A Última Filha - Predador escrita por Ariane Rosa


Capítulo 13
Capítulo Treze




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Pensei muito no que iria dizer para Noah hoje. Eu não tinha ido para escola e ligava para seu celular, mas sempre caia na caixa postal. Mas o pior de tudo foi eu não ter acreditado nas suas palavras, esse pensamento sempre me afundava.

Quando já eram uma hora da tarde decidi ir para o subterrâneo. A minha visita seria uma irritação total, pelo menos, eu acho.

Andei pelo corredor do palácio, indo em direção à porta do escritório do papai, mas então uma voz perguntou atrás de mim:

- Como se sente?

Eu parei e me virei bruscamente. Olhei Ross e cruzei os braços de raiva.

- Você é um idiota.

- Pensei que tivéssemos passado dessa fase? – Ele perguntou resentido.

Revirei os olhos e disse:

- Me largou sozinha ontem.

Ele levantou as sobrancelhas parecendo indagado.

- Eu fiquei até você dormir.

- Não foi o suficiente! – Eu disse alto o bastante para que o castelo tremesse.

Ele juntos as sobrancelhas de confusão. Então suspirei e disse:

- Ross, eu... – Hesitei.

Desviei o meu olhar do dele por um momento pensando na desculpa perfeita, pela minha recaída de inteligência por ter seguido uma pessoa desconhecida, para um lugar desconhecido. Dei um sorriso forçado e amargo, então eu disse:

- Fui muito ingênua ontem. – Disse as palavras lentamente.

- Ingênua? – Ele perguntou cruzando os braços sem acreditar.

Eu suspirei irritada e corrigi:

- Estúpida.

- Bom, estamos chegando a alguma coisa.

Eu ignorei suas palavras sarcásticas e continuei:

- Não tenho certeza do que houve ontem. Não sei se foi uma conversa de irmãos ou se foi outra coisa, mas você foi muito corajoso em me defender.

Ele me olhou sério por alguns segundo e então disse com um tom sincero:

- Você é minha irmã. E é pra isso que serve a família.

Dei-lhe um meio sorriso e ele retribuiu com outro.

- Bem. – Comecei com um sorriso vergonhoso. – Papai está?

Ele suspirou e disse:

- Não sei. Não o vi.

Eu balancei a cabeça positivamente e então disse:

- Bom, eu preciso ir. Pra casa.

Ele me olhou curioso e isso me fez parecer vermelha, se é que eu não estava. Passei por ele e foi quando ele me disse:

- O que vai dizer para o Noah?

Eu parei em choque, me virei com dificuldade para encará-lo e perguntei:

- Desculpe. O que? – Minhas sobrancelhas se levantaram com meu tom.

Ross suspirou e disse:

- Você foi a um lugar com um estranho, brigou com Noah e se sente culpada. – Eu o olhei sem acreditar. – Acho mesmo que eu não ia perceber?

Eu soltei uma risada irritante e ardida.

- Eu não estou me sentindo culpada.

- Não? – Ele perguntou sendo persuasivo.

Eu o olhei me sentido horrível por não saber mais mentir. Então suspirei cansada e disse:

- Talvez eu esteja. Alguma sugestão?

Ele deu de ombros e disse:

- Diga a verdade.

Fiz uma careta pelo pensamento de dizer para o Noah sobre que eu beijei o Alan. Eu balancei a cabeça tentando me livrar disso.

- Não, obrigada. Mas prefiro mentir.

Ross revirou os olhos e disse:

- Bom, você quem sabe.

Eu o olhei pensando por um momento sobre dizer a verdade, e isso poderia acabar com o que temos, mas eu também não posso esconder algo assim do Noah.

...

Eram oito horas quando eu tomei coragem para entrar numa sombra que ia até o quarto de Noah. A luz de seu abajur estava acessa quando sai das sombras. Ele estava com uma bola de Basebol na mão, a olhando fixamente. Ele pareceu não perceber minha presença ali ou só estava me ignorando. Fiquei um tempo ali o olhando até ele dizer:

- Antes dos meus pais morrerem, meu pai me levava no parque pra jogar bola.

Eu abaixei o olhar de vergonha. Mas então ele me perguntou:

- Por que está aqui?

Suas palavras saíram um pouco azedas. Eu voltei o olhar e disse:

- Acho que isso não parece muito óbvio.

Ele estava deitado na cama, mas, então, se levantou e veio até mim com a bola ainda em suas mãos. Ele ficou me olhando por alguns segundos antes de dizer:

- Bom, julgando pela sua cara, você está se sentindo culpa.

Eu fiz uma careta e perguntei:

- Está tão na cara assim?

- Não. – Ele me respondeu sério. – Mas te conheço bem pra saber.

Desviei o meu olhar do dele por um momento para poder dizer tudo, mas as palavras se engasgam. Então eu simplesmente mordo os lábios.

Noah suspirou impaciente e voltei o olhar.

- Se tem algo pra me dizer, que me faça mudar de ideia, é melhor dizer agora. – Ele disse cruzando os braços.

Juntei as sobrancelhas de confusão.

- Ideia? – Olhei para os lados tentando entender. – Sobre o que?

Ele ficou em silêncio e isso me fez o olhar meio irritada.

- Noah, do que você está falando?

- Sobre nós. – Ele disse em tom mortal.

Minha cabeça girou, meu coração parou, meu sangue congelou nas minhas veias, tudo, de repente, caiu. Noah nunca pensou em nós, pelo menos, não dessa maneira. Eu sabia o que ia vim a seguir. Olhei para ele entorpecida, vi-o juntar as sobrancelhas e me olhar confuso. Vi sua boca se movimentar, mas nenhum som saiu, a única coisa que eu podia ouvir era a vozinha em minha cabeça gritando. Eu não consegui entender o que ela dizia, e aquilo estava me deixando louca, até que Noah me sacudiu. O olhei ainda sem entender o que estava acontecendo, mas sua voz começou a aumentar e a voz na minha cabeça estivesse cansada de gritar.

- Haide, você está bem? – Ele perguntou quando a gritaria em minha cabeça havia cessado.

Eu pisquei algumas vezes.

- Sim.

- Você está pálida. – Ele disse irritado. – Mais do que de costume.

Eu desviei meu olhar do dele tentando não parecer abalada. Mas, então, senti algo úmido escorrer pelo meu rosto. Ah, não, de novo não. Estava chorando outra vez, na frente de um garoto, me superei esses dias.

- Ah, Haide... – Ele começou colocando a mão em meu rosto. Mas, então, eu me afastei e fiquei de costas para ele, não queria que ele me visse assim.

Senti seus olhos em minhas costas, mas ignorei isso, estava tentando me controlar. Quando consegui fazer isso ele disse:

- Haide, eu não vou terminar com você.

Essas palavras me acalmaram por um momento, mas a visão de mim beijando Alan me fez pensar sobre tudo.

- Mas devia. – Eu finalmente disse.

Um silêncio mortal por alguns segundos, antes dele me perguntar:

- O que? O que quer dizer com isso?

Fechei os olhos e suspirei. Eu sabia que tinha que dizer a verdade, só não sabia como. Então peguei coragem e me virei. O olhei com remorso e disse:

- Noah, preciso te contar uma coisa.

Ele ficou estático e então balançou a cabeça esperando, suspirei mais uma vez e disse:

- Você vai me odiar por isso. Depois da nossa briga... – Hesitei. – Eu segui o Alan.

Noah continuou a me olhar, só que com um olhar mortal agora.

 - Nós fomos até o seu lugar secreto, e ele tentou me matar.

A sua expressão ficou destorcida. Sobrancelhas juntas e olhos de um animal.

- O que? O filho da mãe tentou te matar? – A voz de Noah era irreconhecível.

- Sim.

- Ah...

- Mas antes disso, – Eu o interrompi. – ele me beijou.

As palavras fizeram Noah abalar. Seus olhos pareciam vazios, sem vida, seu rosto ficou branco como papel, suas mãos começaram a tremer e sua expressão, de repente, ficou machucada.

Fechei os olhos com o remorso de tê-lo magoado, eu nunca iria me perdoar por isso.

- Deve me odiar agora. – Eu disse abrindo os olhos e olhando para o chão.

- Na verdade não. – Ele disse com a voz morta.

Eu o olhei e perguntei:

- Por que não?

Ele continuou a me olhar daquele jeito e isso me fez ficar pior do que já estava.

- Noah, eu sinto muito. – Eu disse deixando todas as lágrimas que eu escondi caírem pelo meu rosto.

Virei de costas para ele e entre na sombra.


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