Skyfall - Fic Interativa escrita por Duquesa de Káden


Capítulo 8
De Volta do Luto


Notas iniciais do capítulo

Gente, vocês nem sabem como foi bafão escrever esse capítulo. Por que? Porque tem altas doses de adrenalina, está avisado.
Não se esqueçam de ler as notas finais, tenho coisa importante para dizer por lá.
Boa leitura, gurizada =D



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Ninguém soube exatamente como aconteceu. Quando deram por si, Sasha já estava caído no chão, com uma bala enfiada no esôfago e engasgando no próprio sangue; um estado realmente patético para um cara que se dizia tão durão. Nem mesmo quando Katharine e Meg se dobraram sobre o corpo e Ross saiu correndo por uma esquina ninguém conseguiu entender coisa alguma. Não precisava. Ross sabia o que estava fazendo.

Havia zumbis pela rua, espalhados, longe de serem uma horda e talvez esse fosse realmente o seu dia de sorte. Acabou esbarrando em um e caindo de costas para o chão, mas antes que a coisa tentasse encostar aqueles dentes podres em seu pescoço, já havia enfiado a famosa tesoura em seu cérebro. Levantou e continuou correndo, esfaqueando ou dando tesouradas em zumbis pelo caminho, sem nem saber onde estava indo exatamente. Só sabia que estava indo. Percebeu, pelo reflexo do retrovisor de uma moto, que os mortos-vivos que deixara para trás estavam o seguindo. Pequenos grupos em uma esquina e outra e aquilo logo viraria uma horda.

Correu até o fim do perímetro, onde avistou uma caminhonete frente a uma casa de esquina. Freou com tudo quando percebeu que agora tinha mortos-vivos vindo pelos dois lados. Tudo do que menos precisava agora era ficar encurralado.

Nunca havia usado uma arma, não era exatamente bom de mira, mas tudo se ajeita com o tempo. Com a arma de Katharine, começou a disparar nos zumbis mais próximos e ver aquele filme de miolos e sangue espirrar por todos os lados. Poderia estar desesperado, poderia estar realmente muito desesperado, mas estava sorrindo.

Sorrindo até acabar as balas, claro.

– Puta que pariu. – sua única alternativa foi subir na carroceria da caminhonete alheia e ser encurralado por todos lados, literalmente – Julie!

Os que conseguiam subir na carroceria, ele esfaqueava e jogava sobre os outros, o que resultava sempre em um bando de zumbis caíndos sob os seus irmãos canibais.

– Julie!

Estava quase perdendo a crença de que Julie realmente estava ali, mas não... Ele era um cara esperto e, bem, Ross nunca se enganava. Ou pelo menos ele achava que não.

E não havia se enganado mesmo. Quando um dos mortos-vivos puxou a sua perna e ele caiu novamente de costas, tentando chutar a cabeça da criatura, ouviu a porta da casa se arreganhar com força e pôde finalmente ver quem estava procurando. A garota do caso da “Bela Adormecida”, chamada assim pelo hospital por ter ficado sete anos em coma por causa de um acidente de carro que acabou matando a sua irmã gêmea. A mesma garota que, por um infeliz acaso, era a sua paciente.

– Ross!

A única paciente que ele nunca desejou matar em sua vida.











Tempo Atual

Rafael bateu a porta do táxi com toda a força que conseguiu, pegando o seu arco e flecha no porta-malas com aquela impaciência que, às vezes, lhe era bastante característica.

– Fique no carro. – ditou para Melissa.

Mas é óbvio que ela não ia ficar no carro. Só pôde ouvir o resmungo baixo que saiu do seu companheiro de viagem quando ela bateu a porta e começou a andar atrás dele com aquele olhar arrogante e teimoso que só as mulheres sabem fazer.

– O que aconteceu? – perguntou Rafael, a flecha já esticada através da linha do arco para o caso de qualquer emergência.

– Você é cego ou o quê? – respondeu Katharine um tanto quanto rude. Era o preço por fazerem-na perder a paciência. – Ele tomou um tiro.

Rafael olhou-a como se pudesse enfiar aquela flecha no meio da sua testa a qualquer momento, mas resolveu ignorar a grosseria com um suspiro mal-humorado.

– E vocês vão deixá-lo aí se afogando no próprio sangue? – perguntou Melissa, um pouco indignada pelo fato de que ambas as vezes que vira Sasha ferido ninguém pareceu dar muita importância.

Klaus passou os dedos pelo cabelo loiro num ato impaciente. A língua passeava pelo piercing do lábio a cada grunhido mais impaciente, e, quando os míseros cinco minutos de espera pareceram demais para ele, catou um cigarro dos lábios e tratou logo de acender.

– Hey cara, se for para fumar, vê se fuma lá fora. – queixou-se Carter, tirando o cigarro do outro e jogando pela janela.

Klaus olhou bem para cara de Carter. Ele estava um verdadeiro lixo, isso sim. O cabelo loiro, quase dourado, estava numa embolação de dar dó, assim como os olhos azuis antes ofuscantes, agora ofuscados. Tsc – o punk acabou sorrindo com o pensamento – é o preço a se pagar por ser tão bonito. Não que isso tivesse algum significado, no fim das contas.

– Mas que merda que eles ‘tão fazendo lá?

– Atrapalhando, de preferência. – resmungou Carter, antes de sair do carro.

Klaus se embolou no processo de tirar o cinto de segurança, deu um tropeço na hora de descer e quase foi de cara no chão, mas conseguiu seguir Carter com algum resto de dignidade e sem nenhum arranhão no rosto. Era um cara bem apessoado, aquele jaquetão de couro sempre lhe dava algum ar hollywoodiano e os piercings na orelha, na sobrancelha e nos lábios serviam para acentuar o olhar gélido e quase metálico. Meg teria receio de vê-lo chegar tão perto, com os braços cruzados sobre o peito e uma das sobrancelhas arqueadas, se não o tivesse ouvido falar antes.

– Ih velho, que viagem! – riu-se Klaus – O cara atirou no cara mesmo.

Carter revirou os olhos por um segundo enquanto tentava decidir entre ralhar com Klaus ou simplesmente dar um cascudo nele. Preferiu deixar quieto.

– Quanto tempo vocês pretendem ficar parados aqui?

– O necessário. – respondeu Meg, olhando no fundo dos olhos de Carter de uma maneira tão cortante que ele acabou retesando involuntariamente.

– Eu vou precisar de panos, dos antibióticos, uma cartela de relaxantes e... Uma faca. – ditou Katharine um pouco pálida com a ideia de ter que tirar uma bala do corpo de alguém usando uma faca.

– Isso está nos atrasando. – rosnou Carter em um tom ligeiramente baixo, tentando trancar dentro de si a paciência que queria dar adeus de qualquer jeito.

– O que você sugere? Que deixemos ele aqui? – perguntou Melissa ainda mais indignada. Quando não obteve resposta, olhou para Rafael com aquele típico olhar de “esposa que quer convencer o marido de algo praticamente impossível”.

– O moleque tem razão. – retrucou Rafael, fazendo Melissa olhá-lo com aquele ódio vingativo que, novamente, é o lema de uma esposa contrariada – Esse sangue todo vai atrair mais zumbis do que possamos lidar.

Katharine estava começando a ficar impaciente com aquele discussão. Parecia que ninguém ali tinha a mínima noção de tempo e bem... Ela ainda estava frustrada e zangada com Ross e não podia descontar toda a sua raiva na pessoa certa. Se todo mundo estava disposto a discutir o que fazer com Sasha ao invés de salvá-lo, ela iria fazer alguma coisa como a única pessoa sensata daquele grupo. Num movimento mal-pensado, tirou a blusa e pressionou na ferida alheia, pouco se importando de estar de sutiã na frente de quatro marmanjos.

– Wow! Sempre soube que essa porra toda tinha um lado bom. – disse Klaus todo sorridente, mas foi novamente ignorado.

– Estamos numa situação feia aqui. Achei que já estavam acostumados a ter que deixar pessoas para trás. – Carter argumentou, tentando colocar ao menos um pouco de sensatez na cabeça dos demais. Isso só serviu para fazer Melissa desejar arremessá-lo da Estátua da Liberdade.

– Sasha nunca se acostumou com a ideia de deixar as pessoas para trás. – murmurou Meg, fazendo com que todos se calassem. O som da sua voz sempre teve um estranho poder de causar submissão involuntária em qualquer um. – E se não fosse por ele, você estaria enfurnado numa farmácia vazia de beira de estrada, provavelmente sendo jantar de um bando daquelas coisas. – ela sorriu maldosa – E adivinha quem seria a sobremesa?

Carter fechou as mãos em punhos, pronto para avançar sobre Megan e fazê-la se envenenar com a própria língua, mas o braço rígido de Rafael parou-o no meio do caminho.

– Se acha que está atrasado, não sei o que você ainda está fazendo aqui. – Carter se recompôs num passo, ajeitando o casaco sobre a camiseta do Slipknot, com aquele olhar cheio de promessas de dor direcionado para Megan – Levem-no para o carro e dê partida. Espero que saiba operar alguém em movimento, doutora.

Apesar da ordem ser dada para ninguém em especial, tanto Megan quando Melissa e Katharine obedeceram. Talvez por não parecer uma ordem e sim uma solução. Rafael foi voltando para o táxi devagar, atingindo dois mortos-vivos que vinham pela esquina na cabeça com uma flecha apenas. Nunca havia usado um arco e flecha antes da epidemia e tinha uma mira especialmente péssima, mas a concentração lhe era fiel e seu corpo sempre respondia em situações tensas. Andou até os errantes para retirar a flecha usada, – afinal, flecha não se vende em loja de conveniência – foi quando viu que um grupo grande daquelas coisas estavam vindo pela mesma esquina.

– Melissa, volte para o carro. – ele tentou sussurrar, enquanto lentamente se movia até o táxi.

– O quê? – ela gritou em resposta, completamente alheia a situação.

– Volte para o carro. – o grupo se aproximava cada vez mais. Nenhum deles havia sido visto, mas aparentemente o cheiro do sangue de Sasha era apetitoso demais para isso ser levado em consideração. – Agora!

Foi só quando Melissa viu Rafael correndo a todo vapor em direção ao táxi que ela compreendeu que algo estava acontecendo, e a sua única reação foi seguí-lo sem nem olhar para os lados. Katharine e Megan praticamente jogaram Sasha nas poltronas traseiras do carro e correram para dentro o mais rápido possível. Quando viu que todos estavam correndo, Carter avançou sobre a moto e emparelhou com o táxi de Rafael.

– Hey caras, por que vocês estão correndo? – Klaus desarmou-se de sua pose de durão, visivelmente amedrontado. Só quando viu os primeiros mortos-vivos dobrarem a esquina que começou a correr praticamente em círculos para lugar nenhum – Puta que pariu! Me ajudem! Eu não quero morrer nessa porra dessa cidade fudida.

– Corre aqui!

O Aston de Megan foi o primeiro a dar partida, deslizando sobre a pista em linha reta com toda a velocidade. Klaus correu em direção a moto onde Carter estava, mas um morto vivo praticamente se jogou sobre ele e ambos caíram de bruços no chão. Rafael imediatamente pôs metade do corpo para fora pela janela e tentou mirar no zumbi, mas ele já não era muito bom de mira e Klaus estava se debatendo muito.

– Atira! – gritou Carter.

– Pare de se debater, infeliz!

Resolveu atirar mesmo assim.

A flecha foi rápida como um raio, vítima de uma força exagerada que Rafael impôs por conta de toda a pressão do momento. O único problema, de fato, foi ele ter passado a alguns centímetros de distância da cabeça do zumbi e ter se enterrado fundo no braço direito de Klaus. Não foi intencional, mas pelo menos ele parou de se debater. A segunda flecha foi certeira.

O punk levantou-se do chão e correu mais que as pernas, sentando-se na garupa da moto. Mãos em decomposição já começavam a arranhar as janelas fechadas do táxi e a pintura metálica da moto alheia. Antes que a situação ficasse pior, Rafael e Carter aceleraram em frente na mesma direção em que o carro de Megan fora alguns minutos atrás.

Enquanto isso, Megan derrapava pela Avenida Principal, notando que cada vez mais mortos-vivos apareciam como se brotassem do asfalto. O carro havia se tornado uma verdadeira placa em neon no meio de Seattle.

Sasha gemeu quando o canivete se afundou em sua ferida e cortou algum tecido lá dentro. Katharine tentava se manter impassível e absolutamente calma enquanto tentava tirar a bala do corpo do loiro, mas estava quase impossível fazê-lo com Megan desviando, acelerando e freiando loucamente pela pista. Isso quando não atropelavam algum zumbi mais gordinho ou ossudo, fazendo o carro praticamente pular. A sorte era que a bala não havia se fragmentado, estava completamente inteira e felizmente também não havia perfurado nenhuma veia ou artéria.

– Fique firme, homem. – mandou a médica tocando na testa de Sasha com as costas das mãos e constatando, com certo alívio, que ele não estava com febre.

– Como posso ficar firme com você me espetando como se eu fosse um frango de cozinha? – gralhou Sasha, o sangue escorrendo da boca, mas sem tirar o sorriso zombeteiro dos lábios – Mais para a direita, doutora. Estou sentindo alguma coisa aí.

Katharine nem precisou mover a mão. Megan fez uma curva aberta para a esquerda tão grande que o canivete moveu-se por si só. Com muito cuidado – ou com o máximo possível – Katharine tirou a bala através do machucado, mas com mais uma derrapada do veículo, acabou abrindo um corte de seis centímetros antes de tirar a bala.

– Puta m...!

– Calma, calma. Eu vou ter que costurar agora.

Se ter uma bala tirada do esôfago com um canivete sem nenhuma anestesia parece algo extremamente doloroso, imagine só como é ser costurado por uma lâmina de chave de fenda usando uma fita para amarrar o cabelo. Entre trancos e barrancos, Katharine teve que dar adeus a sua xuxa improvisada e se focar em realizar aquela tarefa quase impossível, tendo o coração apertado a cada grito abafado que escapava dos lábios de Sasha.

– Isso aqui está um inferno. Vamos ter que deixar a cidade.

– Precisamos avisar Rafael. – emendou Katharine.

– Ele está nos seguindo. Posso ver o Carter pelo retrovisor.

Sasha soltou outro grito abafado quando a fita deu um nó no final do machucado da bala e partiu para a ferida do corte de canivete.

– Temos que voltar.

– Não dá para voltar Sasha, é suicídio. – berrou Megan, desviando de outro grupo de zumbis.

– Não podemos deixar... O Ross.

– Ele te deu um tiro e depois fugiu. – ela esbravejou novamente – Se estiver morto é vantagem.

– Eu sei... Porque ele atirou. Uma flecha de penas azuis... Na cabeça de um... Um morto-vivo. – Megan encarou-o pelo retrovisor, pensando seriamente se ele estava delirando – Tem um lugar seguro. Temos que voltar... Meg.

Megan virou-se por um segundo para olhá-lo nos olhos. Deu um cavalo de pau e acelerou na direção contrária, voltando novamente para o coração de Seattle.

Ela estranhamente confiava naqueles olhos verdes de raposa, estreitos de sagacidade por natureza. Olhos que viam tudo...



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Notas finais do capítulo

Bem, queria dizer que eu vou ter que viajar amanhã para algum lugar esquecido por Deus e, infelizmente, vou ficar sem postar por alguns dias. Não sei ao certo, mas está entre mais de uma semana e menos de duas semanas. Só queria saber se vocês vão continuar lendo mesmo com esse pequeno hiatus, porque ficaria muito desmotivada se voltasse a escrever e visse que alguns leitores me abandonaram =/
Muita gente falou que a Yeva parecia com a Rita de HP... Eu concordo =P. Para o jogo de hoje, mais dois personagens. Rafael e Sasha, os caras mais durões de Skyfall. Rafael me lembra o Daryl Dixon (nem amo ele, que isso) e o Sasha me lembra o Dean Winchester de SPN, alguém discorda?