Narrado por Gabriella Lopez:

O sinal tocou anunciando o intervalo. Sai da sala de aula junto com a Sofi, não falei com o Justin e nem com o Chris, que estava fazendo companhia a ele.

Fomos para o refeitório, eu peguei uma bandeja e coloquei as coisas que queria comer na mesma. Sofi fez o mesmo. Logo encontramos uma mesa que estava vazia e nos sentamos.

- Hoje é o dia! – ela comentou feliz com um sorriso enorme no rosto. Falou em uma pessoa animada, falou na Sofia! – Sua transformação vai ficar maravilhosa, já até liguei e reservei um horário no salão de beleza para você, amiga. – me engasguei com o suco. – O cara que vai fazer o seu cabelo, sobrancelha e tudo mais é um super amigão meu, ele é de confiança, nem me cobrou nada. Você vai ficar um espetáculo.

- Salão de beleza? Mas não eram só compras que iríamos fazer? Comprar roupas?

- Claro que não... Bem, também faremos compras, mas o combinado era que eu faria uma transformação total em você. E eu vou fazer, nem adianta falar que não quer!

- Ai meu Deus, olha só em!

- Não confia em mim? – revirei os olhos. – Ah, e você vai usar lentes de contato.

- O QUE? – perguntei espantada. – Eu não vou usar lentes de contato de jeito nenhum.

- Ah não amiga, nem pensar, você vai sim! Já to com o dinheiro para comprar ok? Nada contra quem usa óculos, mas de que adianta eu fazer uma transformação em você se vai continuar usando esses óculos velhos? Nem pensar! Depois de um tempo você se acostuma com as lentes.

- Você é muito chata, sabia? – cruzei os braços. – Ok, ok eu vou usar lentes. – ela comemorou.

- Isso ai, vida nova!

- To confiando em você viu!?

- Pode confiar! – piscou. Ficamos uns segundos em silêncio. – Gabi, olha pra trás. – olhei, era o Chris.

- Poxa, eu ia dar um susto nela! Não teve graça! – ele disse. Sorri.

- E ai, o que você quer? – perguntei ainda sorrindo.

- Eu não... Ele – fez um sinal com a cabeça para o lado. Olhei. Era o Justin e estava me encarando. Nos olhares se encontraram, mas eu desviei e voltei a olhar para o Chris. Ainda não sei se devo falar com ele, alguma coisa me diz que é melhor nos afastarmos. As coisas estão acontecendo rápido demais.

- O que ele quer? - Perguntei séria.

- Nada oras, só quer falar com você.

- Então por que ele não veio aqui pessoalmente falar comigo igual um homem de verdade faz?  

- Ai Gabi, pega leve com o garoto! – Sofi falou.

- Tá bom, desculpa, eu peguei pesado mesmo. Ele é um cara legal, mas não acho bom a gente ficar se encontrando por ai, alguma coisa me diz que ele não presta. Sabe essa história de sexto sentido? Então, estou começando a achar que isso existe mesmo.

- Af para de ser chata menina, o garoto gostou de você, dá uma chance! – Sofi falou.

- Ok, ok, vou lá falar com ele. – me levantei da mesa, deixando o Chris e a Sofi a sós, e fui até a mesa onde o Justin estava sentado sozinho. Ele não me encarava, até eu me sentar na mesa, bem de frente para ele.

- Mandou me chamar? – perguntei.

- Por que você não falou comigo? – ignorou a minha pergunta. - Nem me esperou na sala quando o sinal tocou.

- Justin, nós não somos namorados, eu não devo explicações a você.

- Não somos namorados, mas somos amigos, não somos?

- Claro... E que, bem... O verdadeiro motivo de eu não ter ido falar com você é por que achei que deveríamos nos afastar um pouco... Achei não, ainda acho. – percebi que ficou um pouco triste. - Sei lá, as coisas estão indo rápido demais entre nós.

- Não, por favor, não se afasta de mim! E o nosso beijo de ontem? Não significou nada para você?

- Eu não disse para você esquecer aquilo?

- Disse, mas quem disse que eu consigo? Não dá, eu não posso. 

- Mas nós acabamos de nos conhecer...

- Eu não me importo! Quero pelo menos ser seu amigo, já que não posso ser mais que isso. – me olhou com uma cara muito fofa. Minha vontade era de abraçá-lo e dizer “claro que você não pode ser meu amigo, quero que seja meu namorado”, mas me controlei. – Amigos?

- Amigos! – sorri. Ele não parecia muito feliz com essa decisão.

- Amigos também podem se beijar né? – perguntou fazendo uma cara de safado. Ri.

- Claro que não, por acaso já viu eu e o Christian agarrados por ai?

- Não, e nem quero ver. Você é minha – o encarei quase rindo. – minha, é... minha amiga! – falou e sorriu. – Isso, amiga!

- Uhum... – falei suspeitando e ri. – Muito idiota mesmo!

- Ta, eu posso ser idiota, mas sou o seu idiota, só seu. – deu uma piscadinha. Ri.

- Somos só amigos Justin, lembra? Ou quer que eu refresque a sua memória?

- Bem que você podia refrescar a minha memória, me fazer lembrar do beijo que demos ontem.

- Engraçadinho! – rimos. Ele não vai mudar mesmo!

O sinal tocou.

- Vou te acompanhar até a sala de aula. – ele disse e eu ri.

- Jus, eu sei o caminho ok? E graças a Deus tenho duas pernas boazinhas, eu posso ir sozinha. 

- Af os garotos não podem ser cavalheiros hoje em dia.. E Jus? – sorriu.

- É oras, o apelido de ontem, esqueceu?

- Você é demais! – sorrimos e ficamos nos encarando em silêncio durante uns sete segundos.

- Bem, é melhor irmos para a sala de aula. – falei

- Concordo. – levantamos de lá e saímos do refeitório, indo para a sala. Não nos sentamos juntos. A professora chegou e deu inicio a aula.