P.O.V Sophie

Respirei fundo e bati na porta de Edward. Sorri ao ouvir um “Entra” lá de dentro.

-Oi.-Eu disse entrando, e fechando a porta atrás de mim.

-Oi Sophie. Não repare na bagunça. Eu...não sabia que você vinha.

Assenti e olhei em volta. Não estava TÃO bagunçado. Pelo menos não todo o quarto. Agora a cama estava lotada de folhas, alguns lápis, roupas e fotos.

-Tá fazendo o quê?

-Meu dever, eu acho... Senta aí.-Ele apontou para uma poltrona no canto do quarto, e eu me sentei.

-E qual é o seu dever?

 Ele pensou um pouco antes de me responder. Nem parecia o mesmo Edward. Estava pensativo, concentrado, focado. Parecia estar seguindo apenas para um objetivo. Muito importante.

-Proteger minha irmã. Custe o que custar.- Sua voz soou rouca, e ele abaixou o rosto.-Esse era meu dever. Esse é meu dever, e eu não vou parar até cumpri-lo.

-Acha mesmo que é ela?

-Como não ser, Sophie? Ela tem todas as características, tem exatamente a idade que Gracie teria agora, seu nome é Gracie. Tem que ser ela!

-E... o que você vai fazer?

  Ele abriu a boca, mas nada saiu. Então apenas começou a morder a ponta do lápis, nervoso.

-Eu não sei. Juro que não sei.- Ele me olhou desesperado.- O que eu vou fazer?

Me levantei e fui até ele. Ele me olhou confuso. Perdido.

-Vem cá.-Sussurrei. Ele ficou de pé, e eu o abracei forte.-Quero que você esfrie sua cabeça, e depois você volta a pensar nisso. Não se arrisca. Todos os heróis tem uma preparação.

-Ok.-Ele murmurou, e passou a mão pelo meu cabelo.

-E...antes de tudo, eu quero que lembre que...somos uma dupla. Se você luta, eu luto. Pra onde você vai, eu vou. Somos uma dupla, Edward. E nenhum de nós pode mudar isso. Entendeu?

-Sim. Claro, Sophie. Eu...entendo.

-Certo. Agora eu...vou deixar você pensar só. Se tiver uma ideia, ou se quiser só... um conselho, eu vou estar no meu quarto, ok? Por que...já nos tornamos amigos.-Separei o abraço, e o olhei nos olhos.

-Amigos com benefícios?

-Céus, como você é idiota.

-Poxa, Sophie. Só disse a verdade.

 Eu apenas ri e saí do quarto.

O que será que ele ia fazer?

 Senti um cheiro bom, e segui até a cozinha, curiosa.

-Aí está. Magnífica Sophie, eu estava procurando por você. Quer me ajudar com isso?

-Hm...o cheiro é bom. O que é?  

-Sopa. Pro jantar. E não se preocupe, não é sopa de ervilha.-Ele riu.

-Ainda bem. Eu odeio sopa de ervilha.-Peguei uma colher na gaveta para experimentar a sopa.-Mas...como  sabe que eu odeio sopa de ervilha?

-Ah, eu apenas sei.-Ele deu de ombros.-Quer provar?

-Com prazer.-Sorri, gentil, e o entreguei a colher. Ele me devolveu, cheia.

-Isso tá perfeito, Sr. Will.

-Obrigada.-Ele se curvou. Eu ri.- Nada a acrescentar, Magnífica Sophie?

-Acho que...orégano, talvez.

-Sem pimenta, certo?

-C-certo.-Larguei a colher. Edward tinha razão. O velho estava escondendo alguma coisa.

-Pode pegar o orégano em cima da pia pra mim, Excelentíssima Sophie?

-Oh, vamos. Não me chame assim.-Ri.-Você não precisa.

-Ok. –Ele sorriu, gentil.

“-Pappa, pra onde você vai?

-Não é importante, pequena. E aliás, papai vai voltar.

-Eu quero ir com você, Pappa.

-Não. Você fica com sua mãe.

-Por quê você não leva a gente, Pappa? Por favor. Eu quero ir com você.

-Sophie, só...não dá. Adeus, pequena.-Ele saiu, e fechou a porta. E a pequena Sophie ficou gritando, socando a janela. Não sabia o que estava acontecendo. Não sabia de nada. Não sabia que a partir daquele momento, a vida a faria crescer. Até se tornar o que é hoje.”

Senti meu coração palpitar, e a vista enfraquecer.

-Sophie? Meu Deus, o que houve com você?-Escutei a voz de Sr. Will ecoar em minha cabeça. Eu queria responder, mas nada acontecia. Tentei andar, mas não consegui. Então apenas caí no chão de joelhos, e comecei a chorar como uma criança.

-Pappa.-Sussurrei, entre soluços e lágrimas. Queria gritar bem alto que eu sentia falta dele.

-Olá pequena.-Escutei.-É bom ter você de volta.

E então, todas as memórias viram de uma vez, e numa fração de segundo, eu tinha apagado.