Violinos e Veneno escrita por Mariana M


Capítulo 7
A Volta




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 ‘‘... Não acredito que ela fez isso!’’, ‘’Assassina!’’, ‘’Sua aberração!’’

A escola inteira estava em minha frente, todos gritavam e apontavam para mim, eu estava meio tonta tentando absorver tudo aquilo que havia acabado de acontecer, as pessoas não calavam a boca, eu me sentei no chão e fiquei observando eles, havia umas garotas chorando e outras vomitando. Onde está Regina? Onde está Sarah? Um grito ecoou na minha cabeça e a fez doer mais.

- Mas que diabos...? – A diretora da minha escola apareceu na porta do banheiro, abriram espaço para ela entrar, queria muito saber o que se passou na cabeça dela quando ela me viu sentada no chão completamente tonta, um monte de garotas gritando e uma garota morta no Box do banheiro.

- Ariane...? – ela parecia incrédula

Eu me deitei no chão e comecei a chorar, ops, reação errada.

- Mas o que aconteceu aqui? Quem é o responsável por isso? – ela gritou, fazendo minha cabeça quase explodir.

Ouvi uma voz pouco conhecida me acusando, Lorena.

- Essa assassina! Ela matou a Jéssica! Com uma corda de violino!

Eu me sentei novamente e disse quase morrendo:

- Eu... Eu... Não a matei...

O desespero tomava conta de mim, e se ninguém acreditasse? E se eu fosse presa novamente? Oh não, eu não posso ser presa de novo, não posso ir para aquele inferno.

- Ei, o que está acontecendo aqui?

Regina entrou no banheiro.

- Regina! – eu me levantei e abracei-a, ela não me culparia, ela acreditaria em mim.

- Ai meu Deus, Ariane! O que houve?

- Não fui eu! Eu juro que não fui eu, por favor, acredite em mim!

Regina me abraçou trêmula e disse: - Claro que não foi você, acalme-se.

Algumas garotas saíram do banheiro um pouco revoltadas, consegui até ouvir uma delas dizendo ‘’tomara que seja presa de novo, ela é perigosa’’.  A diretora ainda continuava me encarando e Lorena estava tentando consolar Alicia, a melhor amiga de Jéssica.

- Ariane quero você na minha sala imediatamente. E alguém ligue para a polícia – a diretora ordenou.

Estou completamente ferrada.

- O que exatamente aconteceu aqui? – Sarah perguntou.

- Eu não sei, eu entrei no banheiro e vi um barulho estranho e um celular tocando, e o celular vinha desse Box e então eu abri e ela estava morta.

- Só você estava no banheiro quando o celular tocou? – Regina perguntou

Eu balancei a cabeça dizendo que sim.

- Puta merda Ariane, você só se ferra minha amiga – Sarah disso batendo o pé no chão.

Regina olhou pra ela feio.

- Não preciso que fique me lembrando disso Sarah.

- Desculpe. – ela corou.

- Olha, você tem que ir falar com a diretora antes que as coisas fiquem mais complicadas pro seu lado – Regina me alertou.

- Tudo bem, eu vou lá, me desejem boa sorte – eu tentei forçar um sorriso.

- Boa sorte – as duas disseram juntas.

Saí do banheiro e fui em direção à sala da diretora, não sabia o que eu ia enfrentar, não sei se estava com medo dela me expulsar ou com medo dela chamar a policia, na verdade eu estava com medo de acontecer os dois, se eu fosse expulsa minha mãe me matava e se a policia chegasse seria bem capaz de eu mesma me matar, vamos Ariane, um pouco de pensamento positivo. Cheguei à porta da sala da diretora e não tive coragem de bater, fiquei encarando a porta até que ela foi aberta por outra pessoa.

- Pensei que não iria vir senhorita Miller – ela disse em tom severo.

- Me desculpe Diretora Helena.

Ela ficou me encarando por uns segundos e depois me mandou sentar. A sala da diretora era um dos lugares mais assustadores da escola, havia uma grande prateleira de livros encostada na parede de frente para porta que parecia estar prestes a cair, sua mesa repleta de coisas ficava na frente de uma grande janela com grandes cortinas marrons que davam um aspecto velho para a sala.

- Senhorita Miller, o que está acontecendo com você?

Sua pergunta me assustou, como assim o que está acontecendo comigo?

- Não entendi sua pergunta.

- Porque está tendo esse comportamento? Porque você sempre está no local errado na hora errada?

- Eu não sei, acho que estão armando para mim. – eu sussurrei como se tivesse mais alguém além da diretora e eu naquela sala.

Ela fez uma cara de desconfiança.

- Quem está armando pra você?

- Eu não sei, eu tenho recebido uns avisos estranhos.

Agora sim ela ia achar que eu era completamente louca.

- Avisos? – ela arrumou sua postura na cadeira – Que avisos?

Eu não sabia por onde começar.

- Primeiro foi um bilhete que eu recebi, depois alguém entrou na casa da minha amiga e escreveu outro recado na parede e agora eu atendi o celular da Jéssica e me deram outro recado.

- O que dizem esses recados?

- Diz que alguém está voltando, eu não sei quem.

A Diretora ficou me encarando com uma cara do tipo ‘’cala a boca e para de mentir’’

- Ariane, como você foi parar na cena do crime do assassinato da Bianca?

- Eu recebi uma mensagem do celular dela me dizendo para ir até lá.

- Está me dizendo que a Bianca mandou uma mensagem pra você antes de morrer?

- Ou então alguém pegou o celular dela e mandou.

- Ou então você está mentindo.

Oi? Ela me chamou de mentirosa na cara dura?

- Eu tenho como provar, eu não apaguei a mensagem.

- Você vai provar para policia. – ela pegou o telefone e eu segurei sua mão.

- Por favor, não faça isso.

Ela olhou incrédula para mim.

- Está me ameaçando?

- Não, estou pedindo para não tomar decisões precipitadas, eu não quero voltar para a cadeia, nunca mais, nem para dar depoimento.

- Por quê?

- Lá é o inferno sem chamas, por favor, diretora Helena, diga para policia que eu não encontrei o corpo da Jéssica sozinha.

Eu comecei a chorar, o medo de voltar para a cadeia era tão grande que eu era capaz de fazer ou pedir qualquer coisa para qualquer pessoa.

- Não posso fazer isso, você sabe que eu não posso. Eu seria presa por falso testemunho.

- E então a senhora saberia como é um inferno aquele lugar, por favor.

- Me dê um motivo.

Comecei a chorar mais.

- Diretora Helena, eu já sou suspeita de um crime que eu não cometi, eu passo na rua e todos se afastam, crianças, adultos, adolescentes e até idosos tem medo de mim, minha vida virou um inferno e por uma coisa que eu não fiz, a Senhora não sabe como é ir pra cadeia e apanhar de 5 mulheres que te julgam por coisas que você não fez, a Senhora não sabe o que é ir em qualquer lugar e ser chamada de assassina, louca, e perigosa, eu juro pela minha alma que eu sou inocente, então por favor...

Ela parecia comovida com minhas palavras, mas ao mesmo tempo parecia que não se importava, eu realmente não sabia qual seria a reação dela, eu não sabia se ela ia mentir para a policia ou simplesmente me entregar sem dó nem piedade, o desespero tomou mais conta de mim quando eu ouvi uma voz grossa do outro lado da porta dizendo:

- Abram a porta, é a polícia.

POV Regina.

A escola nunca tinha estado daquele jeito, os alunos corriam de um lado para o outro parecendo baratas tontas, e os paramédicos tentavam tirar o corpo da Jéssica de dentro do box, algumas garotas estavam chorando e forçando uns gritinhos que irritavam qualquer pessoa que estava por perto. E aquilo tudo estava acontecendo e só uma coisa me preocupava: Ariane. O que será que a diretora queria com ela? Infelizmente um policial muito branco e alto não me deixou concluir meus pensamentos.

- Ei, preciso interrogar você.

- Interrogue.

Ele olhou desconfiado para mim, achou que eu estava de graça com a cara dele.

- O que exatamente ocorreu aqui?

- Uma garota foi morta no banheiro, ninguém sabe se ela se matou ou...

- Você é amiga da Ariane Miller?

- O que isto tem haver com o interrogatório? – perguntei nervosa.

- Você é ou não é? Preciso saber se está envolvida

- Eu sou, mas a Ariane não é culpada de nada.

- Foi ela que achou o corpo, certo?

- Sim, mas ela só achou o corpo, não quer dizer que ela matou a garota. – eu disse cruzando os braços e desafiando-o

- Mas antes da Ariane ninguém havia visto o corpo, como ela encontrou? Como ela sabia que o corpo estava naquele box?

- Ela disse que tinha um celular tocando, e o barulho vinha daquele Box. E porque você não vai interrogar a Ariane?

- Cuidado como você fala com as autoridades mocinha. – ele piscou para mim e saiu andando.

Idiota.

POV Ariane.

- Ariane Miller?

Disse o policial assim que a diretora Helena abriu a porta.

- Sim?

- Precisamos conversar mocinha

Droga.

- Antes de a Ariane ir eu gostaria de terminar o meu assunto com ela, prometo que não irá demorar mais que 1 minuto. – Helena disse fechando a porta na cara do policial. – Ariane, haja o que houver diga a verdade, a policia já deve ter interrogado os outros alunos e todos devem ter dito que você encontrou a Jéssica, então não seja burra e conte exatamente o que aconteceu você está me entendendo?

- Sim.

Ela olhou preocupada para mim.

- Vá.

Eu abri a porta e fui conversar com o policial, por fora eu aparentava ser forte e decidida, mas por dentro eu estava explodindo e com muito medo, mas porque diabos eu sempre me metia nessas coisas?

- Muito bem Ariane, conte-me o que houve.

Eu respirei fundo e disparei:

- Eu fui ao banheiro e ouvi um barulho estranho, parecia que tinha mais uma pessoa lá além de mim, então eu ouvi o barulho do celular vindo do box em que eu encontrei a Jéssica, e quando eu abri a porta do box ela estava lá, morta.

Ele me encarou por um tempo

- Foi exatamente isso que aconteceu?

- Sim.

- Ok, vamos investigar isso melhor e depois chamaremos você de novo, porque como você sabe, esse é o 2° assassinato em que você está envolvida, então tome mais cuidado.

- Eu vou tomar, prometo.

O policial saiu ainda me encarando com o olhar desconfiado. No fundo eu estava pulando de alegria porque ele não colocou nenhuma algema nos meus braços e isso me deixou muito, mais muito aliviada. Agora eu precisava encontrar Regina e ir para casa, precisava tomar um banho bem quente e esquecer  tudo aquilo por um tempo e...

- Ariane.

Era Sarah.

- O que foi?

Quando me virei para Sarah ela parecia apavorada.

- A Regina está te chamando. Ela está no auditório.

- Que cara é essa Sarah?

Ela abaixou os olhos.

-Eu fui até a sala pegar as nossas bolsas e esse papel caiu de um bolso da sua.

Geralmente quando alguém me entrega um papel a coisa não fica muito boa pro meu lado, mas o que será que é dessa vez?

- Ah, obrigada.

- Eu vou pra casa, qualquer coisa você me liga.

- Tudo bem.

Sarah se afastou e foi embora. Eu hesitei em abrir o papel e ver o que estava escrito. Podia ser uma coisa ruim, ou podia ser boa, ou então podia ser péssima. Ariane, para de frescura e abre isso logo, vamos.

‘’Eu voltei’’

Apenas. Apenas isso estava escrito no papel, uma frase boba, mas que me causava um arrepio preciso contar para Regina sobre isso, quem voltou? Fui correndo em direção a auditório para encontrar Regina, desejando que só ela estivesse lá.

- Ariane! – Regina me abraçou ofegante.

- Ai meu Deus Regina! Que susto!

- Susto é o que você vai levar agora com o que eu tenho pra te dizer.

Ela segurou meus ombros e ficou me encarando por uns 10 segundos ou mais.

- Mas o que foi?

- Ele voltou Ariane, ele está aqui.

- Ele quem Regina?

Assim que terminei a pergunta eu não precisei ouvir a resposta, ele estava na minha frente, com aquele sorriso de meter medo em qualquer um. 


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Notas finais do capítulo




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