The Princess And The Thief escrita por Pacheca


Capítulo 27
The Dungeons


Notas iniciais do capítulo

Olá, seres humanos maravilhosos ^^ Como vão? Mais um capítulo para vocês, que começa a desenvolver o fim da fic :C Aproveitem e me deixem suas opiniões...



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    Não precisei prestar muita atenção ao cenário ao meu redor, sabia que era uma cela, nas masmorras. Me sentei devagar, sentindo um lampejo repentino de dor, nas costas e no peito. Travei o maxilar, para não gritar.

    O guarda sequer me olhou quando acordei. Não me incomodei com aquilo. Observei a cela. Um lugar escuro, sujo e frio, não tão aconchegante quanto o esconderijo.

     A porta da cela se abriu de repente. Me levantei devagar, ouvindo Finnick entrando, pisando duro. O observei por um segundo, enquanto ele dizia ao guarda que queria privacidade.

     Ele estava com o rosto riscado de lágrimas e o maxilar travado, além dos olhos vermelhos, por não ter dormido. Antes que eu falasse qualquer coisa, ele passou a gritar.

     – COMO PÔDE? COMO? EU TE AJUDEI E COMO RETRIBUIÇÃO VOCÊ MATA MEU PAI E MINHA IRMÃ, NUMA MESMA NOITE? – Ele tinha voltado a chorar, mas agora era por raiva. – Por quê? Por quê? – Ele falava quase num sussurro agora.

      – O que quer que eu diga, Finnick? Que sinto muito? Eu sinto muito, mas apenas por sua irmã. Acredite, se matei seu pai, tive minhas razões.

      – Quais razões eram essas?

      – Era plano do seu pai, Finnick. As flechas eram para Katniss e Primrose. Não sei porque, mas ele ajudava Snow.

      – Você está mentindo...

      – Você sabe que não. Assim como eu sei que você nunca vai conseguir olhar pra mim sem se sentir enojado. Mas eu vou ter que me habituar com a situação.

      – Mas por que Madge? – As lágrimas voltaram a ser de tristeza.

      – Talvez o atirador tenha errado na mira, talvez fosse apenas para atingir algo. Eu nunca vou saber. Provavelmente vou ser enforcada antes. – Me sentei no chão de pedra.

      Finnick me encarou por um momento, os olhos embaçados pelas lágrimas. E então ele se sentou ao meu lado, apoiando sua cabeça em meu ombro. Não reagi, apenas o deixei ali.

      Naquele momento, Finnick não precisava que ninguém o consolasse, afinal, nenhuma palavra acalmaria sua mente e coração. Eu sabia disso, por experiência própria. Cada soluço dele me lembrava das noites que passei sem dormir, chorando apoiada em Thresh, até aquela memória se esconder.

      – Me ajude, por favor. – Ele disse entre soluços. – Se Snow fez isso, faça-o sofrer. Faça-o pagar, não só por Madge, mas por todos que ele já feriu, como seus pais.

      Continuei sem dizer nada por um tempo, começando a sentir meus olhos arderem, por ficar retendo as lágrimas. Respirei fundo e respondi.

      – Eu não vou fazer isso, Finnick. Nós vamos. Por todos que ele já feriu.

      – O que ele vai fazer? – Ele ergueu a cabeça e ficou me encarando.

      – Não sei. Mas não duvido que ele tenha planejado uma guerra como plano B. – O encarei de volta. – Finnick, eu realmente sinto muito, e sei que isso não vai te ajudar agora, mas precisa se manter focado, forte. Se for mesmo o caso de uma guerra, você vai precisar estar pronto, para mais perdas e riscos.

      – Eu sei. Por mais que eu não consiga esquecer, eu vou ignorar. Tentar ignorar. Eu preciso fazê-lo.

      – Sim. E se tiver mesmo uma guerra nesse meio todo, precisaremos fazer muito. As princesas ainda correm perigo, e duvido que Snow declararia guerra se não tivesse uma vantagem em número de soldados.

      – Katniss, ela provavelmente virá aqui, em algum momento. Vamos precisar de você fora desse lugar, e ela é quem pode te ajudar. NightHunter, eu tenho certeza que no fim, você é a peça mais importante de todas.

      – Veremos, Finnick. Agora vá, precisa descansar um pouco. – Ele sorriu, enxugando as lágrimas do rosto com as costas da mão. – Se cuide.

      – Você também. Precisa melhorar logo.

      – Não costumo parar mais do que alguns dias para me curar. Ficar uma semana ou mais aqui pode ser bom. – Sorri pra ele, enquanto ele chamava o guardas e saia da cela.

  

      O guarda me trouxe um pouco de água e uma sopa na hora do almoço, provavelmente. Pouco depois que terminei, Katniss desceu com a criada até as masmorras e veio me ver.

      – Fico feliz de ver que está bem. – A criada, Annie, se não me engano comentou antes de nos deixar a sós. Katniss me observou por um momento, como se tivesse medo de que eu fosse me partir sob seu olhar.

      – Minha mãe realmente não consegue entender... – Ela parou, hesitante por um momento. – no entanto, ela precisa de ajuda no que está por vir.

      – E você quer que eu a ajude? O que a faz pensar que eu vou ajudar assim, alteza? – Me levantei devagar, disfarçando a dor. – Sinceramente, Katniss, não acha que eu já me feri demais por você e sua irmã?

      – Eu tenho certeza de que você vai ajudar porque nossas metas são as mesmas. Snow é um traidor da coroa, mas ainda assim poderoso. Você sempre quis vingança e agora, sabendo que ele te usou e quer destruir sua Irmandade, você não vai parar até conseguir.

      Ela parou, se aproximando com uma expressão dura no rosto, mas de certa forma, amigável. Ela não estava sendo hostil, apenas não queria ser minha amiga.

      – Quanto a nós, queremos ver Snow morto por sua traição e pelos riscos que ele oferece ao reino. E puni-lo por todos que ele já feriu. – As palavras de Finnick voltaram à minha mente. – Por tanto, convenci minha mãe a te perdoar por todos seus crimes se você ajudar-nos.

      Eu a encarei por um longo tempo, avaliando cada palavra que ela tinha dito. Sua expressão ainda era dura, porém eu percebia a preocupação comigo sob aquela máscara. Suspirei e respondi.

     – Não é só vingança, Katniss. Eu realmente quero defender você e sua irmã. Eu te ajudei naquele dia com Marvel, mas não era só pelo risco que ele corria, mas por sua reação. – Ela me encarou, curiosa. – Mesmo sabendo que estava prestes a ser roubada, você se manteve calma, escondendo o medo.

     – É o que todos deveriam fazer...

     – Mas que quase ninguém faz. – Completei a frase por ela, que passou a encarar o chão. – Katniss, você se tornou alguém importante pra mim, de certa forma. Você me faz lembrar de memórias que achei ter perdido há muito tempo. Memórias da minha mãe.

     “Há muito tempo eu achei ter enterrado a garotinha que eu era, que precisava dos pais e queria ter amiguinhas. Mas sua presença mudou isso tudo, e agora que eu percebo quanta saudade eu tenho dessa garotinha, você se tornou meu porto seguro. Katniss, se quer minha ajuda, não vou me negar a ajudar. Vou te proteger, proteger os outros e, mais do que isso, te ensinar a se defender. Temos pouco tempo, mas se você quiser, eu posso te ajudar com o arco.”

     Ela ergueu o olhar pra mim de novo, dessa vez com aquela faísca de excitação que vi da última vez em que ela foi ao vilarejo. Ela ficou em silêncio por algum tempo.

     – Muito bem. Desde que minha mãe não descubra sobre o arco, posso convencê-la a te libertar. Mas você não vai ter muito tempo para se curar e planejar um ataque aos exércitos de Snow.

     – Quantos homens ele já tem? – Senti algo estranho dentro de mim com aquela pergunta. Algo ruim.

     – Pelo que ouvi minha mãe dizer, todos os condados e ducados do leste da nação. E os vilarejos também. Cerca de 6 ou 7 já se juntaram a ele.

     – Isso realmente diminui nosso tempo. Finnick é o novo líder do condado costeiro,com muita gente. Quais já o apoiam?

     – Que eu saiba, os nossos fornecedores de madeira, utensílios de luxo, de descobertas e estudos, da pecuária e outros dois, que eu não sei. Só temos os carvoeiros, os têxteis e os agricultores, camponeses. É uma desvantagem enorme.

      – Pois bem. Vamos planejar alguma coisa. Logo. Até lá, sua mãe terá que se acostumar comigo e você vai ter que aprender a usar o arco. – Parei de encará-la por um momento e murmurei para mim mesma. – As coisas vão ser rápidas e violentas agora.

       – Tenho que ir, NightHunter. Vou mandar que localizem e tragam seu amigo, Thresh para cá.

       – Claro. Thresh vai poder nos ajudar e me ajudar a controlar os ladrões. Todos ali têm suas razões para odiar Snow, e não podemos mata-lo assim. Não antes que tudo se esclareça.

       Ela não fez comentários. Apenas saiu da cela, chamou a criada e o guarda, dizendo que eu deveria ser tratada bem, por estar ferida. Sorri com a expressão de surpresa do guarda e me sentei de novo.

       Com a cabeça pendendo entre os joelhos e cantarolando “ The Hanging Tree”, eu adormeci, ouvindo a respiração do guarda se tornar cada vez mais lenta.     


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Notas finais do capítulo

E entonces? Tá bom? Posto o próximo logo :D