The Princess And The Thief escrita por Pacheca


Capítulo 7
Stealing




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Eu fui direto para o castelo. Eu conhecia Snow, gostava de tudo rápido. A noite tinha caído completamente e uma brisa leve soprava. Baixei o capuz e respirei fundo o ar com o perfume de rosas.

O caminho até o castelo não demoraria, mas eu teria muito aonde me esconder, a não ser que me desviasse muito da rota. Puxei meu capuz de volta e comecei a correr, mal sentindo meus pés acertarem o chão.

Uma trilha cortava a campina até a fortaleza do castelo. Eu me guiava por ela, mas não a seguia. Quando me aproximei muito do castelo desviei da trilha e comecei a procurar um outro lugar por onde entrar.

Acho que seria a parte mais difícil. De poucos em poucos metros havia guardas rondando o perímetro. Tudo o que eu tinha que fazer era achar o lugar por onde Katniss Everdeen tinha saído.

Encontrei outra trilha, essa já se apagando com o tempo e se cobrindo de mato. Segui a trilha evitando me afastar muito da muralha, de onde eu estava os guardas não poderiam me ver, ou atirar suas flechas em mim.

A trilha terminava em um portão velho, fácil de escalar e longe do último guarda do perímetro. Olhei pelas grades do portão, vendo algumas luzes iluminarem um caminho pavimentado. Não tinha ninguém lá.

Depois de cobrir o cordão, os cabos da espada e do punhal e o bracelete escalei o portão sem dificuldades. Caindo em uma sombra conveniente ali perto, fiquei agachada avaliando meu progresso.

Eu teria que descobrir qual era o quarto da rainha, mas apostaria no maior deles. Os guardas não chegavam até o fim do caminho, mas poderiam me ver correndo se eu não passasse no tempo exato.

Respirei fundo, mas sem fazer nenhum ruído e me ergui um pouco. Contei o tempo que eu teria. Não mais que poucos segundos para atravessar o jardim inteiro.

Assim que o guarda se virou corri silenciosamente até um arbusto e me escondi atrás dele. O guarda se virou pelo barulho das folhas, mas como se fosse a ajuda de alguma divindade a brisa soprou. Ele se virou de novo.

Corri até uma parede lateral do castelo, escondida pela escuridão e em uma boa posição para procurar um lugar para entrar. Eu ainda teria que tomar cuidado, ainda assim.

Seria difícil escalar. Mesmo sendo de pedra a parede quase não tinha irregularidades onde eu poderia me segurar. Contudo, desde que eu pudesse alcançar a beira da sacada mais a frente, conseguiria dar um jeito.

Comecei a escalada, mas meus dedos escorregaram e eu tive que recomeçar. Estava chegando, os guardas não tinham me visto. Eu só precisava subir mais um pouco.

Ergui uma das mãos para me apoiar no chão da sacada, mas meu pé escorregou quando impulsionei meu corpo pra cima. Fiquei pendurada, tentando recuperar minha posição.

Devo ter feito algum barulho, pois um guarda vinha se aproximando devagar, com um lampião. Com toda minha força de vontade me apoiei com a outra mão e subi na sacada.

Esperei lá em cima, mas o guarda deu meia volta e saiu. Olhei pela vidraça das portas, as luzes apagadas. Aquele não era o quarto da rainha, era muito colorido e delicado para ser dela. E Snow disse que teria um gato, que poderia me entregar facilmente.

Consciente de que havia guardas nos corredores, entrei no quarto e desembainhei o punhal. Fechei a porta e me acostumei com o escuro. O gato estava dormindo, prendi a respiração.

Caminhei até a porta do quarto e tentei olhar pela fresta. Eram apenas dois guardas no corredor, um de cada lado da entrada. Eu poderia tentar desmaiá-los, mas aquilo causaria um estardalhaço.

O gato que acordara me observava satisfeito, como se eu fosse sua dona. E poderia ser, ele parecia aqueles gatos das latas de lixo do vilarejo. Eu precisava fazê-lo miar, e talvez conseguisse sair.

Olhei pro chão, uma bolinha parada não muito longe dali foi a primeira coisa que vi. Peguei a bolinha andando devagar, o gato me seguindo com os olhos.

— Olá, amiguinho. – Ele se levantou um pouco na almofada quando mostrei a bolinha. – Quer brincar? Vai pegar, vai. – Rolei a bolinha até a porta da sacada, o gato saiu miando e correndo feito louco.

Me escondi atrás da porta um segundo antes dos guardas entrarem com as espadas em mãos. Eles caminharam calmamente até o gato e pegaram a bolinha. Antes que pudessem se virar, sai pela porta aberta e corri sem rumo.

Encontrei um corredor com quatro guardas. No fim do corredor onde eu estava tinha uma janela. Se aquele fosse o quarto da rainha e tivesse uma sacada eu poderia sair por ali e entrar pela sacada.

Atravessei o vão do corredor cheio de guardas discretamente, eles mal se mantendo acordados. Sai e fiquei pendurada na janela. A brisa desarrumando os fios soltos da minha trança. Tinha uma sacada.

Respirei fundo e impulsionando a parede com um pé, me joguei na sacada, ao lado. Me dependurei e subi como no outro quarto, sem guardas ali também.

Abri a porta e entrei, muito silenciosamente. Aquele era o quarto. Vi meu reflexo em um grande espelho parado perto do armário. Eu estava quase invisível, não fosse minha pele muito clara, como a luz pálida da lua.

Os candelabros estavam apagados. Comecei a procurar o tal documento. Olhei na cama, procurei algum baú de joias, qualquer coisa. Nada. Os guardas andaram até outro corredor, os passos ficaram distantes.

Fui até a cômoda e abri a primeira gaveta. Abri a primeira gaveta e encontrei uma caderneta azulada, com um pergaminho maior dentro. Abri e li uma linha. Era aquele. Peguei o pergaminho e coloquei sobre minha bacia, por baixo do corpete.

Alguém parou em frente a porta. Fechei a gaveta e subi na cama da rainha, por cima, agachada.

A porta se abriu e Katniss entrou. Ela acendeu um lampião e parou olhando o espelho. Ela estava hesitante, até que parou o lampião em um lugar onde ele iluminava meu pingente. Ela não me denunciou como qualquer outro faria. Dei um sorriso torto depois de ver as manchas avermelhadas no teto.

Ela ergueu um pouco o lampião parecendo se certificar de que eu estava mesmo ali. Escondi meu rosto no cabelo quando a luz, por mais fraca que fosse, fez meus olhos doerem.

— Se importa, Alteza? – Ela pegou um lenço e jogou sobre o vidro do lampião. – Obrigada. – Desci da cama sendo seguida por seus olhos cinzas.

— Posso perguntar o que está fazendo aqui? Como conseguiu entrar?

— Pelo mesmo lugar que, imagino eu, vossa Alteza fugiu do castelo. E, infelizmente, dessa vez não posso deixar que me pergunte isso. – Respondi sinceramente. Tolice, eu sei. Mas se ela ainda não me entregara, não me entregaria mais.

— O que você está levando consigo? – Não respondi. – É ouro, joias, algo assim? – Continuei calada. Não tinha a escutado falar sobre isso, mas imaginei que era o que ela queria buscar.

— A caderneta está na primeira gaveta, Alteza. Tenha uma boa noite, e que as estrelas iluminem seu caminho, Katniss filha dos Everdeen. – Querendo demonstrar minha gratidão e respeito por ela, fiz o gesto mais honroso de todo o reino, ergui meus três dedos.

Antes que ela pudesse reagir eu corri pela sacada e me atirei em um salto para o vazio da noite.


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Notas finais do capítulo

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