--Eu não acredito que você me convenceu, Léo! --Resmungo enquanto ele me puxa para dentro do quarto dele. Não, não foi pra isso que ele me convenceu. Foi a ir a festa de Marcus, ok? O que aconteceu com a mente das pessoas hoje em dia?

--Ah, você queria ir uns dias atrás. --Ele retruca, abrindo o armário dele.

--É, mas foi antes de Marcus nos ameaçar...

--Correção, ele me ameaçou. --Ele encontra uma camisa preta dos Ramones no armário. Tira a branca que esta usando. --Além do mais, aquele garoto não assusta ninguém! --Ele chega perto de mim. --Ele só ficou bravinho por não poder ter você. 

Coloco meus braços sobre seus ombros. Ele sorri e coloca as mãos na minha cintura. Eu o beijo e ele cola seu corpo no meu. Suas mãos percorrem minhas costas e param em meus cabelos, como sempre. Ele morde meu lábio. Eu realmente acho que ele deve parar com isso, porque não gosto quando me provoca. 

Ele me coloca contra parede. Beija meu pescoço lentamente e morde meu ombro de leve. Suspiro perto de seu ouvido e ele sorri. Não sei o que deu em mim, mas digo:

--Acho melhor a gente ir pra festa, Léo. 

Ele me beija uma ultima vez e se afasta, colocando a camiseta. Quando acaba, segura minha mão e nós saimos. 

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Nunca entrei numa festa tão cheia em toda a minha vida. Parecia que metade da cidade estava aqui. Passamos por uns cinco caras jogando cerveja num funil ou sei lá, para uma garota loira beber; um idiota quebrando um vaso de flores; dois caras bebendo tequila na barriga de uma garota quase desacordada e três casais se beijando, para chegar perto de onde as pessoas estavam dançando. Léo deve ter percebido que eu estou desconfortável, porque ele me beija do nada. Escuto o ritimo da musica e danço conforme a letra. Rebolo com as mãos de Léo na minha cintura, diferente da ultima festa, ele sabe exatamente porque eu estou fazendo isso. 

Sinto uma mão em meu ombro e paro de dançar. Olho para trás e vejo Victoria. Ela me pergunta se eu tenho um minuto. Respondo que sim. Me viro para Léo e sussurro em seu ouvido: "Quando eu voltar nós acabamos o que estamos fazendo!" Ele sorri e concorda.

Victoria me leva para o jardim dos fundos, perto da piscina de plastico com vodka e licor de morango. Duas garotas estão dentro dela tetando derrubar uma a outra numa briga, e muita gente esta assistindo. Victoria me puxa para perto de um arvore, no canto do jardim. 

--Oi.. --Ela começa.

--Por que anda me evitando? --Pergunto, cruzando os braços.

--Porque... Ah, eu não sei. Com toda essa sua coisa com o Léo... Eu pensei que talvez você não quisesse mais ser minha amiga.

Eu rio.

--E por que eu não seria?--Eu digo dando um abraço nela. Ela esta rindo também.

--Ah, é que você mudou... Anda saindo com o Léo, só porque ele estava triste e tal... Mas vai parar de enganar ele logo, não é?

Eu a solto. É engraçado como seus sentimentos sobre alguem podem mudar rápido. Eu a encaro, e espero que ela se explique.

--O que foi? Não é isso que você esta fazendo? --Ela esta com cara de quem viu um fantasma. 

--Claro que não! Eu gosto dele de verdade! --Quase grito. 

--Ah, por favor! Precisou ficar com um garoto quando a namorada morreu para ter alguem que goste de você? --Ela riu sarcasticamente. Se eu socar o nariz dela, será que alguém vai ligar? --Me poupe, Charlott.

--Eu gosto dele de verdade. Mas é claro que você não sabe como é, porque você é só uma vadia que dá pra qualquer um que olhe pra você! --Empurro seu ombro. --Quando for decidir o nome do bebe me avise! 

Me viro e vou embora. Vou para a bancada com bebidas antes de tentar encontrar Léo. Peço dois copos com bebidas azuis que não sei o nome no momento ao garoto atrás do negocio e viro os dois na minha boca. Tem um gosto engraçado, então peço  mais um deles. Olho para os lados. Um garoto esta bebendo duas garrafas de vodka ao mesmo tempo. Vejo Léo. Ele esta no jardim falando com um amigo. Volto a olhar dentro de casa. Uma garota de sutiã e calcinha jogando tequila nela mesma enquanto alguns garotos e umas garotas jogavam dinheiro nela. Ridiculo. Um garoto vomita no fio da TV e a luz cai. Ouço varios gritos.Todos do jardim vem ver o que aconteceu. E quando digo todos, são todos mesmo. Não sobrou ninguém lá fora. Todos gritam e perguntam o que aconteceu. Um garoto trás o mp3 dele e liga a musica as caixas. Não sei como fez isso, mas pelo menos temos musica.

Procuro Léo. Encontro ele tentando entender o que esta acontecendo. O pessoal começa a perceber que não estão mais bebendo, então procuram Marcus. Ele aparece consertando algo na caixa de força na parede perto da sala. A luz e o som voltam.

Léo vem até mim e pergunta se podemos acabar o que tinhamos começado minutos atrás. Ele me abraça e dança comigo lentamente, mesmo que a musica seja agitada. 

--Eu briguei com a Victoria. --Digo.

--Uma pena. Quer ir falar com ela, não quer? --Ele pergunta, doce.

--Acho que sim. Chamei ela de vadia e perguntei o nome do bebê dela.

Ele ri. Levanta meu queixo me dá um beijo leve e longo.

--Volte para mim. --Ele diz sorrindo. 

Me viro e vou ao jardim. Victoria esta sentada ao lado da arvore, de costas para tudo. Acho que ela esta chorando. Sempre que ela chora ela faz coisas assim. Ando lentamente para mais perto dela.

--Vicky, eu vim me desculpar... --Digo, ela não responde. --Qual é, Vick's. 

Paro atrás dela. Toco em seu ombro. Seu corpo cai para a direita. Olho o grande corte em seu peito. Seu cabelo cobre parcialmente seu rosto, mas consigo ver as  órbitas de seus olhos. Vazias. Seus rosto e suas roupas cheios de sangue. Dou um berro alto. Ando dois passos para trás, pois é o maximo que consigo agora. Léo aparece rápido e me segura antes que eu desabe no chão. Ele me abraça e acaricia meus cabelos, dizendo que vai ficar tudo bem, revezando isso a gritar para chamarem a policia.

Mas não vai ficar tudo bem. Victoria morreu. Foi assassinada. Seus olhos foram arrancados. Arrancados junto com  sua vida por um assassino em serie. Não ligo para quem ele seja. Agora é pessoal. Ele vai pagar por isso.