Catherine estava com os punhos e o maxilar cerrados.

Seu corpo estava todo tenso e transbordando calor na sala de armas. Já era a história de amor com o Butch. Aliás, com o Collins, como iria passar a chamá-lo. Nada mais de melação entre os dois, nada mais. Eram somente conhecidos. Conhecidos que se amavam.

Com toda a tensão que estava, Catherine escutou as armas se baterem, ganharem, por u momento, vida própria. Mas ela nem ligou. O que queria mesmo era destruir tudo o que estava sentindo, pedacinho por pedacinho...

E então ela escuta o ranger da porta se abrir.

Cath estava lá há horas, limpando os armamentos. Mas ninguém além do Collins havia entrado, nem mesmo os Lares, aqueles fantasmas roxos encrenqueiros.

Mas a entrada que acabou de ocorrer deixou Catherine maluca. Se atrapalhando e tremendo, virou para ver quem havia entrado. As armas que havia polido caíram no chão quando sua mão passou por lá, fazendo todas as espadas caírem no chão com um enorme estrondo e cortando em várias partes a sua mão. Sentiu a dor subir por ela, mas não foi realmente nada comparado ao que iria ver.

Quase todas as armas estavam fora de lugar, voando perigosamente no ar. Sara estava lá, com a porta fechada atrás de si e olhava para tudo com seus olhos escuros arregalados de medo. Catherine podia ver suas mãos tremerem na lateral do corpo, mas ela ainda se mantia de pé, firme e sem gritar. Com cuidado, Cath tentou controlar as armas que estavam em sua volta. Ela estendeu a mão machucada para Sara, com um sinal de que não se movesse. Mas estava doendo muito, e sua pele morena já fora encoberta pelo vermelho, que se derramava lenta, mas progressivamente no chão. Mesmo assim, usou todo seu poder para não permitir que nenhuma arma atingisse a centurião.

Mas, para o desespero de Cath, Sara se moveu bruscamente. E é claro que ela não esperava isso. Ela estava com quase tudo sobre controle quando Sara correu, mas Catherine nunca soube para que direção.

A única coisa que se recordou do momento foi a estandarte de lanças caindo sobre a centurião, que tentou se proteger com as mãos, mas não conseguiu. O barulho do metal caindo no chão perfurou os ouvidos de Catherine, juntamente com o grito angustiado de Sara.

Correndo, ela se ajoelhou ao corpo da garota e começou a retirar as armas de cima dela, jogando as lanças para longe. Sua mão deixava ainda pior a cena, e seus joelhos estavam começando a esquentar... Ela olhou para baixo e viu a poça de sangue que se formava rapidamente, como se estivesse somente esperando para fazer aquilo. Não aguentando mais, Catherine começou a gritar por ajuda, ainda tentando retirar as armas de cima de Sara.

A porta se abriu com um estrondo segundos depois, mas isso não foi o suficiente. Catherine estava de cabeça baixa, chorando como se não houvesse mais amanhã. O corpo da ex-centurião estava na sua frente, todo manchado de sangue. Seus olhos estavam abertos, encarando o nada que se estendia acima delas. Alguém puxou Catherine pelos ombros, mas ela resistiu, e sentiu outro par de mãos puxá-la, e finalmente cedeu. Olhando suas mãos trêmulas, viu um borrão de vermelho, por conta da visão embaçada de lágrimas.

E ela jamais se perdoaria por ter feito aquilo.