Depois de vagar feito uma louca por todos os lugares da casa, achei as margaridas. E que visão mais linda. Um campo lindo, com árvores e tudo o que você pode imaginar que chega a te deixar tonta.

Continuei meu caminho até não saber mais pra onde ir. Li o bilhetinho de novo, aí senti alguém me puxar pra trás pela cintura.

Era ele.

-Te sequestrei.-Ele sussurrou. Eu ri.

-Muito engraçado você.

-Sou sim, vem.-Ele me puxou pela mão por um caminho de pedras com vasos de flores e estátuas. Eu poderia prestar atenção na decoração, mas Edward estava atraindo toda a minha atenção. Seu cabelo estava arrumado de um modo simplesmente perfeito, e ele usava uma blusa branca com uma calça preta e um suspensório. Nunca o tinha visto com essas roupas que normalmente os caras com dinheiro usavam.

Ele estava tão lindo.

-Chegamos, vem.-Ele pulou em uma arvore, e eu dei um passo atrás.-Você não vem, Sophie?

-Prefiro ficar.

-Mas você TEM que vir. É...pra você.

-Não, Edward...eu tenho medo de altura.-Rolei os olhos, ele riu.

-Não precisa ter medo, vem cá, eu te ajudo.-Ele estendeu a mão pra mim, com um sorriso. Peguei sua mão meio desconfiada e ele me puxou, e numa fração de segundo eu estava ao seu lado lá.

-Ótimo, o outro.-Ele pulou pra outro galho e me puxou. Fomos fazendo esse caminho por mais uns 4 galhos até que chegamos numa espécie de base. Um piso, no alto, feito de madeira. Uma vista perfeita pra uma grande parte da cidade. E pra completar, com se não bastasse, tinha uma cobertura nos protegendo do sol – que a propósito nem estava tão forte. Talvez o inverno esteja próximo? —.

Olhei em volta com um sorriso.

-Gostou?

-Se eu gostei?-Ri, sem humor.-Eu adorei. Isso aqui é...perfeito.

-Olha só, daqui da pra ver onde você morava, e minha casa também. Dá até pra ver o cavalo que está acabando com a grama do velho rabugento!

 Eu ri e observei os lugares que ele me mostrou, mas um deles me interessou mais.

O castelo.

Me lembrei de todos os momentos que passei lá, as pessoas, minha infância...tudo. E principalmente de ver tudo aquilo ir embora. Foi um filme rápido, e triste.

-Hey, não precisa lembrar disso.-Edward puxou minha mão, e eu o olhei, triste.-Vai ficar tudo bem, ok?

-Quando? Quando nossos parentes já estiverem mortos? Se não por fora, por dentro. Cansados dessa guerra. Sabe, eu adoraria conseguir acreditar, mas não sei se consigo.

-Quando você menos esperar. Agora pare de se preocupar com isso, loira.

-Loira?-Ri.

-Sim, loira.-Nós dois rimos, e nos sentamos. Era mais ou menos duas da tarde, o sol não estava tão quente.

-Ahn...hey Sophie, eu acho que precisamos conversar.

-Estamos conversando.

-Não assim, engraçadinha. Bem...você sabe sobre o quê.

 Mordi o lábio e fechei os olhos. Droga. Por quê ele queria falar sobre isso? Não podia deixar tudo como está?

-É, sei.

 Ele mexeu em algumas folhas, as tirou e jogou no chão. Provavelmente, por pura timidez.

-Você gostou?

-EDWARD!

-O quê? Eu só perguntei!

-Hãn...-Abaixei a cabeça.-Até que não foi ruim. Não foi ruim mesmo.

  Ele sorriu e entrelaçou seus dedos.

-Concordo.-Ele riu, sem graça, e me fez sorrir também.-Mas acho que...devemos esquecer isso.

Esquecer isso.

Aquilo abriu uma cratera no meu coração, e eu não sei por quê. Não foi importante pra ele. E não tinha que ser pra mim, certo?

Se controle, Sophie, não chore.

-O quê você acha?-Ele perguntou. O olhei por um tempo, tentando lembrar meu nome.

-Hã...eu acho que...você está certo, Edward.

-Sério?-Ao contrário do que eu pensei, ele não tinha um sorriso no rosto. Tinha uma expressão assustada.

-Sim. Vamos apagar isso, ok?

-Tá.

 Ficamos em silêncio, olhando as folhas voarem no chão. Uma decisão tão simples fez isso?

 Sem perceber eu já estava pensando várias coisas ao mesmo tempo, minha mente estava uma confusão, e logo essa confusão se resumiria em lágrimas nos meus olhos. Não, ele não podia ver isso.

-Hey Edward, eu adorei mais eu tenho mesmo que ir, ok? Eu estou cansada e eu preciso dormir um pouco, talvez outro dia nós podemos...

-Tá, tudo bem.-Ele se virou pra o outro lado, nem se importou em me olhar. Desci rápido e corri de volta até a casa do Sr. Will. Estava tão apressada, correndo tão rápido, que acabei esbarrando com ele.

-Whoa, menina Sophie, Aonde vai com toda essa pressa?

-Eu só...

-Aquele rapaz a deixou assim?-Ele sugeriu, arqueando uma sobrancelha.

Como de uma hora pra outra ele virou um tipo de papai Noel?

-Não senhor.-Abaixei a cabeça e enxuguei as lágrimas.

-Tem certeza?

-Não.

 Ele pôs a mão sobre meu ombro e sorriu, bondoso.

-Vá descansar, ficar só um pouco. Tente escrever o que está sentindo. As palavras tem um poder incrível.

 Então ele saiu, e me deixou com um leve sorriso nos lábios.

[...]

“Hey,

Bem, é estranho estar escrevendo isso por quê eu nunca escrevi meus sentimentos então isso é novo pra mim, mas vamos lá, não deve ser difícil.

Uhh...eu apenas estou enlouquecendo. Totalmente. E isso tudo é por quem? Edward, Edward, Edward. A culpa é toda dele. Mas eu não consigo ficar brava com ele.

Ele é tão confuso, idiota, e ele tem um lado escuro que eu não consigo alcançar.

Mas atrás de tudo isso...eu não consigo parar de pensar nele e isso está me deixando louca. Sim, nós nos beijamos, eu gostei, ele gostou. O que tem de errado? Por quê temos que esquecer, fingir que isso não importa?

E a pior coisa nisso tudo é que eu acho que ele me capturou. Não tipo os outros caras que eu já sai. Não, é diferente. Ele é o tipo de cara que consegue ser legal, divertido, e ao mesmo tempo misterioso e fechado.

Maldição!

Por quê ele tem que ser tão perfeito?

Eu espero não estar apaixonada. Se estiver vai dar uma boa confusão.

Me sinto melhor agora.

Beijos.

Com amor, Sophie.