Boyfriend On Demand escrita por Madame Baggio


Capítulo 7
Sr e Sra Potter


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada por todos os reviews lindos que eu tenho recebido! Continuo pedindo desculpas pela demora, mas ta dificil aqui... rs

Enjoy!



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Mais uma vez quando Lily acordou ela estava esparramada na cama e James não estava no quarto. Ele devia ser do tipo que acordava cedo e era gentil o bastante para deixa-la ter a cama inteira, ja que durante toda a noite os dois tinham que se contentar com meia cama.

Se bem que... Lily não se sentia como se tivesse dormido espremida. Mais uma vez ela sentia-se como se nunca tivesse dormido melhor em toda sua vida. Devia sentir mais saudade da sua cama do que imaginava.

Quando desceu as escadas para ir até a cozinha James estava sentado a mesa, enquanto assistia Anthony e Monica discutirem.

-Ta tudo bem? –Lily perguntou sentando-se ao lado dele.

-Eu não tenho certeza. –James admitiu sem tirar os olhos do casal que continuava a discutir –Pra ser sincero eu nem sei porque eles estão discutindo.

Lily jogou um olhar a seus pais, que nem tinham parado de brigar para falar bom dia para ela. Sua mãe tinha as mãos na cintura (nunca um bom sinal) e seu pai pareceria mais ameaçador, não fosse o avental e a espátula em sua mão.

-Como você pode dizer isso, Anthony! Se aquela lei ridícula for aprovada eu rasgo meu diploma! –Monica falou claramente irritada.

-Você está exagerando, Monica, como sempre! Será que você não pode ser racional uma vez na vida? Até parece que você vai rasgar seu diploma!

Lily olhou para a mesa e viu que havia um jornal ali. A matéria da manchete afirmava que o Parlamento planejava se encontrar para discutir a restituição da pena de morte na Inglaterra.

Lily revirou os olhos.

-Não liga. –ela falou para James, que ainda parecia preocupado –É discussão ideológica, não vai dar em nada e daqui a pouco eles esquecem.

James não parecia muito certo disso.

-Mãe, pai, to sentindo cheiro de queimado. –Lily falou calmamente, enquanto tirava o jornal da mesa e escondia na cadeira ao lado da sua.

Monica e Anthony pararam de discutir na hora, ele virando-se para a frigideira com ovos que ainda estava no fogo.

-Pega um prato para mim, Monica. –Anthony falou.

Monica entregou um prato ao marido que virou os ovos ali.

-Obrigado, meu amor. –ele deu um selinho em Monica que deu uma piscadela a ele e então beslicou sua bunda. Anthony apenas revirou os olhos e riu.

James parecia impressionado.

-Uau... Ja era?

-Ja. Não toca no assunto ou eles vão achar que tem que voltar a discutir. –Lily revirou os olhos –Eles discutem por besteira e dai esquecem do que estavam discutindo. Acontece o tempo todo.

James riu.

-Parece a gente. –ele provocou.

-Eu nunca esqueço porque eu brigo com você, James. –Lily falou com falsa doçura.

-Então qual foi o motivo da nossa última briga? –ele desafiou.

Ah essa era fácil! Tinha sido na semana antes das férias de Natal daquele ano! Ela tinha brigado com ele porque... Porque... Ah droga! Por que tinha sido mesmo?

-Porque você agiu como um idiota. –ela falou e esperou que parecesse convicente.

James abriu um sorriso maroto e estava a ponto de responder algo quando Monica cortou.

-Beijo de bom dia, os dois, agora! –ela mandou.

Os dois nem discutiram. Inclinaram-se para a frente e trocaram um selinho.

-Melhor assim. –Monica falou satisfeita –Vamos tomar café.

Logo todos estavam conversando e rindo. Foi quando uma coruja marrom entrou pela janela e pousou ao lado de James.

-MacGyver. –James falou surpreso.

Lily olhou para James como se ele tivesse enlouquecido.

-Eu achei que o nome da sua coruja era Sally.

-E é. MacGyver é a coruja dos meus pais. –ele falou, ainda surpreso.

-Por que esse nome? –Monica perguntou curiosa.

-Longa história. –James falou de forma distraída, pegando a carta que a coruja trazia.

O maroto e Lily trocaram um olhar, o mesmo pensamento correndo pela cabeça de ambos: como é que os pais de James sabiam que o endereço da casa dos Evans se eles não tinham contado?

James respirou fundo e abriu a carta.

James Andrew Potter!

Que história é essa de que você está na casa dos seus SOGROS, com a sua NAMORADA? Até onde eu sabia você tinha pedido para sair para ir no casamento de um amigo, não da sua CUNHADA!

Aliás, que história é essa de que você está finalmente namorando Lily Evans, A Lily Evans, há 3 MESES e não nos contou? Você tem muitas explicações a fazer, mocinho, então eu acho bom você pegar uma pena e começar a escrever JA!

E também ja que está conhecendo seus sogros acho bom você estar no seu melhor comportamento.

Quando nós vamos ter a honra de conhecer Lily? Nós ja ouvimos tanto dela que sentimos como se ela ja fosse da família. Vamos marcar alguma coisa para essa semana, já que vocês estão em Londres. (Caso você não tenha percebido, isso não foi uma sugestão).

Amamos você.

Mamãe e Papai.

PS: Seu pai quer saber se você lembrou de levar seu traje de gala ou se ele precisa enviar para você.

James dobrou a carta e engoliu em seco.

-Hum, Lily? Nós temos um... Pequeno problema. –ele falou de forma hesitante.

Lily arqueou a sobrancelha.

-Defina "nós" e defina "problema". –ela falou.

-Nós, eu e você, meu amor. –ele falou levemente irônico –E problema seria isso aqui. –entregou a carta para ela.

Lily leu a carta, seu queixo caindo cada vez mais.

-Absolutamente não. –ela declarou.

-O que foi? –Monica perguntou curiosa.

-Nada! –os dois responderam rapidamente ao mesmo tempo.

Monica revirou os olhos.

-A Petunia está vindo para o café da manhã. –ela declarou de repente.

-O que? –Lily perguntou em choque. E Monica aproveitou a distração da filha e tirou a carta da mão dela.

-Ah! Te peguei, jacaré. –ela comemorou.

-Mãe!

Monica leu a carta.

-Moranguinho, eu tive uma ideia genial! –ela declarou.

-Ah céus... –Anthony revirou os olhos.

Monica ignorou, mas entregou a carta para ele ler.

-Vamos convidar os pais do James para jantar amanhã!

Lily queria morrer.

-Mãe, eu não acho que isso seja uma boa ideia... –Lily falou com cuidado.

-Como não? Você precisa conhcer seus futuros sogros, Lily!

-Mãe, você só conheceu os seus na igreja, depois do casamento! –a ruiva menor falou por entre os dentes.

-Mas nós estamos falando de você, não de mim. –Monica rebateu.

Anthony bufou.

-James, você poderia convidar seus pais para jantarem conosco amanhã? –ele falou por fim –Nós podemos comer sushi naquele restaurante japonês que as duas tanto gostam.

-Mas, pai! –Lily prostestou praticamente em pânico –Amanhã é a despedida de solteira da Petunia! Eu tenho que ir.

Claro que Lily tinha vontade zero de ir na despedida de solteira da irmã, mas era melhor isso do que sair para jantar com os pais de James. Não queria envolver mais ninguem nessa loucura toda! Ja estava de bom tamanho seus pais estarem gostando de James, sua família estar tão feliz com esse relacionamento. Não queria por os pais dele na brincadeira.

-Hum, verdade. –Monica falou, murchando consideravelmente.

-Então almoço amanhã, naquele espanhol perto do seu escritório. –Anthony concluiu, e a mulher voltou a ficar feliz.

-Ok... –James falou hesitante –Eu escrevo pra eles depois e...

-Não, não! Escreve ja! –Monica insistiu –Se você sair daqui eu tenho certeza de que a Lily vai usar todo o charme dela pra te convencer a não escrever nada!

-Mãe! –Lily protestou, mas havia um sorriso relutante em seus lábios –Você está insinuando que não confia em mim?

Monica fez uma pose dramática.

-Por mais que me doa o coração... Sim, eu estou dizendo que você não pode ser confiada nesse quesito. –ela falou.

Lily riu e, sem escolha, James escreveu a carta, anotando o endereço que Anthony lhe passou para o restaurante.

-Alguma coisa interessante hoje? –Lily quis saber.

-Nós temos jantar na casa da família do Vernom. –Monica falou.

-Ah não, mãe, por fa...

-Eu disse nós, não vocês. –Monica cortou –Você e James têm a tarde e a noite livres. Divirtam-se.

-Fiquem fora de casa, em público! –Anthony falou de repente –Nada de ficar em casa, no... Quarto.

Lily sentiu-se corar.

Monica revirou os olhos.

-Deixa os dois, Anthony. Se o James desonrar a Lily muito a gente faz os dois casarem depois.

-MÃE!

-Cada dia que passa eu amo mais seus pais, Lily. –James falou rindo.

XxX

Assim que o pai e a mãe de Lily saíram para o trabalho a ruiva virou-se para James.

-Como seus pais ficaram sabendo disso? –ela quis saber.

James suspirou.

-O Sirius, com certeza. –ele falou cansado –Ele provavelmente pensou que seria hilário nós termos que nos explicar para meus pais.

Lily tentou contar até dez. Assim que voltasse a Hogwarts tinha que se lembrar de matar Sirius.

-O que eu deveria esperar? –ela perguntou por fim.

-Bom... –James pareceu pensar por um minuto –Eu não sei se isso é uma boa ou uma má notícia, mas meus pais são praticamente iguais aos seus, cheios de amor para dar e sem papas nas línguas. O único problema é que nenhum dos dois é mais quieto que nem seu pai, então no geral não tem ponto de equilíbrio.

Lily resmungou alguma coisa.

-Se serve de consolo minha mãe te adora antes mesmo de te conhecer e eles são super gente boa. –havia uma nota na voz de James que fez Lily perceber que, de certa forma, ele queria que ela conhecesse seus pais e gostasse deles.

-Espera ai. Como assim sua mãe me adora? –ela perguntou.

Lily viu, em fascinio, James corar. Nunca tinha visto o maroto perder a compostura daquela forma. Era bom ver que não era a única que ficava fazendo papel de tonta na frente dele.

-Eu... Talvez... –ele limpou a garganta –Eu posso ter falado de você um tanto... Insistentemente nesses últimos anos.

Lily arqueou a sobrancelha.

-Defina insistentemente. –ela provocou.

James estreitou os olhos.

-Eu declarei que você ia ser a próxima senhora Potter pelos últimos anos. Ta definido o bastante? –ele rebateu.

Foi a vez de Lily ficar sem graça.

James bufou.

-Olha, isso é passado, mas minha mãe acreditou, ok? –ele não parecia mais feliz do que ela com a situação –Ela acha que você é o tipo de mulher que eu preciso e... É isso. Ela ja gosta de você.

Droga, droga, droga! Ela odiava quando James fazia essas coisas, dizia essas coisas, porque fazia com que ela se sentisse uma monstra, mesmo que essa não fosse a intenção dele.

Como ele tivera coragem de ser apaixonado por ela, ainda ser, depois de todos os anos que ela o tratou de forma tão terrível? Se tinha alguem que não merecia um rapaz como James esse alguem era ela. E cada dia que ela o forçava a ficar nessa farsa ela merecia ainda menos.

Lily abaixou a cabeça.

-Eu sinto muito por tudo isso, James. –ela falou sincera.

James se aproximou dela e levantou o queixo da ruiva, fazendo-a encarar.

-Ei, eu que aceitei vir, Lily –ele falou –Eu devia ter imaginado que Sirius ia fazer alguma coisa idiota nesse sentido.

Ah, por que ele tinha que ser tão maravilhoso?

-Não era disso que eu estava falando, James. –ela falou.

James deu um sorriso triste.

-Eu sei. Mas eu sou um menino grandinho, Lily. –ele falou –Eu sei me cuidar.

Lily não queria acreditar. Queria dizer que tudo aquilo era besteira, mas não tinha coragem. Porque se ela falasse que James estava mentindo e ele assumisse o que faria? O que ela ia fazer se ele resolvesse falar diretamente para ela que ainda gostava dela? Que a amava? Lily não queria ter que lidar com isso. Não agora.

-Certo. Certo. –ela se afastou um passo –Vamos terminar de nos arrumar e sair? –ela perguntou, tentando soar animada.

E James, como sempre, sorriu e acompanhou.

-Vamos.

XxX

Lily levou James para Portobello Road, uma das feiras de antinguidades mais movimentadas de Londres. La os dois caminharam juntos, compraram presentes para os pais de Lily e para os de James, almoçaram em um pub lindo e então James quis assistir um filme no cinema.

-O que você quer ver? –Lily perguntou, analisando as opções.

James pareceu pensar.

-Se eu disser que quero assistir o tal de ação... –ele perguntou com cuidado.

Lily revirou os olhos.

-Eu vou respirar fundo e aguentar. –ela assegurou –O que você quer ver?

-Velozes e Furiosos! –ele falou animado.

Lily riu, mas os dois foram assistir o filme mesmo assi.

-Obrigada por ter me feito assistir o filme, James. –Lily falou na saída do cinema –O loirinho la era uma graça.

James não pareceu nada feliz com isso.

-Eu sou mais eu. –ele reclamou.

Lily riu.

-Vamos para casa e eu faço o jantar? –ela propôs.

-Que namorada mais prendada eu tenho. –James brincou, virando-se para Lily.

Nessa hora o olhar dos dois se atraíram e de repente o mundo tinha se resumido a eles. Quando James olhou para a boca de Lily pareceu incrivelmente natural que ela se aproximasse mais, e assim que ele chegou mais perto ela fechou os olhos.

Foi um beijo lento e simples, porque não havia pressão, nem desculpa. Dessa vez ele a beijara porque quisera e ela aceitar porque também quisera.

E foi nessa hora que Lily se tocara de uma coisa: isso não era mais uma farsa. Em algum momento de toda a confusão James se tornara seu namorado de verdade.

A ruiva afastou-o suavemente.

-Melhor irmos embora. –ela falou sem realmente encara-lo –Eu esotu cansada.

James não falou nada, apenas concordou e os dois entraram em um beco e aparataram de volta na casa de Lily.

A ruiva fez James sentar-se em frente a TV enquanto ela corria para a cozinha para fazer o jantar. Sim, ela estava fugindo, mas precisava desesperadamente de um tempo sozinha para pensar e organizar as ideias. O bom era que James parecia entender isso, porque ele não disse nada quando Lily forçou-o a se sentar.

Na cozinha ela tirou uma lasanha do freezer e jogou no microondas, então sentou-se no balcão e deixou toda a confusão de sentimentos invadi-la.

O que tinha feito? Merlin! Como podia ter sido tão burra? O que ia fazer agora? Não tinha desculpas dessa vez. Beijara o maroto porque quisera e tinha que assumir, mas ainda sim não era certo.

Não gostava de James como ele parecia gostar dela. Lily meio que gostava dele, mas sabia que era só ali, fora da escola, sem pressão de estudos ou das vidas completamente diferentes que levavam dentro de Hogwarts. No castelo ainda era a menina que recusou James Potter por anos. O que todos falariam de depois de tanto tempo ela simplesmente cedesse? Seria como declarar que ela perdera e ele vencera!

E também havia o comportamento dele na escola: o causador de problemas, o engraçadinho, o jogador afixionado. Felizmente James parara o bullying com os outros alunos, mas mesmo assim! Ele ainda era o babaca e ela ainda era a monitora estraga-prazeres.

Em Hogwarts nunca poderiam ficar juntos. O que os outros pensariam?

Nessa hora o microondas apitou, indicando que a comida estava pronta.

Os dois comeram em silencio, que apenas foi quebrado quando James informou-a que seus pais tinham respondido a carta, aceitando o almoço do dia seguinte. Depois sentaram-se lado a lado no sofá para assistir a um documentário qualquer. James estava estranhamente quieto, parecia estar pensando seriamente sobre alguma coisa.

De repente o maroto passou o braço pelo ombro da ruiva e puxou-a para o seu lado. Lily estava para protestar quando seus pais abriram a porta. James realmente estava mais alerta que ela...

-Ah meus bebês! –Monica falou sorrindo ao ver os dois –Como foi o dia de vocês?

-Foi bom. E o jantar?

-Um terror. A família do Vernon é um pesadelo. –Monica falou –Se ele não amasse tanto a sua irmã eu seria totalmente contra esse casamento.

-Eu também. –Anthony concordou.

É, Lily também pensava assim.

Eles conversaram rapidamente e logo Lily deu uma desculpa para subir e ir dormir. Ela estava arrumando a cama, colocando os travesseiros que sempre os separavam quando James entrou. Ele não disse nada, apenas foi até o banheiro e se trocou.

Os dois então se deitaram na cama, cada um de um lado do muro de travesseiros e Lily apagou a luz.

Havia ali um equilibrio muito delicado. Uma linha que estava a um passo de ser arrebentada e Lily não sabia o que fazer para evitar um desastre.

-Lily? –a voz de James chamou hesitante.

A ruiva respirou fundo. Ia dar tudo certo.

-O que, James?

-Eu estava pensando... –ele hesitou –Isso tudo é falso, certo? Nós estamos mentindo para todo mundo.

Para que falar o óbvio?

-Bom... Se nós ja estamos namorando de mentira na frente de todo mundo... –ela viu a sombra dele se sentar na cama e virar-se em sua direção, como que para olha-la, apesar da escuridão –Por que não podemos namorar de mentira quando estamos sozinhos?

O coração de Lily se apertou.

-O que você quer dizer com isso? –a voz dela saiu num sussurro.

Ele hesitou de novo.

-Enquanto estivermos aqui, na sua casa, nós podemos... Ser realmente namorados. Só aqui, só agora. Só mais uma mentira.

Não, eles não podiam! Ela não podia aceitar. Era errado, James gostava dele e ela só gostava dele ali.

Quando voltassem para Hogwarts tudo voltaria a ser como antes: ela a perfeita e irritante Lily Evans e ele o arrogante e infantil James Potter.

-James...

-O que é uma mentira a mais, Lily?

-E Hogwarts? –ela insistiu.

-Quando nós voltarmos para la tudo acaba, sempre foi o combinado.-ele falou mais baixo, resignado.

Ela não podia.

-Eu preciso pensar...

-Não pense. –ele cortou gentilmente -Não vai ser necessário. –ele inclinou-se e beijou-a.

E ela deixou. Porque acabara de arrumar uma nova desculpa.

XxX

Quando Lily acordou na manhã seguinte havia a sua volta não só aquele senso de paz que vinha experimentando todos esses dias, mas também um conforto surpreendente. Afundou a cabeça no travesseiro e aspirou o perfume delicioso e familiar que havia ali.

-Bom dia, Lily. –a voz de James fez com que ela abrisse os olhos.

A ruiva corou ao ver que estava totalmente enroscada em James, sua cabeça afundada no ombro dele, não em um travesseiro.

Na noite anteiror os dois haviam selado um acordo, se beijado e então voltado a dormir, mas Lily não se lembrava de abraçar James.

-Você faz isso toda noite. –James falou com um sorriso divertido –Primeiro você abraça o travesseiro entre a gente, acaba jogando ele pra fora da cama. De repente você me ataca. Eu sou apenas um rapaz indefeso. –ele riu.

Lily lançou-lhe um olhar e estava a um passo de chama-lo de mentiroso, mas sabia que era provavelmente verdade. Ela sempre tivera um sono agitado, onde abraçava o que estivesse em volta e depois chutava para fora da cama. As vezes acordava no meio da cama sem travesseiro, lençol ou cobertor algum.

-Por isso você tem acordado cedo? Pra eu não te chutar da cama? –ela quis saber.

-Na verdade você sossega depois que me abraça... –ele falou pensativo –Eu estava acordando mais cedo pra evitar que você visse nós dois desse jeito e ficasse sem graça... Ou me matasse.

Lily sentiu ainda mais vergonha.

-Não acredito que você me deixou ficar te abraçando como travesseiro todo esse tempo...

-Eu aproveitei bastante. –ele falou sem um pingo de vergonha –Sabe quantos caras em Hogwarts dariam um braço pra dormir desse jeito com você?

Lily revirou os olhos e sentou-se na cama.

-Muito engraçado, Potter. Agora levanta. –ela acertou-o com o travesseiro –Vamos tomar café e não se esqueça que mais tarde temos que almoçar com seus pais.

-Claro, querida. O que você quiser, querida. –ele falou com um sorriso enorme.

Lily deu outra travesseirada nele.

Os dois desceram as escadas rindo logo em seguida, encontrando Monica e Anthony ja tomando café, quase a ponto de sair de casa para o trabalho.

Eles conversaram por alguns minutos, então Monica se levantou.

-Não se esqueça do almoço com os sogros hoje, Lily! –ela falou animada.

-Não irei esquecer, mãe. –Lily revirou os olhos.

Monica abraçou a filha de repente.

-Ontem quando nós chegamos em casa parecia que você e James tinham brigado e eu estava preocupada, -ela falou no ouvido de Lily, para que apenas a filha ouvisse –Mas hoje vocês parecem estar muito bem, então eu fico feliz que vocês tenham resolvido o que quer que tenha acontecido.

Lily respirou fundo.

-Foi uma besteira, mãe. –ela tentou se afastar suavemente.

Monica não deixou.

-Ele gosta muito de você, Lily, da pra ver pelo jeito que ele te olha. E você também gosta muito dele, da pra ver no seu olhar. Mas você está guardando uma parte sua, você não está entregando todo seu coração pra ele. –Monica advertiu –E isso vai acabar machucando vocês dois.

Lily olhou em choque para a mãe quando ela se afastou.

-Almoço no espanhol, queridos! –ela falou animada, como se nada tivesse acontecido –Se comportem e nada de sexo na minha cama.

-MÃE!

XxX

Quando James e Lily chegaram no restaurante Monica e Anthony já estavam la, brigando para escolher o vinho. Monica queria tinto, Anthony queria branco. Eles decidiram que Lily iria resolver e a ruiva pediu rosê.

James apenas riu de tudo. As vezes Lily parecia a mãe responsável, enquanto Monica e Anthony causavam confusão ao redor dela e, na verdade, a ruiva sentia-se assim ocasionalmente.

Eles conversaram por um tempo, enquanto Lily sentia seu nervosismo se elevando cada vez mais.

-Ei, fica calma. –James brincou, segurando a mão dela –Meus pais vão te adorar e você está linda hoje.

-Não acredite nele, Lily. –Monica provocou com um sorriso divertido –Seu pai me disse a mesma coisa e sua vó me odiou.

Anthony revirou os olhos.

-Ela foi te conhecer depois do casamento, Monica. Nós mal avisamos as pessoas que nós estávamos namorando quando resolvemos casar e declarar que estávamos procriando. –ele falou irônico.

Monica estreitou os olhos.

-Se você tem algum problema com isso é só avisar, Evans. Eu conheço uma ótima advogada de divórcios.

Foi a vez de Anthony estreitar os olhos.

Lily ignorou os dois, embora James parecesse levemente preocupado.

-Não se preocupe. –ela assegurou –Eles falam que vão largar desde que eu me lembro por gente.

-Vocês trouxas são estranhos. Por que vocês casam com alguem pensando em largar? –ele perguntou sinceramente confuso.

-Vai dizer que vocês bruxos não divorciam? –ela retrucou.

-É muito difícil, apenas em casos extremos. Casamentos bruxos são feitos com laços mágicos, que realmente unem as pessoas. É uma promessa de eternidade que é levada ao pé da letra.

-Como um Voto Perpétuo? –Lily perguntou curiosa.

-Mais ou menos. –ele cedeu.

-Nós não nos casamos pensando em largar, James. –Lily falou, finalmente respondendo a pergunta anterior dele –Pelo menos não na maioria dos casos. As vezes simplesmente acontece. As vezes, só o amor não basta.

James apertou a mão da ruiva levemente.

-Amor é tudo o que é preciso, Lily. –ele falou sério.

Lily ia retrucar quando o olhar de James foi parar na porta do restaurante e ele abriu um pequeno sorriso, então a ruiva virou-se para ver o que ele vira.

O casal Potter, só podia.

O casal parado na porta era obviamente bruxo, apesar de estarem muito bem vestidos como trouxas. Havia um ar diferente ao redor deles, além de uma forma curiosa, mas discreta de olhar em volta. Além de tudo o homem era uma versão de James, mais velha. Só podia ser o pai dele.

A mulher, Giulia, esse era o nome da mãe de James, correu os olhos pelos salão do restaurante e quando encontraram James ela abriu um enorme sorriso.

Ela caminhou até eles, com Andrew, o pai, logo atrás, como se fosse uma modelo na passarela. Era incrível a classe, o porte, a...

-Meu bebê! –ela declarou de repente e antes que James conseguisse se levantar direito ela ja o estava abraçando e quase fazendo os dois caírem.

-Mãe. –James reclamou, segurando-se para não cair.

-Ah como você está lindo, bebê! –Giulia falou, separando-se brevemente dele e olhando-o no rosto, os olhos começando a encher-se de lágrimas –Parece que... Cada vez que eu te vejo... Você é mais um homenzinho e menos meu bebê.

James soltou um gemido sofrido.

-Mãe... –ele falou num tom sofrido que lembrava muito Lily sua própria voz ao falar com Monica as vezes -Pai, faz ela parar. –pediu aflito.

-Eu não. –Andrew falou tranquilo –Pelo menos agora ela te torra um pouco e me deixa em paz.

-Eu ouvi essa, Potter. –Giulia falou num tom ameaçador.

Lily assistia em fascínio toda a cena. Esse tempo todo ela ficara morrendo de vergonha pensando em como James ia reagir aos pais dela quando na verdade... Os dele eram quase piores!

De repente o olhar de Giulia fixou-se em Lily como um radar. A morena de belos olhos castanho-esverdeados, exatamente iguais aos de James, colocou as mãos na cintura.

-Então quer dizer que você é Lily Evans? –ela exigiu.

Lily engoliu em seco. A mãe de James a odiava! Claro que odiava, por que não odiara? Ela maltratara o bebê de Giulia por anos! Ela não acreditava que tinha deixado James convence-la do contrário!

Lily estava considerando implorar por perdão quando Giulia abriu um sorriso gigante.

-Eu não acredito que eu estou finalmente te conhecendo! –ela declarou animada, antes de abraçar Lily, que a essa altura ja estava de pé junto com os pais –James fala tanto de você! E você é tão linda quanto ele sempre disse. –completou olhando para a ruiva.

Lily corou até o último fio de cabelo. Andrew riu.

-Giulia, você está deixando a menina sem graça. –ele falou –Apesar de ela realmente ficar ainda mais linda toda corada.

-Você precisa ver ela brava. –James completou.

-Ah que grosseria a minha! –Giulia falou de repente, virando-se para os pais de Lily –Eu sou Giulia Potter, mãe do James. É um prazer enorme almoçar com vocês. Nós adoramos o convite.

Monica apertou a mão da mulher com entusiasmo.

-O prazer é todo nosso. Eu sou Monica e esse é meu marido, Anthony.

Os adultos trocaram todas as delicadezas e cumprimentos enquanto Lily respirava em alívio. Ok, tinha passado e aparentemente a mãe de James não a odiava.E ela não queria pensar porque isso era importante, já que o namoro não era de verdade.

Os pais de James eram incríveis. Eles tinham uma conexão que lembrava muito a dos pais dela. Os dois tinham estudado juntos em Hogwarts, embora Giulia fosse Corvinal e Andrew Grifinório. Os dois tinham se odiado, numa rivalidade baseada em Quadribol, ela era artilheira e ele também, e em competição pelas melhores notas. No sétimo ano ambos foram escolhidos Monitores-Chefes e tendo que conviver junto descobriram que não se odiavam tanto assim.

-Quando James vinha para casa reclamando dessa ruiva cdf nós sabíamos que só podia ser amor. –Giulia comentou.

-E também sabíamos que ia demorar. –Andrew falou rindo –Foi o entretenimento da década.

James bufou.

-O apoio da família sempre foi muito importante. –ele falou, com claro sarcasmo –Eles faziam apostas sobre a gente. Quanto tempo até eu entender que gostava de você? Quanto até eu admitir? Eu ia criar coragem e te agarrar algum dia?

Lily riu.

-Eu espero que você não tenha feito o último. –Anthony indicou.

James pareceu a um passo de entrar em pânico.

-Claro que não, senhor Evans.

Monica deu uma cotovelada no marido.

-Quem vê pensa que você nunca me agarrou, Anthony. –ela falou.

-Ele agarrou? –Giulia perguntou curiosa.

-Em minha defesa... –Anthony começou, claramente incomodado pelo tópico –Nenhum de nós estava exatamente sóbrio.

-Grande desculpa. –Monica debochou –Nós fizemos faculdade juntos e também nos "odiávamos". De tanto a gente brigar um dos nossos professores perdeu a paciência e nos forçou a fazer um trabalho juntos, dizendo que se nós queríamos nos comportar como adolescentes ele iria nos tratar dessa forma.

-E quando o trabalho começou a virar apenas outra batalha os demais alunos fizeram uma aposta gigante, pra ver quem acertava quando nós finalmente nos resolvíamos. –Anthony falou –Mas dai veio aquela festa...

-Foi na república vizinha a minha. –Monica cortou animada –Eu nunca achei que ele fosse aparecer, ele era tão certinho. –os dois compartilharam um sorriso –Mas ele apareceu e ja estava tão chacoalhado quanto eu.

Anthony limpou a garganta constrangido.

-Nós discutimos, eu beijei a Monica e passamos os próximos três meses brigando para ver quem ia admitir primeiro que queria namorar a sério. –ele falou –E dai foi mais ou menos isso de namoro, até descobrirmos que ela estava grávida e corrermos para a igreja.

-Não fale desse jeito, querido. –Monica segurou a mão dela –Eu amei cada segundo de cada briga, cada minuto de namoro e não trocaria nosso casamento por cerimônia nenhuma.

Lily viu, com emoção, que apesar de todas as brincadeiras seus pais ainda eram tão apaixonados um pelo outro como sempre foram. E era isso que ela queria.

Logo chegou a comida, mesmo o tempo parecendo não passar, daquele jeito bom, em que um minuto vira uma hora sem você ver.

Lily estava a um passo de por uma garfada na boca quando James limpou a garganta.

-Lily linda? –ele falou.

Lily revirou os olhos.

-O que foi? -ela quis saber.

-Você não pode comer camarão. –ele falou, indicando o dito bicho no garfo a caminho da boca dela.

-Claro que posso e você sabe muito bem disso. –a ruiva bufou.

Giulia pareceu confusa.

-Ué, mas você não beija ela na boca, James?

Lily corou e Monica abriu um enorme sorriso maldoso.

-Ah beija sim...

- Mãe! –a ruiva mais nova protestou, mortificada -De qualquer jeito... A gente ja fez o teste e ele não morreu.

Giulia pareceu refletir sobre isso.

-Mas foi um beijo profundo? Tipo, lingua e tudo?

Lily só queria morrer ali mesmo de tanta vergonha. James achou que seria um bom momento para interferir.

-Ô mãe, o importante de história é que eu não morri.

-Mas acho que se a gente não parar de falar de beijos e linguas o Antony é quem vai morrer... –Monica flaou, lançando um olhar cuidadoso ao marido que estava analisando seu prato com mais atenção do que o extritamente necessário.

-Ah Merlin, por que você me odeia tanto? –a ruiva perguntou, olhos voltados para o teto.


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Notas finais do capítulo

Comentem!!!

B-jão