Here Without You escrita por lawlie


Capítulo 20
I wish I could save you. - Parte I




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Eu queria poder te salvar…

 

- Mikoto. – chamou Takari do quarto. A garota chorava em silêncio apenas ressaltando as lágrimas que caiam de seu rosto já cansado. Não demorou muito e a mulher apareceu. Ela abriu a porta.

 

- O que foi Takari? Por que você está chorando? – perguntou ela preocupada.

 

- Não foi nada. – respondeu a garota.

 

- É claro que foi Takari... Pelo amor de Deus, o que aconteceu? – insistia Mikoto.

 

- Não foi nada Mikoto. Eu já disse. Por favor, leve esse telefone daqui. – implorou a garota.

 

- Você falou com ele?

 

- Mikoto, por favor. Não faça perguntas... – pediu ela com a voz fraca. Agora, qualquer lembrança que ela nutria de Kakashi era dolorosa. – Se ele tornar a ligar de novo, eu não quero falar com ele.

 

- Mas por quê, Takari? Por quê? Você não gosta dele? – pergunta a mulher.

 

- Por isso devo me afastar. – responde a menina fitando o chão.

 

- Tudo bem. – finaliza Mikoto com a voz desanimada. – Se você quer assim...

 

A mulher pega o telefone sobre a cama da garota e a passos lentos vai saindo do quarto. Quando fecha a porta, tranca-a passando a chave. Takari permanece sozinha novamente.

 

- Não há escolha. – murmura ela para si mesma dando um prolongado suspiro. – Esse é meu último fôlego a ser tomado antes de um mergulho profundo e fatal.

 

- x –

 

Kakashi sai correndo pela casa, olhando desesperado pelos cantos.

 

- Pai! – grita ele chamando desesperadamente. Nada vem como resposta. O garoto chega na cozinha e encontra um bilhete sobre a mesa.

 

“Kakashi, desculpe-me novamente, mas recebi uma ligação urgente no meu celular avisando que um amigo falecera na estrada para Nova Jersey. Eu tive que sair às pressas. Não sei se chego para o jantar. Duvido muito. Espero que você não fique bravo comigo por estarmos nos comunicando por bilhetes todas as vezes que algo de decisivo acontece em sua vida. Sinto muito. Papai.”

 

O garoto acaba de ler o recado e amassa o papel. A ira sobe pelo seu corpo.

 

- Por que você tem que sair assim?! – brada ele. Seu grito ecoa pela cozinha. E ele sai novamente rumo à sala. Recolhe o telefone sobre o chão e começa a digitar freneticamente o número dos Uchiha mais uma vez.

 

Ele espera o telefone chamar por mais um momento. Suas mãos estão trêmulas. Uma voz atende.

 

- Alô! Takari! Você ainda está aí? – fala ele desesperado.

 

- Desculpe-me. Você ligou para o número errado. – falou a voz do outro lado da linha. Um desapontamento tomou conta do peito de Kakashi. Ele desliga o telefone mais uma vez e tenta ligar de novo.

 

A adrenalina tomava conta de todos seus músculos, ele mal respirava, ele mal aguentava. A única coisa agora que tomava conta de seus pensamentos era Takari. Não era possível que a garota ira desistir da vida tão fácil. Kakashi não sabia se suportaria caso ela morresse. Quão tamanha dor que ele sentiria, o garoto não tinha idéia de como iria suportar a perda de Takari, caso ela resolvesse definitivamente morrer.

 

- Alô! – agora era a conhecida voz de Uchiha Mikoto que saía do telefone.

 

- Alô! Por favor! Eu preciso falar com a Takari! – suplica Kakashi.

 

- Lamento. Mas ela não deseja falar com você.

 

- Por favor! – pede Kakashi mais uma vez.

 

- Eu não posso fazer nada. Eu sinto muito. – fala Mikoto. – Adeus.

 

- Espere um momento! – grita Kakashi pelo telefone.

 

Em vão. A linha fora cortada novamente.

 

Kakashi larga o telefone em um canto. Ele procura por ser sapatos, sobe até seu quarto e veste a primeira calças jeans que vê pela frente e o primeiro suéter que encontra. Ele desce as escadas correndo.

 

O garoto abre desesperadamente a porta e, já do lado de fora, está todo atrapalhado com a fechadura tentando achar a chave. Ele sai andando depressa pelas ruas, mal prestando atenção nos carros. O que lhe importava agora era apenas chegar até ela.

 

“Eu não posso acreditar que ela seria capaz de uma loucura como aquela...” pensa Kakashi “Ela vai... Ela vai... se matar.”

 

Era doloroso para ele admitir isso. Mas essa situação estava bem diante da sua cara. O garoto sabia que Takari era capaz de fazer aquilo. Kakashi desconhecia seus motivos. Ele não sabia se ela era louca demais ou perturbada demais. Talvez o louco fosse ele por se envolver sentimentalmente com uma suicida como aquela. Ou talvez ele fosse apaixonado demais por querer ao menos tentar salvá-la da escuridão.

- Por favor, Takari, não faça isso... - pedia ele para si mesmo em quando caminhava desvairadamente. - Por mais difícil que possa ser, não desista tão fácil da vida... Eu estarei com você. Se você se for, eu sou capaz de... de...

 

Ele não tem forças para completar a frase. Era mais um passo no escuro. Kakashi sabia que a vida de Takari dependia dele encontrar a casa dos Uchiha. Contudo, ele sabia também que era quase impossível achar a tal casa em meio à imensa cidade de Middletown.

 

“Já sei o que fazer. Só me resta torcer para ele estar em casa” pensa Kakashi já tendo uma idéia de como alcançar seu objetivo.

 

O garoto apressou o passo e resolveu procurar por Hayate. Na verdade, ele tinha certeza de que o amigo poderia lhe ajudar a obter essa informação. E, para sua sorte a casa do amigo já estava se aproximando.

 

Depois de longos cinco minutos Kakashi já estava parado em frente à casa dos Gekkou. Arfante, ele toca a campainha. Passam-se alguns minutos e o Hatake escuta passos se aproximado. Levemente a porta é aberta.

 

Hayate aparece em sua frente, com a mesma cara de cansaço e parece se surpreender com a presença de Kakashi ali.

 

- O que aconteceu Kakashi, você está pálido... – começou o amigo.

 

- Hayate, - interrompeu o garoto. – eu preciso urgentemente de sua ajuda.

 

- Mas o que foi? Você parece que viu um fantasma...

 

- Eu te contarei tudo lá dentro. – falou Kakashi.

 

Hayate então convidou o amigo para entrar. Ofereceu um copo de água, que Kakashi prontamente recusou. O garoto ainda insistia que o Hatake estava com cara de quem viu fantasma. Logo após, eles se sentam no sofá da sala.

 

- Hayate eu sei que você é capaz de obter essa informação. E eu preciso dela urgentemente. É um caso de vida ou morte... – fala Kakashi trêmulo na voz.

 

- Você quer fazer o favor de me dizer o que ta acontecendo?

 

- Eu telefonei para a Takari. – disse ele tomando fôlego.

 

- E o que aconteceu?

 

- Ela... ela... ela falou umas coisas meio sem sentido, do tipo “ele não pode descobrir o nosso envolvimento”, “essa casa me sufoca”, “lembrar disso até o fim da minha vida”, “o melhor a se fazer é partir”...

 

- Normalmente as pessoas falam isso da boca pra fora... – comentou Hayate.

 

- Mas no caso dela não foi da boca pra fora, Hayate. Ela estava convicta disso. Ela estava se despedindo de mim. Para sempre. – disse Kakashi segurando a cabeça com as duas mãos.

 

Hayate olhava preocupadamente para o amigo. O garoto estava abalado por demais. De acordo com a opinião do moreno, Kakashi tinha se envolvido muito com aquela garota. Isso já estava se tornando uma paixão doentia e patológica. Não era possível alguém amar tanto assim uma pessoa.

 

- Você telefonou de volta Kakashi?

 

- Telefonei. Mas ela não quer mais falar comigo.

 

- Talvez ela esteja certa, Kakashi. Talvez o melhor a se fazer é você se afastar dela.

 

- Do que você está falando, Hayate?! Eu sou o único que pode salva-la! Eu sou o único que importa com ela! O único que a ama de verdade!

 

- Eu não estou duvidando disso Kakashi, mas dê um tempo à ela...

 

- Tempo? Você quer que eu dê um tempo a ela?! Esse tempo pode ser suficiente para ela já estar morta! – disse Kakashi.

 

- Você tem certeza de que ela vai mesmo se matar? – perguntou Hayate franzindo o cenho.

 

- Tenho sim, Hayate. Ela se despediu de mim... Ela vai fazer uma loucura... Ela não pode se suicidar... eu tenho que impedir!

 

- Me diga uma coisa Kakashi, honestamente. – pediu Hayate. – O que realmente aconteceu com vocês dois para ela fazer isso? Tem que haver algum motivo concreto pra ela suicidar... Kakashi, não me diga que essa garota está grávida...

 

- O que? Do que você ta falando Hayate? Você perdeu a razão? É claro que não... – fala Kakashi sentindo-se ofendido com o comentário do amigo.

 

- Desculpa, mas esse seria um motivo plausível para ela tentar se matar. Normalmente é motivo de muitas garotas...

 

- Os motivos dela não vêm ao caso agora, Hayate. Em breve eu irei conhecê-los. Pode ter certeza. – falou Kakashi.

 

- E o que você quer que eu faça? – perguntou Hayate.

 

- Eu preciso que você encontre o endereço dela. – responde Kakashi.

 

- Você tá louco Kakashi? Você vai até a casa dos Uchiha? Você vai ser expulso de lá. – alertou Hayate.

 

- Não importa. Eu estou decidido em ir até lá de qualquer forma. Se você não quiser me ajudar eu encontro sozinho...

 

- Está bem Kakashi, eu encontro o endereço dela para você. Mas onde você acha que pode ter? Invadir um computador das empresas Uchiha vai ser complicado...

 

- Eu sei um jeito mais fácil. Invada o computador da escola. Deve haver algum registro da Takari lá. Na ficha de matrícula ou em qualquer outro tópico. – disse Kakashi.

 

- Hun... E lá vai o Kakashi pensar como um hacker... – disse Hayate sorrindo.

 

- É por um bom motivo...

 

Hayate então chamou Kakashi para subir até o quarto onde existia seu computador. O moreno sentou-se numa cadeira e Kakashi acomodou-se numa poltrona.

 

- É apenas pegar o endereço dela nos arquivos da escola, não é? – perguntou novamente Hayate enquanto o computar iniciava.

 

- É. Quanto tempo você acha que vai levar? – indagou o Hatake.

 

- Dependendo da nossa sorte, apenas alguns minutos.

 

Hayate se calou a encarar a tela de seu computador. Kakashi apenas permanece a o observar. O garoto faz alguns logins antes de começar e depois abre uma página no computador. Aquilo para Kakashi parecia ainda abstrato e incompreensível, por isso, o garoto admirava bastante as habilidades de Hayate.

 

O silêncio pairava no quarto e era interrompido de vez em quando pelo barulho das teclas sendo digitadas no teclado. Hayate permanecia vidrado naquela tela de computador, digitando combinações, códigos e senhas. Decorridos alguns minutos ele desgruda os olhos daquela tela e encara o amigo.

 

- Tudo pronto Kakashi. Já entramos no sistema da escola. – informou ele.

 

- Hayate, você é demais mesmo! – exclamou o garoto. – Mas isso é ilegal, não é? Quer dizer, você poderia muito bem alterar a nota de quem quiser aí...

 

- É. Poderia. – resmunga Hayate.– E até hoje não sei nem por que ainda não o fiz. Acho que é porque faz parte da vida se dar mal na escola. Ninguém acreditaria se aparecesse uma nota altíssima em físico-química no boletim de Gekkou Hayate.

 

- É. Você tem razão. – disse Kakashi.

 

- Vejamos... – murmura Hayate. – O nome dela é Uchiha Takari. Vamos procurar...

 

Enquanto o sistema procurava pelo nome, Kakashi estava pensativo, com os dedos fortemente entrelaçados uns nos outros. Profundamente, ele pedia que não fosse tarde demais. Ele pedia apenas por mais um pouco de tempo.

 

- Aqui está. – disse Hayate finalmente. – Uchiha Takari, último ano. É... Até que ela tem umas notas boas... Biologia, Química...

 

- Dá para você ser um pouco mais rápido Hayate. – pede Kakashi.

 

- Tudo bem. Vejamos... Dados pessoais... Nossa! Ela mora do outro lado da cidade. Num bairro de rico. Olha aqui.

 

Kakashi vai para frente do computador e olha nas informações pessoais de Takari. Realmente a garota morava muito distante dali. E ele não sabia como chegar até lá. Contudo, Kakashi ainda pegou um pedaço de papel e anotou.

 

- Você vai até lá? – perguntou Hayate.

 

- Eu disse que vou. – respondeu convicto Kakashi.

 

- Só me resta então te desejar boa sorte, Kakashi. Quer dizer... – falou Hayate pensativo. – Eu acho que o Genma vai vir aqui daqui a pouco... Ele deve vir de carro...

 

No instante que Hayate falou isso eles escutaram alguém buzinando do lado de fora. Kakashi e Hayate se entreolham assustados com o que os dois acabaram de presenciar. O moreno olha pela janela e vê Genma, de carro, do lado de fora.

 

- É Kakashi. Você está com sorte hoje. – falou Hayate.

 

Os dois saíram da casa e foram até Genma, que saía do carro.

 

- Kakashi, o que você veio fazer aqui? – perguntou o loiro.

 

- A gente acabava de falar de você... – disse Hayate.

 

- Genma, eu preciso de um favor seu. – disse Kakashi.

 

- Pode falar, Kakashi. – disse o amigo.

 

- Eu preciso ir atrás da Takari.

 

- Você já não cansou de ficar correndo atrás dela? – pergunta Genma.

 

- Por favor. – fala Kakashi. – Eu sei que ela precisa de mim.

 

Genma abriu um sorriso no canto da boca e murmurou:

 

- E era você que disse que não ia se apaixonar, Kakashi. Entra aí. – disse ele.

 

- Você não vem também? – pergunta Kakashi recebendo a chave do carro do amigo.

 

- Não. Pode ir dirigindo. – Genma aponta para o banco do motorista e depois sorri. – Ande logo. Vá atrás da sua garota, Kakashi.

 

Kakashi então entra no carro, despede-se de seus amigos e começa a dirigir pelas ruas da cidade.

 

O caminho parecia cada vez mais longo para Kakashi e aquela imensa estrada de asfalto acinzentado parecia não ter fim. As casas passavam depressa pelo vidro do carro, mas mesmo assim o garoto sentia não se aproximar do seu destino.

 

Toda vez que ele era obrigado a parar no semáforo, ele se sentia ainda mais angustiado. Parecia uma eternidade as luzes mudarem do vermelho para o verde, e quando isso acontecia, Kakashi pisava firme no acelerador para diminuir as distâncias.

 

O garoto de cabelos prateados não tinha a mínima idéia do que faria no momento que chegasse na casa de Takari. Não sabia se invadiria a casa, se iriam o convidar para entrar, não tinha idéia do que falar para o temido Fugaku, não sabia se ao menos teria forças para gritar o nome de sua amada.

 

Kakashi olhava desconsolado para a imensa highway, engolia seco às vezes e suas mãos suadas faziam força para segurar firme o volante.

 

“Eu estou chegando querida. Eu estou chegando”. Pensava Kakashi com tais frases iterando em sua mente.

 

- x –

 

Takari se aproximou da janela de seu quarto. Ficara trancada ali durante um logo tempo e então, a garota resolveu contemplar por uma última vez aquela paisagem remota que trazia a ela lembranças tão nefastas e assustadoras. O céu permanecia cinzento, como todos os dias naquela cidadezinha fatídica de Middletown.

 

Era apenas uma cidade nostálgica, um tanto grande e importante para o estado de Connecticut, que Takari sequer se importava com sua existência. Não mais importava se ela estivesse em Nova York, Londres, Seatle ou até mesmo Vancouver. Tudo em sua mente, todos esses lugares que ela já passara eram apenas memórias apagadas e escuras. Mesmo no verão o céu era nublado, o sol inexistente, o frio cortando as almas, mesmo se o termômetro estivesse marcando 25ºC.

 

Sua vida sempre fora um inverno sem fim. Ela estivera congelada durante anos, e infelizmente quando esse gelo começou a derreter, quando seu coração começou a bater de novo devido àquela quente paixão, era hora de partir. Isso era impróprio para ela. Takari continuava remoendo suas lamúrias e implorando para um vazio a seu lado: “Por favor, perdoe-me. Eu sei o que eu estou fazendo. Mesmo não conseguindo parar de te amar. Perdoe-me”

 

E enfim, nesse frio interminável de seu vazio coração, nessa tristeza doentia capaz de fazer qualquer pessoa querer parar de respirar, Takari cria coragem para fazer o que já estava decidido há tempos. Naquele último dia de outono esquecido ela fez sua decisão. Neste infeliz último dia de outono em que nunca se sentiu tanto frio. Nunca se sentiu tanto... E agora bem no início do inverno, onde as folhas sempre caem, as árvores sempre morrem e as flores jamais crescem, Takari decide concretizar o planejado.

 

Os olhos de Takari percorrem aquele jardim morto, de grama seca e amarelada. Com certeza não sentiria falta daquele mausoléu. Logo, ela puxa as cortinas de seu quarto, deixando-o escuro e sem vida.

 

A garota respira profundamente, sentindo um nó na garganta indicando que em breve ela se debulharia novamente em lágrimas. Ergue a cabeça e fecha os olhos. Está é a hora certa de não mais existir nesse mundo.

 

Takari encaminha-se até a cômoda colonial de mogno no canto de seu quarto. Ela abre a pesada gaveta, segurando firme os puxadores de latão cor de bronze e rebuscados de desenhos irrelevantes.

 

A garota revira as roupas que ali estavam e bem no fundo da gaveta encontra o que estava procurando. Um brilho metálico reflete o pouco de luz proveniente de algumas frestas do quarto da menina. Takari treme de frio, mas nada que a impedisse de continuar. Seu quarto escuro exalava uma atmosfera macabra. Que seria, num futuro, local de histórias fantasmagóricas e assustadoras sobre a triste história da garota depressiva e inexistente que cortou as veias dos pulsos e sujou todo assoalho encerado de madeira com seu vermelho sangue cheirando a traição. Isso daria ainda mais ao casarão da lendária família Uchiha o predicado de amaldiçoado e funesto.

 

Takari pega aquele metal reluzente e polido. Nota-se que é uma bela adaga, provavelmente produto de colecionador. E na verdade era. A garota conseguira aquele tipo de faca uma vez, quando aquela família desregrada se mudava de Vancouver para Seatle. Em meio a caixas lacradas, o brilho da adaga de prata chamou a atenção de Takari. Como um metal como aquele podia ser tão belo, tão atraente e com uma finalidade tão terrível? A faca que provavelmente datava-se no início dos anos 1900 estava bem cuidada, sem sinais de oxidação e perfeitamente afiada. Encontrava-se em uma bainha também de metal, com desenhos de hibiscos e flores-de-lis encantadoramente ordenados.

 

A garota segura em suas mãos a adaga fria. Lentamente ela retira a bainha da faca e pôde se ver a lâmina brilhante refletir seu pálido rosto. Seus olhos azuis já estavam acinzentados e vermelhos de tanto chorar.

 

- Nem mais uma lágrima cairá desses olhos. – fala Takari para si mesma como se alguém pudesse a ouvir. – Aqui vou eu. Começar minha nova vida. Voltar para o lugar de onde eu nunca deveria ter saído.

 

Ela senta-se no chão, apoiando as costas na parede. Bem de vagar, ela sente a fria lâmina encostando-se à sua pele.

 

- x - 


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