A Menina De Cabelo Azul escrita por Clara Selenator


Capítulo 3
Sangue Azul


Notas iniciais do capítulo

Yo, minna! Eaew? Bom, esse capítulo vai ser o início de muita coisa ainda, OK?
Kissus coloridos e doces,
Ka-chan.



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O garoto tinha MESMO todas as características do meu povo, os Hydrowans. Sim, é assim que nos chamamos. Sou uma Hydrowan. Sei que nunca mencionei isso, mas agora senti meio que uma necessidade. Nosso planeta se chama Hydrow (Meio óbvio, né?). Os de cabelos vermelhos são os Ignisowes. Vivem aqui, onde estou agora: Ignisow.

Bom, chega de falar de falar de meu planeta e tal. Vamos ao que interessa: O Hydrowa... O suposto Hydrowan. Fiquei assustada com as semelhanças. Podia perceber, mesmo suas feições naturais se escondendo na palidez.

– Você... é um Hydrowan?

– Sa-sabia, que podia... COFF! Me entender. Sim, eu sou... ugh... um Hydrowan... – Senti meus olhos se enchendo de água... azulada. Eu não estava sozinha! Não estava! Senti-me como se tivesse tido uma vida de fartura, com uma família imensa, cheia, uma vida feliz. Aquela sensação preencheu um vazio em meu coração. Compensou por tudo que me fizeram, me senti como se nada pudesse me abater, como se os Ignisowes não tivessem mais efeito, senti como se fossem inferiores. Sim, um ser é capaz de sentir isso tudo.

– Você deve estar com fome. Posso arranjar comida para você – Nesse momento, seus olhos se arregalaram mais que o normal. Chegou a ficar assustador.

– Comida? V-você pode... cuhf... A-arranjar comida? Onde? ONDE? – Ele ficou assustador. Parecia obcecado e desesperado. Suas covinhas na bochecha inchavam e murchavam de acordo com a respiração.

– S-sim... hehe... Eu posso achar comida para você. Espere só um instante aqui. Você pode confiar em mim. Também sou uma Hydrowan, mas acho que já percebeu. Eu já volto. – Saí andando até a pilha de bissuis e rasfinhas. Queria agradar a ele. Estava muito feliz. Queria fazer um banquete para ele. Pelo menos para ele seria meio que um banquete. Como o local das frutas é muito distante da minha casa, levo pães que (confesso) roubo nas padarias e como meu jantar a caminho. Pães com pasta de bissuis ou rasfinhas, eu vario. Chego lá e digo:

– Oi. Cheguei. Espere só um pouco. – Peguei duas rasfinhas de uma das minhas enormes cestas – pois eu precisava de bastante para fazer o estoque – e amassei-as com uma espátula de ferro. Com a mesma espátula, apliquei a pasta no pão e dei para ele, que pegou muito rápido, sem nem examinar, porque se tivesse sido outra pessoa, podia envenená-lo e ele nem ia perceber. Como eu sabia que ele estava com muita fome, já fui preparando outros sanduíches – Então... Eu estou muito feliz de encontrar um Hydrowan aqui. Pensei que fosse a única.

Ele não me deu atenção, só quis saber de comer. Soltei um risinho baixo e olhei além. Estava ficando mais escuro. Sentei em uma pedra que ficava em frente a um lago – que além do mais era o que eu pegava água quando o do parque congelava - peguei minha lanterna e apoiei-a em pé sob a rocha. Também peguei várias garrafas e fui enchendo. Peguei uma e dei para ele.

– Tome. Sei que também está com sede. – apoiei-me sob meu joelho e, com os olhos cintilantes, olhei encantada ele beber a água desesperado. Me ergui e tornei a sentar na pedra.

– Obrigado – Sussurrou ele.

– O quê?

– Obrigado – Disse ele, agora num tom mais elevado. Sua voz não parecia mais tão fraca assim. Já tinha comido cinco sanduíches, eu não esperava menos. - Obrigado, de verdade. Se não fosse por você eu já estaria morto.

– Não. É o mínimo que eu posso fazer. E você é?

– Villtish Bauw Meiden. E você?

– Primery Dállia Rose. Prazer.

– Primery... Acho que já ouvi esse nome. Bem... você mora aqui? Na floresta? - Demorei um pouco a responder eu estava meio avoada. Ele era lindo.

– Oh, não. Eu moro na cidade daqui de perto. Venho aqui para fazer meu estoque.

– Mas... Eu sempre morei aqui na floresta. Você convive com os ignosowes?

– Ah, não. Eu moro num parque. Construí uma casa de madeira. É grande o suficiente para acomodar nós dois. Você vem?

– Claro! Sim, é claro, obrigado pelo convite! – Ele se levantou depressa.

– Bom, vamos?

– Vamos. É muito longe?

– Só um pouquinho.

– Ai, sério? Acho que meus pés não vão aguentar...

– Ah, vamos! Só um pouquinho de força!

– OK... Acho que posso chegar lá... – Saímos andando e conversando sobre diversas coisas. Como ele chegou, como eu cheguei, quando ele chegou, quando eu cheguei, nossas idades etc. Depois de uma longa caminhada, finalmente nós chegamos.

– Ah... Bem... – Comecei – Eu só tenho uma cama... E ela não é muito espaçosa... Eu durmo no chão, já que estou mais acostumada com isso e você...

– Não! Ah, vá! Aposto que cabe nós dois! – Senti meu rosto corar. Ele olhava para mim com uma cara convincente.

– T-tudo bem... Deite aí, eu vou organizar as comidas na caixa.

– Nossa! Que caixa! Aposto que vai sobrar bastante espaço mesmo com todas essas frutinhas. Qual é o nome delas? Quero dizer, são dois tipos, não é?

– Ah sim! A vermelhinha se chama rasfinha. Minha preferida. A mais escura é bissui.

– Hummm... OK! Bem, eu estou cansado... Vou dormir, OK?

– OK. Eu já vou me deitar. – Cheguei a o pé da cama depois que guardei tudo. Hesitei um pouco em me deitar, mas se ele deixava, eu preferia não dormir no chão.

Não sei o que estava acontecendo. Eu não me sentia assim nunca. Ver aqueles olhos azuis vivos me deixava agitada por dentro. Eu sentia medo e ao mesmo tempo vontade de ficar ali se ele se aproximasse de mim. Eu seria capaz de ficar só o admirando parada. Eu me senti segura só de deitar ao lado dele. Eu me senti bem só de perceber que ele também estava bem. Mas como isso tudo pode acontecer, se eu acabei de conhecê-lo? Acho que a emoção de ter encontrado um parente, mesmo que fosse o mais distante do mundo (ou de Hydrow), mexeu comigo. Não sabia o que era aquilo, mas senti como se quisesse mais dele.

Devaneando sobre tudo isso, adormeci.


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Notas finais do capítulo

Comentem aí! Falem o que preciso melhorar! Vai ajudar muito e me incentivar a continuar escrevendo!
kissus coloridos e doces,
Ka-chan.



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