-Hadley?-Escutei uma voz rouca. Abri meus olhos com dificudade, e Edward me olhava preocupado.-Até que enfim você acordou. Nos deixou preocupados. O olhei por alguns minutos enquanto voltava a pensar normalmente.

-Sr. Will.-Murmurei, pulando da cama.-Preciso falar com ele.

-Você não precisa fazer nada.-Ele me puxou pelo braço e eu caí deitada na cama.-Acabou de acordar de um desmaio, Sophie, o que acha que vai fazer?

-Ah, eu não sei.-Coloquei as duas mãos no cabelo e bufei.-Daria tudo pra ainda estar desmaiada.

-Credo, Sophie. Soou tão...suicida. Porque diz isso?

-Digamos que...eu tô...com muita coisa na cabeça.

-Como o quê?

-Bem...eu não sei ao certo, mas eu descobri que...Sr. Will é meu pai.

-E eu descobri que você precisa dormir. Vamos lá. Não fale coisas tão sérias.

-Eu não to brincando, Edward. É sério. Eu...me lembro dele.

-Tem certeza disso? O que está dizendo é verdade?

-Acho que sim. Quer dizer, sei lá. Eu quero morrer.-Enfiei o rosto no travesseiro.

-Meu Deus, Hadley. Você tá pior do que eu pensei. Como eu te animo?

 O olhei por baixo dos fios loiros, e suspirei.

-Quero falar com Sr. Will. Isso  é tudo. Preciso esclarecer as coisas. Eu preciso...limpar essa história.

-Vamos procura-lo então.-Ele levantou e me puxou pela mão. Fui andando na frente.

-Sr. Will?-Chamei.-Sr. Will!

-Ei, ei. Porque a pressa?

-Edward, por favor. Não seja idiota. Se descobrisse que um homem é seu pai, que foi pra guerra, e que você morre de saudades, me diga, qual seria a primeira coisa que você pensaria em fazer?

-Falar com ele.

-Certo. Por isso a pressa. Agora vamos.-O peguei pela mão e puxei pela casa.

 Andamos por toda a casa e não achamos. Então decidimos procurar no quintal, e no jardim. Ele não estava. E isso era estranho. Muito estranho.

-Pra onde será que ele foi?

-Não faço ideia. Acho que volta de noite. Por que não se acalma?

-Me acalmar? Me acalmar, Edward? Mas que diabos você...-Comecei a socar seu peito, e na minha opinião, os socos não estavam fracos. Mas de repente, comecei a sentir um aperto no coração, ao lembrar de como meu pai me deixou, e agora que eu finalmente suponho que o achei, ele some assim.  As lágrimas vieram, e de um momento para o outro, eu estava chorando, enquanto Edward me abraçava forte.

Droga. Desde quando eu era tão vulnerável?

Ele “me arrastou” até meu quarto e caiu na cama comigo.

-Eu disse que você não tinha que fazer nada. Você não tá bem o suficiente pra enfrentar isso.

-Eu não devia...

-Quieta, Sophie.-Ele começou a fazer uma espécie de cafuné em meu cabelo. O abracei mais forte, deixando as lágrimas caírem.

 Não sei quanto tempo ficamos assim. Sei que ele conseguiu me fazer parar de chorar. O cafuné era realmente bom.

-Sophie?

-Oi.

-Pensei que tivesse dormido.

-Estou acordada.-Me sentei. O que foi?

Ele apenas me olhou fixamente, com um sorrisinho no canto dos lábios.

-Deus, eu devo estar horrível.

-Ei, não.-Ele me puxou.-Não tá. E isso não importa.

-Certo. O que você tem e que bicho te picou?

-Desculpe se você não gosta de ser elogiada.

-Foi um elogio?-Arqueei uma sobrancelha.

-Hã...Enfim. Melhorou? Posso ir?

-Sim, claro. Desculpe, não queria ter prendido você aqui. É que...

-Tudo bem, Sophie. Já nos tornamos amigos.-Ele riu.

-“Amigos com benefícios”.

 Ele gargalhou e rolou na cama.

-Você é bipolar, Sophie. Vou tomar um banho.-Ele foi até a porta. Fiquei o observando. Era bonito. Eu não podia negar. Ele era incrívelmente atraente, mas ao mesmo tempo era um idiota.

Ele abriu a porta. Mas logo a fechou, trancou, e veio até mim.

-Vem comigo, agora.

-Porque? E o seu banho?

-Temos problemas.-Ele me puxou, e nós pulamos a janela.