Violinos e Veneno escrita por Mariana M


Capítulo 3
Conhecendo o Inferno


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo as coisas começam as ficarem tensas então se preparem



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10 dias após o desaparecimento de Bianca a polícia não sabia mais onde procurar e não sabia quem incriminar, chegaram a desconfiar do porteiro do prédio de Bianca. Então a polícia pediu para a senhora Forbes, diretora da minha escola fazer uma apelação para toda a escola para que todos de mobilizassem e tentassem encontrar Bianca. Fomos todos convocados para comparecer no auditório da escola e ouvir atentamente ao que a diretora iria falar:

– Quero pedir a compreensão de todos vocês, hoje faz 10 dias que Bianca Mazaro desapareceu misteriosamente, hoje a escola fará um mutirão para procurar Bianca pelo bairro. Quem quiser participar esteja aqui na escola 02h30min da tarde e...

A Diretora da escola foi interrompida pela sua secretária que trazia um pequeno papel em sua mão, assim que a diretora recebeu o papel ela leu silenciosamente e arregalou os olhos e olhou diretamente para mim com um olhar de matar qualquer pessoa

– Ariane Miller na minha sala imediatamente – disse a diretora saindo do auditório – Estão todos dispensados.

Todo o auditório olho para minha direção imediatamente e eu fiquei com as bochechas quentes e coradas, eu já tinha ido pra sala da diretora muitas vezes e na maioria dessas vezes eu costumava saber o motivo. Levantei-me lentamente e fui caminhado em direção à sala da diretora com todos os olhares em cima de mim, tinha algumas pessoas rindo e outras com a boca aberta, assim que sai do auditório tive um pressentimento ruim mas não dei muita atenção a ele. Coloquei a mão na maçaneta da porta sem coragem de abrir e fiquei fitando a porta até que finalmente abri. Deparei-me com a polícia e com a diretora Forbes em prantos.

– O que está acontecendo? – eu perguntei

– Sente-se – um dos policiais respondeu – Ariane, você está realmente encrencada.

Quando você está vendo uma palestra sobre uma colega de classe desaparecida e a diretora para a palestra pra te chamar na sala dela e lá tem um bando de policiais que dizem que você está encrencada você percebe que não é o seu dia de sorte

– O que eu fiz?

– Testemunhas afirmam que foi você a última pessoa com quem Bianca foi vista, você confirma isso?

– Sim, quer dizer, eu não sei!

– Como não sabe?

– Bianca foi à livraria que eu trabalho no dia que desapareceu e depois que saiu de lá eu nunca mais a vi.

Os policiais se entre olharam e cochicharam alguma coisa que eu não consegui ouvir

– Ariane porque você está mentindo?

Entrei em desespero e comecei a chorar, uma coisa que eu nunca deveria ter feito naquela circunstância

– Eu não estou mentindo! Pode perguntar a menina que trabalha comigo! O nome dela é Fernanda e eu tenho o telefone dela e você pode ligar...

– Fernanda Lopez? Foi ela mesma que apresentou testemunho dizendo que você pediu pra que ela cuidasse da loja enquanto acompanhava Bianca em casa.

Vadia. Foi a primeira palavra que me veio a cabeça

– O que? Ela está mentindo!

– Ela e mais 4 pessoas?

– 4 pessoas? 4 pessoas apresentaram testemunho dizendo isso? Mas isso é mentira

– É a palavra de 4 pessoas contra a sua Ariane.

Ótimo. Agora eu estou sendo acusada de raptar minha colega de escola e nem tenho o direito de me defender

– Por favor, acredite em mim, eu nunca mentiria em uma situação dessas.

– Nos acompanhe até a delegacia por favor

E é nesse momento que eu entro em pânico e tenho sair correndo da sala da diretora e o policial me segura a força

– Não tente fugir, pode ser pior

– Eu não raptei a Bianca! Eu não a acompanhei em casa! Eles estão mentindo

– Tem o direito de permanecer calada – disse o policial colocando as algemas em mim.

Eu não sabia mais o que dizer, não tinha argumentos para protestar e nem advogado eu tinha. Eles me escoltaram até a saída da escola, estavam todos lá tirando fotos e rindo de mim, rindo da minha desgraça. Regina veio correndo me abraçar mas um policial a empurrou. Havia pessoas gritando ‘‘que a justiça seja feita’’ e outros gritavam ‘‘ela é a culpada” eu me senti um lixo, me senti como se o mundo fosse desabar sobre minhas costas e por algum motivo eu presumi que aquilo não era nem o começo.

Chegando na delegacia eles me colocaram em uma cadeira de frente para a televisão, não sei o que estavam esperando mas eu fiquei sentada ali por uns 30 minutos até que resolvi me manifestar

– Eu não tenho direito a um telefonema?

– Sim, aqui está seu telefone – disse um policial me entregando um telefone

Agora a questão era: pra quem ligar? Resolvi discar o número de Regina

– Alô? – disse ela com a voz tremida

– Regina? É a Ariane ligando da cadeia, eu preciso de um advogado

– Ai meu Deus! Ariane! Como você está? Porque te prenderam?

– Eles acham que eu raptei a Bianca, e por isso preciso urgente de um advogado

– Eu vou falar com meu vizinho, porque ele é advogado e eu acho que ele pode te ajudar

– Ok, muito obrigada. Mas não tem como você falar agora? Digamos que a cadeia não é muito legal

– Tá eu vou falar com ele, fica bem Ariane você sabe que eu amo você e sempre vou estar ao seu lado

– Obrigada, eu te amo muito também, tchau

– Tchau

Demorou mais ou menos 40 minutos para Regina e seu vizinho muito prestativo chegarem a delegacia

– Eu sou o senhor Perez e vou te tirar daqui a qualquer custo

– Muito prazer em conhecer, espero que tire mesmo – dei um sorriso falso

Senhor Perez foi conversar com os policiais em uma sala reservada e deixou eu e Regina em frente a televisão vendo um reportagem sobre mim, a repórter estava na frente da escola conversando com a diretora e com alguns alunos, e infelizmente esses alunos eram aquelas vadias que me odiavam. O tempo parecia não passar e cada minuto era uma agonia, eu não queria passar mais nenhum minuto nessa cadeia imunda, quando eu tava quase dando uma voadora na porta da tal sala reservada o senhor Perez finalmente saiu e eu e Regina nos levantamos confiantes.

– E aí? Eu posso ir embora? – eu disse na maior expectativa

– Pode! Não podem segurar você na cadeia sem uma investigação mais profunda e além disso você é menor de idade.

Eu e Regina nos abraçamos depois daquelas 2 horas de tormento eu finalmente poderia sair daquele inferno que as pessoas insistiam em chamar de cadeia.

– Muito obrigada senhor Perez. Posso te chamar de Paulo?

– Claro que pode – disse ele sorrindo

– Eu prometo que vou te pagar

– Não se preocupe com isso Ariane, se preocupe em provar sua inocência.

– Não sei como agradecer

– Me agradeça depois, agora vamos para casa

Eu e Regina saímos saltitantes da delegacia, parecia que eu estava lá há anos, era gratificante respirar o ar que havia lá fora. Chegando na casa de Regina me deparei com João Pedro desesperado

– Ariane! Como você está?

– Um pouco assustada mas eu estou bem – disse eu tentando escapar do abraço de urso dele

– Você está fedendo a cadeia – disse ele fazendo uma careta

– João! – protestou Regina

– O que foi? É verdade

– É melhor você ir tomar um banho Ariane – disse Regina

– Antes disso eu tenho que fazer uma coisa

– Que coisa? – perguntaram os dois ao mesmo tempo

– Depois eu conto, prometo.

– Não vá aprontar Ariane! – reclamou João Pedro

– Não vou aprontar, preciso ir agora e mais tarde eu volto – saí da casa antes que alguém falasse mais alguma coisa e me impedisse de sair

O bom de trabalhar na livraria era que além de ter muitos livros a sua disposição é que você sabe onde todo mundo mora, inclusive seus colegas de trabalho. A casa de Fernanda era há 2 quarteirões da casa de Regina e por isso não precisei andar muito. Antes de bater na porta eu respirei fundo, mantenha a calma Ariane você precisa fazer isso.

Toc Toc. Assim que Fernanda a abriu quase desmaiou

– Ariane? O que está fazendo aqui?

– Eu vim conversar com você

– Sobre o que?

– Sobre o depoimento super verdadeiro que você deu a policia. Sabia que falso testemunho também é crime?

Ela abaixou a cabeça apavorada

– Entre, eu estou sozinha

Entrei e me sentei no sofá ainda encarando Fernanda que estava completamente apavorada

– Porque mentiu para a polícia?

– Eu não posso falar

– Pode sim, ou melhor, você deve falar – ela começou a chorar – Por favor, Fernanda sem drama

– Me ameaçaram

Eu realmente não esperava por aquilo

– Quem te ameaçou?

– Isso eu realmente não posso falar, me desculpe Ariane

– Fernanda, esse seu depoimento quase me colocou atrás das grades. Você tem noção da gravidade disso?

Ela começou a chorar tanto que até soluçar

– Me desculpe Ariane mas eu não posso retirar o testemunho

– E porque não?

– Como você disse falso testemunho é crime, se eu retirar o testemunho eu serei presa

– Diga que foi ameaçada que você não será

– Eu não posso, se não ele me mata! Por favor entenda

– Não tem como entender, hoje quase que eu durmo na cadeia e por sua culpa

– Não foi apenas minha culpa, mas 4 pessoas testemunharam contra você

– Eu sei, mas se você retirar o testemunho a policia vai parar de desconfiar de mim pelo menos um pouco – eu estava praticamente implorando

– Eu não posso, saia daqui por favor

– Não vou sair

– Serei obrigada a chamar a policia? Você já não está suficientemente com o rabo preso?

– Não será necessário chamar ninguém, mas eu quero que saiba que estou decepcionada com você. Pensei que era uma boa pessoa

Ela abaixou a cabeça e depois levantou levemente dizendo:

– Uma coisa que você tem que aprender: Ninguém é uma boa pessoa, todos em que você confia vão te dar uma faca nas costas quando você menos esperar

– Não é verdade

– Não seja inocente, é hora de você ouvir algumas verdades

– Boa noite Fernanda – disse eu praticamente batendo nela – Ah, e quando você menos esperar eu mesma vou te dar uma facada nas costas, fique esperta

– Uma boa noite pra você também Ariane – disse ela cinicamente e fechando a porta na minha cara

Fui embora daquele lugar, eu me sentia humilhada e destruída. A garota que trabalhava comigo me tinha nas mãos e eu não podia fazer absolutamente nada a não ser chorar e lamentar pela minha desgraça, sentei no banco da pequena praça na rua de Regina torcendo pra que ninguém me visse daquele jeito, mas infelizmente minhas preces não foram atendidas

– O que houve? – a voz de João Pedro soava torturante

– Nada, eu só preciso chorar

– Não chore, seus olhos ficam muito inchados – disse ele colocando minha cabeça no colo dele e acariciando meus cabelos

E foi aí que eu chorei mais

– Obrigada por estar aqui – eu disse olhando nos olhos dele

– Eu sempre vou estar aqui, já deveria saber disso

Então eu fiz uma coisa que não deveria ter feito em hipótese alguma, eu levantei minha cabeça e o beijei, beijei com força e como se fosse o último beijo da minha vida, eu precisava daquele beijo, precisava me sentir amada e sentir que pelo menos alguém naquele mundo não me daria uma facada nas costas

– Eu te amo – disse ele calmamente

– Eu também te amo

E foi assim que aquele dia terminou, com a pessoa que eu amava ao meu lado e mesmo sendo o pior dia da minha vida eu não queria que terminasse porque João Pedro estava ao meu lado e eu sentia que com ele ali eu era capaz de lutar sem dar facadas nas costas de ninguém.



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Notas finais do capítulo

se gostarem por favor comentem :)



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