-Eu adorei seus pais. –Lily disse para James mais tarde, naquele mesmo dia.

Ela estava no banheiro se arrumando para a despedida de solteira de sua irmã, a qual ela não queria comparecer, mas não tinha muita escolha.

-Eles também gostaram muito de você. –James respondeu do quarto –Minha mãe não te assustou?

-A minha te assustou por acaso? –ela retrucou.

James riu.

-Faz sentido.

Eles caíram num silêncio que não era exatamente desconfortável. Muito pelo contrário. Era um silêncio de quem se sentia bem com o outro, de quem não precisava de conversa fiada. Embora agora Lily soubesse menos ainda como agir quando estava com James não queria dizer que tinha que ser tenso o tempo todo. Ao contrário do que todos pareciam acreditar ela sabia sim relaxar.

Então era mais ou menos isso que estava fazendo agora: relaxando e deixando que as coisas acontecessem do jeito que tinham que acontecer.

-Tem certeza que você não quer que eu vá nessa festa com você? –James perguntou.

Lily revirou os olhos.

-Eu ja te falei que é a despedida de solteira da Petúnia, homens não podem entrar.

-Injusto isso. –ele reclamou.

-Se você quiser você pode entrar de penetra na despedida de solteiro do Vernon. –Lily provocou.

-Hum, não, eu dispenso. –James respondeu rapidamente –Eu decidi passar uma noite tranquila na sua casa, conhecendo melhor seus pais.

Lily pôs a cabeça pra fora do banheiro e olhou em choque para o maroto.

-O que mais você pode querer conhecer dos meus pais? –ela perguntou –Eles não vão muito além daquilo.

-Bom, sua mãe prometeu me mostrar todas as suas fotos de nenê e me contar várias histórias vergonhosas suas. Ela me pediu para eu não deixar esquece-la de contar da vez que você pediu o Papai Noel do shopping em casamento.

Lily corou.

-James Potter, eu juro por deus, se você ficar conversando dessas coisas com a minha mãe eu te faço voltar para Hogwarts andando! –ela informou saindo do banheiro

-Então você pediu mesmo o Papai Noel em casamento? –James perguntou chocado.

Lily queria desaparecer agora mesmo.

-Eu tinha seis anos de idade e tinha resolvido que se casasse com ele eu poderia ter presentes o ano inteiro. –ela respondeu –Foi coisa de criança.

-Que interesseira, hein Evans... –James provocou –Se serve de consolo eu falava até os sete anos que ia morrer solteiro porque nunca no mundo eu ia achar uma mulher que fosse tão linda como a minha mãe.

-Ah... Bebê da mamãe. –Lily brincou, apertando as bochechas dele.

-Muito engraçado. –ele riu –Aliás, você está linda.

Lily sentia-se linda quando ele olhava para ela.

-Obrigada.

-Não vai mesmo ter homem nesse negócio? –ele insistiu.

Lily revirou os olhos.

-Desencana, James. O único homem presente vai ser o stripper e ele vai estar no colo da Petúnia. –ela informou.

-O QUE?

-Isso foi uma piada, James. –Lily falou com calma.

-Eu sabia. –ele respondeu calmamente.

Lily riu.

-Comporte-se. –ela falou se aproximando de onde ele estava sentado –E não deixe meus pais bagunçarem a casa. –brincou.

-Pode deixar. Eu cuidarei de tudo. Se bem que eu acho que seu pai ainda quer me matar pela piadinha do camarão.

-Meu pai te adora. Tadinho.

-Engraçadinha. –James puxou Lily pela mão, até que ela ficasse de pé entre suas pernas –Se cuida.

As mãos dele deslizaram para a cintura dela e as da ruiva acabaram parando no ombro dele. Era engraçado ser "mais alta" que James. Sempre tinha que inclinar o pescoço para trás para ve-lo e agora tinha que olhar para baixo.

-Se você quiser sair, se precisar de socorro você me chama, ta? Qualquer hora. –ele roçou o nariz no dela –Eu vou te resgatar.

-Pode deixar. –ela falou baixo, mas os lábios dos dois ja estavam roçando-se.

-Lily, seu táxi está aqui! –a voz do pai de Lily soou no corredor, fazendo os dois se separarem.

-Seu pai está trabalhando contra mim. –James reclamou.

-Meu pai te adora. –Lily insistiu –Ele nunca deixou Vernon passar a noite, muito menos ficar no quarto da Petunia.

-Verdade? –ele pareceu mais animado.

-Verdade verdadeira. Eu te vejo depois. –deu um selinho nele –E não deixe meus pais começarem a falar da faculdade. Ou você não vai dormir essa noite.

XxX

Quando Lily chegou em frente ao pub onde seria a despedida de solteira de Petunia quase virou e foi embora. O que estava fazendo ali? Sua irmã certamente não ia quere-la ali. As amigas de Petunia conseguiam ser piores que ela. E a irmã de Vernom... Ah Merlin. Devia ir embora enquanto ainda tinha a chance.

-Vai ficar parada ai na frente a noite inteira, aberração?

Petunia estava parada na porta do pub, olhando para Lily como se ela fosse louca. A ruiva provavelmente era. Se não fosse pela mãe nem estaria la, porque se Petunia não a queria ali, ela queria menos ainda estar la.

-Eu estou indo, Tuney. –ela suspirou.

Petunia torceu os lábios e não respondeu nada. O que surpreendeu Lily. Normalmente quando a caçula deslizava e chamava a irmã mais velha pelo apelido carinhoso de infância, Petunia só faltava grudar no teto de tanta raiva.

Lily mal cruzou a porta quando Petunia parou e virou-se para encara-la, um olhar irritado.

-Ei, eu nem fiz nada! -Lily defendeu-se.

-Eu só espero que continue desse jeito. –a outra avisou –Guida está aqui e eu quero que você faça uma boa impressão nela.

Lily nem tentou conter um gemido sofrido.

-Aquela mulher é um pé no saco, Tuney. –ela reclamou –Ela me odeia e, convenhamos, ela não vai nem com a sua cara direito.

Isso fez Petunia ficar ainda mais irritada.

-Ela não gosta de mim por sua culpa! –ela protestou –Você chutou o cachorro dela!

-Eu não chutei cachorro nenhum! –Lily defendeu-se, inconformada com a acusação –Aquele maldito estava roendo meu sapato preferido! E eu não chutei, só mexi o pé para puxa-lo pra cima da cadeira! Ela que começou a gritar como uma louca!

Petunia cruzou os braços.

-Você poderia ter lidado com tudo com mais graça, mas você nem sabe o significado dessa palavra. –ela acusou.

Lily bufou, começando a ficar seriamente irritada.

-Olha, Petunia, façamos um acordo: eu não queria estar aqui, você não queria que eu estivesse aqui. Eu só estou pela mamãe. Então que tal nós ficarmos fora do caminho uma da outra, eu tomo um suco, faço uma hora e vazo?

-Tirou as palavras da minha boca, Lily. –ela declarou, antes de empinar o queixo e sair dali pisando firme.

Lily levantou os olhos ao céu e pediu paciência, porque se pedisse força...

-Uma hora e eu vazo. De verdade.

XxX

Exatamente duas horas depois Lily até que estava se divertindo. Não sabia que as tias Beth e Nina estariam ali, mas felizmente elas estavam. Então Lily acabou ficando um pouco mais do que planejava. E, como tia Beth não achava que leis tinham sido escritas para serem seguidas, conseguiu desviar alguns screwdrivers, então ela estava um pouquinho, mas só um pouquinho, zonza.

-Lily, você não vai dormir no balcão né?

A ruiva sentou-se reta ao ouvir a voz de tia Nina. Só então percebeu que ela estivera quase dormindo.

-Eu acho melhor eu ir pra casa... –falou sem graça.

-Boa ideia. –Beth acatou –Eu vou chamar um taxi pra você, ok?

Lily apenas fez que sim com a cabeça.

-Eu vou buscar um copo de água. –Nina falou, levemente preocupada –Se te mandarmos para casa ruim seu pai mata nós duas.

Assim que as duas saíram de vista Lily deixou a cabeça cair sobre o balcão mais uma vez. Ela ia fechar os olhos só um pouquinho, não ia nem dormir...

-Você está bem ai, aberração?

Lily levantou a cabeça minimamente e viu Petunia parada ao seu lado, olhando-a com... Preocupação?

-To. –a ruiva falou –Só meio zonza e cansada.

-Eu vi a tia Beth te dando os screwdrivers. –ela suspirou –Você devia ter parado no segundo.

-Eu não parei? –Lily perguntou confusa.

Petunia revirou os olhos.

-Não. Você parou no quinto.

As duas ficaram em silêncio lado a lado por alguns segundos, até que Lily teve que falar alguma coisa.

-Por que você não está com as suas amigas?

Petunia esticou as costas até o máximo.

-Se você não quer que eu fique aqui...

-Não foi isso o que eu disse. –Lily falou, sentando-se melhor –Eu só perguntei.

Petunia fez um gesto de dispensa com a mão.

-Elas estão todas bêbadas e apostando quem consegue xavecar o barman. Eu não queria atrapalhar.

-Faz sentido... –Lily falou solene.

Mais alguns minutos se passaram em silêncio.

-Você acha... –Petunia parou e mordiscou o lábio inferior –Você acha que eu estou fazendo uma loucura? –ela perguntou de repente –Que eu sou muito nova para casar?

Lily olhou em choque.

-Eu achei que você queria casar.

-Eu quero! –Petunia protestou –Eu amo o Vernon e não consigo imaginar minha vida sem ele. Eu sei que você e a mamãe não entendem, porque ele não é lindo como o seu mocinho. –ela revirou os olhos –Mas não foi por isso que eu escolhi o Vernon. Quando eu estou com ele... –um suspiro –O mundo parece melhor.

-Então por que você está com dúvidas? –Lily perguntou confusa.

-E se ele cansar de mim? Eu não tenho nada de interessante, eu nunca vou ter um emprego fantástico, o máximo que eu vou ser vai ser dona de casa. –adicionou com um certo humor ácido –Eu não sou bonita como a mamãe... Ou você.

Lily sentiu o coração apertar. Ela e Petunia podiam não estar em bons termos há muito tempo, mas a ruiva ainda se prendia as memórias do passado, quando as duas eram melhores amigas. E mesmo que as duas brigassem feito cão e gato hoje em dia, não queria ver sua irmã mal. Petunia podia ser um pé no saco, mas, por algum motivo idiota, Lily a amava mesmo assim.

-Tuney... –Lily esticou a mão e tocou a da irmã –Você ama o Vernon?

-Claro que sim!

-E ele te ama?

Um sorriso bobo enfeitou o rosto de Petunia.

-Ama. –ela falou com certeza.

-Então vai dar tudo certo. –Lily assegurou –Amor é tudo o que é preciso, Petunia.

Nossa, agora estava começando a falar com James! Daqui a pouco ia começar a dar aqueles sorrisos irritantes de canto de lábio e a bagunçar os cabelos!

-Lily... –a ruiva olhou para a irmã –Obrigada. De verdade.

Petunia segurou a mão de Lily e, em troca, a ruiva apertou-a de forma asseguradora.

-Petty, Petty, venha aqui! –uma das amigas oxigenadas de Petunia gritou.

A garota revirou os olhos.

-Já vou, já vou. –virou-se para Lily –Volte pra casa com cuidado.

-Pode deixar.

Lily viu a irmã se afastar com um sorriso no rosto. Logo depois Beth e Nina se aproximaram.

-Aqui está, querida. –Nina entregou um copo com água para Lily –Toma um golão e dai vai para casa.

Lily aceitou o copo e tomou a agua.

-Demorou mesmo tudo isso para conseguir água e um taxi? –perguntou desconfiada.

Beth e Nina tinham sorrisos contentes no rosto.

-Não. –elas responderam juntas.

XxX

Tia Beth informou a Lily que todo bêbado pensa que está sendo silencioso, quando na verdade parece um cavalo trotando, então era melhor Lily tirar o sapato antes de entrar em casa, para não acordar os pais.

Quando Lily indicou que não estava bêbada, tia Beth a informou que todo bêbado pensa isso também.

Vencida por todos os lados Lily tirou os sapatos antes de entrar em casa. O andar de baixo estava escuro, então seus pais e James deviam ter ido para os quartos.

Ela subiu as escadas na ponta dos pés e viu a luz debaixo da porta do quarto dos pais acesa.

-Mãe, pai, cheguei. –avisou.

-Ok, moranguinho. –veio a resposta de Monica –Se divertiu?

-Sim, senhora. –ela falou, esperando que não soasse embriagada.

-Bom. Agora vai dormir antes que seu pai perceba que você andou bebendo, mocinha.

Droga! Monica não deixava nada escapar!

Desistindo totalmente de ser discreta, a ruiva entrou no próprio quarto e encontrou James lendo um livro deitado na cama.

-Ei, você demorou. –ele falou com um sorriso.

Lily suspirou, deixou bolsa e sapatos no chão de qualquer jeito, marchou até a cama e praticamente se jogou em cima de James.

-Ei! –ele riu, colocando o livro de lado e se arrumando na cama, de forma que pudesse passar um dos braços pela cintura de Lily.

A ruiva observou-o atentamente, de onde ele estava deitado e ela posicionada sobre ele.

-Você está bêbada. –ele constatou com um enorme sorriso divertido.

-Não. –ela balançou a cabeça vigorosamente, o que fez James rir.

-Mas você bebeu. –ele provocou.

-Só um pouquinho. –ela falou, enrugando o nariz e posicionando o dedo indicador e o dedão a pouca distância um do outro.

-Só um pouquinho? –James repetiu, imitando-a.

-U-hum. –ela assentiu, então olhou para ele –Eu acho que nós devíamos nos beijar. –declarou, então pareceu confusa –Por que você não está me beijando?

James riu de novo.

-Eu não vou me aproveitar de você desse jeito. –ele falou sorrindo, mas sincero.

-Ah ta. –a voz dela era de profundo entendimento, mas então... –Posso me aproveitar de você então? Só um pouquinho?

James explodiu em risadas e abraçou-a.

-Melhor você dormir, Lily. Amanhã eu deixo você se aproveitar de mim. –prometeu.

-Ok, então. –Mas se ele respondeu Lily nunca soube, porque no instante seguinte ela apagou.

XxX

Lily não queria levantar da cama, queria dormir o resto do dia. Mas havia algo chamando por ela... E tinha certeza que esse algo cheirava a chocolate quente.

A ruiva levantou a cabeça do travesseiro e deu de cara com James sentado ao seu lado na cama, segurando uma caneca e com um sorriso de divertimento absurdamente grande.

-Bom dia, raio de sol. –ele falou.

Lily sentou-se na cama e jogou um olhar desconfiado a ele.

-Bom dia. Que alegria é essa?

-Você chegou toda alegrinha ontem. -Ele passou a caneca para ela –Ta com dor de cabeça?

-Eu não bebi tanto assim. –revirou os olhos.

-Ah então você lembra que queria abusar "só um pouquinho" de mim? –ele provocou.

Lily corou com um tomate, mas optou pela sinceridade.

-Sim. –falou relutante.

James riu e inclinou-se para beija-la.

-Não se preocupe, meu amor. –falou contra boca dela –Hoje eu deixo você abusar um montão de mim.

Lily sentiu seu rosto ficar ainda mais quente, mas dessa vez não era só de vergonha.

-Mas vai ter que ser depois do casamento. –ele continuou.

Casamento? Mas de que casamento ele estava...

-Merlin! O casamento! –Lily levantou-se correndo e acabou derrubando chocolate na cama –Ah droga.

-Lily, calma! –James pediu rindo –Ainda são nove da manhã, por isso eu vim te acordar. Você tem vinte minutos para ficar pronta pra ir arrumar o cabelo, de acordo com a sua mãe.

-OK. Ok... –ela respirou fundou –Eu só vou limpar isso...

-Deixa comigo. –James garantiu –Vai la ficar mais linda que o normal. –brincou.

Lily riu. Ela colocou a caneca sobre seu criado mudo e abraçou James.

-Você é meu herói.

-Ah! –ele falou batendo os cílios –Assim você me deixa sem graça. Mas eu acho, que como herói, eu mereço um beijo.

Lily revirou os olhos, mas quando a boca de James tocou a sua até o tempo parou.