Downtown escrita por Bruna A
Notas iniciais do capítulo
É, chato, eu sei. Mas daqui a pouco vai ficar legal.
Faz mais ou menos uma semana que dei meu ultimo depoimento na policia. As duas meninas que foram assassinadas são pessoas que eu odeio. Os policias suspeitam que é um serial killer, mas ele não matou mais ninguém desde Melissa. Sinceramente, tenho medo de quem será o próximo. Tenho medo que seja eu mesma. Eu só me pergunto uma coisa: Por que as primeiras vitimas foram pessoas das quais eu nunca gostei.
Corro para a casa de Marcus. Eu não poderia falar sobre o assassino com mais ninguém. Victoria acha que eu estou ficando paranoica. Ela nem fala mais comigo. Léo não gosto de falar sobre isso, ele acha deprimente. Marcus é o único que tem teorias sobre isso e uma opinião sobre quem ele pensa que poderia ser. Claro, ele não faz a minima ideia de quem o assassino seja.
Bato na porta. Seus pais viajaram para Paris e o deixaram aqui. Ele odiou isso, mas tem a casa só para ele. Ele esta planejando uma festa na sexta feira. Pode parecer estranho levando em conta tudo que esta acontecendo, mas acho que é esse o motivo de ele estar fazendo isso agora.
Quando abre a porta, me cumprimenta e me convida para entrar. Me sento no sofá a frente da TV de 59 polegadas da família dele. Ele pergunta se quero beber alguma coisa. Digo que não.
--Vamos lá, não seja tímida. --Ele disse me jogando uma lata de Coca-Cola. Eu a segurei no ar, mas estou medo de abrir e ela espalhar refrigerante.
--Na boa, não posso mais beber isso. --Digo, e ele ri.
Ele se senta numa poltrona ao lado do sofá. Raspa alguma coisa das unhas quando se acomoda. Finalmente pergunta o que foi, quando não aguento mais olhar para os lados e comentar como sua casa é bonita. Digo que quero conversar sobre o assassino. Ele ri.
--Temos tantos assuntos, quer conversar sobre um pirado que sai por ai matando gente?
--Ah, é? Diga uma coisa sobre a qual podemos conversar. --Digo cruzando os braços.
--Vem na minha festa sexta? --Ele pergunta sorrindo.
--Claro. É a única festa que temos em uma semana. Metade da escola virá pra isso. Ninguém aguenta mais o clima de enterro.
Ele ri, jogando a cabeça para trás. Ele tem essa mania.
--Vai dançar comigo, não é? --Pergunta levantando as sobrancelhas. --Tipo, como você dançou com o Léo na festa em que a Jessica morreu...
O que eu queria realmente responder era: "Cara, você tá me estranhando? Viu como eu dancei com o Léo na última festa? Nem em sonho danço daquela forma com você! Você é só meu amigo." Mas não ia ser grossa dessa forma com ele, mesmo que eu quisesse muito. Ao invés disso, digo:
--Não sei. Acho que vou só dançar. Sabe? Sem ser com ninguém.
Ele parecia desapontado. Eu tentei ser o menos ofensiva possível. Ele volta a falar da festa, mas eu o corto. Tenho um assunto que quero conversar, mas não é sobre uma festa de colegial. Digo a ele que preciso ir. Me despeso dele e vou para casa.
Quando entro na minha sala, tiro os sapatos e ligo a TV. É uma reportagem sobre um assassinato. Uma prostituta morta na rua. Ela estava sem os olhos. E ele esta de volta, penso enquanto desligo a TV.
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