The Princess And The Thief escrita por Pacheca


Capítulo 15
Missing




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      Eu já não aguentava mais ler e não era nem meio dia ainda. Olhei na direção da porta fechada e dei um rosnado de frustração. Me deitei olhando para o teto, observando os riscos entre uma tábua e outra.

      Pouco tempo depois Haymitch voltou carregando a travessa com a jarra de vinho, uma tigela fumegante e dois cálices. Tomei a sopa antes de tomar o cálice com vinho.

      – Eu não posso ir embora de uma vez? – Haymitch olhou pra mim antes de responder num tom seco não, o que eu já esperava.

      Voltei a deitar, observando os riscos do teto. Dormi a tarde e a noite inteira,percebendo quão cansada estava devido ao ataque.

      Mal o sol surgiu no horizonte eu me levantei, já sentindo o ombro bem melhor. Sai da casa em silêncio, Haymitch dormia debruçado sobre uma mesa com um cálice caído.

      Puxei o capuz e sai caminhando pelas ruelas ainda vazias, indo na direção do beco do esconderijo. Avistei Coin ao longe, mas ignorei-a. Infelizmente, ela também me viu e veio até mim.

       – Como vai, Crawler? – Ela me deu um sorriso sarcástico, encarando meu ombro. – Imagino que não muito bem, estou certa?

       – Já te contaram? – Ela anuiu. – Então não preciso te responder.

       – Não seja antipática, eu sei mais da sua vida que você.

       – Ótimo, guarde pra si mesma.

       Ela parou de me acompanhar depois de murmurar um “como queira”, para minha surpresa. Não dei muita importância a isso e continuei caminhando.

       Logo eu estava no corredor escuro novamente, como na noite anterior. Fui direto para meu lugar na elevação do canto, encontrando Thresh.

       – Você está bem?

       – Foi só um susto, Thresh. Claro que estou.

       Ele não parecia convencido, aliás, ninguém estava, mas não disse nada. Me entregou minha espada e meu punhal. Embainhei ambos, me sentindo completa novamente.

       – Então, o que aconteceu enquanto eu estive fora?

       – Eu encontrei mais uma garota. Ela estava catando restos de uma lata de lixo. Rue.

       – Ela sabe fazer alguma coisa?

       – Ela escala e corre sobre as árvores muito bem. Mas não acho que sirva para ladra.

       – O que sugere que eu faça então?

       – Ela devia ficar perto de Cato e Clove. – Me sentei no chão e o observei com uma sobrancelha arqueada.

        – Pra quê?

        – Snow conhece Cato e Clove, os dois são ótimos espiões, mas se forem pegos vão direto para a forca, NightHunter. Rue é uma criança desconhecida, é menos arriscado e suspeito.

        – Cadê a garota? Quero vê-la antes de tomar uma decisão.

        Thresh desceu da elevação indo até o outro salão. Testei meu ombro enquanto isso.

        Tirei a faixa de linho, olhando o corte. Ainda estava um pouco irritado, mas considerando que apenas um dia se passara, estava melhor do que eu esperava.

        Levantei meu braço de lado, até a altura do próprio o ombro, mas não passava disso. Ergui o braço para frente, dessa vez um pouco mais baixo antes de sentir a fisgada.

        Thresh voltou seguido por uma garotinha de seus 12 anos, com um jeito inocente. Peguei a faixa no meu colo e me levantei. Ela olhou pra cima, se inclinando para ver meus olhos.

        – Qual seu nome? – Ela perguntou enquanto Thresh pegava a faixa da minha mão e atava meu ombro de novo.

        – Pode me chamar do que quiser: NightHunter, Dark Queen, Creeper, Crawler...

        – Dark Queen me parece bom.

        – E você é Rue, não? – Ela assentiu. – Gostou da Irmandade, Rue?

        – Sim. Eu entendo porque se protegem tanto aqui, como verdadeiros irmãos.

        – Quer ser uma dessas irmãs?

        – Sim, oh, sim.

        – E você quer ser uma ladra, como nós?

        – Roubar não é errado? – Olhei para Thresh, que agora estava atrás de Rue. Ele só ergueu os ombros.

        – Não, creio que não. Mas então o que quer fazer?

        – Eu não sei.

        – O que acha de ajudar outros dois dos nossos em outro vilarejo? Eles vão te explicar lá o que tem que fazer.

        – Eu não vou roubar nada, vou?

        – Não. Mas se aceitar, vai ter que seguir nossas regras.

        – Tudo bem.

        Puxei Thresh para o canto, quase encostando na parede de pedra escura. Rue ficou parada olhando os ladrões lá embaixo.

        – Vai enviá-la para o vilarejo vizinho?

        – Eu não tenho outra escolha, Thresh. E não me leve a mal, entendo que suas intenções eram as melhores, mas devia ter me esperado para tomar uma decisão. Agora eu tenho que ficar de olho nela.

        – Reconheço que fui impulsivo, mas agora não tem volta. Se quiser pode me punir, mas ainda vai ter que lidar com ela.

        – Eu vou te punir, mas não vai ser com um chicote. – Ele ficou confuso. – Você vai levá-la até Cato e Clove. E não me importo se você não considera isso um castigo ou não.

        Não sei se ele se importou com a ideia ou não, mas não me importei. Me virei para Rue novamente e a expliquei que Thresh a acompanharia até o outro vilarejo.

        Ela se animou. Ela gostava de Thresh, assim como eu goste dele há tantos anos. Sorri com a comparação. Thresh voltou com ela até o outro salão, conversando com ânimo.

        Voltei a me sentar, observando os ladrões acordando e provocando uns aos outros. Fui alvo de uma ou outra piada, mas só me limitava a rir naquela manhã.

        Eu observava meus parceiros, todos os garotos e garotas que viviam ali. Agora éramos 41 ladrões. Thresh saiu do outro salão seguido por alguns garotos, e me deu um sinal. Ele sabia que e gostava de contá-los e me dava aquele sinal para avisar que não tinha ninguém no outro salão.

        Fiz uma contagem rápida, já estava acostumada a fazê-lo. 39, só tinham 39 ali. Me ergui alarmada e desci da elevação. Passei pelas pessoas observando seus rostos. Cheguei até Thresh em menos de um minuto.

        – O que foi?

        – Falta alguém, só tem 39 aqui. Todos entraram ontem?

        – Sim, eu contei antes de dormir.

        – Tem alguém lá fora.

        – Você acha que é o informante? – Ele estava sussurrando, observando os outros.

        – Ou quem mandou me matar, ou os dois. – Ele assentiu. – Me ajuda a descobrir quem é, agora.

        Ele não disse mais nada antes de se embrenhar na multidão e procurar seja lá quem for. Voltei a observar quem já estava lá, mas não conseguia pensar em ninguém que não tivesse visto.

        Voltei para a elevação do canto, ainda observando. Quase imediatamente, Thresh surgiu ao meu lado.

        – Foxface. Ela não está aqui, em lugar nenhum. E não seria muito difícil para ela sumir, não é?

        – Eu vou arrancar aquela cabeça ruiva do lugar se ela for a informante e ter pagado para me matar. – Thresh apoiou a mão no meu ombro.

        – Antes tem que descobrir o que ela sabe. Eu vou levar Rue imediatamente, talvez eu a encontre lá. Afinal ela trabalha para Snow, certo? – Concordei com a cabeça, me sentindo até tonta de raiva. Eu não nutria nenhuma afeição por Foxface, mas não queria desconfiar dela antes, nem sei porquê.

         Thresh já não estava mais ao meu lado quando consegui respirar fundo. Sai do esconderijo, quase fumegando de raiva.                                    


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Notas finais do capítulo

Me deixem felizes pessoas :D
Deixem reviews, recomendem a fic, favoritem, leiam outras fics minhas, enfim...
Alegrem meu ser haha