Verdadeiros Mitos escrita por Liz Santanna


Capítulo 5
Par quase perfeito




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Na escola...

Durante o intervalo, vi um tumulto no meio do pátio acompanhado de gritos e xingamentos, deixei minha curiosidade me dominar outra vez, e lá estava eu em frente à briga que parecia ser de casal.

- Eu não quero te ver nunca mais! – a garota estava chorando.

- Você me fez fazer isso Victória!

- Você ainda quer se fazer de vítima e jogar a culpa pra cima de mim?!

- Não ponha palavras na minha boca, eu estou dizendo que eu mudei por você, eu não era assim!

- E outra, eu não quero mais isso – ao mesmo tempo em que tirava um anel do dedo – eu não quero mais nada que venha de você Victor!

Ela jogou o anel contra o peito dele e depois deu as costas, o anel caiu e deu várias voltas antes de parar. Por um impulso eu me agachei para pegar o anel esperando que ninguém fosse perceber minha intromissão, mas quando minha mão cobriu o anel uma mão gélida cobriu a minha, era Victor, nós levantamos juntos, estávamos cara a cara, nós nos entreolhávamos, uma de suas mãos segurava a minha enquanto a outra segurava o anel.

- É lindo não é? – seus olhos tão negros quanto os meus fitavam o anel.

- É muito lindo... – eu estava envergonhada por me intrometer na briga alheia.

- É lindo e é seu – ele disse enquanto colocava o anel em meu dedo anelar direito.

- Err... Eu não posso... – ele me interrompeu, com o polegar em meus lábios.

- Nem tente recusar – se aproximou sussurrando em meu ouvido – é só um presente...

Todos foram embora e eu consegui enxergar um olhar de reprovação em Lupi, que estava do outro lado do pátio, não sei se era ciúme, ou se ele estava decepcionado por Victor ter conseguido me fazer gaguejar, corar e ficar envergonhada em poucos minutos, algo que ele vinha tentando desde o primeiro momento em que me conhecera, não conseguia identificar o que Lupi queria dizer com aquele olhar de reprovação, mas percebi que ele não gostou nem um pouco da cena que acabara de presenciar.

Dias depois...

Lupi continuou sendo meu melhor amigo e durante todas as aulas sentávamos juntos e todos os trabalhos em dupla era eu e ele, até porque eu não tinha aproximação com mais ninguém da sala, mas Victor era diferente, ele era segundo ano A, nós não tínhamos um relacionamento definido, não éramos namorados, nunca tínhamos ficado, mas eu sabia que entre nós dois existia algo além da amizade, andávamos de mãos dadas e abraçados durante todo o intervalo, o que abria caminho para os comentários maldosos, que sinceramente eu amava, mas às vezes eu sentia um grande ciúme vindo de Lupi, não sei se só por amizade ou se ele imaginava que entre nós também houvesse algo a mais, eu também cheguei a cogitar essa possibilidade, mas isso fora antes de Victor.

- Você quer ficar comigo? – não tinha visto a aproximação de Victor atrás de mim.

- Como assim? – eu tinha entendido, mas queria ouvir de novo ele falando aquelas palavras que a algum tempo eu esperava ouvir.

- Eu quero ficar com você, você quer ficar comigo?

- Que... – novamente Vitor me interrompeu, mas dessa vez ele não usou seu polegar para fazer isso, ele usou seus próprios lábios, o pátio inteiro vibrou com a cena que todos esperavam que mais cedo ou mais tarde fosse acontecer.

- Vem, vou te levar em casa.

- É que eu moro sozinha e depois da aula eu vou pra casa de uma amiga de minha mãe, por que eu almoço lá...

- Entra vai...

Entrei no Focus preto.

- Me mostra onde é sua casa?

- Vamos.

Eu mostrei o caminho para ele, sem deixar transparecer a decepção no meu olhar, Lupi descobriu onde eu morava, e de certa forma eu esperava que Victor também, isso me deixou mais confusa ainda, como Lupi soube onde era minha casa? E por que eu estava pensando em Lupi quando estava com Victor?

- Não vai me convidar para entrar?

- Eu pensei que agora a gente fosse voltar para o colégio pegar a moto, eu não posso deixar ela lá.

- A gente vai fazer tudo isso, depois que você me mostrar sua casa.

A gente entrou e sentou no sofá da sala, ele estava com a cabeça em meu colo, eu mexia em seu cabelo sempre bagunçado.

- A gente está...

- Namorando?

- Estamos?

- Você não quer namorar comigo?

- Quero, mas...

- Mas?

- Nada.

Beijamos-nos e voltamos para o carro, ele me deixou no colégio, eu peguei a moto e fui para a casa de Nay.

- Você demorou, onde você estava?

- Nay! Eu estou namorando!

- Como assim? Desde quando?

- Desde hoje.

- Como foi?

Nay me obrigou a contar toda a história, acho que ela chegou atrasada no trabalho devido a sua curiosidade. Com minha mãe eu nunca tive tanta liberdade para falar sobre esse tipo de assunto, estou pensando em minha mãe de novo. Acho que minhas olheiras estão maiores a cada dia em que me lembro de minha mãe, é inevitável chorar. Se minha mãe ainda estivesse aqui, eu nunca teria ido estudar no Karku, também não teria conhecido Lupi, muito menos Victor, mas se eu pudesse trocaria tudo isso para ter minha mãe de volta.


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