Eu entro na sala de aula e o clima esta pesado. Procuro por Léo mas não o encontro. Ando de vagar até minha mesa coloco minhas coisas sobre ela. Me sento na cadeira e analiso meus colegas. Metade das pessoas estão chorando. Não é dia de teste, então não consigo entender o porque de estarem chorando. Cutuco o ombro da garota que se senta a minha frente. Não somos amigas, mas eu empresto lápis pra ela as vezes. Pergunto o que aconteceu calmamente. Seu rosto se torna sombrio ao pronunciar as palavras:

--Jessica morreu. 

Ela se vira para seu caderno antes que eu possa digerir suas palavras. Jessica Anderson morreu. Jessica, a vadia que namora Léo morreu. Ou melhor, a vadia que namorava Léo esta morta.  Isso ainda me parece difícil de acreditar. Quero dizer, não são todos que a odeiam como eu. Olho para o resto dos alunos. Duas amigas de Jessica estão chorando. Uma garota tenta consola-las. Dois garotos estão claramente chateados e abalados no canto da sala. O resto esta triste, ou pelo menos tentando parecer triste. 

Victoria, minha melhor amiga, entra na sala. Ela também não parece estar entendendo nada. Ando até ela e a puxo para fora da sala. Ela me olha assustada. 

--Nossa, o que aconteceu? --Ela pergunta. Claramente não sabia de nada.

--Jessica morreu. --Respondo.

Ela me olha sem entender. 

--Eu não to gostando da sua piada. 

--Não é piada. Ela morreu. Tá morta! --Quase grito. 

Ela se apoia na parede e pousa a mão sobre sua testa. Ela não gostava de Jessica tanto quanto eu, mas não queria que ela morresse. Ela tenta me perguntar como, mas não podia responder. Também não sei como isso aconteceu. Ela me encara por um segundo, com suspeita. Logo entendo o que ela quer dizer.

--Eu não matei ela! --Quase berro.

--Ah é? E como fica sua quedinha pelo Léo? --Ela pergunta cruzando os braços.

--Nós quase ficamos na festa de sábado. Acha que eu precisaria matar alguém pra ficar com ele?

Ela volta a me estudar. Ótimo, minha melhor amiga pensa que eu matei uma garota! 

Me viro de costas para ela e vou me sentar em minha cadeira. 

Passo a aula pensando em uma única coisa: Preciso encontrar Léo e ver se ele esta bem. Ele deve saber de alguma coisa.