Assim que entramos na sala de controle Rick e Harry nos olharam, estávamos um pouco afobados, então disfarçamos e eu comecei explicar toda a situação para eles.

—Pois é Black, eu vi pela câmara, ia mandar o Harry atrás de vocês, mas o Gerald começou a me infernizar com aquela ladainha dele, então mandei que o levassem para minha sala, ele e aqueles detentos comparsas dele, depois Larry ficou lá, encarregado de vigiá-los. Mas se eles começarem a subir aqui para cima teremos problemas—Avisou Rick—Viu apenas um?—Perguntou.

—Sim, era apenas um, parecia um pouco atordoado, não estava andando direito, confuso talvez, então depois que ele sumiu no corredor, viemos para cá, sabíamos que estavam nos vendo pelas câmaras—Respondi.

—É bom andarmos armados, não sabemos quando podemos topar com um deles por ai, por isso precaução é a melhor coisa.

—Pode deixar Rick, andaremos armados agora, eu acabei esquecendo de sair com uma arma.

—Estava apresado demais não era Black?—Harry me encarou—Para trocar o curativo—Dessa vez ela olhou para Carol, e deu de ombros, indo mexer em alguns botões do painel de controle.

Eu e Carol, apenas nos entreolhamos disfarçados, ela pareceu não entender o sentido daquela frase, mas eu sabia muito que, havia sido uma indireta.

—Acho que podemos sair e chegar os corredores, também seria bom fecharmos a entrada que da acesso para os andares de cima, assim os infectados não conseguirão subir aqui—Sugeri.

—Sim, vamos fazer isso, você e eu vamos checar os corredores e salas dos três primeiros andares, Harry e Carol fecharão as entradas lá de baixo, peguem correntes e cadeados, é mais seguro—Rick distribuiu as tarefas e todos concordaram.

*David Black OFF*

*Harry Wood ON*

[...]

—É impressão minha ou você não falou mais de uma palavra comigo hoje?—Carol segurava algumas correntes, enquanto eu fechava os cadeados de um portão.

—Impressão sua—Falei seco.

—Viu? Olha ai, ta fazendo de novo, me respondendo com míseras palavras—Reclamou.

Na verdade, eu estava chateado com Carol, de uma hora pra outra ela resolve ser a ‘enfermeira’ do Black, dando toda atenção para ele, tudo bem, o cara levou um tiro tentando me salvar, mas eu também havia sido ferido, com a morte de Scoot.

—Qual é a sua com o Black?—Fui direto ao ponto, ela me olhou confusa, tudo bem eu fui direto demais, é o meu jeito, aquilo estava me incomodado e precisava que ela fosse sincera comigo, eu não podia negar que mesmo com o fim do nosso namoro, eu ainda a amava muito.

—Como assim Harry? Qual é a minha com o Black, bebeu foi?—indagou.

—Notei uma aproximação entre vocês.

—Nada haver—Ela retrucou, torcendo o canto da boca.

—Tem certeza disso Carol?

—Eu apenas o ajudei, faria isso por qualquer pessoa Harry—Peguei outra corrente da sua mão.

—Ta certo—Voltei a me concentrar no meu serviço.

—Posso saber o motivo dessa sua desconfiança?—Fiquei calado, acho que ela entendeu, pois também se calou e não falamos mais nada. Depois de quarenta minutos, eu estava trancando o último portão, até que a tarefa não havia sido a mais difícil.

—Acho que essa foi à última—disse pegando o resto das correntes das mãos de Carol—Vamos guardar essas correntes, não sabemos se podemos precisar dela mais tarde—Avisei e fomos para a sala de controle juntos.

[...]

Olhei por uma pequena janelinha da sala de controle, que já era de noite, o céu estava escuro, parecia que mais uma tempestade estava por mim, elas aqui eram bem frequentes, principalmente nessa época do ano.

—Eles estão demorando não acha Harry?—Carol estava sentada em uma cadeira giratória de frente para a porta.

—Um pouco, mas não se preocupe, há muitas salas aqui nesses andares de cima, eles devem está conferindo bem.

—Estamos sem comida, acho que devíamos ir ao refeitório, sei lá, despistamos aquelas coisas, afinal se ficarmos aqui em cima sem mantimentos, vamos morrer.

—Não sei não, acho melhor esperarmos o Rick, ele saberá nos dizer o que fazer—Me virei ,parando de olhar para o céu e fitei Carol.

—Qual é? Vamos? Vai me dizer que tem medo de descer lá em baixo? Além do mais, olha aqui—Ela apontou para uma câmara— a maioria deles estão perambulando pelas alas vazias, só tem alguns perto da área do refeitório, podemos chegar lá fácil—Insistiu.

—Será Carol?

—Pegue uma boa arma, e vamos logo—Ela se levantou e foi até as bolsas de armas que tínhamos pegado mais cedo, elas estavam no canto da sala, embaixo de uma mesa, Carol mexeu em algumas.

—Cuidado!—Alertei.

—Relaxa, vem aqui, escolhe uma—Ela pegou uma pistola e eu uma espingarda—Vem, vamos.

[...]

—Silêncio Carol, eles vão nos escutar desse jeito—Reclamei.

—Desculpa, o chão está cheio de coisas espalhadas, eu não vi esses copos pelo chão—Respondeu.

Já estávamos no refeitório, até que o caminho até ali, tinha sido bem fácil, vimos alguns infectados pelo caminho, mas os despistamos. O aconselhável era usar a arma no último caso, já que o barulho dos disparos, só chamaria atenção dos outros.

Conseguimos pegar o máximo de mantimentos possíveis, jogamos tudo dentro de uma caixa que encontramos atrás de um balcão, colocamos de tudo um pouco, pão, leite, algumas garrafinhas de sucos naturais, frutas e alguns enlatados também.

—Já chega Carol, isso aqui é o suficiente—Já estávamos saindo do refeitório, e para nossa imensa infelicidade dois infectados se aproximavam, olhei alarmado para Carol, ela parecia assustada, mas tratou se segurar bem a pistola nas mãos, eu fiz a mesma coisa, erguendo minha espingarda.

Eles ainda não tinham nos visto, resolvemos recuar aos poucos, nos escondemos atrás do balcão, coloquei a caixa de mantimentos no chão e ficamos ali, os dois quietos. Podíamos escutar os passos dos infectados, eles andavam pelo refeitório, faziam um barulho com a boca, mas eu não entendia muito bem o que era.

Como desejei não ter saído da sala de controle, mas não iria culpar Carol, eu havia concordado de descer, fomos apenas infelizes de encontrarmos com aqueles dois passeando por ali. Pisquei para Carol e sussurrei um...*Vai ficar tudo bem* para ela.

Levantei um pouco da cabeça, observando por cima do balcão que os infectados não estavam mais por ali, sorrir aliviado, e chamei Carol para que saíssemos dali. Segurei a caixa nos braços e fomos nos direcionando para a saída do refeitório, Carol acabou deixando sua pistola cair no chão e isso fez um certo ‘barulho’ o suficiente para atrair atenção de dois infectados, de certo deviam ser os mesmos anteriores.

—Droga!—Ela falou, recolhendo a pistola do chão.

—Corre Carol, vamos—Começamos a correr o mais rápido possível, eu estava logo atrás dela, a caixa de mantimentos estava pesada, isso atrapalhava um pouco, sem contar que algumas coisas estavam caindo no chão, devido à correria.

—Vamos Harry, eles estão nos alcançando.

—Estou correndo o máximo que posso Carol, mas eles também são rápidos—Rápidos era apelido, os infectados quase saltavam, tinham um ótimo controle de velocidade.

—As escadas—Ela gritou.

Ainda tínhamos dois lances de escadas para subir, antes de alcançarmos o portão do andar de cima. Olhei desesperado para trás, os desgraçados estavam nos alcançando, mais um pouco e seríamos a jantar deles.

Subimos aos pinotes os degraus, parecia que nunca teriam fim, Carol tropeçou e caiu, tentei ajudá-la, mas um infectado avançou em cima de mim, acabei deixando a caixa cair e fui lançado por ele, escorrendo pela escada, cair no chão e a espingarda alguns metros de mim. Carol tentava se arrastar pelas escadas,porém o outro Infectado estava logo atrás dela.

—Carol—Gritei—Cuidado! Atrás de você—Ela se virou ficando de frente para ele, e disparou no mesmo, entretanto o tiro acertou sua perna, ele tombou para frente, mas continuou querendo alcançá-la.

Eu ainda tinha que tomar cuidado também, o Infectado que havia me lançado das escadas, estava vindo em minha direção, eu sabia que o tiro que Carol havia disparado, logo chamaria atenção de outros, levantei rapidamente e alcancei minha espingarda.

—Harryyyyyyyy—Ela gritava. O infectado já estava na minha frente, parecia me olhar curioso, observando a arma que eu segurava, eu não tinha escolhas, teria que atirar, foi exatamente o que fiz e diferente de Carol, acertei em cheio seus miolos, seu corpo já sem vida desabou no chão e eu corri para ir salvar Carol, do outro Infectado, porém antes mesmo que eu subisse as escadas, mais um tiro foi escutado, vi o infectado despencar das escadas, olhei para cima vendo Black e Rick.

Rick abriu o portão nos chamando, e Black segurou Carol nos braços, subindo o restante dos degraus, entrando para dentro.

—Vamos Harry, venha logo, eles estão vindo—Chamou Rick.

Olhei para trás, vendo um aglomerado de infectados se aproximado, eu tratei de subir as escadas, voltei a pegar a caixa de mantimentos e atravessei o portão, Rick voltou a trancá-lo, antes que os infectados subissem as escadas.

[...]

Eu e Carol levamos uma bronca de Rick, por nossa falta de juízo em descer sem sua autorização, depois fomos comer alguma coisa, Rick acabou levando umas coisas para Larry, já que ele estava vigiando Gerald e não podia deixá-lo sozinho, ficamos apenas, Carol, Black e eu. Enquanto terminava de comer um enlatado de atum, sentado em um canto da sala, observei Carol e Black, eles estavam próximos da porta, ela toda derretida, estava agradecendo por ele ter salvado a vida dela, grande coisa ‘pensei’ se tivesse demorado mais um pouco, eu mesmo teria feito isso.

Agora ele devia está se sentindo, aquilo me deixou irritado, eu não tinha raiva do Black, no fundo o admirava, ele era um homem bom, mas o que ele estava querendo fazer era demais para mim, Carol era a única coisa boa que havia me sobrado ali, e ele queria tomá-la, tomá-la de mim.

[...]

Trocamos de turno algumas vezes durante a noite, Rick havia acabado de fazer seu turno, e era eu agora, logo depois seria a vez de Black, vigiávamos os corredores e as câmaras, se caso alguma coisa acontecesse, estaríamos preparados, a última coisa que queríamos eram surpresas, por isso toda vigilância era boa naquele momento.

*Harry Wood OFF*