Here Without You escrita por lawlie


Capítulo 19
The Call




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Kakashi estava iquito. De início, ele se sentou na cama e abaixou a cabeça. Logo, entrelaçou seus dedos nos cabelos e ficou nessa posição pensativa durante um bom tempo.

 

O clima já começava a esfriar dentro de seu quarto e ele notou que precisava ligar o aquecedor. Então, assim o fez. Por incrível que parecesse, ele não conseguia parar de pensar em Takari. A possibilidade dela se matar o deixava louco e sem ação. A cada minuto que ele perdia ele imaginava que poderia ser o instante fatal para que ela fizesse uma besteira e partisse para sempre.

 

O garoto estava confuso. Um remorso consumia-lhe o coração e só de pensar que ela poderia suicidar-se apenas por saber que ele a amava o deixava angustiado. Ele sentia que precisava falar com ela. Ao menos para implorar àqueles olhos que agüentasse firme e não desistisse assim tão fácil da vida.

 

Por mais que as pessoas pudessem falar, Kakashi com certeza se sentiria culpado pelo pior.  O que ele poderia fazer? Telefonar? Ir até lá? Contudo, ele mal sabia sobre Takari, muito menos onde morava e seu telefone. Era como se ela fosse uma desconhecida, mas ao mesmo tempo a pessoa que era mais familiar a ele.

 

Por fim, o garoto entrou em baixo dos cobertores e assim permaneceu.

 

- x –

 

Amanhecia lentamente em Middeltown. Kakashi sequer havia pregado o olho noite passada. Passou oras a fio de insônia pensando em seus receios e em seus pânicos. Era uma forma desgastante e terrorista de se sentir culpado antecipadamente. Algo que conseguia degradar de forma catastrófica sua saúde.

 

Todas as janelas de sua reclusão estavam fechadas. O quarto do garoto permanecia escuro, abafado pelas cortinas que Kakashi sequer quisera abrir. As horas iam se passando e o garoto continuava a se revirar naquela cama fria.

 

Ele olha no rádio-relógio. Marcava pouco mais que meio-dia. Em pouco tempo seu pai bateria na porta chamando-lhe para o almoço, porém, Kakashi não sentia ânimo sequer para se levantar dali.

 

Dito e feito. Passaram-se alguns minutos e lá estava Hatake Sakumo a bater em sua porta.

 

- Kakashi. – chama. – Você não vai se levantar?

 

O garoto não responde, o que faz o pai bater mais vezes na porta demonstrando preocupação.

 

- Você está bem Kakashi? Abra a porta.

 

- Eu estou bem pai. Eu apenas quero ficar sozinho. – disse Kakashi finalmente.

 

- Você não quer conversar? Não entendo por que você se trancou aí... Tem certeza que tá tudo bem? – torna a perguntar Sakumo do lado de fora.

 

- Ta sim. – responde Kakashi. – Eu só quero ser deixado em paz.

 

Sakumo então deixa o filho sozinho e volta para a sala. Ele está preocupado. Jamais vira Kakashi daquele jeito. Apesar de desde criança o garoto se apresentar um tanto reservado, trancar-se num quarto escuro durante horas era visto por Sakumo como uma atitude patológica que carecia de observação minuciosa.

 

As horas iam se passando. O pai do garoto fora algumas vezes bater à porta do quarto perguntar-lhe se ele gostaria de comer alguma coisa. Mas a mesma resposta implorando por privação sempre ecoava lá de dentro daquele quarto trancado. Sakumo já estava ficando repreensivo com a atitude do filho. E, finalmente toma uma decisão mais trágica de exigir que o filho abrisse a porta.

 

Kakashi se levanta apático da cama e destranca a maçaneta. Depois disso, volta a deitar-se. Sakumo entra no quarto escuro.

 

- Que diabos aconteceu Kakashi, pra você estar desse jeito?

 

- Nada pai. – responde o garoto.

 

- É óbvio que aconteceu alguma coisa. Como foi o baile ontem? – pergunta ele tentando parecer interessado.

 

- Um desastre. – responde Kakashi indiferente.

 

- Mas por quê? A garota não foi? – indaga o pai.

 

- Foi.

 

- Então, não há motivos para tristeza.

 

- Hun. – resmunga Kakashi. – Ela saiu correndo, fugindo de mim. E agora por minha culpa, ela é capaz de tentar se matar.

 

- Fala sério Kakashi. Você só pode estar de brincadeira. – zombou o pai.

 

- É sério pai. Eu não seria capaz de brincar com uma coisa dessas.

 

- Então me diga. Quem é essa garota. – pediu Sakumo.

 

- O nome dela é... – começou Kakashi. Ele tomou fôlego – Uchiha Takari.

 

- Uchiha?! – assustou-se Sakumo.

 

- Eu sabia que essa seria sua reação no momento em que eu falasse o sobrenome dela.

 

- Mas Kakashi, você está namorando essa menina?

 

- Não pai. Ela é sensata o suficiente para fugir de mim. – falou Kakashi.

 

- E problemática o suficiente pra se matar por sua causa. – completou o pai. – Kakashi, você tem noção de com quem você está se metendo?

 

- Como assim?

 

- Você sabe que os Uchiha não são, digamos, boas pessoas para se criar laços.

 

- Eu ainda não entendo. Você pode ser um pouco mais claro?

 

- Os Uchiha, Kakashi, são de uma família um tanto complicada. Coberta por escândalos omissos e histórias mal contadas a respeito dessa menina. Porque eu não sei se você sabe, mas essa garota não é filha legítima do casal.

 

- Como você sabe disso? – perguntou Kakashi.

 

- Hun, esse era o segundo motivo que eu lhe dou para se afastar desses Uchiha, Kakashi. Eu sei disso porque eu sou justamente o advogado que defende a principal empresa concorrente da Companhia Uchiha.

 

- Então quer dizer que por motivos capitalistas você andou investigando a vida dos Uchiha? – indaga o garoto parecendo indignado.

 

- Isso não vem ao caso agora. E mesmo que viesse eu não sou autorizado para lhe dar tais informações confidenciais. Eu só vou lhe dizer uma coisa. Se você ainda tiver uma gota de juízo restante, se afaste daquelas pessoas, pois Uchiha Fugaku não é uma pessoa para se conviver em harmonia. Ainda mais se ele descobrir que você é meu filho, ele irá fazer sua vida e daquela garota se transformar em um inferno. No entanto, se você considerar que aquela garota é mesmo importante para você, que ela vale a pena todos os problemas que você enfrentará para conseguir ficar com ela e se você tiver plena consciência de que a ama de verdade, sugiro que você pegue o telefone e ligue para ela nesse exato momento.

 

- Ligar para ela? – Kakahsi parecia não compreender. – Não pode ser perigoso devido esse Uchiha Fugaku?

 

- A decisão é sua Kakashi. O número do telefone da casa dos Uchiha está aqui. – Fala Sakumo entregando-lhe um papel. Depois disso, ele sai do quarto do garoto deixando-o sozinho.

 

Kakashi olhou confuso para o papel que seu pai lhe entregara. Como ele conseguira informações como aquelas? Com certeza haveria alguém envolvido nessa armação.

 

O garoto então decide interrogar Sakumo. Ele abre a porta de seu quarto e pára no topo da escada. Estava explicado como seu pai lhe dera com tanta desenvoltura e rapidez o telefone dos Uchiha.

 

- Então foram vocês que contaram a ele? – indaga Kakashi começando a descer das escadas. Genma e Hayate conversavam com seu pai.

 

- Er... – ri sem graça Hayate. – Oi Kakashi.

 

- Vocês logo trataram de vir aqui me encher sobre o baile. – resmungou Kakashi.

 

- Acho que eu vou deixar vocês a sós. – disse Sakumo saindo da sala.

 

- É Kakashi, a gente veio sim te encher sobre o baile. Porque, afinal, se você não tivesse sumido você teria sido coroado o rei do Baile de Inverno. – disse Genma.

 

- Na verdade foi você quem sumiu, Genma. – falou Kakashi.

 

- Haha... Não teve graça. – ironizou o loiro. – Mas é sério. Eles chamaram um monte de vezes pelo seu nome e pelo da Uchiha.

 

- É Kakashi. Foi mesmo. “E o título de rei e rainha do Baile de Inverno desse ano vai para... Hatake Kakashi e Uchiha Takari” – imitou Hayate.

 

- Isso não teve graça. – falou Kakashi parecendo irritado.

 

- Claro que teve Kakashi, rei do baile! – ria Hayate. – O carinha mais popular com a garota mais esquisita da escola.

 

- Não fala assim dela! – ralhou o garoto de cabelos prateados.

 

- Tudo bem, tudo bem, só que convenhamos, a Uchiha te deu o maior bolo ontem... – comentou Hayate.

 

- Hayate, não a chame desse jeito! Você fala com um tom de sarcasmo na voz... – Kakashi parecia agora realmente revoltado com o amigo.

 

- Foi mal.

 

- E o Asuma? Não veio? – pergunta Kakashi

 

- Aff, aquele lá nasceu virado pra lua mesmo... – reclama Hayate.

 

- É. – complementa Genma. – Já que o Kakashi não foi lá receber sua coroa, quem foi o rei do baile foi o Asuma e a Kurenai.

 

- É, o cara foi expulso da escola e ainda ganha o título. Isso é revoltante. – fala Hayate.

 

- Isso é idiota, sabia? – comentou Kakashi. O garoto tinha convicção dos possíveis problemas que enfrentaria, logo, para ele, um título de baile parece sem dúvidas algo mesquinho e superficial demais.

 

- Mas você nem sabe a metade da história Kakashi. – continuou Genma. – O Asuma foi outro que quis desaparecer durante o baile. Só que com uma diferença. Sumiram ele e a Kurenai. E pra falar a verdade, o Asuma foi aparecer quase que ao meio-dia.

 

- Escutem o que eu vou falar. O Asuma ainda vai se meter em uma confusão dos diabos. – falou Hayate.

 

- Ta na cara o que ele fez né? – falou Genma. – Pode apostar que não foi baralho que o Asuma e a Kurenai ficaram jogando a noite inteira.

 

- Fala sério Genma... O Asuma não perde tempo mesmo. – disse Hayate.

 

- Quanto você e a Anko, Genma? – perguntou Kakashi.

 

- Você quer mesmo saber? Depois que ela ficou sabendo que a Uchiha tinha te deixado no meio do salão, ela me dispensou, mesmo depois de ter me beijado e foi te procurar.

 

- Sinto muito. – murmurou Kakashi.

 

- Hun, - fez Genma. – Cara, não to me importando mais. Se ela gosta de você, não vai ser eu quem vai ficar correndo atrás dela. Eu tenho mais é que procurar quem goste de mim.

 

- Quanto ao Hayate. O que aconteceu? – perguntou Kakashi.

 

- Aquela garota é louca, mandona e estranha. – tratou de logo se pronunciar.

 

- Que obviamente está gostando de você. – completou Genma.

 

- Como você pode ter tanta certeza? – indaga o moreno.

 

- Os opostos se atraem.

 

- Porém nesse caso, amigo Genma, nós somos muito opostos. – disse ele sendo enfático a pronunciar a palavra “muito”.

 

- Mas e aí Kakashi, tem notícias da Uchiha? – perguntou Genma.

 

- Hunf – fez Kakashi.

 

- Acho que isso quis dizer “Não, Genma, eu não sei nada sobre ela.” – disse Hayate.

 

- E você vai ligar para ela?

 

- Eu não sei.

 

- Não seja idiota Kakashi. Não deixe essa oportunidade passar. Seu pai lhe entregou o telefone dela, não? – disse Genma.

 

- Eu estou preocupado com ela. – murmura o garoto.

 

- Por quê? Medo dela não ter chegado em casa ontem? Medo de alguém ter a abordado na rua? – tenta Hayate.

 

- Medo de ela tentar suicídio. – disse Kakashi mais uma vez.

 

- Ah, fala sério. Ela não seria capaz de uma coisa dessas. – falou Genma em tom de dúvida.

 

- Pode acreditar que ela seria. – disse amargurado o Hatake.

 

Os amigos olharam preocupados para ele. Depois disso, Genma e Hayate se entreolharam pedindo recíproca ajuda.

 

- Essa garota é louca. – falou Hayate de uma vez. – Mas como eu não tenho nada a ver com isso, lamento Kakashi, mas é você que tem que decidir.

 

- É Kakashi, a gente não pode fazer nada. Acho que o que tínhamos de falar, a gente já disse. Portanto, creio que já está na hora de ir embora. – finalizou Genma. – Até mais, Kakashi. E boa sorte.

 

- Adeus. – falou Hayate.

 

Kakashi se despediu dos amigos e os acompanhou até a porta. Depois disso se jogou no sofá e ficou a encarar o papel em sua mão. Ele pensava em todas as alternativas, mas tudo que ele conseguiu fora aumentar suas preocupações e medos. Se seu pai deu o telefone dos Uchiha para ele é que Sakumo sabia que o garoto poderia telefonar naquela hora. Mas não estaria tarde demais? Não importava. Kakashi resolveu arriscar.

 

Ele pega o telefone ofegante. Suas mãos tremiam. Kakashi fecha aqueles olhos preocupados. Ele respira mais uma vez. Encara novamente o papel. E começa digitar os números do telefone dos Uchiha.

 

O som do telefone chamando o incomodava. Cada toque fazia seu coração bater em desespero. E a espera para que alguém atendesse era desgastante e até mesmo doentia. As mãos do garoto suavam ao apertar o telefone. Definitivamente se fosse uma voz masculina, que ele temia ser de Fugaku, ele logo desligaria o telefone.

 

- Alô. – disse uma voz do outro lado da linha. Kakashi estremeceu. Por seu alívio a voz era feminina, em um timbre suave e amigável.

 

- De onde? – perguntou ele.

 

- Residência Uchiha. – respondeu a voz da mulher. Kakashi sentiu-se eufórico. Pelo menos ligara para o número correto.

 

- Com quem falo?

 

- Uchiha Mikoto. Com quem você gostaria de falar? – pergunta ela.

 

- Uchiha Takari. – responde o garoto com a voz trêmula.

 

- Uchiha Takari... – torna a responder a mulher insegura – Quem é você?

 

- Um amigo. – diz Kakashi. – Um amigo que necessita incondicionalmente saber notícias dela.

 

- Você então é o garoto... – murmura a mulher. – Por Deus, então era mesmo verdade...

 

- Por favor, diga-me ao menos se ela está bem. – pede Kakashi.

 

- Por que você mesmo não pergunta a ela. – sugere Mikoto. – Aguarde um momento.

 

Na casa dos Uchiha, Mikoto sobre velozmente as escadas de acesso aos quartos. Ela vai até seu quarto e na gaveta do criado-mudo pega uma chave. Ela vai depressa até o quarto em que Takari estava trancada e abre a porta.

 

Takari escuta a maçaneta girar e se recolhe em sua cama embaixo dos cobertores. O quarto estava escuro e triste por demais.

 

- Takari. – chama Mikoto. – Por que você está aí? Abra esse quarto.

 

- Não estou com vontade de nada. – responde a garota.

 

- O dia está tão lindo... Um belo sol brilha lá fora... – começa a mulher.

 

- Há muito tempo não vejo mais graça no tempo. – diz a menina.

 

- Receio que agora você sentirá. Tem um telefonema te aguardando.

 

- Telefonema? – espanta-se Takari. – Mas quem me ligaria?

 

- Ele. – falou Mikoto projetando um sorriso radiante.

 

- Como você... – indaga novamente ela.

 

- É o seu príncipe, Takari. Ele quer saber incondicionalmente se você está bem. – Mikoto ainda sorria. – Vamos, fale com ele.

 

Ela entregou o telefone a garota. Takari o segurou fazendo cara de espanto.

 

- Mas e Fugaku?

 

- Ele não está em casa. – respondeu Mikoto. – Pode falar com ele.

 

Mikoto então sai do quarto e encaminha-se para seus afazeres. Takari ainda permanece anestesiada devido à surpresa que estava tendo.

 

Do outro lado da linha, Kakashi mal podia se conter em esperar. Cada segundo que se passava, ele achava que estava distante da garota e que seria impossível falar com ele. Contudo, algo o surpreendeu.

 

- Alô. – murmurou aquela voz fraca e triste.

 

- Takari! – exclamou Kakashi mal podendo conter a excitação.

 

- Kakashi... – diz ela. – Como?

 

- Você não ia fugir de mim tão fácil... – disse Kakashi galante.

 

- Você não devia... – diz ela.

 

- Eu posso falar com você, Takari?

 

- Sim. – responde. – No momento você pode. Está tecnicamente calmo por aqui. Mas não faça isso de novo. Por favor. Poderá ser fatal.

 

- Por que você é tão enigmática?

 

- Não faça isso comigo Kakashi. Não me dê esperanças...

 

- Seu jeito me encanta. – suspira ele.

 

- Por que você insiste em mim, hein? Você me deixa sem palavras, sem ar, sem ação. Como você consegue...

 

- Sua boba, você sabe muito bem a resposta. – fala Kakashi.

 

- Você é louco sabia?

 

- Sim Takari. Sou louco por você.

 

Fez-se silêncio.

 

- Por favor... – pede ela.

 

- Não diga nada Takari. – interrompe ele. – Você está bem?

 

- Eu... eu... – gagueja ela. Por um momento Takari quis contar tudo que lhe afligia. Mas, ela contentou-se com mais uma mentira. – Sim. Estou.

 

- Você não parece convicta disso.

 

- Kakashi, você deveria entender...

 

- Entender o que, Takari? Você parece que não confia em mim. Você parece que não quer aceitar viver...

 

- Eu te peço desculpas, mas eu não posso me envolver com você. – fala ela.

 

- Você me ama? – pergunta Kakashi francamente. Takari fica pensativa com medo da sua resposta. Então ela decide mergulhar em seus sentimentos.

 

- Mas do que tudo nesse mundo Kakashi. E por isso eu devo me afastar de você. Se ele descobrir tudo isso, ele é capaz de destruir todos os nossos sonhos. No fundo dos meus sentimentos mais reprimidos eu gostaria sinceramente de estar com você Kakashi, porque você é a pessoa mais importante da minha vida. Desde aquele dia que, por desventura nos esbarramos naquele corredor, eu sou incapaz de esquecer seu sorriso, seus olhos, você. – finaliza Takari.

 

Kakashi inspira do outro lado da linha. A garota continua a falar.

 

- E aqueles dias que nós nos encontramos por poucos minutos nos jardins sob o frio inverno, hoje são às minhas mais profundas lembranças. Kakashi, você pode pensar que você não está sendo correspondido. Mas há muitas coisas que eu não posso lhe explicar. Minha vida é uma bagunça. Eu admito. Há tantas coisas que eles me pressionam para fazer que eu não desejo. São mentiras, lágrimas que jamais secarão. Essa casa me sufoca, Kakashi, e eu sinto muito, sinto muito mesmo por ter que continuar te amando no silêncio. E nessa clausura desse quarto escuro e sem vida, eu choro mais uma vez. Queria eu ter coragem.

 

- Takari... – murmura Kakashi sem forças, acometido por toda confissão da menina.

 

- Eu não consigo esquecer aquela música que você fez. Porque eu fiquei presa em todas aquelas palavras que você disse. E mesmo você não tendo falado comigo por todas as noites que foram embora, eu não consigo esquecer sua voz. Aposto que você deve estar cansado de mim. Apenas esperando por meus últimos pedaços caírem. Eu ainda vejo seu reflexo dentro dos meus olhos. E eles estão procurando por um propósito, eles ainda estão procurando pela vida. Eu não estou triste por isso, porque finalmente eu te encontrei.

 

- Takari eu não sabia que você...

 

- Kakashi, eu preciso te dizer isso, porque eu temo ser minhas últimas palavras. Eu não consigo mais suportar essa maldita casa. Eu preciso sumir desse lugar. Eu necessito fugir. Eles me odeiam aqui. Não sabem nem quem eu sou. E se eu não acordar amanhã? O que iriam dizer? Que fui apenas uma chance perdida. Mas uma pessoa que passou discretamente por suas vidas. E se eu não acordar amanhã?

 

- O que você está pensando em fazer Takari? – assusta-se Kakashi.

 

- Só digo que sou obrigada a viver. Mesmo não merecendo isso. É apenas um alívio se transformando em dor. Um lamento que soa como culpa. E eu não posso fazer isso durar, porque é claro, estou tão fraca e sem esperanças. Temo que essas minhas palavras muitas vezes mascaradas se transformem em lágrimas Kakashi. Em suas lágrimas. São apenas palavras vazias e não mais um motivo para se chorar.

 

- Não diga que você está desistindo de tudo Takari! – fala Kakashi desesperado ao telefone.

 

- Desculpe-me, mas eu tenho que fazer isso. Minha vida não tem valor algum. E esse momento não deveria nem existir. Embora eu lembrarei dele até o fim da minha vida, como o meu único momento de verdadeira felicidade... O melhor a se fazer é partir. Adeus. Kakashi.

 

Ela sussurra o nome do garoto mais uma vez e desliga o telefone.

 

- Takari! Não!!! Não faça isso!!! – grita Kakashi do próprio telefone. Em vão. O barulho seco indicando que a linha fora cortada saía do aparelho.

 

A garota abraçou o telefone e verteu mais algumas lágrimas. Infelizmente, em sua concepção, seu fim chegara.

 

- Ela não pode fazer isso! – grita Kakashi atirando o telefone no chão, deixando uma lágrima solitária cair de seu rosto jovem.


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