Medo, frio e preocupação.

Era tudo. Tudo o que eu sentia agora.

Escondida, no meio de uma plantação de milho, próxima de um rio, na madrugada escura, lá estava eu. Pensando como minha vida perfeita, ou quase perfeita, foi passar para esse caos. Eu estava correndo perigo, e imagine só como estava meu companheiro? Que insistiu em ficar lá só, sem nenhum motivo.

 Droga, por quê eu o deixei? Por quê eu o obedeci? Como eu pude ser tão idiota?

Abracei minhas pernas e senti lágrimas vindo, de novo. Eu disse que era fácil pra chorar, não disse? Mas agora era mais pra tentar tirar a confusão de minha mente.

E a culpa. É, talvez lágrimas resolvessem, jogassem fora tudo isso.

Por quê, Edward? Por quê o beijo? Por quê eu estou no meio disso?

-Sophie, levanta!-Escutei uma voz atrás de mim. Não, não podia ser ele.

Olhei pra trás e reconheci, Edward. Fiquei de pé. Ele estava ofegante, e o resto não pude ver por conta do escuro.

-Você v...

-Espero que ainda tenha forças, isso aqui é só o começo.-Ele pegou minha mão, nós subimos no cavalo, e seguimos em frente, sem rumo, como sempre.

[...]

Silêncio.

Um show de várias cores, e ao mesmo tempo, só uma.

Como podia ser tão bonito?

Como podia ser tão intocável?

 O azul a minha frente, apenas o azul. Alguns raios de luz, do sol que estava nascendo. Não adiantava o quanto eu olhasse pra cima, não poderia vê-lo. A vista estava terrivelmente embaçada.

Olhei pra baixo, o fundo. Tão lindo. Tão perfeito. Como aquilo poderia estar ali? Em minha frente, em todos os lados. Era um sonho, certo?

Não, era real.

Meu ar começou a acabar, e minha mente começou a dar sinais de “não aguento mais”. Tentei voltar, mas nada. Estava presa, pela beleza daquele lugar traiçoeiro. Decidi tentar com todas as minhas forças, afinal, era caso de vida ou morte. Mas como usá-las se eu não as tinha?

Senti meu corpo cedendo, o ar dos meus pulmões se esvaindo, e meus olhos se fechando.

Logo aí, quando eu estava prestes a mergulhar em um mar de escuridão, senti uma mão puxar minha cintura, e me puxar pra cima. Mas é só disso que eu me lembro.

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-Ei, eu não sei se pode me ouvir, Sophie, mas se puder, espero que eu saiba disso um dia. Você foi ótima, em tudo. O modo como lutou com todos aqueles caras, e como me salvou, foi incrível. Você salvou minha vida, quando esse era meu dever. Eu te devo muito por isso, de verdade. Eu só peço que fique comigo, Sophie. Por favor, tenta, não desiste. Á água não pode ter levado sua vida. Eu não sei o que eu vou fazer sem você aqui pra mandar em mim, e me chamar de ladrãozinho de quinta. Então fica, por favor. Eu preciso de você.