Violinos e Veneno escrita por Mariana M


Capítulo 9
Raptada


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, espero que gostem do capítulo



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Capítulo 9 – Raptada

POV Sarah

Alguma coisa não fazia sentido. Elas estavam me escondendo alguma coisa. Mas o quê?  Não fazia sentido essa vingança do Max, que tipo de psicopata iria se vingar de uma adolescente idiota metida a besta que apenas havia ameaçado ele? Ariane estava escondendo algo e eu precisava saber o que era, ou essa garota é idiota o suficiente para não perceber que eu sou a única pessoa capaz de ajuda-la ou então ela fez uma coisa tão ruim que não podia falar nem em caso de vida ou morte. Mas o que Ariane fez? E porque não queria contar? Tinha coisa ali, a se tinha.

Hoje era mais um dia tedioso na escola, mas era o dia perfeito para confrontá-la porque Regina não ia à aula hoje e isso queria dizer que Ariane não teria um cachorrinho andando atrás dela de um lado para o outro. Eu não gostava de Regina. Tinha alguma coisa naquela garota que me deva uma sensação de desconforto, parecia que ela estava sempre no lugar errado na hora errada falando coisas erradas. O meu trabalho facilitaria muito se ela não existisse. Mas para manter as aparências eu tinha que fingir gostar pelo menos um pouco dela e acredite essa era uma tarefa muito difícil.

Peguei minha bolsa e sai do apartamento, o elevador estava lotado e o cheiro de perfume vencido impregnava tudo e me deixava enjoada. No momento em que sai do elevador senti um alívio muito bom, mas no mesmo momento ele foi embora porque havia um cara apontando uma arma para mim.

POV Ariane

Dessa vez não foi Regina que me acordou, o sol fazia esse trabalho por ela e fazia meus olhos arderem logo de manhã. Hoje ela não ia à escola o que me restava era Sarah de companhia, não é que eu não gostasse da companhia de Sarah, é que as vezes ela é muito mandona e isso me incomoda muito, além disso ela só sabia falar sobre assassinatos e como ela ajudou a prender um cara que assaltou o mercado do antigo bairro dela, acho que eu já tinha escutado aquela história umas mil vezes. Tirando tudo isso ela era uma pessoa legal e que estava me ajudando muito.

Levantei-me da cama com cuidado para não acordar Regina e fui me trocar, a última coisa que eu queria fazer hoje era ir para a escola, mas a diretora disse que eu não posso ter muitas faltas e blá blá blá. Depois que me troquei fui até a cozinha comer algo e sai de pressa porque já estava atrasada. Enquanto esperava o ônibus tentei ligar para Sarah um monte de vezes mas ela não atendia de jeito nenhum, isso me deixava preocupada porque Sarah sempre atendia o celular, e geralmente no primeiro toque. Alguma coisa deve ter acontecido ou ela ainda estava dormindo. Sarah nunca dormia até tarde, ela me disse que isso atrapalhava a vida dela, e que se ela dormisse até tarde ela estaria perdendo uma parte da vida dela. Às vezes eu achava que a Sarah era meio maluca, mas uma maluca muito inteligente.

O meu ônibus estava demorando pra chegar e o ponto se esvaziava cada vez mais, só restou eu e um cara muito sinistro que parecia ter fumado todas de madrugada, percebi que ele estava me encarando e trocava mensagens com alguém no celular. Quando eu estava quase desistindo de esperar ônibus e indo pra casa um carro todo preto estacionou na frente do ponto, o cara estranho se levantou e veio falar comigo:

- Hey, acho que você tá meio atrasada não é? – ele tinha um bafo de cigarro horrível

- É... não, na verdade eu estou esperando uma pessoa

Ele sorriu com aqueles dentes podres

- Acho que eu posso te levar até ela – ele sorriu novamente

- Acho que não pode – eu sorri de volta

Eu estava sorrindo por fora, mas por dentro eu queria sair correndo dali, minhas pernas não se moviam e eu estava tremendo.

- Está com medo de mim? Um pobre drogado...

- Saia de perto de mim, eu vou gritar – eu não ia gritar porque minha voz nem estava saindo direito.

- Não vai não.

Ele colocou suas mãos na minha boca, eu tentei lutar, mas meu corpo não se movia.

- Abre a porta de trás! – Ele gritou tão alto que minha cabeça começou a doer imediatamente

Depois que a porta foi aberta ele me jogou no banco como se eu fosse um saco de batatas e eu caí em cima de alguém, eu não sabia quem era até ouvir a voz:

- Eae, Ariane?

Eu me levantei o mais rápido que pude para ter certeza de que era Sarah.

- Sarah? O que você está fazendo aqui? O que tá acontecendo?

Parecia que Sarah não estava nem um pouco incomodada com a situação, estava sentada perfeitamente bem, e acomodada no banco do carro como se estivesse dando um passeio de limusine.

- Fomos raptadas, não dá pra perceber?

 Sarah falava aquilo como se fosse a coisa mais normal do mundo, e como se ela já tivesse sido raptada um bilhão de vezes

- Disso eu sei, mas porque fomos raptadas?

Ela fez uma careta muito estranha

- E você acha que eu sei? Eu estava saindo do meu prédio quando dou de cara com esse cara aí – ela disse apontando pra um homem todo de preto sentando no banco da frente dirigindo o carro. – Apontando uma arma pra mim.

- E você fez o que? – eu perguntei curiosa

- Nada. Ele disse que se eu não entrasse no carro com ele, ele estourava meus miolos.

Belo jeito de se oferecer uma carona.

- E agora? O que vai acontecer com a gente?

Sarah olhou para mim com aquele olhar de desprezo que queria dizer ‘’guarde as perguntas para você mesma’’ Mas ela foi educada e me respondeu:

- É óbvio Ariane, eles vão ligar para alguém da nossa família e pedir o valor do resgate, ou então só estão querendo nos dar um susto.

- Como você tem certeza disso?

Aquele olhar novamente.

- Ariane, você nunca foi raptada na sua vida? – ela falava aquilo como se fosse o maior absurdo do mundo.

- Não... Você já?

- Mas é claro que já! Me surpreende você nunca ter sido raptada porque é tanta merda que acontece na sua vida que isso chega a ser meio estranho.

Ignorei a frase de Sarah e comecei a pensar. Max. É óbvio que ele estava fazendo isso para me assustar, mas porque ele também estava pegando a Sarah? Será que ele queria... Não pense nisso, Ariane! Max não podia matar a Sarah, ele não podia...

- Chegamos princesas – o motorista avisou, até aí eu nem tinha percebido que o carro havia parado.

O outro cara que estava sentando no banco da frente abriu a porta e ficou esperando nós duas sair, mas nós fizemos ao contrário e ficamos sentadas no carro e o encarando, por um momento eu tive vontade de rir, mas me controlei.

- Saiam.

Agora ele tinha voz de policial zangado, nada parecido com aquela voz de drogado que ele tinha há uns 40 minutos atrás. Eu fui a primeira a sair, estava com medo de ele entrar no carro e me tirar à força. O lugar parecia literalmente o fim do mundo, havia um monte de terra, umas vacas e cabras presas por cordas, mais um monte de mato e uma casinha feita de ferro e alumínio bem no centro. Sarah saiu do carro e ficou olhando o lugar com espanto.

- Dá ultima vez que eu fui raptada o lugar era melhor hein.

Eu tive vontade de dar uns tapas nela, mas as situação não permitia. Assim como eu o cara drogado ignorou o comentário de Sarah, colocou umas algemas em nossos pulsos e saiu nos guiando para a casa, o lugar fedia muito também, um fedor tipo ovo podre. Assim que entramos na casa havia 2 cadeiras cheias de correntes ao lado, acho que estavam com medo de a gente fugir. Ele nos amarrou com cuidado e logo depois do trabalho terminado gritou:

- Está tudo pronto.

E saiu. Eu e Sarah ficamos nos encarando por uns 5 minutos sem entender nada do que estava acontecendo, até que ele apareceu.

- Mas olha só quem veio me visitar! Minha velha amiga, Ariane!

Max.  Ainda com aquele sorriso forçado e falso que ele tanto amava fazer. Meu corpo todo tremeu quando ele começou a me encarar, depois de 3 anos ele ainda era capaz de me causar calafrios.

- E ainda trouxe uma surpresa! É isso que eu mais gosto em você Ariane, sempre surpreendendo.

- O que você quer Max? – eu disse sem pensar

- O que eu quero? É muito simples... Vingança!

Ele disse se aproximando cada vez mais de mim, e quanto mais ele fazia isso mais medo eu sentia.

- Ei, para de ser idiota – Sarah disse – Você quer vingança porque a Ariane tentou te prender?  Só por isso? Você é um psicopata cara, você tem que agradecer por ela só querer te prender.

Max ficou encarando Sarah por uns 2 minutos, e ela encarando ele, nenhum desistia, nenhum desviava o olhar, até que ele voltou a olhar para mim. E começou a gargalhar, isso mesmo, gargalhar.

- Mas do que ele tá rindo? – Sarah perguntou incrédula.

Max parou de gargalhar e voltou a me encarar.

- Não contou pra ela? – Gargalhou mais um pouco

Agora até minha alma estava tremendo, eu realmente estava com medo. Muito medo, eu sabia que esconder um segredo daqueles ia dar merda no futuro, mas eu não esperava que fosse agora.

- Contou o que? – Sarah parecia impaciente

Max gargalhou ainda mais, aquela risada estava me dando medo e raiva ao mesmo tempo.

- Como você é fraca Ariane! Meu Deus! Como você é fraca. Não teve coragem de contar um simples detalhe da sua vida insignificante para uma pessoa que você está confiando o seu destino? Além de fraca é burra.

Sarah fez aquela cara de que não estava entendendo nada.

- O que a Ariane fez? – Ela perguntou ao Max

- Pergunte a ela, se ela conseguir-te dizer vamos ver se você vai continuar ajudando-a.

Resolvi acabar de vez com aquele assunto:

- Porque você mandou aqueles caras raptarem a gente? – tentei ser fria, mas óbvio que não consegui.

Ele deu um suspiro.

- Nada de mais, não vou fazer mal a vocês, eu só quero conversar e dar certos avisos.

Sarah revirou os olhos e bufou

- Que avisos cara? Pelo amor de Deus eu tenho mais o que fazer.

Depois do comentário desnecessário que Sarah fez, Max fez uma coisa que eu nunca esperaria dele. Ele beijou a Sarah. Com força, muita força.

- Cale a boca – ele disse calmamente e depois se voltou para mim – Saiba que eu não sou tão fraco quanto você, Ariane. Eu chamei vocês aqui para avisá-las formalmente que eu voltei, e que eu não estou brincando. Esse sequestro? É só o começo do seu pior pesadelo, Ariane Miller.

- Então porque você não chamou a Regina também? Ela ia amar te ver. – Sarah sendo inconveniente outra vez.

Max se virou para ela.

- Eu não faria mal a minha Regina, nunca. Mas enquanto a você, Sarah... Eu não fui muito com a sua cara.

- E você acha que eu fui com a sua?

- Sarah, seu cabelo é natural? – Max perguntou fugindo completamente do assunto.

Sarah engasgou.

- Não.

- Tsc, tsc. Mentir é feio Sarah, mentir é muito feio. Você sabia que cabelos ruivos naturais valem muito dinheiro?

Sarah levantou a sobrancelha e eu senti que pela primeira vez naquele dia ela parecia estar com medo. Max saiu da sala por alguns instantes e voltou com uma tesoura. Sarah imediatamente tentou se soltar da cadeira.

- Eu não sou tão ruim assim, não vou raspar seu cabelo... só vou cortar um pouco.

Max colocou a tesoura na altura da orelha de Sarah e cortou. E fez o mesmo com o resto do cabelo sem dó.

- Isso é só um aviso, pequena Sarah, pode acontecer muito mais.

Sarah o encarava com ódio e pode ter certeza que ela não vai deixar isso barato. Max finalmente cansou de brincar com a gente soltou as correntes.

- Podem ir. Até em breve. – Ele sorriu.

Nós nos levantamos da cadeira e saímos depressa, ainda não estava acreditando que ele nos deixou ir tão facilmente. Quando estávamos a uma distância bem longa da casa eu perguntei:

- Sarah, você está bem? – eu me sentia a maior idiota do mundo perguntando aquilo.

Sarah se virou para mim e aí eu percebi que ela estava chorando, eu nunca tinha visto ela chorar antes, e nunca pensei que ia ver.

- Não! Claro que não! Porra Ariane, eu estou me esforçando pra te ajudar, uma coisa que nem é da minha conta, mas mesmo assim eu estou fazendo! Eu estou colocando a minha vida em risco por sua causa e a única coisa que eu pedi foi pra você contar a história toda, contar a verdade! Eu odeio mentiras, odeio! – Ela me empurrou na parede de um beco em que nós estávamos passando, colocou o braço no meu pescoço e berrou mais alto ainda: - Olha a merda que aconteceu no meu cabelo! Você sabe que eu amava meu cabelo e era a única coisa que me fazia me sentir bonita.

- Me desculpe... – eu tentei falar, mas ela apertou meu pescoço mais ainda.

- É melhor você me falar que merda que você aprontou Ariane! E saiba que eu não estou mais te ajudando por livre e espontânea vontade, eu estou fazendo isso agora por mim, porque esse cara realmente tá pedindo pra morrer, então é melhor a senhorita abrir o bico antes que as coisas fiquem piores pro seu lado.

Sarah saiu andando com raiva e me deixando para trás, e me sentindo mais culpada do que nunca.


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