Here Without You escrita por lawlie


Capítulo 12
The Day That Never Comes.




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- O que deu em você Kakashi? – perguntava Genma pela milésima vez ao garoto de cabelos prateados.

 

- Nada. – insistia o garoto.

 

- Essa é a quinta vez que a gente tem que repassar a música... Quantas vezes que a gente vai ter que falar que não são esses os acordes, Kakashi? – reclamava o loiro.

 

- Eu sei... Mas é que não dá... – falava Kakashi um tanto emburrado por errar mais uma vez no solo de guitarra.

 

- Cara, eu sei que você ta pressionado e tudo mais, mas eu sei que você consegue fazer isso. – falou Asuma.

 

- É Kakashi, relaxa. – disse Hayate. – Vamos tentar de novo.

 

- Desculpa gente, mas não dá mesmo. – falou o garoto por fim largando sua Les Paul em qualquer lugar e saindo da garagem.

 

- Ei, Kakashi! Espera! – falou Genma indo atrás do amigo.

 

- Deixa ele Gen... – falou Asuma. – Deixa ele em paz. O Kakashi ta precisando de um tempo.

 

Os três então permaneceram na garagem e resolveram continuar o ensaio se o vocalista. Kakashi foi para dentro da sua casa e se sentou no último degrau da escada. Apoiou sua cabeça nas suas mãos, fazendo com que todo seu cabelo ficasse para baixo. Ele apertou os olhos mais uma vez e respirou fundo.

 

Kakashi se sentia vazio, incapaz e arrasado. Falta apenas dois dias para o temido Baile de Inverno e ele sequer escrevera uma linha de sua música. Sua cabeça girava incansavelmente e o pavor de fracassar permanecia nos cômodos mais obscuros de sua mente.

 

“Talvez eles tivessem mesmo razão.” Pensava. A “eles” Kakashi referia-se particularmente a uma única pessoa: seu pai. Talvez fosse melhor mesmo ele reconhecer que era um fracasso total e que desistisse o quanto antes dessa utopia boba de ser um bom cantor. Ele estava a um passo de desistir de tudo que construíra até hoje, mas aqueles olhos que ainda permaneciam em sua memória o impedia de fraquejar. Aqueles olhos azuis, firmes, frios, medrosos que o fazia seguir em frente. Takari era o nome. A única pessoa capaz de fazê-lo compor aquela maldita música e a única capaz de motivá-lo a seguir seu sonho. Mas ela estava longe. Muito longe dali. Em algum lugar que Kakashi sequer podia imaginar.

 

Ela disse Nova York. Mas não era o suficiente. Quantos quilômetros teria a cidade, quantas ruas, quantas casas que ele mal podia supor onde ela estava. E o que ela podia estar fazendo? O garoto ocupava sua mente com tragédias, com suposições desvairadas sobre o paradeiro da garota. Mas nada o fazia ter certeza do que estava acontecendo. Por que ela tinha que ser tão misteriosa? Por que ela não podia simplesmente dizer o que foi fazer naquela maldita cidade? Por quê?

 

E esse clima o deixava desconfortável. Dias cinzentos, nublados sem vida e chuvosos só tinham graça quando ele estava com ela. E ela conseguia trazer esperança da forma mais desesperada possível. Ela trazia alegria da forma mais nostálgica possível. Ela arrancava sorrisos dele, mesmo quando seus olhos traduziam a dor. E saudades... Como ela era boa em fazê-lo sentir saudades... Kakashi suspira profundamente sentindo um aperto no peito.

 

- Será que você vai voltar? – pergunta ele para si mesmo olhando para o nada.

 

Ele se sentia triste, como nunca sentira antes. E esse sentimento que ele jamais sentira antes o atormentava. O garoto desconhecia essa sensação. Esse típico aperto no peito e os constantes suspiros de desesperança. Absolutamente nada tinha mais graça. Seus amigos eram monótonos, seu pai, a escola, sua vida, ele era monótono.

 

O garoto fechou os olhos mais uma vez. Inspirou profundamente. Ouviu seu pai girar a chave e abrir a porta. Sakumo pendurou o pesado casaco e retirou as luvas, quando se deparou com a imagem do filho cabisbaixo na escada.

 

- O que foi Kakashi? – pergunta ele.

 

- Nada. – prontifica-se a responder.

 

- Você brigou com seus amigos de novo?

 

- Não.

 

- Pensei que fosse isso, porque eles continuam ensaiando lá em baixo e você ta aqui...

 

- Não é nada pai. – responde.

 

- Vai ter o Baile não é? – pergunta Sakumo num tom de afirmação.

 

- Vai. – responde a contragosto.

 

- É... O baile é um grande momento da juventude. – começou Sakumo com seus típicos comentários a respeito de jovens, mas na verdade ele queria saber mesmo era se Kakashi tinha convidado uma garota. Sakumo na verdade não era um tipo presente de pai, mas ele se esforçava o bastante para pelo menos mostrar que se importava com Kakashi. Às vezes ele se sentia culpado por trabalhar demais e não dar a devida atenção ao filho, além de se sentir um tanto ressentido com a morte da esposa quando Kakashi ainda era uma criança. Mas o garoto compreendia perfeitamente o que o pai sentia.

 

- Eu vou fazer uma apresentação lá. – falou Kakashi.

 

- Se você quiser pode ir de carro. – disse o pai.

 

- Tudo bem. – murmurou Kakashi.

 

- Você já tem companhia? – perguntou Sakumo. Kakashi realmente não gostava muito quando o pai começava a falar sobre garotas, namoros entre outras coisas. Era constrangedor por demais.

 

- Não sei. – respondeu o garoto.

 

- Como assim você não sabe se tem par? – agora Sakumo parecia confuso.

 

- Tsc... É complicado explicar. Você se importa se eu subir pro meu quarto? – fala o garoto.

 

- Ok. Pode ir. Mas se você tiver com algum problema, é só falar viu?

 

- Bigado pai. – diz o garoto. Kakashi se levanta e vai para seu quarto.

 

O garoto abre a porta do seu quarto e localiza seu caderno de anotações, em que estava o início de sua música. Ele senta-se na cama e segura aquele caderno. Pega uma caneta e faz um leve rabisco de teste no canto da página. Kakashi lê mais uma vez aqueles versos e começa a escrever.

 

Ele sorri com o canto da boca, um tanto maliciosamente. Com certeza iria ficar sentado ali até conseguir terminar a música. Mas antes, ele abre a porta de sua sacada para contemplar mais uma vez o céu.

 

- Você vai saber o que ta acontecendo comigo. Desta vez. – diz Kakashi olhando para o céu. – Você vai saber o que eu sinto.

 

E então ele começa a escrever freneticamente.

 


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