A Última Filha - Predador escrita por Ariane Rosa


Capítulo 14
Capítulo Quatorze




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Sentia-me mal pela manhã. O que eu fiz ao Noah é imperdoável. Nunca mais conseguiria me olhar no espelho e ver que o traí. Eu estava com vergonha de mim mesma. O que seria de agora em diante?

Indo para escola e passando pelos corredores me senti sozinha, mais do que sempre me senti. Noah sempre me esperava no meu armário, e desta vez ele não estava lá.

Enquanto pegava meus livros Agnes aparece atrás de mim como um fantasma. Eu me virei para ela e vi que havia algo de errado.

- Agnes, o que foi?

Seu olhar ficou em meu rosto, mas parecia que ela não conseguia me ver.

- Agnes? – Coloquei as mãos em seu ombro e a chacoalhei. Ela saiu de seu transe e me olhou com a expressão apavorada.

- Ligue para o Noah. – Ela disse desesperada.

- O que? – Eu perguntei levantando as sobrancelhas. – Por quê?

- Porque tem algo de errado. – Ela disse quase gritando.

Eu coloquei a mão em meu bolso e tirei o celular, apertei o botão de discagem rápida e começou a chamar. Ele atendeu e antes que pudesse dizer qualquer coisa eu disse:

- Ei, sou eu. Você não deve ter visto que era eu que estava ligando.

- Na verdade estava. – O choque. Era Alan no outro lado.

Meus olhos se arregalaram e eu pude ver a situação agora com mais clareza, Alan iria usar todas suas opções para me acertar, nem que ele tivesse que machucar alguém que eu amo.

Agnes me mandou um olhar significativo e então eu perguntei:

- Onde ele está?

- Bom, preso.

- Se você...

- Eu não vou fazer nada, ao menos que você coopere. – Ele me interrompeu com uma voz sinistra.

Olhei para o nada e pensei. Teria que me arriscar, teria que fazer exatamente o que ele me pedir. Suspirei e então perguntei:

- Certo. O que quer que eu faça?

Vi os olhos de Agnes se arregalarem, ela estava escutando a nossa conversa.

- Você vai vim até meu lugar secreto, e a porta vai está aberta.

- Certo.

- Ah, mas se você trouxer alguém, ou estiver pensando em uma emboscada, eu corto a garganta dele, entendeu? – Sua voz soava bem convincente.

- Alan, eu vou dizer o mais gentil possível, se você encostar essas suas mãos nojentas em qualquer parte do Noah, eu juro que arranco seu coração fora, será que deu pra entender? – Eu disse com um tom doce, mas mortal. Um sorriso cresceu em meu rosto pensando na ideia de arrancar o coração dele, seria a sensação mais deliciosa do mundo.

- Sem gracinhas. – Ele disse com uma voz meia falha, e então o silêncio.

Tirei o celular da orelha e olhei Agnes. Ela me olhou com medo e perguntou:

- Você não vai fazer isso, não é?

- Eu tenho escolha? – Perguntei ironicamente.

- Haide, você não pode fazer isso. É suicido. – Ela disse num tom reprovador.

- Eu coloquei ele nisso! – Eu quase gritei. – Agnes, eu o magoei e agora o Alan o pegou. Se eu não fizer o que ele me pede... – Hesitei tentando não me abalar com as palavras.

Agnes me olhou cansada e com medo, então perguntou:

- Mas o que eu faço? Não posso deixar você ir sozinha.

Eu a olhei pensando no que meus irmãos fariam se ela não contasse onde eu estou.

Suspirei e disse:

- Olha, fique no acampamento com meus irmãos. E se eu não voltar até meia noite de hoje, diga a eles onde eu estou. – Ela balançou a cabeça sem gostar muito da ideia. – E fique na floresta, eu vou aparecer por lá.

Ela me olhou com medo de eu nunca mais voltar, então lhe dei um abraço e caminhei para a saída.

...

Eu estava apavorada de ter que entrar ali dentro, o que seria de mim? Sempre pensei que eu viveria minha vida normalmente, não tendo que me arriscar e me mantendo em segredo, mas isso foi até eu conhecer Noah. Não sou a pessoa certa pra dizer o que é vida, mas acho que eu a vivi o suficiente.

Minha mão grudou na maçaneta enferrujada, eu hesitei nos primeiros segundos, então suspirei e entrei.

A luz que saia da porta iluminou parte da sala e me fez hesitar novamente, mas então comecei a dar um passo de cada vez, quando já estava lá dentro à porta se fechou atrás de mim. Eu me virei bruscamente e vi um vulto ali, Alan, tinha que ser, mas, então, quando minhas mãos se acederam, iluminou a figura de Noah que me olhava assustado.

- Ah, mas que droga. – Murmurei.

Senti que havia alguém atrás de mim e então escuridão.


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