Os portões do Tártaro haviam se fechado, e agora o único caminho a se seguir era a frente e a única saída... bom... não é querendo alarmar, mas eles ainda não tinham pensado nisso. Recuperar o pouco de suas famílias mantidas reféns no castelo de Kamael, vinha em primeiro lugar, e valia qualquer que fosse o risco.

– Rápido, por aqui!

Disse um dos três Demos a nosso favor, acenando com a mão pra que corressem de um corredor a outro, sem que ninguém os visse.

Já que por Lara e Crow, eles teriam derrubado os portões do castelo e matado todo mundo pelo caminho, mas isso certamente haveria de provocar ainda mais obstáculos pelo caminho até os calabouços, além da chance de que quando chegassem lá, já tivessem mandado matar todos os humanos por isso. claro, e isso tudo se eles conseguissem chegar, afinal de contas, estavam no castelo do senhor do submundo a qual possuía uma arma corrompida e deles a única que conseguia usar tal artefato era Violet que assim como outras estava se sentindo mau.

– Violet! o que você tem?– Disse Bellus a segurando quando ela piscou de maneira mais pesada.

– É esse clima. Tá acabando comigo.

– Temos que achar logo o calabouço, pra que eu possa te tirar logo daqui.

– É, mas quanto mais déssemos, mais fracas nos sentimos.– Apoiou Cande, sua irmã de criação no outro ombro.

– Erus!– Chamou James.– Você disse que conhecia um caminho pro calabouço.

– E conheço. Só que está todo fora do lugar. Não está nada do jeito que eu me lembrava da ultima vez que estive no castelo.

– E quando foi isso?

– Duzentos... Anos atrás.– Ele suspirou percebendo o por que não se lembrava do caminho.

– Tudo bem, deixa comigo.– Demetria se ofereceu.– É só eu dar uma mergulhada no mundo das sombras e descobrir qual delas leva pro calabouço.

Ela já ia entrar atrás da sobra de uma armadura, mas Dante a impediu segurando seu braço.

– Não faça isso.

– Por que não?

– As sobras aqui são mais traiçoeiras e pesadas. Não são como sombras comuns de arvores ou casas, você pode ficar viciada nelas. Vão fazer sua cabeça.

– Como sabe?– Ela puxou seu braço para que largasse.

– Sou um anjo da água Dem. Você acha que meus olhos são vermelhos por causa de nada? Eles não nasceram dessa cor. tudo aqui no reino das trevas é dez vezes mais cruel e pesado do que no mundo humano, nada é o que parece, até mesmo uma simples sombra pode te corromper se você der mole.

– Tá bom! Então eu não vou!

– Ok... Mais alguém aqui pode localizar o lugar?– Perguntou Céus à sua pequena.

– Engraçado né? Nosso único rastreador que sempre se sentiu inútil sem poderes, não está aqui.

( ... )

– Mas que droga! fique parado para que eu te mate!

Desgracian chacoalhava seu chicote cortante no ar, perseguindo o garoto, tentando lhe cortar mais.

Lenny estava voando bem a sua frente, e sempre que ele tentava ler a posição do objeto escondido, ela cortava sua mão com a gilete na ponta e por todo o chicote.

– Dá pra parar com isso!!!

Seu grito pareceu a deixar bastante feliz, gargalhando enquanto ele se desviava com dificuldade e sentindo as costas arder e queimar, pelo corte nas costas quando ele batia as asas.

"Droga, droga. Ela está me fazendo perder tempo!" Pensava tentando planar o máximo de tempo que podia, mas logo tinha que bater as asas de novo pra manter-se distante dela e evitar que as mesmas fossem decepadas por serem um alvo fácil.

– Por que pensa que pode escapar de mim, rastreador? É o fim!

Ela chacoalhou mais uma vez a trança de giletes em sua mão, pra trás e para frente, dessa vez acertando o próprio relógio do apocalipse que contava menos de "dois minuto" pro fim do prazo.

– Não!

tentou ver aonde o marcador de tempo mais importante da historia havia caído, mas era um minúsculo objeto, num mar de escombros chamado Nova York.

"Não, essa não... E agora, o quê que eu faço?" Mergulhou das alturas no mesmo instante, já pousando no solo revirando pedras e pedaços de concreto nos restos do prédios que estavam caídos sobres as ruas. Puxou varias e varias placas de pedra, virando umas e derrubando outras com seu bastão, mas nada encontrava.

– Coitadinho, deve ser tão difícil, não ser tão inútil. A final... Porque colocar alguém sem poderes e sem forças numa batalha como essa? As vezes o céu chega a ser mais cruel que nós mesmos.– Ela riu.– E depois, nós é que somos os demônios.

Ela dizia pousando agora sobre um caminhão tombado, o fazendo pensar "Ela... Ela tem razão."

– "Do que está falando?"

Se surpreendeu com uma voz em sua cabeça, e então levantando a cabeça só para ver a imagem do arcanjo refletida num caco de vidro a sua frente.

– "Gabriel?!"

– "Ela não tem razão."

– Não. Eu sei disso.– Dizia para o reflexo agora em sua voz normal.– Não estava falando do céu, estava falando de mim...

– "Ela também não tem razão quanto a isso."

– Como não? Eu... Eu si quer matei um Demo que seja, e agora decepcionei a todos!

– "Isso ainda não aconteceu, e mesmo que acontecesse...– Ele falou num tempo verbal ao qual não dava brechas de se pensar que poderia acontecer.– não acho que eles se sintam assim a seu respeito. são todos bons anjos e pessoas melhores ainda." Nenhuma vida existe por nada. Se você é um guerreiro, então vá a guerra, se é amável, então ame, se é pai... então cuide seus filhos. Dê o seu melhor."

– Sim... Mas no que isso vai me ajudar? Eu sou apenas um...– Dizia até perceber.– Um rastreador.

O belo arcanjo no reflexo apenas sorriu e desapareceu mais uma vez dando lugar a imagem de Lenny.

– "Então rastreie"

Ele fechou os olhos e se concentrou no que estava procurando. em sua mente, só via uma grande vastidão escura como a que há em toda mente de olhos fechados, mas de repente começou a sentir um pequeno vislumbre que piscava em uma certa direção.

Desgracian apenas via um menino com penas sujas de sangue falando sozinho, e então ainda rindo muito, puxou mais uma vez o chicote pronta a atacar.

– Coitado, deve ter ficado louco de vez, mas não se preocupe pirralho. serei mais misericordiosa que seu Deus, VOU ACABAR COM SEU SOFRIMENTO AGORA!!!

– Achei!!!

Assim que ela terminou de falar, ele alçou voou novamente, deixando o chicote se chocar onde ele não estava mais, enquanto Lenny corria contra o tempo.

( ... )

Enquanto isso no submundo.

Alguém de semelhança roubada a Gabriel, caminhava com passos firmes e uma cara seria de poucos amigos pelos corredores do Tártaro o castelo suspenso sobre a lava das mil almas ardentes.

– Lorde Kamael?!– Um soldado de três chifres se surpreendeu em vê-lo pelas partes baixas.

Ficou tão assustado com o mesmo, que o soldado nem sabia se prestava continência ou se ajoelhava. De modo que fez os dois, antes de continuar a falar e tremer.

– O.. O que o senhor faz aqui embaixo?

– O que foi? Acaso não posso vir as catacumbas de meu próprio castelo.

– Não... Digo... Sim, sim senhor, mas é que o senhor...

– Chega!

Ele disse ainda sem se alterar, mas o monstro aos seus pés já se imaginou devorado pelas bestas cães que por algum motivo não o acompanhavam. em vez disso, haviam várias feras misturas o seguindo.

– Você tem sorte que hoje estou excepcionalmente de bom humor. Me leve as catacumbas... Digo, ao calabouço.

Ele se corrigiu rápido, de uma forma que intrigou o soldado. "por acaso esqueceu onde fica?" pesou ele e então apontou a sua esquerda.

– A porta no fim do corredor Mi lorde.

– Obrigado.

– Vamos descer ainda mais? – Uma das feras sussurrou a outra e então continuaram a caminhar, seguir e rastejar atrás de Kamael.

Ele seguiu andando e ao abrir a porta, desceu um grande lance de escadas em caracol até encontrar em seu fim, uma área cheia de selas sujas e com ratos mutantes devorando restos, enquanto outras ficavam suspensas no ar por grossas correntes e eram ali que estavam os humanos.

Assim que os humanos virão o demônio descer as escadas, alguns simplesmente se abraçaram, mesmo que não se conhecem bem, já podiam imaginar seu fim pelas feras que o acompanhavam.

– Fiquem pra trás ok?

Seth dizia a sua sogra e outras mulheres presas com ele, sem si quer saber que ela era a mãe de seu amado. estava todo sujo e tinha um pequeno corte no rosto causado pelas garras de um diabrete. tirou uma pequena faca de cozinha do bolso de trás e olhando pra Enzo, o irmão de Emi preso em outra gaiola com outro grupo de pessoas, balançou a cabeça e ele assentiu como se concordando que estavam prontos pro que viesse. "Sebastian, cadê você?"

Um dos monstros na forma de uma enorme aranha peluda, pareceu ficar descontrolada assim que avistou Seth. ficou pulando no chão embaixo da gaiola tentando pega–la, o que era estranho. Mas nada tão estranho quanto o que veio a seguir. O brinco de Kamael falou com ele que não era bem quem aparentava ser.

– Bom trabalho Jo, imitou ele direitinho. só teve um pequeno deslize.– "Catacumbas" corrigiu em pensamento o brinco que também não era quem dizia ser.

– Quê que eu posso fazer né Jam? Se além de ótima cantora e compositora, também sou atriz.

Foi a ultima coisa que ela disse antes de largar a forma de Kamael e voltar a ser a boa e velha Jolie Black de sempre.

Assim que ela largou sua ilusão, Jam caiu de sua orelha voltando ao normal, da mesma forma que os outros também voltaram. Sebastian já rasgou a forma de aranha, abrindo as asas brancas indo direto pra gaiola onde Seth estava e arrancando as portas da mesma com as próprias mãos.

– Cheguei.– Abraçou Seth. E sem querer larga-lo, o derrubou pra poder abraçar também a sua mãe que assim como muitos ali, estava confusa em ver seu familiar alado.

– Sebastian Deverro! O que está fazendo aqui? não devia estar no exercito? E QUE ASAS SÃO ESSAS MENINO!? – Sua mãe o puxou pelas orelhas.

– Ai! Ai mãe! MÃE!

– O QUE É?!

– Eu sou um anjo. E meus amigos também.– A pontou pros outros que já estavam tirando seus familiares das gaiolas.

– Ele também?– Se referiu a Seth que engoliu seco esperando a resposta e pensando "o que vai dizer seu idiota?"

– Não...

"Ufa!"

– Seth é meu namorado.

"IDIOTA!!!"

– E POR QUÊ NUNCA ME DISSE QUE TINHA VIRADO...– Seth já se preparava.– UM HOMEM SÉRIO!

"O quê?"

– Sabe, você nunca fez boas escolhas, mas este rapaz é diferente, ele até anda com uma faca no bolso.

Ela falava de Seth e o puxou pra apertar sua bochecha branca de confusos olhos claros. A Sr.Doris Deverro, o abraçou de forma que seus pés saíram do chão, mostrando de onde vinha a força de Sebastian. Da mesma forma que Enzo apertou Emi. E os pais de Violet agarraram ela e a Cande. foram muitos encontros emocionantes. Jack e seus pais de criação, Dem e as gêmeas e por aí vai. até Luca se lembrou de imediato quem era Lara, se atracando com ela. A única que permanecia sem contato emocional fora Lucile que esperava o abraço de alguém que não veio, e então ficou surpreendia quando Alice timidamente segurou sua mão.

– Vamos embora.

– Mas tão cedo?!

O verdadeiro Kamael as interrompeu aparecendo na porta com o mesmo soldado de três chifres atrás dele, e as feras cães descendo as escadas rosnando.

– Fudeu tudo, maluco.– Crow.

( ... )

Lenny ainda voava com dificuldade e de olhos fechados o tempo todo pra não perder a única pista que tinha. E em algum lugar nos escombros, o relógio perdido iniciava sua contagem regressiva. "00:00:10", "00:00:09"

Quando sentiu que a ultima arma Celeste estava a poucos metros, bem a sua frente, abriu os olhos para ver onde estava.

– A estatua da liberdade!

Assim que pronunciou o nome da localidade, o pico da tocha da estatua da liberdade se abriu num compartimento secreto de onde saiu um objeto reluzente que ficou flutuando sobre a tocha, esperando pra ser pega.

– É minha!

Desgracian pôs-se a voar mais rápido ainda. A ultima arma se chamava "mão do destino" E não era nada mais, nada menos, que o braço direito de uma armadura de ouro, simbolizando Gabriel, o braço direito de Deus.

O anjo e o Demo voavam emparelhados disputando terreno e o primeiro toque na arma. Os últimos segundos já marcavam em si, QUATRO, TRÊS, DOIS... Sei que estamos acostumados a ver os mocinhos vencerem no "ultimo" segundo, mas como foram alertados desde o inicio meus caros leitores, está não é uma historia que agradara a todos. UM.

Sim, o garoto Lenny conseguiu pegar a arma, mas isso foi apenas meio segundo depois do fim da contagem. E pela cor do céu e das nuvens tortuosas que começaram a descer, o Demo já comemorou sua vitória rindo bastante do anjo que caiu da estatua assim que pegou o braço, e agora estava caído no chão aos pés da estatua que começava a formar uma poça de sangue e penas saídas dele.

– Eu dei o meu melhor.– Sorria todo cortado e de olhos fechados, esperando o seu final, provavelmente vindo pelas mãos da fêmea do mau ou de qualquer outro daqueles monstros que começaram a sair da terra e do céu.

Ela largou o chicote e suas unhas cresceram como garras afiadas e ela mergulhou do céu, pronta a varar seu corpo e tomar a arma assim mesmo. rendido, apenas se segurou firme ao braço de ouro. No instante em que Desgracian atingiu o alvo, não foi bem o que ela esperava, suas garras haviam se quebrado assim que acertou a mão do destino e Desgracian foi desintegrada em um pó dourado o fazendo sorrir baixo.

– Há... Até quando eu destruo alguém, não sou eu.

O céu continuava a mudar e o chão a tremer, naquilo que era o começo do fim. As trombetas tocaram e enquanto pensava no que diriam outros Hammer se estivessem vivos, viu um grande Arcanjo de fogo cruzar o céu com suas asas vermelhas em chamas. Era Uriel conhecido como a chama de Deus, e também como...

– O anjo que vem... antes de um desastre.