Boyfriend On Demand escrita por Madame Baggio


Capítulo 9
O Casamento


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei, eu demorei T.T Mas juro que não foi de propósito, nunca é! hahahaha

Ai está o penúltimo capítulo da nossa trama! Muito obrigada por todos os comentários! Espero que voces curtam esse tambem! E falando em curtir... Lembrem de curtir minha página no face: Madame Baggio! Atualizações e novidades sempre por la!



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Lily respirou fundo e tentou conter sua irritação com as outras madrinhas. Elas não paravam de falar ao mesmo tempo, fazendo uma barulheira muito semelhante a de galinhas no galinheiro. E não ajudava muito que Petunia resolvera ter um chilique de ultima hora referente a... Bom, Lily não tinha certeza sobre o que o chilique era exatamente, mas suspeitava que fosse a vida humana em geral.

-E eu estou gorda nesse vestido! –Petunia declarou gritando –Por que nenhuma de vocês me falou que eu fico gorda nesse vestido?

-Mas Petty, você não está gorda! –Meg, uma das madrinhas, falou quase em pânico.

-E essa maquiagem? Que usa prata num casamento durante o dia? –a noiva maluca continuou.

-Você, pelo jeito. –Jessie, a outra madrinha, falou de forma seca.

Essas imbecis não estavam ajudando em nada e as outras três madrinhas, que não paravam de falar, muito menos. Então Lily teve que tomar uma atitude.

A ruiva marchou até a irmã, segurou-a pelo rosto, com cuidado para não manchar maquiagem ou estragar cabelo, e fez Petunia olhar em seus olhos.

-Petunia, você está linda. Vernon não vai acreditar na sorte que teve ao escolher você para casar. O casamento vai estar ótimo, a decoração está incrível! –ela falou de forma veemente –Agora respira fundo e segura as pontas ai, porque nós temos que entrar antes que todos achem que você mudou de ideia.

Petunia fechou os olhos e inalou profundamente.

-Ok. Ok. –ela abriu os olhos e sorriu para Lily –Eu estava precisando disso.

Lily sorriu de volta para Petunia.

-Pronta? –perguntou.

-Pronta. –sua irmã respondeu.

Lily colocou a cabeça para fora da salinha onde elas estavam esperando e chamou Monica.

-Ela está pronta.

-Finalmente. –a ruiva mais velha revirou os olhos –Façam a filinha das virgens e se preparem.

Lily revirou os olhos dessa vez.

-Façam a fila, meninas.

As madrinhas e Petunia tomaram posições, com a noiva por último.

-Jessica, a Lily vai ser a primeira. –ela declarou.

-Mas... Mas... –Jessie parecia perdida –Eu ia ser a primeira!

-Ia, não vai mais. –Petunia bufou –Vamos logo. Lily, vai pra frente.

Lily segurou o riso e foi para a frente da fila, enquanto ouvia Jessie resmungando.

A ruiva passou a mão pelo vestido, que no fim não era abóbora, mas azul celeste. Monica lhe dissera que Petunia mudara a cor quase que de última hora. O desenho era bem simples, mas a cor ficava muito bonita em Lily. Bem melhor que abóbora com certeza.

-OK, queridas, tia Monica vai avisar que vocês estão prontas. –Monica falou –Moranguinho, você entra quando a música começar.

Lily fez que sim com a cabeça e Monica saiu dali. As mulheres seguiram em uma fila silenciosa até a porta que levaria ao altar. Um minuto depois Anthony saiu por ela.

-Você está linda, Lily. –ele falou para sua caçula, então virou-se para as outras madrinhas –Vocês também estão lindas, senhoritas.

Lily bufou com as risadinhas de colegiais que as encalhadas soltaram.

-E você, Petunia... –Anthony suspirou –Parece uma princesa. Eu nunca te vi mais bonita ou radiante. –ele deu um beijo na testa de sua filha mais velha –Eu não tenho certeza se quero te entregar para um homem.

Petunia deu uma risada chorosa.

-Pai...

-Só se lembre que eu sempre vou ser o homem que mais vai te amar, pode ser?

Era impressão de Lily ou a voz de Anthony também estava embargada?

Com um sorriso no rosto Lily esperou as primeiras notas da música atravessarem a porta.

Petunia decidira que ao invés de entrar ao som da marcha nupcial ela queria "All I ask of you", do Fantasma da Ópera, tocado em violino. Lily gostava da ideia.

A porta se abriu e Lily entrou puxando a fila, rezando para não cair no chão, ja que todos os olhos pareciam estar nela. E foi passando pela primeira fila que seu olhar cruzou com o de James.

O maroto estava ali parado, com Monica ao seu lado, vestido no terno que compraram, os cabelos na mesma bagunça de sempre. O sorriso no seu rosto era gigante e só de te-lo ali, Lily sentiu-se a mulher mais feliz do mundo.

Trocou um sorriso com ele ao passar e o viu formar a frase "você está linda" só movendo a boca.

Logo as madrinhas e padrinhos estavam em posição, Anthony entregara Petunia a Vernon e o casamento pôde começar.

Lily viu a mão de sua irmã tremer, embora seu sorriso fosse radiante. Viu Monica chorando a cerimonia toda, segurando a mão do marido. Ela mesma derrubou várias lágrimas. James prestou atenção em toda a cerimonia, com um interesse curioso, mas os olhos castanhos dele sempre voltavam para ela.

A ruiva sentiu um aperto no peito. O casamento era hoje, amanhã eles estariam de volta a Hogwarts e tudo estaria terminado. Não acordaria mais ao lado dele nas manhãs, não teriam todo o tempo do mundo um para o outro. Não teriam mais um ao outro.

Lily engoliu em seco. Nessa hora percebeu que James a olhava de forma preocupada. Ele fez um gesto com a cabeça, como se perguntasse qual era o problema. Mas Lily não saberia explicar, porque nem ela entendia onde tudo tinha dado errado.

Por que de repente ficar longe de James Potter parecia um sacrifico, quando antes sempre fora tão fácil?

xXx

-Vou te contar, ruiva, que família emotiva! –James falou –Eu achei que sua mãe estava triste com o casamento de tanto que ela chorou! E sua irmã também chorou bastante no final, eu achei que ela já estava arrependida. E você não ficou nada atrás.

Lily estreitou os olhos.

-Você é um insensível, James Potter! –ela declarou irritada –Toda mulher chora em casamento.

-Chorar é uma coisa. Alagar a igreja é outra. –ele informou.

Lily deu um tapa no ombro dele.

-Imbecil. –ela resmungou –Nós somos um pouquinho emotivas e dai?

James arqueou a sobrancelha na parte do "pouco". Lily acabou não resistindo e rindo.

-Ok, talvez a gente exagere um pouco, mas não é sempre que alguém casa na família. –ela suspirou.

James riu baixinho e Lily sentiu a vibração da risada contra seu rosto, já que tinha a bochecha apoiada no peito de James enquanto os dois dançavam.

Casamentos eram coisas cansativas, Lily decidiu. Depois da cerimônia, eles tiveram que tirar milhares de fotos na igreja, no jardim, na recepção... Enfim. Fora um verdadeiro tédio! Lily ficou profundamente agradecida quando James viera resgata-la. Mas mudara de ideia no momento em que ele a arrastara para a pista de dança.

O que tinha querido mesmo era sentar e descansar, beber alguma coisa. Tinha que ser James para achar que ela queria dançar depois de tanto tempo em pé! Mas... Até que era bom.

Dançar com James era bom, como tudo com James era bom. Ele cheirava bem, sua voz era gostosa de ouvir, suas mãos eram gentis quando tocavam nela, sem serem super-protetoras.

Então ela aceitou dançar, mas só um pouquinho por queria mesmo sentar. A sandália de salto estava começando a incomodar muito.

-Vem, vamos sentar, antes que você durma de pé. –James brincou.

Lily nem tinha percebido que fechara os olhos.

-Vamos. Eu quero beber alguma coisa.

-Só se for o mesmo que você bebeu ontem. –James falou com um sorriso maroto –Eu até deixo você realmente abusar de mim dessa vez.

Lily soltou um gemido sofrido.

-Você nunca vai me deixar esquecer isso né? –ela adivinhou.

-Nunquinha. –ele prometeu divertido.

Mas ela acabou rindo, porque convenhamos, embora tivesse sido vergonhoso para ela, devia ter sido muito engraçado para ele.

Os dois sentaram-se em uma mesa um pouco mais afastada e Lily deixou-se observar o resto da festa. Algumas pessoas ja se aventuravam na pista de dança, inclusive o casal Evans. Lily sorriu ao ver a mãe forçar o pai a dançar. Anthony e Monica eram a prova viva de que os opostos se atraíam e se completavam. Não conseguia imaginar um casal mais bonito em todo o mundo.

-Eu vou ter que caçar um garçom. -James declarou bufando -Eles parecem ter esquecido desse lado do salão.

-James, eu não vou morrer de sede. -Lily falou -Eu posso esperar até que alguém resolva aparecer.

-Não, não. -o moreno declarou distraidamente -Eu já volto.

E antes que Lily pudesse protestar James ja se levantara e saíra em direção desconhecida. Lily revirou os olhos, mas não conseguiu guardar o sorriso.

Aproveitou que todos estavam ocupados em outras coisas e tirou os sapatos. A sandália que Petúnia escolhera era linda, mas absurdamente desconfortável. Feliz de ter os pés livre, mexeu os dedos e colocou os pés sobre uma cadeira, soltando um suspiro feliz.

-Que falta de classe, Lilian!

Lily respirou fundo e recitou todas as coisas que poderiam acontecer se ela lançasse um feitiço na tia-avó.

-Oi para você também, tia Martha. -ela falou, sem sequer olhar na direção da tia.

-Tire os pés da cadeira agora mesmo! -a mulher falou -E fique reta! Ja não basta ter puxado a cor da sua mãe, ainda tem que puxar a falta de educação.

Lily sentiu o sangue ferver ao ouvir aquela mulher falar de sua mãe.

-E por que você não está fazendo social com os convidados? -Martha continuou.

-Porque o casamento não é meu. -Lily falou por entre os dentes.

-Claro que não é. Quem iria querer casar com uma menina mal educada como você? -Martha cutucou -Mas é o casamento da sua irmã e o mínimo que você poderia fazer é ser agradável com a nova família dela.

-Pra que? Eles não fazem a mínima questão de serem agradáveis comigo. -ela rebateu.

-Até nisso você é igualzinha a sua mãe! -Martha esbravejou -Agindo como se fosse superior a todo o resto, quando ela tem sorte de ter conseguido enrolar Anthony com aquela conversa mole de gravidez acidental.

Ah não! Isso ja era demais.

-Você não se atreva a falar assim da minha mãe! -Lily falou levantando-se.

-Eu falou daquela mulherzinha como eu bem entender. -Martha falou com desdém.

-O que está acontecendo?

Lily pulou de susto ao ouvir a voz de Petúnia se aproximando.

-Oh Petty! –Martha falou, levemente alarmada –Essa sua irmã, que como sempre...

-Eu estou falando do que você falou, Martha. –Petunia falou de forma irritada –Do que você chamou minha mãe?

A mulher gaguejou.

-Ora, Petty, não é nenhum segredo que muitas mulheres usam esse golpe...

-"Esse golpe"? É disso que você está me chamando? "Esse golpe"? Porque caso você não se lembre, eu nasci primeiro. –ela falou irritada.

-Não, não, querida! –Martha apressou-se em dizer –Você é uma preciosidade para essa família, sua mãe por outro lado...

-Eu não acredito que você tem a cara de pau de falar mal da minha mãe na minha frente! –Petunia esbravejou.

-Petunia, não precisa agir assim! –a mulher falou.

-Ah precisa sim! –Lily se intrometeu na conversa. -Você não sabe fazer outra coisa a não ser falar mal da nossa mãe! Pelo menos ela não é uma solteirona amarga, como você!

-Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? –tio Josh perguntou se aproximando –As vozes de vocês três estão começando a ficar meio altas.

Petunia comprimiu os lábios e respirou fundo.

-Tia Martha está cansada e precisa ir embora. –ela declarou –Você a levaria para casa, tio Josh?

O queixo da mulher despencou e Lily teve que lutar contra um sorriso.

-Petunia...

-Acho que você já disse o bastante por hoje. –a noiva avisou –É melhor você ir embora.

Josh olhou de uma para a outra e pareceu achar melhor ouvir o aviso na voz de Petunia.

-Vamos, mãe. Eu te levo embora.

A mulher pareceu se dar por vencida, mas ainda empinou o queixo, antes de seguir o filho para fora.

Lily desabou na cadeira assim que viu os dois se afastarem.

-Desculpa por isso. -pediu.

-A culpa não foi sua. -Petunia falou, sua voz ainda irritada -Quando eu ouvi ela chamando mamãe de "mulherzinha" eu quase meti minha mão na cara dela.

Lily riu baixinho.

-E você? -Petunia virou-se irritada para ela -Como ela chama nossa mãe dessas coisas e você nunca fez nada?

Lily olhou em choque para a irmã.

-Petunia! Você queria que eu fizesse o que? -perguntou indignada -Batesse numa mulher de oitenta anos?

-Claro que não! Mas nunca passou pela sua cabeça contar para o papai?

-Tia Martha é a tia preferida dele. Como você acha que se sentiria se soubesse disso?

-Bom, se ela chama a mamãe de mulherzinha, então ela não pode mais ser a tia preferida, você não acha? -sugeriu irônica -E por que você não falou para outra pessoa? Você poderia ter me contado!

-Eu não achei que você ia...

-O que? Acreditar em você? Por Deus, Lily, ela também é minha mãe, sabia? -Petunia bufou, jogando-se na cadeira ao lado de Lily.

As duas ficaram em silêncio por alguns minutos.

-Você vai amassar seu vestido. -Lily falou de forma fraca.

Petunia deu de ombros.

-Todas as fotos ja foram tiradas. Só falta dançar a valsa com papai e Vernon. Um pouco de amassado no vestido não vai me matar. -ela falou com uma calma que surpreendeu Lily.

Elas ficaram mais um pouco em silêncio, até Petunia suspirar.

-Sabe, Lily... Eu... Eu sei que eu não fui uma boa irmã nos últimos... Sei la, 6 anos? Mas... Não é que eu não goste de você. Eu só acho que, de algum jeito, nós fomos parar em mundos diferentes. -outro suspiro -É como se eu não pudesse mais te alcançar. Você fala de matérias que eu não conheço, bandas que eu nunca ouvi e coisas que eu provavelmente nunca vou ver.

Lily olhou para Petunia como se a visse pela primeira vez em anos. Nunca pensara por esse lado. Sempre achara que Petunia estava sendo mesquinha e invejosa, e de certa forma devia estar sendo mesmo, mas nunca considerara a possibilidade de que ela não sabia mais o que conversar com sua irmã caçula.

Lily pensou em todas as vezes que voltou para casa desde que entrara em Hogwarts. Estivera tão feliz com o novo mundo para o qual entrara, que só queria falar disso, queria que seus pais e sua irmã soubessem cada detalhe daquele lugar incrível e mágico onde estava. Nunca pensou que eles pudessem se sentir excluídos dele. Nunca parou para pensar que as piadas as vezes não faziam sentido para eles, que as histórias tinham que ser explicadas com muito mais cuidado.

-Eu sei que não justifica... –Petunia continuou –E admito que mais de uma vez eu tive inveja de você, mas... A única coisa que eu realmente quero, Lily, é minha irmã caçula de volta. –ela olhou para a ruiva –Você acha que tem como?

Lily sentiu as lágrimas preencherem seus olhos e sua garganta secar, mas não era hora de chorar. Ainda.

-Claro que tem.

Ok, agora era a hora de chorar, pelo menos Petunia não estava atrás, com lágrimas grossas escorrendo pelo seu rosto. As duas se abraçaram pela primeira vez desde que Lily fora para Hogwarts e foi ótimo.

-Ok, acho que eu destruí minha maquiagem. –Petunia falou numa risada chorosa.

Lily afastou a irmã levemente e fingiu analisar seu rosto.

-Você continua linda. –falou sincera.

Petunia revirou os olhos.

-Eu vou no banheiro retocar a maquiagem. –ela declarou –Cade seu namorado?

Lily finalmente percebeu que James estava demorando um pouco demais para voltar com uma bebida.

-Deve estar por ai conversando com alguém. –ela falou por fim –Se passando por bom moço, daquele jeito que só ele sabe.

-Você até me ofende falando assim, senhorita Evans. –uma voz declarou atrás dela –Eu sou o bom moço dessa relação. Afinal eu não tento abusar de pessoas enquanto elas estão inocentemente deitadas em suas camas.

Lily estreitou os olhos e virou-se para encarar James, que estava parado com um sorriso inocente no rosto e duas bebidas.

-Potter, eu estou te avisando...

Petunia riu.

-Eu vou deixar os dois a sós. –declarou se levantando –Vejo vocês depois.

Assim que Petunia saiu James sentou-se na cadeira e ofereceu o copo a Lily.

-Que bom que vocês duas se acertaram. –falou sincero –Por um momento eu achei que ia ter que vir aqui mandar a múmia da sua tia de volta para o sarcófago de onde ela saiu.

-James! –Lily falou, mas estava rindo –Então você viu tudo, foi?

-Foi. –afirmou –Eu estava quase vindo interferir, quando sua irmã chegou. Eu fiquei meio preocupado que as duas fossem se juntar contra você, mas no fim deu tudo certo né?

-Deu. Obrigada por ter dado espaço.

-De nada. Mas eu aceito agradecimentos em forma de beijos também. –um sorriso maroto –E de acordo com meus cálculos você está me devendo alguns, fora um "abuso" que eu fui prometido e ainda não sofri.

Lily caiu na risada, porque era impossível resistir quando James falava essas coisas.

-Eu abuso de você mais tarde. –prometeu, embora tivesse saído mais entre risadas, do que como uma promessa sexy –Quando estivermos em casa.

-Eu vou cobrar. –ele informou, fingindo-se de sério.

E por isso Lily teve que beija-lo.

XxX

Algum tempo depois, quando o jantar já tinha terminado e a maioria dos convidados estava bêbada e dançando, Lily estava na pista com seu avô. Já dançara com o pai, com tio Josh, que voltara depois de levar Martha embora, e dançara mil vezes com James. Ou pelo menos era o que parecia.

Essa era a última noite deles juntos. Claro que Lily já sabia disso, mas parecia que só agora estava realmente entendendo o que isso queria dizer: não ia mais acordar abraçada com James, não teria mais a companhia dele durante o dia, não ia mais beijar James...

Sabia com toda a certeza que assim que chegassem em Hogwarts tudo seria diferente de novo. Ele voltaria a ser um babaca e ela uma estraga-prazeres e eles voltariam a se odiar. O que era bom, se pensasse com clareza, afinal nunca durariam na escola, não com os amigos em volta, pressão dos estudos. James era muito irresponsável e ela era responsável até demais.

O certo era aproveitar essa última noite que tinham juntos e deixar o amanhã para amanhã.

Queria poder ficar nessa bolha que haviam criado, onde os dias eram preguiçosos e não tinha ninguém para atrapalha-los, onde não havia expectativa sobre quem deveriam ser. Se bem que até isso era uma mentira, não? Já que seus pais esperavam coisas que não eram verdade, até a relação que tinham agora era uma mentira.

Quando as coisas tinham ficado tão complicadas? Nunca deveria ter pedido para James fingir ser seu namorado, essa era a verdade. Devia ter percebido desde o começo que não ia dar certo. Os sentimentos dele eram tão diferentes dos dela... Certo?

-Olha, magrela, seu mocinho está vindo te roubar de novo. –vovô John falou com um sorriso –Esse daí é pra casar, viu?

-Vô... –Lily revirou os olhos –Eu sou muito nova para casar.

-Ninguém disse que tem que ser agora. –o vô falou –Vocês jovens tem muita pressa. No meu tempo havia um longo período de noivado, antes de qualquer casamento, sabia?

Lily arqueou a sobrancelha.

-Tipo seus longos quatro meses de noivado? –ela provocou sorrindo.

O avô pareceu sem graça.

-Na época pareceu uma eternidade. –ele defendeu –Além do mais foi sua vó quem quis acelerar o casamento. Mas não diga que eu disse isso. –ele pediu em voz baixa.

-Pode deixar, vô. –Lily falou rindo.

Nessa hora James chegou perto deles.

-Posso roubar a ruiva, John? –perguntou com um sorriso.

-Claro que sim, meu menino. –John falou sorrindo –Tem um lago atrás do salão, por que vocês dois não vão passear la?

-Eu acho uma ótima ideia. –James declarou.

-Nada de se aproveitar do escurinho, ouviu? –o homem avisou sério.

-Eu nem sonharia, senhor Evans. –James falo, absolutamente sério também.

Lily arqueou a sobrancelha.

-Como se alguém fosse acreditar nisso. –ela falou irônica.

James jogou um olhar escandalizado para Lily.

-Lily Evans! Eu só quero lembrar que nesse relacionamento quem quer abusar de quem é, na verdade...

Lily agarrou a mão de James e saiu puxando-o.

-Até mais, vô! –chamou por sobre o ombro, levando James para fora.

O moreno seguiu-a rindo divertido.

-Ah Lily, você não achou que eu ia mesmo completar aquela frase né? –ele perguntou com falsa inocência.

-Quem não te conhece que te compre, James Potter. –ela falou –A gente vai mesmo passear no lago?

-Sim, senhorita. –James ofereceu o braço que ela aceitou –Seu avô na verdade leu minha mente. Eu já tinha visto o lago mais cedo, quando chegamos. Tem um banco para sentar e a gente pode ficar vendo o céu. É bem bonito.

Lily olhou chocado para James.

-Que... Romântico.

-E escuro, querida. Dá pra eu me aproveitar de você, você de mim...

Lily deu um tapa no ombro de James, mas estava rindo, enquanto os dois caminhavam pela grama. Os sapatos dela tinham ficado embaixo da mesa há muito tempo, então agora sentia a grama úmida sob seus dedos.

Os dois andaram em silêncio, de braços dados, até o banco. Sentaram-se sem dizer nada, Lily colocando os pés pra cima e apoiando a cabeça no ombro de James. Ele passou o braço pelo ombro dela e puxou-a para mais perto e Lily foi sem reclamar, afundando-se no calor dele.

O tempo pareceu parar. Lily não saberia dizer quantos minutos ou horas passaram, enquanto os dois ficavam abraçados e de mãos dadas ali, olhando o céu, sem dizer nada. Eram as últimas horas deles ali, tudo estava para acabar.

Lily já tinha se conformado com isso. Sabia que não ia dar certo em Hogwarts, não tinha como. O bom era que James entendia, por mais que quisesse o contrário, que ele quisesse os dois juntos. Tinha sido cruel da parte dela faze-lo passar por isso, Lily reconhecia agora, mas pelo menos logo James estaria livre dela.

-Eu não quero que isso termine aqui e agora. –as palavras rasgaram o silêncio e praticamente pararam o coração de Lily.

-James, não. Não faça isso. –ela murmurou sem se mexer.

-Lily, me escuta... –ele começou, tentando afastar-se, muito provavelmente para olha-la nos olhos.

Mas Lily não podia olhar nos olhos dele. Não agora.

-Não, me escuta você! –ela falou, abraçando James de uma forma que ele não podia se mexer –Essas são as últimas horas que temos para aproveitar isso que está acontecendo. Amanhã é de volta para a realidade...

-Isso não significa que tem que terminar hoje, Lily! –James retrucou, finalmente conseguindo se afastar e virar-se para encara-la –Significa que pode continuar, que nós podemos...

-Não! –Lily cortou –Não podemos nada, James. Em Hogwarts vai ser diferente, não vai dar certo!

-Por que não? –ele rebateu, começando a ficar irritado –Por que você não quer que dê certo?

-Não! Porque la somos duas pessoas diferentes! Você é o cara super popular, eu sou a nerd! –ela argumentou, começando a ficar irritada com as negativas James. Será que ele não via que era melhor assim? –Você tem seus amigos, eu tenho os meus. Nós não andamos nos mesmos círculos.

-Isso é esteira e você sabe disso! –ele explodiu se levantando –Você está só arrumando desculpas porque você está com medo! Medo de admitir que pode dar certo. E medo de que não dê!

-Bom, existe a possibilidade, não existe? –ela retrucou furiosa.

-Claro que sim, Lily! Nada nessa vida é certeza! Não tem como a gente saber se vai dar certo se a gente não tentar!

-E se eu não quiser tentar?!

Esse era um daqueles momentos em que você termina uma frase, já se arrependendo de tê-la dito. Mas Lily sabia, por experiência própria, por todas as suas brigas com Petunia, que não adiantava desejar voltar no tempo: o que estava dito, estava dito.

O silêncio foi sufocante, até James quebra-lo, então foi pior.

-Então você é uma covarde, Lily. –James falou com simplicidade -E eu nunca achei que diria isso.

O que ela podia responder? Nada, porque provavelmente era verdade. Estava sendo covarde, mas mesmo reconhecendo isso ainda lhe faltava coragem para tentar, para arriscar.

O silêncio se arrastou, até que James suspirou e aparatou, deixando Lily sozinha na noite.

Ela tentou por um bom tempo, mas no fim as lágrimas escorreram mesmo assim.


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Notas finais do capítulo

Eu resolvi fazer uma interpretação livre da história das irmãs Evans. Petunia volta a aceitar Lily como bruxa, só para a irmã acabar morrendo justamente por ser bruxa, o que a deixou amarga e ressentida com o mundo bruxo. Achei que fazia sentido.