Nascente Sangrenta escrita por Júlia Fernandes, Isa Carlie


Capítulo 2
Sedentos e Neutralizados


Notas iniciais do capítulo

Vamos voltar ao que eles são: vampiros sedentos a sangue humano e agora é hora de se alimentar e tomar decisões, um futuro novo aguarda, mas o que ele será?
Capítulo escrito por: Júlia Fernandes



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O clima escuro e frio da cidade naquela noite faria qualquer humano se arrepiar, mas nós não éramos humanos. As sombras brincavam por entre as construções, íamos com suavidade e agilidade em busca de pessoas, ou presas para falar a verdade. Era hora de caçar e alimentar meus instintos naturais de sangue.

Escalamos as paredes por entre as rachaduras e ranhuras destes, queríamos ter uma visão melhor a fim de escolher as vítimas, membros da escoria que em pouco tempo seria silenciada por nossas presas preparadas para matar os civis e dilacerar seus delicados pescoços. Éramos como defensores sem causa, caçávamos para sobreviver, mas como o próprio demônio falou: “Eram os pecados naturais de sua espécie, não dignos do inferno”.

Quando me posicionaram no parapeito de um prédio amarronzado, senti como aquela cena era conhecida, era uma das minhas memórias mais vivas, não que de fato isso fosse muito. Mas o que me chateava era por esta memória me lembrar de Diego.

Não queria deixa-lo esquecido em minha memória, mas muito menos queria lembra-lo. Era doloroso, pois eu sabia que o fim dele fora definitivo. Espero que ele tenha sido bom o suficiente para ir para o céu, eu acreditava que sim, mas por agora não poderei saber.

Tinha muitas dúvidas que rondavam a minha mente. Mas nesse momento a sede estava me matando por dentro, era muito forte para eu conseguir pensar em qualquer coisa.

As posições de ataque foram tomadas, nós pulamos quase ao mesmo tempo. Embaixo de onde estávamos, em uma ruela suja, escura e com cheiro de urina e álcool se encontravam cinco mendigos drogados. Enquanto dois estavam dormindo ou desmaiados; os outros brigavam por um saquinho que logo deduzi ser cocaína.

Fred me olhou. Eu não sentia mais tontura ou qualquer coisa quando estava perto dele, deveria ser, pois ele agora tinha um controle melhor de seu Dom. Ele fez linguagem corporal, claramente falando: ”Espere”. Olhei para frente e fiquei aguardando o seu sinal. Nós dois éramos muitos cautelosos, por isso, eu acreditava, nós dois conseguíamos aguentar um pouco mais, mesmo tendo a nossa garganta gritando de dor.

Um dos bêbados bateu na cabeça de outro com uma garrafa, este desmaiou e deixou cair o pacote da droga. O outro deu um soco no que tinha meia garrafa na mão e enquanto o outro estava desnorteado,o “ganhador” fumou o conteúdo do saquinho.

Aquilo era horrível de se ver, se eu estivesse em meu juízo perfeito eu iria ter pena dos humanos ali, mas meu pouco autocontrole estava acabando e tudo que eu conseguia pensar é quando Fred ia dar o maldito sinal. Então meu amigo fez um movimento silencioso com os lábios: “Agora”.

Eu pulei em cima do mendigo dormindo, tive uma leve surpresa ao reparar que na verdade era uma mulher. Mas não me importei, em poucos segundos sua garganta fora dilacerada. O gosto de sangue invadiu meu sedento corpo, não tinha o melhor gosto,era regado a bebida e eu senti o gosto de drogas.

Em minha frente Fred atacava o humano que ainda estava desperto, um fino grito foi ouvido antes de ele ter seu sangue drenado de seu organismo pelas presas do vampiro. Logo o corpo da mulher ficara sem uma gota de sangue, parti para o que havia levado uma garrafada na cabeça. O gosto era um pouco melhor, era apenas a bebida dessa vez.

Eu me sentia bem, saciada. Não necessitava do outro corpo. Vi Fred olhar o último corpo com desejo e lhe sorri dizendo para ele ir beber o humano. Virei-me um pouco e prendi a respiração, mesmo estando saciada não queria correr o risco e atacar meu amigo.

~*~

Livramos-nos dos corpos e das provas, ninguém iria sentir a falta deles mesmo. Eu estava em estado de abstinência, estava totalmente carregada de energia e sangue. O problema é que sempre que eu ficava sem a sede, eu me tornava meio “propensa a arrumar encrenca”. Entenda, apesar de sempre me comportar e me proteger o máximo possível,quando eu estava saciada o meu cérebro funcionava melhor,o sangue deixava de ser a prioridade.

Eu me recordei das minhas conversas com Diego, afastei novamente isso da minha mente, não havia necessidade de ficar queimando meus neurônios com isso. Ele tinha morrido e eu tinha que aceitar isso.

Fred moveu a cabeça para o lado, estávamos em uma cafeteria. Era um local meio vazio e com pessoas extremamente bizarras, o que faria sermos quase invisíveis aqui.Eu contei sobre o que ocorreu quando nós separamos e eu fui atrás de Diego : falei dos vampiros que controlavam nossa espécie e dos de olhos amarelos.Quando terminei de contar minha conversa com “Deus”,meu amigo se pronunciou pela primeira vez.

- Você voltou para completar uma missão – ele olhava fixamente em meus olhos – Tem alguma ideia do que seja?

- Não – fui sincera,sua presença e sua proteção me obrigavam a ser franca com ele – Eu acho que ainda não saberei.

- Saiba que pode contar comigo – Fred sorriu – Mas o que faremos agora, temos que procurar algum abrigo, nós misturarmos talvez. Mas não podemos ficar vagando em becos escuros e nojentos, pelo que eu entendi se formos chamativos demais seremos mortos pelos Volturis.

Quando ele diz isso uma ideia me surge, creio que eu compreendi o que eu deveria fazer. Poderia parecer loucura, mas minha missão era vingar meu amado, era libertar nossa espécie do domínio do malévolo exercito de vampiros com dons extremamente raros.

Era uma missão suicida, mas era o que eu deveria fazer. Meu instinto dizia que isso era verdade, era a minha verdadeira missão e eu nunca poderia descansar até cumpri-la. Eu tinha a eternidade, e também tempo nenhum. Deveria me organizar, precisava de aliados e uma estratégia, o plano por si só era quase nada, mas era o sentido de minha vida, ou melhor, de minha existência.

-Fred – eu o chamei, meus olhos pareciam vidrados em um ponto sem sentido – Eu entendi o que tenho que fazer, tenho que acabar com eles, vou livrar o nosso mundo dos castigos deles. Não podemos nós mostrar, mas não podemos existir assim.

- Você fala dos Volturis? – seus olhos continham medo,quando eu afirmei ele inspirou ar,como se realmente respirasse – Pois bem, pode contar comigo em seu exército – ele sorria enquanto falava, mas sua expressão se tornou séria – Mas o que faremos agora?

- Temos que entender melhor onde vivemos e o que somos.É melhor mantermos cautela por enquanto,o assunto é muito recente e não seria boa ideia chamar atenção,principalmente deles.

- Bree – meu amigo vampiro disse calmamente – É melhor continuarmos com o paradeiro desconhecido, como você mesmo disse, não devemos chamar atenção. Podemos ir para Nova York, lá não chamaremos atenção.

- Por quanto tempo seria prudente esperar? – eu tinha que perguntar, por mim ia colocar o meu esboço de plano em ação agora mesmo, mas sabia que ele estava certo, e no momento só contava com o seu sentido decerto e errado.

- Alguns anos, talvez seis ou dez. Vamos tentar viver entre humanos, já somos um pouco controlados, devemos desenvolver isso, assim será mais fácil sobrevivemos enquanto rodamos o mundo em busca de aliados.

Eu assenti, trocamos sorrisos. Enquanto corríamos até a enorme e barulhenta cidade, eu iria esperar o tempo necessário.


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Notas finais do capítulo

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