lobos normais são os lobos filhos de um lobo de qualquer raça com um humano, é a segunda raça mais forte e poderosa entre os lobos, eles crescem como humanos e sua transformação começa aos 15 e se completa aos 18 é quando seu corpo é congelado, por isso nós passamos essa fase no Karku, nós não podemos nos misturar com humanos e também não podemos crescer burros e lá nós também aprimoramos nossas habilidades. Lobos transformados são lobos que eram humanos até terem o veneno injetado no corpo, são fracos e vulneráveis se comparados as outras raças de lobos, seus corpos congelam na forma em que são transformados. Essas classificações são as mesmas de um vampiro, a diferença, é que nós vampiros precisamos de sangue para sobreviver, os lobos só existem para nos impedir de sugar o sangue de humanos, nós não fazemos isso por que queremos, nosso coração perde a capacidade de bombear sangue aos 18 anos – os olhos negros de Victor estavam encharcados e eu podia sentir o ódio pelos lobos em suas palavras – e se não quisermos morrer, temos que sugar o sangue de outros seres... Os lobos gostam de pisar em nós por que eles não têm nenhuma desgraça em suas vidas, eles só são fortes e imortais, mas não tem que pagar preço algum por isso!

– Victor, calma, desculpa... – eu não sabia o que dizer, ele estava com ódio dos lobos, mas eu era uma loba, ele estava com ódio de mim?

– Eu preciso ir, essa conversa não é boa para nenhum de nós dois...

Eu levei Victor até a porta, mas antes que eu pudesse fechar a porta ele a bateu em minha frente, ele estava transtornado, nunca havia o visto assim.


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