Foi assim... escrita por Caroline


Capítulo 5
Praça


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo, eu poderia parar por aqui mesmo, mas digamos que a Sara tem uma dica que Catherine não mencionou.



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Finalmente o turno havia acabado, com aquele frio era completamente difícil trabalhar, a única coisa que eu sabia fazer era desejar a minha cama. Bom, não era porque o turno havia acabado que eu iria para casa me jogar embaixo das cobertas após tomar um pouco de café para aquecer os ossos. Eu tinha algo muito mais importante para fazer e este algo estava ao meu lado, falava sobre algo de vestidos de noiva.

E é claro que eu não estava prestando muita atenção, mas a empolgação em sua voz era evidente, Lindsey se casaria em 3 semanas se o inverno realmente desaparecesse e desse lugar a primavera. Como essa garota cresceu tão rápido!

– Sara, você está me escutando? – A loira estava em minha frente, fazendo-me parar para que não esbarrasse nela e a levasse ao chão.

– Claro que eu estou! – Mentira, eu estava completamente distraída. Hoje era um grande dia e eu não conseguia dar atenção a coisas que poderiam me tirar do foco. Eu mesma já estava fazendo isso pensando nas várias formas de fazer certo.

– Então do que eu estava falando? – Seus braços estavam cruzados e me olhava com uma expressão bem séria. Encantadora! Se tinha algo que Catherine Willows não gostava era de não ter atenção quando ela falava.

– De um ótimo café que tem perto de uma praça na New Forest Dr com a Peace Way, no qual eu irei te pagar um pedaço de torta de maçã com chocolate-quente. – Sua expressão séria foi substituída por uma de ansiedade com um sorriso brincando por seus lábios.

Era tão fácil acalmar Catherine, claro que se o motivo for menor. Com briga eu preciso de muito mais do que o simples pedaço de torta e chocolate quente.

– Então não fique parada aí, além de me dar carona tem que me pagar torta e chocolate-quente. – Ela foi em direção ao meu carro, como ela poderia se parecer com uma criança às vezes e isso era tão meigo nela. Quando vi que ela já estava entrando no carro resolvi me mover e ir até o automóvel.




– Como alguém poderia achar que você pegaria chocolate-quente em vez de café? – Sentada no banco da praça vi Catherine me olhar com a sobrancelha arqueada enquanto me fazia à pergunta.




– Do que você está falando? – Perguntei-lhe enquanto batia no lugar vago do banco para que ela se sentasse.

Kin 889-552-6543, teu sorriso é encantador! – Olhei para o copo de Catherine e vi o número rabiscado de forma desajeitada pelo papel que o envolvia, soltei uma pequena risada e vi que ela me encarava.

– O que foi? – Ela tinha cara de poucos amigos e continuava a me encarar com aquela cara fechada, o que fez com que eu parasse de rir. Não queria uma briga.

– Não tem motivo nenhum para ficar rindo, essas garotas estão cada vez mais atiradas. “Teu sorriso é encantador”, como se eu já não soubesse disso. – Após imitar a frase que havia no copo sua voz se tornou apenas um sussurro, mas mesmo assim ainda pude ouvir o restante do que ela falava.

Ela estava com ciúmes?

– Isso é ciúme? – Um sorriso já aparecia em meus lábios, até quando estava com a cara emburrada por estar com ciúmes ela conseguia ser extremamente encantadora.

– Claro que não, é só uma observação. – Senti seu braço esquerdo passar pelo meu direito e logo após seu corpo se aconchegar ainda mais no meu. – Está mais frio do que eu imaginava.

– Pensei que o chocolate-quente iria acabar com as minhas intenções. – Ela ficou em silêncio e eu estava começando entrar em pânico. Era o movimento inicial para o cheque.

Eu não conseguia achar as palavras certas, eu não sabia que poderíamos ser adolescente após os 30 anos. Porque era exatamente assim que eu estava me sentindo nos últimos 19 meses, eu estava sendo uma completa adolescente. Sentia-me ansiosa por tudo que envolvia ela, sentia-me frustrada por uma briga infantil, sentia-me em êxtase quando ela se escorava em mim para ficar vendo o jogo na TV... Era como se ela trouxesse tudo o que havia de melhor em mim.

Mas como falar isso a ela sem parecer uma completa idiota? Aliás, tinha como não ser idiota quando se ama? Porque eu não conseguia encontrar um ponto racional nesse meu amor por ela, era tudo tão surreal e minhas ações eram tão idiotas.

– Eu... Como se diz isso? Deveria ter dado essa dica também, chega a ser desesperador querer falar tanto e a única coisa que passa por sua cabeça é: não seja idiota! – Escutei um risinho vindo dela, mas logo após voltou a ficar em silêncio, percebi que era assim que ela ficaria até o final. – Como te descrever o efeito que você causa em mim com o seu sorriso, ainda mais quando estou de mau-humor? É como se tudo perdesse a importância do nada! Como te dizer que por anos desejei ter a coragem para chegar e te chamar para um simples jantar ou apenas que você viesse até a mim com a intenção de conversar sobre qualquer coisa, menos de trabalho? Como te mostrar que estive ali por vários anos querendo te arrancar sorrisos e você apenas saía com aqueles idiotas que só te arrancavam lágrimas?

Como te pedir para ficar comigo mesmo que eu não saiba escolher as palavras certas para dizer que te amo? Diga-me como responder todas essas perguntas, Catherine!

O silêncio deixava tudo mais gelado e fazia com que eu apenas prendesse a respiração enquanto ela não começava a falar.

– Sabe, em todos esses anos eu esperei que alguém chegasse para mim e falasse várias palavras carinhosas e que no fim teria um eu te amo. Mas não é sempre assim, isso era um tanto quanto infantil da minha parte, era como se eu ainda esperasse pelo príncipe encantado. O amor, ele não é feito de palavras carinhosas ou momentos planejados para serem perfeitos. Ele simplesmente chega, se aconchega como num dia frio e fica, às vezes queima e às vezes esfria. Mas está ali, todos os dias vai estar. – Ela suspirou e parou por um instante, pensei que pararia por ali, mas voltou a falar. – Quando você entrou no laboratório e vi o teu sorriso encantador eu senti algo se aconchegar, mas logo esfriou. E u não poderia deixar se aquecer mais do que o permitido. O interesse de Grissom por você era evidente e é claro que ele me contou, é meu melhor amigo.

Só que eu não pude deixar de ficar feliz quando você voltou e contou que nada havia acontecido entre você e ele. Mesmo ele indo atrás de você, se fosse eu aproveitaria a chance de ser feliz por um tempo e ter alguém para cuidar de mim, mas você não era eu e tenho que agradecer a isso. Pensou de forma racional e não sentimental. Imagina eu perder a segunda pessoa que eu mais me importo? E essas perguntas não precisam de resposta, você já me disse, descreveu e me mostrou tudo isso nos últimos 19 meses. Digo isso porque você me fez sentir desejada por alguém que se importa comigo. E não alguém que só quer uma noite para se divertir, você estava ali todos os dias para mim e isso já se tornou o suficiente para aquecer tudo o que eu havia esfriado com um balde de água fria.

Vire-me para olhá-la, encontrei seus olhos azuis brilhando e um sorriso encantador nos lábios. Eu posso usar sempre a mesma palavra, como, por exemplo, lindo e encantador. Mas não é redundância, é que sempre acaba sendo diferente... Sempre mais encantador e lindo.

– Eu estou esperando um beijo. – Sua voz quebrou o silêncio e pude ver que me encarava.

Dos meus lábios escapou uma risada, mas que não durou por muito tempo, ela havia me beijado.

Não deu tempo para pensar, apenas passei minha mão em sua nuca para que não acabasse ali. E todas as sensações que eu havia sentido nos últimos meses nem se comparava a de ter os lábios dela nos meus. O sabor do chocolate-quente se misturava ao de café, mas havia um sabor único que vinha dos lábios dela e deixava tudo mais doce e gostoso. Era como comer do melhor chocolate, você não conseguiria comer apenas um, iria comer a caixa toda e ainda sentiria que não era o suficiente.

Era assim que eu me sentia naquele momento, o beijo já não era mais simples, era mais profundo. Suas mãos estavam em meu rosto, café e chocolate-quente abandonados. A neve que caia calmamente era ignorada, o que mais importava naquele momento que não fosse o beijo de Catherine? Nada, absolutamente nada!

É incrível como um simples beijo pode despertar desejos e sensações que você nunca imaginou sentir. E sabe aquela frase: “Quando se ama você sente borboletas no estômago.” Eu não saberia dizer se eram borboletas, mas meu estômago estava completamente vazio e a sensação de cócegas subia até o meu coração que batia de forma descompassada. O amor nos tornava adolescentes de meia idade.

Tudo estava tão quente, nem parecia que era inverno, mas logo voltou a ficar tão gelado. E isso foi quando seus lábios já não estavam mais nos meus e seus olhos azuis, que agora estavam escuros, me encaravam.

– De fato escolhi a mulher certa. – Sua gargalhada tomou conta do ambiente junto com o barulho dos carros e pessoas que passavam do outro lado da rua. Como ficava linda rindo dessa forma, não pude deixar de roubar mais um beijo. Como eu disse, era impossível se contentar só com um. – Eu acho que está na hora de você ir ver Lind, não era hoje a prova de vestido? – Ela olhou no relógio e se assustou ao ver que estava ficando atrasada.

Ela simplesmente me puxou pelas mãos e me levou de volta ao carro, enquanto eu estava tão calma e sem pressa alguma, ela estava toda apressada e desesperada.

O tempo passa devagar e de forma pirracenta, mas sempre vale a pena. E eu estava levando para o carro a sensação de tudo o que aconteceu na praça.

Cheque!



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