Fazia tempo desde a última vez que Butch Collins tinha ficado tão próximo da pretora Sophie Hoodgrow. Tanto física como emocionalmente.

“Você faz falta na minha vida, Butchie”. Aquelas palavras não saíam de sua mente e, no fundo de seu confuso coração, o garoto sabia que a recíproca era verdadeira. Sua Soph sempre faria falta nos momentos que ele estava irradiando felicidade, mas, acima de tudo, nos momentos em que o mundo parecia descansar sobre suas costas e ele se sentia esgotado.

Por outro lado, ele agora tinha Catherine Forbes: a pequena e delicada – por vezes voraz e destrutiva – filha de Belona. Era injusto compará-las, uma vez que ele conheceu Sophie num momento muito turbulento de sua vida e ela sempre esteve lá por ele. Cath era a garota durona e emocionalmente frágil que ele sentia necessidade de proteger a todo custo; já Sophie parecia estar em outro plano a todo momento, era como se ela pairasse por ai instaurando a ordem.

“Que ideia é essa, Collins? Tudo bem que a Cath não é minha namorada... ainda, mas ela vai ser. Isso nunca rolou com a Soph, ela nunca foi mais que minha melhor amiga. Tá, uma irmã talvez. Nada mais que isso. Eu gosto da Forbes. Não tô apaixonado nem nada, mas sinto um carinho forte por aquela pequena.”, pensou Butch enquanto caminhava pelo Campo de Marte sob o Sol forte.

- Cara, eu sou um babaca. – Murmurou, logo após chutou uma pequena pedra que estava em seu caminho. – Eu deveria falar com ela, dizer que a quero. É, é o que vou fazer!

Chegando ao arsenal da Terceira Coorte, lugar onde tinha certeza que Cath estaria, ele viu a garota sozinha lá dentro enquanto limpava uma espada de aparência bem envelhecida, mas que, sob os cuidados da garota, se tornava limpa e brilhante pouco a pouco.

- Hey.

- Ah, oi, Centurião Collins.

- “Centurião Collins”? Desde quando você me chama assim? – Indagou o garoto, confuso, enquanto a abraçava por trás.

- Não é esse o tratamento certo? – Respondeu Cath, enquanto se soltava do abraço de Butch. – Você é um centurião, eu sou apenas mais uma campista. É assim que as coisas devem ser. Agora, se me dá licença, eu tenho trabalho a ser feito. – Era visível que ela se esforçava para manter sua atenção somente no polimento da lâmina e ignorar a presença do garoto corpulento a poucos centímetros de si.

- Cath, o que houve? O que foi que eu te fiz? – Perguntou, girando-a pelo braço e fazendo com que a garota olhasse em seus olhos.

- Olha, a partir de agora me chama pelo meu nome, ok? – Disse, se afastando dele. – Pra você, me chamo Forbes ou, no máximo, Catherine. Com licença.

- Cath, espera! – Gritou o Segundo Centurião da Terceira Coorte ao ver Catherine Forbes fugir correndo do arsenal. – Caraca, o que deu nessa menina?

* * *

- E ai, cara? Qual foi a desse mau humor? – Perguntou John, um dos melhores amigos de Butch, enquanto sentava ao lado do garoto nos degraus da frente da coorte.

- Sei lá, aconteceram umas coisas hoje que me deixaram bolado.

- O que houve? Pela cara que tu tá, coisa boa que não foi.

- Nada não, deixa pra lá.

- Conta pra mim, abre seu coração pro Johnny. – Debochou o garoto, bagunçando ainda mais o cabelo naturalmente desgrenhado de Butch.

- É a Cath, cara. Fui falar com ela hoje e a garota foi toda grossa comigo, me chamou de “centurião Collins” e tudo o mais. Me proibiu até de chamá-la pelo apelido. “Pra você, me chamo Forbes ou, no máximo, Catherine.” – Disse ele, imitando sem sucesso uma voz feminina. – E ainda me ignorou o resto do dia, po. Eu lá, tentando falar com ela e a garota nem olhava na minha cara. Não entendi nada, parece que eu fiz alguma coisa pra ela. O problema é que eu não sei nem ela quis me dizer o que é!

- É o que eu sempre digo: mulher é um bicho estranho. Relaxa, bro, daqui a pouco ela esclarece tudo e vocês voltam a se agarrar pelos cantos da coorte.

- Será?

- Confia, cara. Elas sempre voltam.