Capitulo 3; ganhar e perder

PDV Esme

O tempo que passei no “Ônix” foram um dos mais incríveis e tambem os mais conturbados da minha vida. Lá eu cresci, ganhei, amadureci e perdi as duas coisas que eu mais amei no mundo.

 Dois anos depois que comecei a estudar - além de ter que conviver não só com as dificuldades do campus em si -, tive que aprender a conviver com a dor e a incerteza de perder Carlisle. Ele estava com 18 anos e rumo à faculdade – cursando assim seu ultimo período no High School – e eu com 16 e ainda mais dois anos pra cumprir.

 Além de tudo estava com medo de ficar sozinha novamente.

 No final do ano eu já estava sem chão. Carlisle prometeu que iria me esperar em Haward e que iria me visitar sempre que desse. Minha única opção foi aceitar. Carlisle estava indo realisar o seu sonho de ser um médico e o de seu pai de se formar e ser um aluno renomado de Haward.

Um ano se passou com visitas escassas e provocações abundantes. Pouco antes de terminar o ano – uns cinco meses antes – tudo se complicou ainda mais. As provocações de Carmen por ser seu ultimo período no colégio e tambem estar indo pra Haward – PRIMEIRO QUE EU – se encontrar com Carlisle ficaram insuportáveis.

 No ano seguinte as coisas melhoraram com Carlisle e, como que consequentemente, pioraram com Carmen que mesmo de longe se fazia uma sombra.

 Poucos meses antes de terminar o meu último período eu já tinha recebido várias cartas de aceitação de diversas universidades para cursar psicologia: Haward, que era minha primeira opção, Dartmounth, Yale, Stanford... Em fim, a única coisa que quis naquele momento foi compartilhar minha felicidade o que, mais tarde, achei melhor que não o tivesse feito.

...

 Eu estava abrindo a primeira carta quando telefonei pra Renée:

 - Alô?

 - Renée?

 - Não, não. No momento a pizzaiola. Háháhá.

 - kkkk que engraçada – disse séria – que milagre te levou à cozinha?

 - Marcus. Háháhá. Estamos competindo!

 - E é claro que eu vou ganhar – o ouvi dizer do outro lado

 - Háháháhá. Eu não duvido nada! Mais em fim... só liguei pra falar que sua irmãzinha querida foi aceita em Haward, Stanford, Yale... – Renée ficou em silêncio – Renée?

 - AHHHHH! – gritou

 - Nossa Renée, calma!

 - OMG! Nem acredito. Ahhhhh. Eu acredito simmmm, você é demais!!! Mais você vai pra qual?

 - Haward é claro!

 - Ah que ótimo! Carlisle já sabe?

 - Não, ainda não. Na verdade você foi a primeira. Não sei como te agradecer por tudo que fez por mim...

 - Nem precisa... Você me agradece todos os dias mostrando que tudo que fiz e faço valeu a pena. Você se tornou uma mulher incrível e nem imagina o quanto me orgulho disso! – chorou.

 - Tudo o que sou hoje eu devo a você. Você que me incentivou, me motivou e mais do que isso, Renée, você me inspirou. Essa mulher incrível que você é que sempre lutou pra fazer as melhores escolhas, que sempre passou por cima de todas as dificuldades.... Você sim é uma mulher incrível! Agora chega de chororô. Tenho que ligar pra Carlisle.

 - Ok meu amor, até mais – disse ela ainda chorando.

 - Até. Guarde uma pizza Romeu e Julieta pra mim e jogue pimenta malagueta na do Marcus. Háháhá.

 - Argh! Que nojo. Você nem gosta de pizza doce... ainda mais de goiaba. E eu já coloquei um temperinho extra nas pizzas do Marcus – sussurrou.

 - Aham sei! Colocou “Pó de Arriba Touro” né? Háháhá.

 - Quase isso.

 - A noite promete né? Kkkk. Deixa eu desligar que eu acho que já to atrapalhando. Beijo.

 - Beijo meu amor. Fica com Deus.

...

 Assim que desliguei liguei pra Carlisle

 - Alô amor?

 - Own, não. Só um minutinho... ele foi ao... banheiro. É que ficamos ocupados por um bom tempo sabe? – disse Carmen do outro lado com malícia na voz.

 - Tudo bem. Eu espero. – disse seca

 - sabe o que é Esme? É que eu não quero acorda-lo. Foi uma noite um tanto... Exaustiva – novamente com malícia – e tambem não sei se ela vai querer falar com você agora.

 - Acorde-o! – disse ainda calma, me controlando, mais não pude evitar o nó de se formar na minha garganta.

 - OK...OK. Só um minuto... Carlisle, Telefone – ouvi ela dizer como num sussurro.

 - Argh! Desligue, não quero atender – disse ele com a voz arrastada.

 - Eu seu, eu sei, mais é a Esme – disse Carmen como se tivesse ao pé do ouvido dele.

 - Own... – gemeu – fale que eu ligo depois. O vinho me deixou tonto – novamente com a voz arrastada. Apesar de que nessa altura do campeonato eu não prestava atenção em mais nada.

 - Háháhá! – gargalhou Carmen – eu falo com ela meu amor, agora descanse. Esme? Ele falou que te liga depois... é importante?  – perguntou sinicamente

 - Na verdade não muito. – disse controlando a voz, não sabendo se havia adiantado alguma coisa por eu já estar aos prantos, mas não ia sair tão por baixo nessa história. Não tanto para que Carmen ficasse por cima. – mais já que está aí pode me servi pra alguma coisa, afinal de contas você poderá servir de consolo não é mesmo? Diga a ele que apesar de ter sido aceita em Haward não irei por ter recebido uma proposta melhor e que não vou abrir mão disso por causa dele, OK? Ah! Quase me esqueci. Diz tambem que não precisa vir se despedir, isso não é necessário, e que fique bem. Acho que você tambem poderá cuidar disso... Mais nunca se sabe né? Ele nem se quer nota ou notava o quanto você o amava. Mais parece que as coisas mudaram. Fico feliz por ele ter alguém que o console enquanto estiver sentindo minha falta. Então... até mais e não se esqueça de mandar lembranças, é só isso que ele terá daqui pra frente.

 E assim eu desliguei o telefone e o taquei longe, me permitir chorar tudo o que fui capaz de segurar até agora.

 Eu não conseguia acreditar no que tinha acontecido. “Ele não podia ter feito isso” pensei. “eles não podiam ter feito isso, não comigo, não desse jeito”. No final Carmen havia conseguido o que sempre quisera.

...