The Princess And The Thief escrita por Pacheca


Capítulo 20
Someone New


Notas iniciais do capítulo

Aee, não me matem por demorar!! Acreditem, eu tenho outra fic que demora muito mais...



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       Poucos dias se passaram desde que eu e Thresh tínhamos voltado para o vilarejo. Por mais estranho que aquilo me parecesse depois de tantos dias tumultuados, nossos dias tinham voltado ao normal.

       Ao menos o nosso normal. Passar os dias dormindo, ou apenas caminhando pelo vilarejo, e as noites correndo pelos telhados, pegando alguns trocados de bolsos de homens simples.

       Alguns dos ladrões já tinham saído naquele dia. Eu estava sobre a elevação do canto, esperando para sair, quando o sol já tivesse se posto. Me levantei e girei meu braço, que ainda doía um pouco do ataque, há uma semana.

       Peguei minha espada, que eu tinha colocado no chão e a prendi junto ao punhal, como sempre. Olhei ao redor antes de me dirigir à passagem do esconderijo.

        A noite estava agradável, com uma brisa leve, sem lua. Mas um arrepio estranho me subiu pela coluna. Algo estava errado. Muito errado.

        Subi em um telhado e olhei o vilarejo. A semana da Colheita. Geralmente, todo ano, uma semana antes do festival da Colheita os vilarejos faziam uma grande festa, que ia até a véspera do festival.

        Alguns homens já começavam a abusarem da cerveja, observando as senhoras passarem em duplas. Respirei fundo. Aquele arrepio não me abandonava.

        Antes aquela semana era a mais esperada, por todos os ladrões, o ano todo. Mas nesse ano, sabendo que algo ruim estava prestes a acontecer, aquele ânimo simplesmente não me alcançava.

        Fui para a praça, observando o grande palácio a minha frente. Eu não devia me importar com a princesa, mas não podia evitar. Eu gostava dela, e poderia confiar nela.

        Não sei porque, mas eu sentia como se ela fosse a única que procurava me conhecer antes de me julgar. E provavelmente era o que ela fazia.

        Segurei o pingente quase como instinto quando me lembrei do dia em que ela me mostrou a imagem de minha mãe. Sorri com aquela imagem, mas logo o sorriso se desfez.

        Me agachei e fiquei encarando o castelo. E então tive aquela ideia. Aquela necessidade. Era como se eu devesse algo para Katniss e quisesse pagar.

        Desci do telhado e fui até os limites do vilarejo. Hesitei um momento, mas logo comecei a correr em direção ao palácio.

        Entrei pelo mesmo portão de antes, tomando ainda mais cuidado. Eu teria que encontrar seus aposentos, mas aquilo não deveria ser tão difícil. Entrei pelo quarto da mais nova, como antes e me esgueirei pelo corredor.

        Os guardas não estavam em lugar algum que eu pudesse ver. Continuei seguindo por corredores e portas maciças. Parei em frente a uma com aparência um tanto mais...poderosa.

        Abri a porta destrancada com cuidado, olhando ao redor. Katniss não estava em lugar algum, e aquele quarto não parecia dela. Era elegante, e grandioso, mas não tinha um grande armário cheio de vestidos e sapatos e uma caixinha cheia de jóias. Eu verifiquei. Assumo que com segundas intenções.

        Eu não gostava de ser pega de surpresa, mas enquanto eu olhava as coisas ao redor, alguém entrou no quarto. E infelizmente não era Katniss. Era um homem, loiro, bronzeado. Eu diria bonito, aos padrões comuns.

        Puxei o punhal e o empurrei contra a parede, tampando a boca dele com uma mão e apoiando o punhal no pescoço dele. Ele parecia mais surpreso do que com medo.

        – Se eu tirar a mão da sua boca e você gritar, essa lâmina vai atravessar sua garganta antes que alguém consiga te escutar. – Ele tentou concordar, mas não conseguiu. Tirei a mão, devagar. Ele ficou em silêncio.

        – Quem é você? – Ele estava um tanto tenso, eu mantinha o punhal no pescoço dele.

        – Me diga quem é você antes, e eu talvez te responda. – Me afastei dele, embainhando o punhal. Ele ficou aliviado, mas tentou desfarçar.

        – Finnick Odair.

        – Eu sou NightHunter. Mas suponho que já tenha ouvido falar de mim.

        – Sim. E a descrição é perfeita. – O encarei por um tempo.

        – Sinto muito se te assustei. Mas não posso deixar qualquer um me ver e ignorar.

        – Acho que compreendo. Katniss realmente te descreveu muito bem.

        – E o que ela disse?

        – Alguém que poderia me matar antes que eu percebesse.

        – Eu não faria isso com você. A não ser que me entregue para os guardas assim que eu sair.

        – Não. De forma alguma.

        – E porque não? Seria o certo a se fazer. – Fiquei o observando enquanto ele pensava em uma resposta.

        – Tem algo em você, que me intriga. – Continuei o encarando. – Você é forte, rápida, e realmente acredito que me mataria sem dó se eu tivesse gritado. – Assenti. – Mas ainda assim, algo em você é diferente disso tudo.

        Fiquei em silêncio, tentando entender o que ele tinha dito. Talvez ele quisesse dizer que uma parte de mim era normal, de uma garota comum. Provavelmente era o que ele tentara dizer.

        – Eu já fui normal uma vez. Talvez seja apenas um vestígio do que eu era antes.

        – Então algo muito ruim deve ter acontecido para cobrir esse vestígio tão bem. – Ele ficou me encarando, esperando que eu dissesse o que era. Ele me passava o mesmo conforto que Katniss. Confiança.

        – A Guarda Real matou meus pais. Sem razão alguma.

        Ele esperava algo mais detalhado. Suspirei antes de continuar.

        – Eles acusaram meu pai de matar três guardas e minha mãe de ajudá-lo. Enforcaram os dois. Eu assisti.

        – Tem uma música que conta uma história muito parecida. – O encarei, não de forma dura, mas esperando para ver sua reação. – É a mesma história. Aquela música.

        – Um amigo meu a cantou uma noite, em uma festa do vilarejo.

        – Bom amigo.

        – Mais como um irmão. Ele partiu há muito tempo, por minha culpa. Seneca. Quase ninguém sabia que já nos conhecíamos.

        – Por que sua culpa? – Percebi que estávamos sentados na cama dele, conversando como se já nos conhecêssemos há anos. – Se eram tão amigos, por que o machucaria ?

        – Porque eu tinha que me salvar. Eu me enganei dizendo que não poderia ter ajudado, mas sei que é apenas para me sentir bem. Acabar com a culpa. Uma mentira.

        Alguém bateu na porta. Finnick se levantou e perguntou quem era do outro lado. Uma voz grossa respondeu de forma rígida do outro lado. Ele se virou falando num tom baixo.

         – A não ser que queira conhecer meu pai, eu iria embora agora. Ele te entregaria não por ser ladra, mas por invadir meu quarto assim.

          Sorri e me virei. Corri e saltei pela janela, sem esperar que Finnick abrisse a porta. Saí correndo. Eu teria que encontrar Katniss depois.                                           


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Notas finais do capítulo

:D Reviews!!